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SÍNDROME DISPÉPTICA
Residência de Clínica Médica do Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro (HBAP)
Residente: Vanessa de Almeida Cruz
Chefe da residência e orientador: Dr. Agenor Moura
OBJETIVOS DA AULA
Analisar anatomia e fisiopatologia das alterações de motilidade do
esôfago, contextualizando as patologias correlacionadas a tal
repercussão, assim como definir síndrome dispéptica, sua
epidemiologia, classificações e conduta; tendo ao final da aula
capacidade de compreender as principais alterações do esôfago e
estômago e assim ter subsidio para novos diagnósticos diferenciais
de acordo com as queixas apresentadas por seus pacientes.
DISMOTILIDADE
ESOFAGEANA
ESÔFAGO
• Anatomia – Localização | Musculatura | Movimentos
• O limite proximal do esôfago é o esfíncter esofágico
superior (EES); diistal, esfíncter esofágico inferior
(EEI).
• Sistema nervoso entérico
• Nervo vago: controla o peristaltismo sob condições
fisiológicas.
Plexo Submucoso (Meissner)
Plexo mioentérico (Auerbach)
• Fases de condução: (1) Reflexo deglutição | (2)
Contração peristáltica primária | (3) Abre EEI -> Vago e
VIP | (4) Contrações peristálticas secundárias
PATOGÊNESE DA DISMOTILIDADE
Figura 6 - MedicinaNet
ESÔFAGO EM QUEBRA-NOZES
• Presença de uma peristalse de alta amplitude.
• É pouco provável que o esôfago em quebra-
nozes seja um verdadeiro distúrbio primário de
motilidade; mais provavelmente, é um marcador
de percepção aumentada da dor visceral.
• Há controvérsias a respeito da relação do EQN
com os sintomas. Os achados manométricos do
EQN são encontrados em 12% dos pacientes
com dor torácica inexplicada. Entretanto, nem
todos os pacientes com EQN têm dor torácica.
• Devido à relação com depressão e ansiedade,
o tratamento dessas condições pode trazer
benefício no controle da dor.
MOTILIDADE ESOFÁGICA INEFICAZ
• A motilidade esofágica ineficaz (MEI) é um distúrbio de
hipocontratilidade que apresenta associações clínicas relevantes.
• MEI é a presença de uma amplitude de contração esofágica distal
inferior a 30 mm Hg em 30% ou mais das deglutições líquidas.
• A prevalência da MEI é maior em pacientes com DRGE, especialmente
naqueles que apresentam sintomas respiratórios.
• O tratamento sintomático será com IBPs, e procinéticos. Se predominar
sintomas sensitivos como globo faríngeo, desconforto cervical ou dor
torácica, podem ser tentados os antidepressivos tricíclicos
(amitriptilina, nortriptilina e imipramina).
SÍNDROME
DISPÉPTICA
SÍNDROME DISPÉPTICA
• Em uma diretriz recente do American College of Gastroenterology
(ACG) e da Canadian Association of Gastroenterology (CAG),
dispepsia foi definida como a presença de dor epigástrica que não
preenche critérios para refluxo/DRGE, podendo ser associada ou
não a sintomas inespecíficos do trato gastrointestinal.
• Saciedade precoce, plenitude pós prandial, dor ou queimação
epigástrica.
INVESTIGADA
DISPEPSIA – CLASSIFICAÇÃO
Quanto à etiologia (segundo ROMA IV):
Orgânica
Funcional: pacientes sem explicação identificável por exames
tradicionais para causa dos sintomas. Pode ser subdividida em:
• Síndrome de dor epigástrica;
• Síndrome de desconforto pós-prandial;
• Mista.
ISSO É...
POR QUE VAMOS FALAR SOBRE..
Paciente com quadro dispéptico, com pirose retroesternal e
regurgitação que sugere doença do refluxo gastresofágico (DRGE).
Neste caso, não se considera mais como dispepsia, mas sim como
DRGE.
DOENÇA DO REFLUXO
GASTROESOFÁGICO
DRGE
• DEFINIÇÃO: Sintomas ou complicações resultantes do refluxo de conteúdo
gastroduodenal para o esôfago e/ou órgãos adjacentes, incluindo cavidade oral, laringe
e pulmões.
• DIAGNÓSTICO
• Sintomas típicos: Pirose e regurgitação ácida. Outros associados: disfagia, odinofagia e
eructações.
• Sintomas atípicos: asma, dor torácica, tosse, laringite e desgastes dentários
• Não há exame padrão-ouro para confirmar a presença de DRGE
• EDA
• pHmetria de 24 horas
• Esofagomanometria
• Tratamento empírico inicial com terapia antissecretora em pacientes com sintomas clássicos da
DRGE na ausência de sinais alarmantes.
DOENÇA ULCEROSA
PÉPTICA
DUP
• Definição: Lesões de mucosa gástrica ou duodenal que se estendem pela parede até a muscular da mucosa e
camadas profundas.
• Sintomáticos:
• Dispepsia: Dor epigástrica, tipo queimação, com íntima relação com o ritmo alimentar, geralmente cíclica, com
períodos de acalmia:
• Principal manifestação clínica;
• Ocasionalmente, pode ser referida no hipocôndrio direito ou esquerdo;
• A úlcera duodenal, especificamente, se manifesta por dor 2-5 horas após a alimentação ou durante a
noite, entre 23 horas e 2 horas da madrugada (clocking). A dor epigástrica tende a melhorar com a
ingestão de alimentos;
• A úlcera gástrica geralmente se manifesta com dor que piora com a alimentação, sem despertar
noturno.
