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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO E CIÊNCIAS CONTÁBEIS


MBA em Gestão de Marketing

CADEIA DE SUPRIMENTOS DO CAFÉ:


Fases e desafios logísticos.

BEATRIZ PAIXÃO
GABRIELA OLIVEIRA
JOAO CARVALHO
VANESSA RAFFUL
RESUMO

Um dos setores que está em evidência na economia mundial é o agronegócio, nos países em
desenvolvimento, destacando-se como uma das principais atividades econômicas. No Brasil, o
setor transita de grandes latifúndios a propriedades familiares, baseado no meio de vida,
exportação e comércio. O agronegócio brasileiro tem participação nas exportações mundiais
de grãos, frutas e cereais, responsável por uma fatia de 21,1% do seu produto interno bruto. O
país destaca-se como o maior produtor e exportador mundial de café verde e, atualmente, o
café brasileiro tem significativa aceitação e o país é responsável por exportar cerca de 40% de
todo café consumido no mundo. O presente trabalho visa mostrar o ciclo produtivo do café e
seus impactos sobre a sociedade.

1. INTRODUÇÃO

O agronegócio é um dos destaques da economia mundial, nos países em desenvolvimento,


sendo muitas vezes, a principal atividade econômica. A produção agropecuária garante o
alimento de suas populações e contribui para o aumento da renda desses países através das
exportações de produtos agrícolas e de proteína animal (Maranhão & Vieira Filho, 2017).

No Brasil, o agronegócio é responsável por uma fatia da economia respondendo por cerca de
21,1% do Produto Interno Bruto - PIB (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE,
2016, Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - CEPEA). Além disso, o país é
um importante exportador de grãos, cereais e frutas, sendo também o maior produtor e
exportador mundial de café verde (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil - CECAFÉ,
2019, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA, 2019). Em 2019, por
exemplo, a produção de café verde foi de 61,6 milhões (60 kg) e correspondeu a 35,3% da
mundial (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA, 2019).

O café brasileiro é um produto comercializado em sua forma desidratada ou, como se


conhece, café verde, recebendo seu beneficiamento no país importador, que agrega valor ao
produto e o comercializa mundialmente (Barjolle et al., 2017; CECAFÉ, 2019). Todavia, esse
fato não está associado apenas a questões comerciais, mas também com relação à qualidade
do produto. O café enfrenta outras barreiras relacionadas à competitividade que inviabiliza a
internalização da torra como questões tributárias e logísticas, porém a torra do grão é o que
confere ao café suas especificidades, sendo grande aliada na hora de fazer os blends de grãos
oriundos de diversos produtores. O grão da melhor qualidade se não receber a torrefação
adequada perde suas características e consequentemente perde seu valor (CECAFÉ, 2019).

A cadeia produtiva do café é de grande complexidade e a logística tem um papel vital no


processo. Desse modo, com esta pesquisa pretende-se entender melhor como funciona a
produção e o mercado, qual o papel brasileiro e a influência da logística, buscando uma
compreensão da cadeia e a apresentação de propostas que venham a aumentar a
competitividade do café brasileiro.

2. FASES DA CADEIA DE SUPRIMENTOS DO CAFÉ

2.1 PLANTIO
Como acontece com qualquer produto agrícola de origem vegetal, a cadeia produtiva
começa pelo plantio. Três estados brasileiros se destacam pela alta produção. São eles
Bahia, São Paulo e Minas Gerais. De acordo com a Embrapa, a produção de café
ocupa 1,82 milhão de hectares de terras produtivas. Mas não podemos esquecer que a
cadeia de suprimentos do café não começa no plantio. Agricultores precisam preparar
a safra, algo que envolve a compra de insumos como defensivos
agrícolas, fertilizantes e até mesmo máquinas, como colheitadeiras.

Os melhores produtores também ficam de olho na qualidade do produto enquanto ele


cresce. Para monitorar o desempenho da lavoura, são utilizados equipamentos que
analisam a umidade dos grãos, o pH do solo e até a quantidade de nutrientes presentes
no terreno de plantio.

