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Cultura de Milho

Origem
O milho cultivado originou-se através da:
◼ Selecção efectuada pelo Homem
◼ Mutação ou hibridaçao com gramínea desconhecida.

Origem e domesticação = América Central- México


(evidências arqueológicas)
Dispersão
◼ Cristóvão Colombo introduziu o milho na
Europa nos finais do sec XV

◼ Comerciantes Portugueses introduziram na


África, no inicio do sec. XVI

◼ O cultivo do milho na África Austral inicialmente


teve ligação com expansão comercial
Dispersão
◼ A Palatibilidade e sobretudo altos rendimentos e
relativa reduzida mão de obra em relação às
tradicionais culturas (Mapira e mexoeira) ditaram
a popularidade do milho nas zonas rurais da África
Oriental e Austral
Importância
O milho é um cereal de grande importância económica
mundial, usado para o consumo humano, animal e
industrial

É o segundo cereal mais importante em termos de


produção no mundo, após o trigo, seguido de arroz e o
primeiro quanto ao rendimento por hectare

Em África, para a maioria da população, o milho constitui


a principal base de alimentação
Importância
Em Moçambique, o milho é a base da segurança alimentar e fonte
de rendimento para cerca de 80% da população vivendo nas
zonas rurais.

É cultivado em quase todo país, desde os solos pobres e arenosos


até aos ricos e argilosos.

Em muitas localidades as populações semeiam milho ao longo de


todo o ano, mas a principal época é a quente e chuvosa.

As maiores produções do milho são obtidas nas zonas Centro e


Norte do País. Contudo, a zona Sul, que apresenta baixos
rendimentos devido a factores edáfo-climáticos adversos, é a
maior consumidora desde cereal.
Usos
Da producão total do Mundo:
Cerca de 25% é para o consumo Humano,
66% para rações e
9% para fins industriais

Alimentação humana
◼ Principalmente consumido como xima
◼ Sazonalmente em toda África, consideráveis
quantidades de milho são consumidas frescas
Usos
Alimentação de animais
◼ Grão é fonte alimentar energética para animais
◼ A palha produz muita matéria seca e nutrientes
digeríveis

Na industria
◼ Na indústria, o milho é utilizado no fabrico do
amido, cornflakes, farinha, adoçantes,
xaropes, indústria têxtil, panificação, fabrico
de cerveja, produção de álcool, etc.
Botânica
◼ Famlia: Gramineae (Poácea)
◼ Tribo: Maydae
◼ Genéro: Zea
◼ Espécie: Zea mays

◼ O milho é uma monocotiledónea anual, de


crescimento erecto, constituída por um colmo
cilíndrico, com nós compactos e termina
numa inflorescência masculina (bandeira)
Sistema Radicular
◼ O milho possui três tipos de sistemas de raízes:
sistema primário, sistema secundário e raízes de
suporte

Sistema Primário ou Raízes Seminais:


◼ Constituído pela radícula e um número variável de
raízes laterais (geralmente de 2 a 5 cm).

◼ Estas raízes têm a função de absorver os nutrientes


nas primeiras 2-3 semanas após a germinação
Sistema Radicular
◼ Sistema Secundário ou Raízes Adventícias
Formam-se acima do sistema primário, após a emergência
da planta. Constituem o sistema permanente de raízes e
têm como principal função a absorção da água e nutrientes.

◼ Raízes de Suporte
Originam-se a partir dos primeiros nós, acima da superfície
do solo, durante a fase do rápido crescimento do colmo.

Têm a função de suporte e também contribuem para a


absorção da água e nutrientes.
Colmo
◼ A altura do colmo pode variar de 0.6 -4.5
metros (normalmente 2-3 metros) e com um
diâmetro que varia de 1.4 a 5.0 cm.

◼ Constituído por vários internós (8-21, mas


normalmente possuem 14) onde se inserem as
folhas
Folhas
Normalmente, 30 dias após a emergência, a planta do
milho possui 4 a 6 folhas bem desenvolvidas (diferenciadas
no embrião)

Durante desenvolvimento da planta, as folhas formam-se


alternadamente até a aparição da bandeira.

O número de folhas pode variar de 8 a 44.

