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Governo do Estado do Ceará

Secretaria da Educação
EEEP Sebastião Vasconcelos Sobrinhos
Curso Técnico em Agropecuária

Olericultura:
Cultura do Alface
Introdução
❑A alface é uma hortaliça folhosa amplamente cultivada em todo o mundo.
❑É uma boa fonte de vitaminas e sais minerais, com destaque para o alto
teor de vitamina A e teores importantes de vitaminas B1 e B2, vitamina C,
cálcio e ferro.
❑A alface é uma opção popular por seu sabor, qualidade nutritiva e baixo
custo, além de estar disponível em supermercados e feiras o ano todo.
Caracterização Botânica
❑A alface originou-se de espécies silvestres encontradas atualmente em
regiões de clima temperado, no sul da Europa e na Ásia Ocidental;
❑A alface (Lactuca sativa L.) é uma planta que pertence à Família
Asteraceae e ao gênero Lactuca, no qual são identificadas mais de 100
espécies;
Caracterização Botânica
❑As plantas de alface cultivadas apresentam porte herbáceo, com caule
diminuto, ao qual se prendem as folhas.

❑As folhas da alface são crescem em roseta, podendo ser


lisas ou crespas, com coloração em vários tons de verde ou
roxa, dependendo da cultivar.
❑O sistema radicular da alface é muito ramificado e
superficial, explorando apenas os primeiros 0,25 m do solo
quando a cultura é transplantada.
Caracterização Botânica
❑É formada por uma panícula contendo vários botões florais denominados
capítulos;

❑O ovário é unilocular contendo um


óvulo;
❑A polinização e antese ocorrem pela
manhã, garantindo a autofecundação
e a autogamia por meio da
cleistogamia.
Clima e Época de Plantio
❑ Temperaturas acima de 20°C estimulam
o pendoamento, que é acentuado com o
aumento da temperatura e dias longos;

❑O pendoamento torna a hortaliça


imprópria para consumo, pois há
produção de látex que confere sabor
amargo às folhas.
Clima e Época de Plantio
❑ Algumas cultivares de alface apresentam tolerância ao
pendoamento precoce.
❑ O uso de tela de sombreamento 50% ou termorefletora pode
retardar o pendoamento e aumentar o ciclo vegetativo da cultura.
Cultivares
❑As cultivares de alface atualmente disponíveis no mercado brasileiro
podem ser agrupadas em seis tipos morfológicos principais, com base na
formação de cabeça e tipo de folhas:
❑O nome das cultivares em negritos são consideradas como tropicalizadas,
com resistência ao pendoamento precoce, sendo indicadas para cultivo
em regiões mais quentes.
REPOLHUDA LISA
❑As alfaces que compõem o tipo repolhuda lisa apresentam folhas lisas,
delicadas e macias, com nervuras pouco salientes, com aspecto oleoso
(“manteiga”), formando uma cabeça típica e compacta.

Cultivares: ‘Áurea’, ‘Aurélia’, ‘Aurora’, ‘Babá de Verão’, ‘Boston


Branca’, ‘Brasil 202’, ‘Brasil 303’, ‘Carla’, ‘Carolina AG 576’,
‘Crioula Branca’, ‘Elisa’, ‘Floresta’, ‘Glória’, ‘Kagraner de Verão’,
‘Karina’, ‘Lívia’, ‘Luisa’, ‘Marina’, ‘Maravilha de Inverno’,
‘Maravilha de Verão’, ‘Minie’, ‘Piracicaba 65’, ‘Rainha de Maio’.
‘Inês’; ‘Regina de Verão’; ‘Repolhuda todo ano’; ‘Stela’.
REPOLHUDA CRESPA OU AMERICANA
❑As cultivares desse grupo apresentam folhas crespas, consistentes e
crocantes, cabeça grande e bem compacta.
❑Aumento das redes de lanchonetes fast foods que demandavam por esse tipo
de alface como ingrediente de sanduíches.

Cultivares: ‘América Delícia’, ‘Bounty Empire’, ‘Crespa


Repolhuda’, ‘Grandes Lagos’, ‘GreatLakes’, ‘GreatLakes 659-
700’, ‘Hanson’, ‘Iara’, ‘Lorca’, ‘Lucy Brown’, ‘Madona AG 605’,
‘Mesa 659’, ‘Nabuco’, ‘Raider’, ‘Salinas’, ‘Summertime’, ‘Tainá’,
‘Gloriosa’, ‘Angelina’, ‘Amélia’.
SOLTA LISA
❑Nesse grupo encontram-se as cultivares de folhas lisas e soltas,
relativamente delicadas, sem formação de cabeça compacta.