2.2 COLHEITA

O início do ciclo produtivo do café é um pouco longo se comparado com outros grãos. É
necessário esperar entre 5 e 7 anos até que a planta comece a produzir frutos. Após a
maturação, um pé de café tem ciclo bianual.

Segundo especialistas, a colheita do café deve ocorrer quando o fruto está no estágio de
maturação (cereja). O agricultor precisa conciliar a maturação fisiológica (que é o momento
em que o fruto do café fica vermelho ou amarelo) com os meses de maior estiagem. A
recomendação é que a colheita ocorra entre março e setembro.

2.3 PROCESSAMENTO E TRANSPORTE

Feita a colheita, os produtores lavam os grãos, fazem a secagem em terreiros com auxílio de
maquinário, até que fiquem ressecados. Neste ponto, o volume de cada grão está bem
reduzido. Eles também já perderam a coloração, tornando-se frutos secos com casca
escura. Este é o ponto ideal para o transporte.

A partir de agora, os grãos são ensacados e estão prontos para serem distribuídos. O destino
são as cooperativas agrícolas, que fazem a intermediação com indústrias e empresas que
operam no mercado cafeeiro, ou as indústrias de processamento, onde ocorre a torra e a
moagem.

Feita a colheita, os produtores lavam os grãos, fazem a secagem em terreiros com auxílio de
maquinário, até que fiquem ressecados. Neste ponto, o volume de cada grão está bem
reduzido. Eles também já perderam a coloração, tornando-se frutos secos com casca
escura. Este é o ponto ideal para o transporte. A partir de agora, os grãos são ensacados e
estão prontos para serem distribuídos.

O destino são as cooperativas agrícolas, que fazem a intermediação com indústrias e empresas
que operam no mercado cafeeiro, ou as indústrias de processamento, onde ocorre a torra e a
moagem.

3. DESAFIOS DA CADEIA DE SUPRIMENTOS DO CAFÉ


A logística é ponto chave para o bom desempenho da indústria cafeeira nacional e de toda a
cadeia de suprimentos do café. Contudo, existem alguns desafios nesta cadeia, que precisam
ser analisados de perto por produtores e profissionais que atuam neste mercado.

3.1 ARMAZENAGEM

Os locais de armazenamento da produção cafeeira precisam respeitar algumas regras para que
não haja danos ao produto. Nem todas as regiões produtoras dispõe de espaços apropriados, o
que significa que parte da produção é impactada por um processo descuidado de
armazenagem.

O processo de ensacar o café também é importantíssimo para manter o produto intacto. Como
já falamos por aqui, os sacos precisam ser feitos com material específico e selados
corretamente para evitar problemas.

3.2 TRANSPORTE

O deslocamento da produção cafeeira também é desafiante devido à falta de opções. A


maioria das regiões produtoras dispõem apenas da malha rodoviária para chegar até os
principais portos e aeroportos, o que encarece a logística.

Modais navais e ferroviários são mais econômicos, porém, são mais escassos. O custo do
transporte é transferido para o produto fina, portanto, em tempos de alta no preço dos
combustíveis, é natural que o café distribuído no mercado nacional e internacional encareça.

3.3 CONTROLE DE QUALIDADE

Existem diversos processos de análise e controle de qualidade do café, que devem ser feitos
para assegurar que o produto tenha o padrão mínimo exigido pelos compradores. Existem
empresas especializadas neste processo de controle, o que ajuda a regular e padronizar o
produto.

3.4 PLANEJAMENTO LOGÍSTICO

O planejamento é um desafio constante. As empresas que realizam o transporte e


armazenagem da produção cafeeira nacional precisam oferecer aos clientes um
processo sólido, seguro e que adote padrões de qualidade e prazos condizentes com a
necessidade do mercado.

4. A IMPORTÂNCIA DA IMPLEMENTAÇÃO DE UMA BOA LOGÍSTICA.

A cadeia de suprimentos cafeeira exige dedicação à logística. O transporte e armazenamento


são pontos chave para que o produto chegue ao consumidor de forma ágil e sem alterações e
danos.