Normalmente, as variedades precoces possuem um


número menor de folhas em relação as tardias
Constituição das folhas
◼ Bainha que envolve o colmo;
◼ Limbo, geralmente longo, largo e plano;
◼ Lígula, uma projecção delgada, na junção
entre o limbo e a bainha, na superficíe
superior da folha
Reprodução
◼ A planta do milho é monóica
◼ Possuí os dois órgãos reprodutivos na mesma
planta,mas em posições diferentes
◼ A inflorescência masculina (bandeira) desenvolve-
se na parte apical (terminal) da planta
◼ A femenina (espiga) desenvolve-se nas axilas das
folhas na metade superior da planta.
◼ Esta característica monóica contribuí para a
polinização cruzada do milho
Inflorescência Feminina
◼ A Inflorescência feminina de milho é conhecida por
espiga.
◼ De um modo geral, a espiga possuí entre 8 a 30
fileiras de grão.
◼ Geralmente, a espiga apresenta um número par de
fileiras, e cada uma das fileiras tem 20 a 70 grãos
◼ A espiga é coberta de bainhas foliares, designadas
de “palha”que são folhas modificadas, cuja função é
de proteger a inflorescência.
Polinização
◼ A polinização do milho é anemófila (vento)
◼ A deiscência e dispersão do pólen
geralmente ocorre 2-3 dias antes da
emergência do estilo-estigma.
◼ A libertação do pólen começa ao nascer do
sol até ao meio-dia e normalmente se
completa em cerca de 4-5 horas
Fertilização
◼ A fertilização ocorre cerca de 12 a 36 horas
após a polinização.
◼ Depende muito da temperatura, humidade e
da variedade.
◼ Após a fertilização os estiletes “murcham” e
inicia-se o desenvolvimento do grão.
◼ Os grãos desenvolvem-se em um número
par de fileiras
◼ Espigas de milho podem ter de 4 a 30 ou
mesmo mais fileiras de grão.
Grão
◼ O grão é uma cariopse constituída por
pericarpo, endosperma e embrião. O
desenvolvimento do grão de milho se
completa em cerca de 50 dias após a
fertilização
Tipos do milho
Milho dentado (Zea mays indentata)
◼ Os grãos de amido dispoem-se densamente
nas partes laterais do grão sendo menos
densa e com uma estrutura farinácea na sua
parte central.
◼ Durante a secagem, a porção farinácea
contraí-se formando uma depressão na coroa
do grão .

Milho duro ou flint (Zea mays indurata)


◼ São de textura dura devido ao denso arranjo
dos grãos
Tipos do milho
Milho farináceo (Zea mays amylacea)
◼ Os grãos não estão densamente dispostos,
por isso o grão possuí textura mais “mole”.

Milho doce (Zea mays saccharata)


◼ A conversão normal do açucar em amido é
mais reduzida, possuíndo portanto, muito
menos amido.
◼ Com a secagem, o grão torna-se contraído e
enrrugado.
Tipos do milho
Milho ceroso (Zea mays ceratina)
◼ Todo o amido encontra-se exclusivamente sob a forma
de amilopectina
◼ No milho normal o amido é constituído por cerca de 73-
78% de amilopectina, uma molécula ramificada, e por
cerca de 22-27% de amilose, molécula não ramificada.

Milho pipoca (Zea mays everta)


◼ Grão pequeno e endosperma é extremamente duro
Tipos do milho
Milho QPM (Milho de boa qualidade protéica)
◼ Milho cujo valor biológico da proteína do
endosperma está melhorado, graças aos
teores quase dobrados de Lisina e
Triptofano, dois dos dez aminoa-ácidos
essencias.
◼ Pode ser dentado ou flint, branco, amarelo ou
laranja
Fases críticas na cultura de milho
◼ Inicio da floração e desenvolvimento da
inflorescência
◼ O número potencial de grãos é determinado
◼ Período de fertilização
◼ O potencial de produção é fixado
◼ Enchimento dos grãos
◼ Deposição da matéria seca aumenta
◼ Uma deficiência moderada de água, mas
prolongada vai reduzir o peso das sementes
EXIGÊNCIAS EDAFO- CLIMATICAS