Cultivares: ‘Babá’, ‘Babá de Verão’, ‘Monalisa


AG 819’, ‘Regina’, ‘Regina 71’, ‘Regina 440’,
‘Regina 579’, ‘Regina de Verão’, ‘Vitória de
Verão’, ‘Vitória de Santo Antão’, ‘Regiane’,
‘Augusta’, ‘Vitória’.
SOLTA CRESPA
❑As alfaces do tipo Solta Crespa apresentam as folhas grandes e crespas, de
textura macia, mas consistente, sem formação de cabeça; podendo ter
coloração verde ou roxa.
Cultivares: ‘Black Seeded Simpson’, ‘Brisa’, ‘Elba’, ‘Grand Rapids’,
‘Grand Rapids Nacional’, ‘Grand Rapids TBR’, ‘Grande Rápida’,
‘Hortência’, ‘Itapuã 401’, ‘Marianne’, ‘Marisa AG 216’, ‘Mimosa
(Salad Bowl)’, ‘Salad Bowl’, ‘Simpson’, ‘Vanessa’, ‘Verônica’, ‘Vera
(AF-470)’, ‘Maravilha Quatro Estações’, ‘Mimosa Vermelha’,
‘Quatro Estações’, ‘Rossimo’, ‘Salad Bowl Roxa’, ‘Veneza Roxa’,
‘Vermelha Ruby’. ‘Vanda’, ‘Inaiá’, ‘Isabela’, ‘Thaís’, ‘Mauren’,
‘Grandes Lagos 659’, ‘Cinderela’, ‘Mônica’, ‘Veneranda’, ‘Valentina’.
TIPO MIMOSA
❑Este é um tipo de alface que vem recentemente adquirindo certa relevância
em termos de demanda pelo consumidor brasileiro. As cultivares desse
grupo caracterizam-se pelas folhas delicadas e com aspecto “arrepiado”.

Cultivares: ‘Salad Bowl’,


‘Greenbowl’, ‘Mimosa’, ‘Maíra’,
‘Lavínia’, ‘Scarlet’
TIPO MIMOSA
❑Nesse grupo encontram-se as cultivares de alface com folhas tipicamente
alongadas, duras, com nervuras claras, com uma cabeça fofa e alongada, na
forma de cone.
❑Atender nichos de mercado, em especial consumidores mais sofisticados.

Cultivares: ‘Branca de Paris’,


‘Ideal Cos’, ‘Romana Balão’,
‘Lídia’.
Produção de Mudas
❑Produção de mudas de qualidade é crucial para o desempenho da cultura da
alface.
❑Mudas malformadas podem aumentar o ciclo da cultura e levar a perdas na
produção.

❑ A produção de mudas de qualidade = o controle

do estande inicial das plantas, maior economia dos


custos com sementes e menores gastos com tratos
culturais iniciais.
Produção de Mudas
❑A temperatura ótima para a germinação de sementes de alface situa-se em
torno de 20 °C, sendo que a maioria das cultivares deixa de germinar em
temperaturas superiores a 30 °C.

❑ Temperaturas elevadas podem ocasionar


termoinibição ou termodormência.
❑A maioria das cultivares comerciais utilizadas
atualmente não requer luz para germinar – alguns
caso podem apresentar fotossensibilidade.
Produção de Mudas
❑Até meados da década de 1980, a produção de alface foi baseada na
utilização de mudas de raízes nuas produzidas através da semeadura em
canteiros;
❑ A partir de 1982, foi introduzido o sistema de bandeja de poliestireno

expandido com a produção de mudas em ambiente protegido com o


surgimento dos viveiristas e uso da semente peletizada.
Produção de Mudas

❑Viveiro de produção de mudas de alface - produtor especialista de mudas


Produção de Mudas

Bandejas para produção de mudas de alface, poliestireno expandido (A) e polipropileno (B)
Produção de Mudas
❑Na produção de mudas de alface prevalecem bandejas com 200 e 288
células
❑Os substratos comerciais são compostos principalmente por casca de pinus,
vermiculita, turfas, carvão moído, casca de arroz carbonizada, e fibra de
casca de coco.
Produção de Mudas
❑A adubação das mudas deve ser feita a partir de oito dias após a emergência
das plântulas, utilizando fertirrigação a cada três dias com adubo formulado
20-00-20 ou equivalente, na concentração de 2 kg de adubo para 1.000 litros
de água;

❑ As bandejas devem ficar suspensas (sem contato com o

solo);
Produção de Mudas
❑As irrigações nessa fase são fundamentais, devendo ser realizadas, no
mínimo, duas vezes ao dia, sempre com o cuidado para não irrigar em
excesso o substrato;

❑ Recomenda-se que as irrigações sejam realizadas no

máximo até às 16h30min., para evitar excesso de


umidade nas folhas durante o período noturno
Produção de Mudas
❑As mudas devem ser transplantadas quando estiverem com quatro pares de
folhas definitivas, período que deve ocorrer entre 20 e 30 dias da
semeadura;

