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Introdução

A disfagia pode ser de 2 tipos:

1) Transferência -> dificuldade em iniciar a deglutição (passar o alimento da boca


para o esôfago)

ENGASGO Doenças musculares (polimiosite)


Doenças neurológicas (AVE, 1º neurônio)

2) Condução -> dificuldade de passar o alimento do esôfago para o estômago

ENTALO Obstrução Mecânica (tumor)


Distúrbio Motor

Disfagia de Condução
 Entalo
 Halitose (alimento preso em decomposição)
 Regurgitação (ao se abaixar) com risco de broncoaspirar
 Perda de peso (não se alimenta bem)

Abordagem Inicial:

ESOFAGOGRAFIA BARITADA (Não é padrão ouro, mas é o método inicial).

Obstrução Mecânica:
- Divertículo
- Anéis e membranas
- Estenose péptica (complicação de DRGE)
- Tumor

Distúrbio Motor:
- Acalásia (chagas, idiopática)
- Escledermia
- Espasmo Esofagiano Difuso
Divertículo de Zenker (ou faringoesofagiano)
Vem de uma hipertonia do EES (esfincter esofágico superior), que exige que o
paciente engula com força de uma forma crônica. Com o passar dos anos, a parede
do esôfago enfraquece devido a força continuada, e faz mucosa e submucosa sair
entre as fibras da musculatura. (analogia do balão sendo apertado entre dedos).

A origem:

EES é formado pelos músculos:


 Cricofaríngeo (fibras circulares)
 Tireofaríngeo é o que faz força (fibras oblíquoas)

A junção das fibras forma o triângulo de Killian, que é fraco e permite a extrusão do
divertículo (o divertículo é um pseudodivertículo na verdade, pois não tem todas as camadas)

O divertículo quando em tamanho considerável, comprime o esôfago e gera a


sensação de entalamento.

É comum na 7ª década de vida -> paciente sente uma bolsa no pescoço que alivia
com a digitopressão.

É mais comum a esquerda.

Clínica:

Disfagia, halitose, regurgitação

Diagnóstico

Esofagografia baritada (em perfil)

Evita-se realizar endoscopia nesses pacientes, mas não é contra-indicada.

Tratamento:

Miotomia (cricomiotomia para aliviar a pressão do EES) +/- cuidado com a bolsa.

< 2cm – é assintomático, faz só miotomia


≥ 2cm – miotomia + pexia (ou ectomia se > 5cm)
≥ 3cm – preferir EDA (miotomia + diverticulectomia)

ACALÁSIA
Se for no Norte do país = pensar em chagas (acomete auerbach + meissner)
Mais comum = Idiopática (acomete plexo de auerbach)
Fisiopatologia:
- Destruição do plexo de auerbach
- Hipertonia do EEI (P > 35mmHg)
- Perda do relaxamento fisiológico do EEI
- Peristalse anormal = não conduz o alimento e ele entala. As vezes chega na
aperistalse.
Clínica (tríade clássica):

- Halitose, disfagia, regurgitação, emagrecimento (DDX com câncer), mas dá pra


diferenciar essas duas entidades pela história clínica! (emagrecimento é intenso no
CA, evolução rápida).

Diagnóstico:

Esofagografia baritada -> sinal do bico de passaro, ou da vela.

A endoscopia é mais importante para descartar câncer.

Padrão Ouro: esofagomanometria


- Perda de relaxamento do EEI
- Hipertonia do EEI, P> 35mmHg Perda do relaxamento EEI
- Peristalse anormal

Tratamento:

De acordo com a evolução. Tende a ser cirúrgico:

Estágio I – até 4cm de dilatação (praticamente só hipertonia sem dilatação)


Estágio II – de 4-7cm
Estágio III – de 7-10 cm
Estágio IV - > 10cm (dolicomegaesôfago)

Estágios Iniciais:

Estágio I: nitrato, sildenafil, antagonistas canal de calcio, botox

Estágios Avançados:
II – Dilatação pneumática por balão do esfincter

III – Cardiomiotomia de Heller (dá refluxo) + fundoaplicatura Pinotti (cura o refluxo


criado)

IV – Esofagectomia para megaesôfago

Não é a regra, mas ajuda na hora da prova. SABISTON: a cirurgia tende a ser mais
eficaz e seguro.

Anel de Shatzki
Ocorre um estreitamento laminar em corpo de esôfago. A parte de cima é formado
por epitélio esofágico, a parte de baixo ao estreitamento é formado por mucosa
gástrica. Está associada a hérnia de hiato. Alguns autores acreditam que poderia ser
uma defesa do esôfago em relação ao conteúdo gástrico.

Etiologia indefinida, a ingestão de grandes pedaços de alimentos pode desencadear


o processo.

Clínica: Causa disfagia de condução

Tratamento: ruptura endoscópica do anel, dilatação com balão

Espasmo Esofagiano Difuso


Ocorre mais em mulheres depressivas e que choram a toa.

O músculo esfogágico se contrai difusamente.

Clínica: disfagia, dor retroesternal, que alivia com nitrato.

Diagnóstico: Esofagografia baritada (esôfago em saca rolha)


Esofagomanometria com teste provocativo

Tratamento: Nitratos, Antagonistas de canal de cálcio

Miotomia longitudinal quando o tratamento clínico for refratário.

Pendências: perfuração esofagiana

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