No que concerne aos solos

Solos
◼ Os melhores solos são os profundos, bem drenados,
bem estruturados (textura média) com adequado teor
de matéria orgânica e de elementos minerais
◼ Solos arenosos e pouco profundos reduzem o
rendimento pois que aumentam o risco de seca e
são, geralmente, pobres em fertilidade.
Solos
◼ O pH ideal para esta cultura varia de 5.5 a 7.0
◼ Solos muito ácidos (pH< 5) são indesejáveis, devido
as suas implicações negativas como sejam:
◼ Variedade não tolerantes, simplesmente não se
desenvolvem nestas condições
◼ Reduz a actividade das bactérias fixadoras de azoto,
das nitrificantes e das bactérias envolvidas na
decomposição da matéria orgânica.
◼ Solos alcalinos e propensos a encharcamentos não
são adequados para esta cultura. Os solos salinos
afectam negativamente o rendimento do milho.
EXIGÊNCIAS AGRO-ECOLÓGICAS
No que concerne ao clima
São vários factores que afectam o crescimento e
desenvolvimento de milho, tais como: precipitação, temperatura,
radiação e fotoperiodismo.
Em Moçambique os mais importantes são precipitação e
temperatura.

Temperatura
◼ Temp. óptima germinação: 18ºC e 21ºC.
◼ Temp. < 13ºC reduzem a taxa de germinação
◼ Temp. < 10ºC a germinação é completamente inibida.
◼ A temp. óptima para o crescimento: 25ºC e 30ºC
◼ Temperaturas > 35ºC reduzem o rendimento
Clima
Temperatura
◼ Altas temperaturas e deficiência de humidade no
período de polinização pode resultar na falta de
sincronização

◼ Nas fases criticas, a cultura requer humidade


suficiente, temperatura entre 15ºC a 30ºC, de modo
a não ter perdas de produção

◼ Precipitação:
Bem distribuído durante o ciclo vegetativo que entre
450-600 mm durante seu ciclo
Actividades de Preparacao de solo

◼Capinagem
◼Lavoura
◼Gradagem
◼Sulcagem e Marachamento
Lavoura
Tipos de Lavoura

Sem lavoura/ Lavoura reduzida


◼ Vulgarmente denominada “Zero Tillage”/
“Minimum tillage”.
◼ Consiste no uso de herbicidas para eliminar o
capim antes da sementeira.
◼ Recomendado para terrenos não virgens.
◼ Não se recomenda quando se pretende fazer
rega por sulcos
Lavoura Manual
◼ Consiste no uso de enxadas.
◼ Recomendado para áreas muito pequenas.
◼ Requer muita mão-de-obra e muito tempo
para lavrar uma área suficiente para produzir
milho que baste para um agregado familiar
Lavoura Mecanizada
◼ Usa charruas acopladas ao tractor
◼ Recomenda-se para áreas grandes
◼ Tem a vantagem de preparar uma boa cama
para semente
◼ Permite a gradagem e sulcagem facilmente
facilitando assim a regar por sulcos (sulcagem)
◼ A sua desvantagem é de requer fundos para
aluguer do tractor e custos com combustível.
Actividade relacionada com de Preparacao do Solo

◼ A adubação de fundo é recomendada fazer


antes da segunda gradagem, para esta servir
para incorporar o adubo

Nunca usar fogo para limpeza do


terreno para cultivo
Semente
◼ A semente para ser lançada no solo
(semeada) deve ter boa qualidade, tanto sob
o ponto de vista morfológica e fisiológica
como patogénico e genético
Sementeira
TIPO
◼ Pode ser manual, mecânizada ou mista
depende da area, do objectivo e da
disponibilidade de equipamento, etc…

Época de Sementeira
◼ A época de sementeira influencia o
rendimento de milho, devido a sua relação
com a chuva, temperatura, humidade do ar e
surgimento das pragas e doenças
Época de Sementeira
◼ Nos últimos anos, não é fácil recomendar
datas de sementeira para agricultores que
dependem inteiramente da chuva, em virtude
das incertezas em relação ao início das
quedas pluviométricas no País
◼ Assim, aconselha-se que se espere até ao
início das chuvas para se lançar a semente,
assegurando-se, no entanto, que a floração
ocorra nos períodos de maior probabilidade
de precipitação.
Época de Sementeira
◼ Porém, para agricultores com possibilidades de rega, a
temperatura é o factor que determina o período de
sementeira, principalmente nas regiões onde faz muito
frio.