• Tratamento:
• H. pylori positivo:
• Úlcera duodenal não complicada: manter IBP ou PCAB por 14 dias, concomitante à antibioticoterapia para H.
pylori;
• Úlcera duodenal complicada: manter IBP ou PCAB por 4-8 semanas;
• Úlcera gástrica: manter IBP ou PCAB por 8-12 semanas.
• Associada a AINE: Manter IBP por, pelo menos, 8 semanas. Pode ser necessária terapia de manutenção, caso seja
necessário manter AINE por período prolongado.
TRATAMENTO
RESPIRA E DIZ COMIGO: IBP É VIDA, MAS PRECISO SABER USAR
TRATAMENTO
• Dietéticas e hábitos de vida
• Estratégias de medicação:
• Step-up de IBP (quadros leves ou diagnóstico duvidoso): Iniciar
com dose baixa de IBP e aumentar conforme a resposta dos
sintomas;
• Step-down de IBP (quadros graves ou com alterações
endoscópica): Iniciar com dose alta de IBP e diminuir
progressivamente até reaparecimento dos sintomas, mantendo a
menor dose capaz de aliviar os sintomas.
• Pacientes com sintomas típicos e atípicos: IBP de 12/12 horas por
8-12 semanas.
TRATAMENTO
• Opções:
• Omeprazol (20, 40 mg/cp) 20-80 mg/dia VO em dose única pela manhã ou de 12/12
horas;
• Lansoprazol (15, 30 mg/cp) 30-180 mg/dia VO em dose única pela manhã ou de 12/12
horas (doses > 120 mg/dia devem ser divididas);
• Pantoprazol (20, 40 mg/cp) 20-160 mg/dia VO em dose única pela manhã ou de 12/12
horas;
• Esomeprazol (20, 40 mg/cp) 10-40 mg VO em jejum pela manhã.
• Efeitos adversos:
• Deficiência de magnésio e vitamina B12;
• Maior risco de diarreia do viajante;
• Colite por Clostridioides difficile;
• Osteoporose e fratura óssea;
• Nefrite intersticial com risco de doença renal crônica.
TRATAMENTO
• Adjuvantes
• Antagonistas de receptor H2: Podem ser utilizados para alívio sintomático
Cimetidina (400 mg) VO de 12/12 horas (1a dose em jejum e 2a dose antes do
jantar);
Famotidina (20 mg, 40 mg) VO 2x/dia (1a dose em jejum e 2a dose antes do
jantar).
• Procinéticos: Têm a propriedade de acelerar o esvaziamento gástrico:
Domperidona (10 mg) VO de 8/8 horas;
Metoclopramida (10 mg) VO de 8/8 horas;
Bromoprida (10 mg) VO de 8/8 horas.
• Antiácidos: Podem ser associados para alívio sintomático:
Hidróxido de alumínio (230 mg/comprimido) 460-920 mg VO 1 hora após as
refeições e ao deitar;
Hidróxido de magnésio (60 mg/mL) 5-10 mL VO 1 hora após as refeições e ao
deitar.
• Sucralfato: Pode ser utilizado em pacientes gestantes com DRGE.
TRATAMENTO
H. PYLORI
• Esquema A: 1a linha. Associação:
• Omeprazol (geralmente disponível no SUS) (10, 20, 40 mg/cp) 20 mg VO de
12/12 horas, em jejum, por 14 dias + Amoxicilina (geralmente disponível no
SUS) (500 mg/cp) 1.000 mg VO de 12/12 horas, por 14 dias + Claritromicina
(geralmente disponível no SUS) (500 mg/cp) 500 mg VO de 12/12 horas, por 14
dias conforme as mais recentes diretrizes, tanto brasileira como internacionais,
• Para retratamento, o esquema de segunda linha mais utilizado é feito com a
substituição da claritromicina por levofloxacino
• Em pacientes com úlcera péptica, recomenda-se a extensão do uso de IBP por 4 a
8 semanas após o término do esquema de erradicação.
• Erradicação de Helicobacter pylori:
• A erradicação de H. pylori associa-se à melhora dos sintomas em pacientes com
gastrite predominantemente antral, estando indicada terapia específica quando a
pesquisa da bactéria é positiva. Não tem impacto nos sintomas de DRGE.
BIBLIOGRAFIA
1. Drossman DA. Functional gastrointestinal disorders: history, pathophysiology, clinical
features and Rome IV. Gastroenterology. 2016; 50(6):1262-1279.
2. Aziz Q, Fass R, Gyawali P, et al. Esophagel disorders. A2. Functional Heartburn.
Gastroenterol. 2016;150:1368-1379.
3. Coelho LGV, et al. IV Brazilian consensus conference on Helicobacter pylori infection.
Arq Gastroenterol. 2018; 55(2):97-121.
4. Neumann WL, et al. Autoimmune atrophic gastritis--pathogenesis, pathology and
management. Nat Rev Gastroenterol Hepatol. 2013; 10(9):529-541.
5. Coelho LGV, Marinho JR, Genta R, et al. IVth Brazilian consensus conference on
helicobacter pylori infection. 2018; 55(2):97-121.
6. Vaezi MF. Esophageal disorders. ACP Medicine. 2011;1-23. [The original English
language work has been published by DECKER INTELLECTUAL PROPERTIES INC.
Hamilton, Ontario, Canada.
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English language work has been published by DECKER INTELLECTUAL
PROPERTIES INC. Hamilton, Ontario, Canada.
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MÉDICA DO HOSPITAL DE BASE
DR. ARY PINHEIRO (HBAP)