❑ Lavagem das bandejas, seguido da imersão das

mesmas em solução de hipoclorito de sódio (200


mg/L de cloro ativo, o que equivale a 1 L de água
sanitária/ 100 L de água), por 15 min, para após
secá-las ao sol.
Preparo do Solo e Transplantio
❑Em terrenos com declividade superior a 5%, adotar práticas de conservação
do solo, principalmente a construção de canteiros, seguindo as curvas em
nível;
Preparo do Solo e Transplantio
❑A confecção dos canteiros pode ser realizada de forma manual ou
mecanizada com o uso de implementos específicos para este fim,
denominados rotoencanteiradores
Preparo do Solo e Transplantio
❑A largura dos canteiros pode ser de 1,0 a 1,2 m, com 0,30 a 0,40 m entre si,
para facilitar o trabalho e o trânsito de operários;
❑O espaçamento recomendado para o cultivo da alface é de 0,25-0,30 m
entre linhas e 0,25-0,30 m entre plantas;

❑ Para alface do tipo americana e cultivares que

geralmente possuem maior diâmetro de cabeça,


pode-se plantar no espaçamento de 0,35 x 0,35
m.
Preparo do Solo e Transplantio

❑Uso de mulching de
plástico preto (A),
branco (B), papel kraft
(baixa eficiência) (C) e
mulching de palha (D)
na cultura da alface.
Preparo do Solo e Transplantio

❑ Segundo cultivo da alface sobre o mulching utilizando o espaçamento alternado (A). Detalhe
da adução realizada nos orifícios do mulching para o próximo cultivo (B).
Preparo do Solo e Transplantio
❑Dentre os materiais utilizados, pode-se citar a palha de café, a palha de arroz, a
palha de carnaúba bem como serragem e capim, sendo a utilização desses
materiais uma prática de baixo custo e de fácil execução.
Sistema Plantio Direto na Palha
Calagem e Adubação
❑AMOSTRAGEM DE SOLO REPRESENTATIVA:
✓ Para que as amostras de solo sejam representativas, a área de cultivo deve ser
subdividida em talhões homogêneos;
Calagem e Adubação
❑ DOSE DE CALCÁRIO:
✓ A necessidade de calcário (NC):
NC = (Ve – Va) x T/PRNT, onde:
✓ Ve = Saturação por bases esperada, ou seja, a saturação por bases adequada ao bom
desenvolvimento da alface. (Ve = 80 %, para que seja atingido um pH de 6,0 a 6,8).
✓ Va = Saturação por bases apresentada pelo solo antes da calagem (em %).
✓ T = Capacidade de troca catiônica a pH 7,0 apresentada pelo solo antes da calagem (em
cmolc/dm3).
✓ PRNT = Poder relativo de neutralização total do calcário (em %).
Calagem e Adubação
❑ DOSE DE CALCÁRIO:

❑ A causa da anomalia está


relacionada à deficiência
de cálcio em folhas jovens
que se expandem
rapidamente;
❑ “queima marginal” ou
tipburn
Calagem e Adubação
❑ ADIÇÃO DE MATÉRIA ORGÂNICA:
✓ São recomendados, para o plantio, de 40 a 60 t/ha de esterco de curral curtido
ou de 10 a 12 t/ha de esterco de galinha curtido;
✓ Caso os estercos não estejam bem curtidos, pode ocorrer acentuada morte de
plantas.
✓ Para contornar este problema, recomenda-se a aplicação do esterco junto com
o calcário, o que permitirá uma reação com o solo de no mínimo dois meses.
Calagem e Adubação
Calagem e Adubação
Manejo de Pragas
PULGÕES TRIPES
Manejo de Pragas
MOSCA-BRANCA MOSCAS-MINADORAS
Manejo de Pragas
Lagartas
Doenças da Alface
MÍLDIO (Bremia lactucae)
Doenças da Alface
Manchas Foliares (Septoria lactucae e Cercospora longissima)
Doenças da Alface
Murcha de Fusarium (Fusarium oxysporum F. sp. lactucae)
Doenças da Alface
PODRIDÃO OU MOFO DE ESCLEROTÍNIA (Sclerotinia sclerotiorum e S. minor)
Doenças da Alface
TALO-OCO (Pectobacterium (sinonímia Erwinia) spp.)
Doenças da Alface
Galhas nas raízes
Doenças da Alface
Mosaico (Lettuce mosaic virus-LMV)
Atividade
1- Quais são os 6 agrupamentos do alface?
2- Por que o alface quando pendoa fica improprio para consumo?
3- Quais os principais substratos utilizados para produção de mudas de alface?
4- Por que não é recomendado realizar a irrigação das mudas após as 16:30hs?
5- Qual a importância do mulching e quais os materiais podem ser utilizados?
6- Explique o procedimento e o motivo de realizar mais de um plantio com
mulching plástico?
7- Explique o processo de plantio direto utilizado para o alface.

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