◼ Para estes, as sementeiras precoces são desejáveis


(Outubro a Novembro para época quente, e Março a
Maio para época fresca - caso de Rotanda),
especialmente devido ao facto de que em sementeiras
tardias existe um risco maior de ocorrência de pragas
e doenças.
Época de Sementeira
◼ As sementeiras precoces são desejáveis
para reduzir risco de ocorrência de pragas e
doenças
SEMENTEIRA
◼ Profundidade de:
◼ 2.5 cm é considerada baixa
◼ 8 cm é considerada profunda
◼ 5 cm considerada mais normal

◼ Densidade de:
◼ 45 a 50 mil plantas/ha é melhor

◼ Taxa de sementeira: 20-25 kg/ha


Adubação
◼ A cultura de milho, produzindo cerca de 5-6 t/ha,
retira do solo cerca de:
◼ 100-120 kg de N (faseado devido a mobilidade)
◼ 40-60 kg de P2O5
◼ 100-120 kg de K2O
◼ A utilização de nutrientes pela planta é lenta nas 1ªs
3-4 semanas
◼ Aumenta rapidamente até a floração, tornando-se
uniforme até a maturação fisiológica
◼ Posteriormente, diminui quando a cultura se encontra
próxima da maturação
Controle de infestantes
◼ As infestantes competem com o milho
afectando significativamente os rendimentos
da cultura.
◼ Esta competição é mais intensa nos
primeiros estágios de desenvolvimento da
cultura.
◼ A competição com a cultura ocorre porque as
infestantes também são exigentes em água,
nutrientes e luz.
Tipos de infestantes
◼ As Gramíneas vivases (Capim-relva),
◼ As Ciperáceas
◼ O Feijão macaco e
◼ A striga

São infestantes que merecem uma atenção


especial
Controle de infestantes
2. Métodos Culturais
◼ Rotação de culturas
◼ Diminui as possibilidades de predominância de
determinadas infestantes.
◼ Consociação
◼ Reduz a presença de infestantes por sombreamento

◼ Densidade de plantas
◼ Densidade óptima garante o máximo de competição
com as ervas daninhas.

4. Controle Químico (aplicação de herbicidas)


Controlo químico
Existem vários herbicidas que podem ser
usados para a cultura de milho, a sua escolha
depende principalmente de:
◼ As espécies de ervas presentes no campo;
◼ O custo de cada herbicida;
◼ As condições edafo-climáticas;
◼ Equipamento disponível para a aplicação;
◼ Período de persistência do herbicida no solo.
Rega
◼ A frequência das regas depende da região, época do
ano, do estágio de desenvolvimento da cultura e da
ocorrência das chuvas.
◼ O importante é que se forneça água necessária
sempre que se nota que a cultura já está precisar.
◼ A cultura do milho requer 450-600 mm de água
durante todo o seu ciclo.
◼ As fases mais críticas de necessidade de água são
após a sementeira, início da floração e enchimento
do grão.
Pragas e Doencas
Pragas
◼ Brocas do colmo (Chilo partellus e Sesamia calamistis)
◼ Roscas (Agrotis ssp)
◼ Escaravelho preto (Heteronychus spp)
◼ Ratos
Outras pragas só têm importância como transmissoras de
doenças, como é os casos dos afídios e jassídeos
◼ Gorgulho () no armazem
Controlo
Controlo de ratos
◼ Deixar o campo e suas redondezas sempre
limpos;
◼ Fazer campanhas colectivas de combate aos
ratos;
◼ Colocar ratoeitras ou armadilhas tradicionais
no campo;
◼ Usar raticidas.
Pragas e Doencas
Doenças
◼ Listrado de folha (Maize Streak Virus)*
◼ Míldio pulverulento (Peronosclespora sorghi)*
◼ Mancha e Queima da folha-GLS (helminthosporium
turcicum)*
◼ Ferrugem (Puccinis sorghi)
◼ Carvão comum (Ustilago maydis)*
◼ Podridões de raiz, das folhas, da espiga* (Diplodia
sp, Giberelas sp, Helminthosporium, etc)
COLHEITA
◼ Maturação fisiológica – 35% de humidade
◼ Secagem- função do clima e da variedade
◼ Colheita manual (espiga)
◼ Colheita mecânica: auto combinadas
(unidades de apanha, debulha, limpeza,
armazenamento)
OPERAÇÕES PÓS - COLHEITA

Secagem
A secagem é uma das operações chave de
pós- colheita, uma vez que todas as operações
subsequentes são dependentes desta.
◼ O grão de milho deve ser secado até 12-13%.
ARMAZENAMENTO
◼ É geralmente função da escala de operação,
disponibilidade financeira e de materiais, das condições
climáticas e incidência de pragas.

Os principais métodos utilizados incluem:


◼ Celeiros e Silos
◼ Sacos
◼ Contentores
◼ Camaras frias
◼ Etc etc,…..

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