Após a secagem, a primeira etapa logística é o ensacamento da produção. Parece algo simples,
mas os sacos precisam ser selados corretamente para evitar a contaminação dos grãos, invasão
de possíveis pragas e, claro, a perda da produção.
Por isso, é recomendado o uso de maquinário apropriado para a costura e selagem das sacas.
Ao sair das cooperativas e fazendas, o café vai para galpões e armazéns, onde tudo fica
armazenado até que as sacas sejam adquiridas pelo mercado interno ou direcionadas para outros
países.

O modal de transporte mais utilizado para escoar a produção é o naval. O porto de Santos
(SP) é responsável por escoar 82% das exportações cafeeiras nacionais. Dentro dos locais de
armazenagem, a logística é essencial. O produto precisa ser estocado com ajuda
de empilhadeiras e carrinhos de carga.

Isso contribui para que a movimentação seja fácil e também para proteger os operadores e
evitar problemas físicos com a manipulação de excesso de peso. Como os armazéns de café
lidam com grande volume de sacas e a necessidade de carregar caminhões e containers com
frequência, é indispensável o uso de maquinário apropriado para agilizar o processo e evitar a
criação de gargalos logísticos.

5. OS TIPOS DE CAFÉS PRESENTES NO MERCADO HOJE.

O café tem diversas espécies, porém, o Brasil (e praticamente todo o mundo) cultiva as
espécies arábica e robusta. A espécie arábica é plantada em regiões mais altas, entre 450 e 800
metros acima do nível do mar. Já a robusta cresce melhor em altitudes de até 450m.

Apesar de ser uma planta de origem tropical, o café produz melhor em temperaturas mais
amenas. Enquanto arábica prefere temperaturas entre 18 e 22 graus, a variação robusta está
adaptada para ambientes mais quentes, entre 22 e 26 graus.

Em termos de sabor, o café arábica oferece um paladar mais complexo e menos cafeína.
Geralmente, as bebidas de alto padrão são feitas à base dessa espécie. Já o café robusta, por
sua vez, é mais forte e amargo. Ele também é mais fácil de cultivar e está presente nos blends
comerciais.

O Brasil é responsável por 39% da produção global de arábica e 24% da produção de robusta.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho teve como objetivo principal analisar a cadeia produtiva do café brasileiro,
através da análise do fluxo de produção dos principais produtores, os processos logísticos
envolvidos e os entraves enfrentados para a produção e exportação.

O entendimento desses processos possibilitou relacionar as etapas do processo cafeeiro com a


produção, ressaltando que a logística é o ator principal no processo produtivo e de exportação.
Mais uma vez se evidencia que a logística é parte essencial dos processos produtivos do grão
de café, e esta colabora para o sucesso desse tipo de empreendimento. Mesmo com a
qualidade de seus grãos reconhecida mundialmente, o país ainda não investe em tecnologias
para beneficiamento dos grãos para posterior venda, no mercado internacional, do produto
com maior valor agregado.
O desafio consiste em fazer a torra dos grãos sem que eles percam suas especificidades. Os
investimentos no setor ainda são escassos e os pequenos produtores criam adaptações na
tentativa de otimizar suas produções.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CECAFÉ (2019). Fatia do Brasil nas exportações globais de café deve au- mentar. URL:
https://www.cecafe.com.br/publicacoes/fatia-do-brasil-nas- exportacoesglobais-de-cafe-deve-
aumentar-20190116/.

MAPA (2019). Café no Brasil. URL: http://www.agricultura.gov.br/assuntos/ politica-


agricola/cafe/cafeicultura-brasileira.

EMBRAPA, E. B. d. P. A. (2019). Safra mundial do ano-cafeeiro 2018-2019 atinge 174,5


milhões de sacas. URL: /busca-de-noticias/-/noticia/46165397/safra- mundialdo-ano-cafeeiro-
2018-2019-atinge-1745-milhoes-de-sacas.

IBGE (Ed.) (2016). A geografia do café: dinâmica territorial da produção agropecuária. Rio
de Janeiro: IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Maranhão, R. L. A., & Vieira Filho, J. E. R. (2017). Inserção Internacional do Agronegócio


Brasileiro. IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, (p. 50). URL:
http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/8024/1/td_2318.pdf.

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