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Tratado de gastroenterologia
Assim, mais recentemente, observou- -se que a DRGE está muitas vezes associada as
alterações do sono. Isso ficou particularmente evidente em um importante estudo
populacional, em que foi demonstrado que a pirose ocorreu durante o período de sono em
25% dos 15 mil indivíduos estudados. Outros trabalhos investigaram a relação entre a DRGE e
distúrbios do sono, chegou-se à conclusão de que tanto a pirose noturna quanto queixas
relacionadas à qualidade do sono, são mais frequentes em pacientes com refluxo
gastroesofágico patológico e que o tratamento desses pacientes com inibidores da bomba
protônica (IBP) pode melhorar substancialmente a qualidade do sono
Fisiopatologia
A dilatação do espaço intercelular em pacientes com DRGE está correlacionada com o escore
de sintomas esofágicos e histológico de esofagite
Sintomas
Diagnostico
pacientes com alteração somente de dilatação intercelular tem uma especificidade de 86%, já
a dilatação e o exame de Ph metria consegue identificar a diferença entre DRGE erosiva e não
erosiva
Outro fator relevante é a pesquisa de sinais e sintomas que indiquem complicações de DRGE,
denominados sintomas de alarme, que englobam disfagia, odinofagia, hematêmese, melena,
anemia e emagrecimento
Exames:
Manometria esofágica
tratamento
Complicações
Podem ocorrer complicações como conseqüência da DRGE de evolução crônica. Costumam ser
mais freqüentemente em indivíduos que não procuram auxílio médico, em casos refratários ao
tratamento ou que não o seguem corretamente. As complicações mais comuns são: esôfago
de Barrett, estenose, úlceras e sangramento esofágico.
O esôfago de Barrett consiste na substituição do epitélio escamoso estratificado próprio do
esôfago por epitélio metaplásico do tipo colunar intestinal26. Tal complicação está relacionada
com risco potencial de desenvolvimento de adenocarcinoma de esôfago, levando a uma
incidência 30 a 125 vezes maior da neoplasia
A estenose ocorre como conseqüência da inflamação decorrente do refluxo, que leva a uma
fibrose da parede e redução da luz esofágica. A principal manifestação clínica é a disfagia.
O sangramento esofágico na DRGE costuma ser lento e insidioso, podendo ser responsável por
quadros de anemia crônica. Mais raramente, pode cursar como hematêmese
Hernia hiatal
Segundo o consenso de Roma III, define-se dispepsia funcional como “dor crônica ou
recorrente, ou desconforto em abdome superior na ausência de qualquer causa orgânica,
sistêmica ou metabólica e sem achados da síndrome do intestino irritável”. Sua fisiopatologia
permanece obscura, estando, possivelmente, associada a hipersensibilidade visceral, disfunção
motora e fatores psicossociais.
Helicobacter pylori (H.pylori) é uma bactéria gram-negativa, que possui uma forma helicoidal e
flagelada e reside na mucosa gástrica da população mundial. Este patógeno produz urease,
uma enzima que catalisa a hidrólise da ureia, resultando em amônia que confere um
microambiente de proteção contra o ácido gástrico, favorecendo a instalação e a sobrevivência
da bactéria.
O bacilo não invade a mucosa gástrica, mas causa respostas inflamatória e imune, ocorrendo
aumento dos fatores pró-inflamatórios, como interleucinas IL-1, IL-6, fator de necrose tumoral
(TNF) e IL-8. Estes fatores inflamatórios estão relacionados com a gastrite crônica e os
pacientes com maior produção de IL-1β tendem a desenvolver pangastrite (mucosas do corpo
e do fundo), enquanto os pacientes com menor produção dessa interleucina desenvolvem
gastrite do tipo antral. Na gastrite antral ocorre maior produção de ácido e alto risco de fazer
úlcera duodenal, e a pangastrite é acompanhada de atrofia multifocal com baixa produção de
ácido gástrico e maior risco de desenvolver adenocarcinoma
A inflamação do antro devido à gastrite antral causa a necrose de várias células D produtoras
de somatostatina, que é responsável pela inibição da liberação de gastrina. Então ocorre uma
maior produção de gastrina estimulando uma maior liberação de ácido clorídrico. Este
aumento de ácido causa uma diminuição do pH no duodeno, ocorrendo uma metaplasia
gástrica no mesmo capaz de ser colonizada por H. pylori e consequentemente ulcerada pelo
suco gástrico
Diagnostico
O teste invasivo consiste em uma biópsia obtida durante a endoscopia, em que será feito o
teste rápido da urease (RUT), sendo recomendadas uma biópsia do antro e uma do corpo do
estômago
s testes não invasivos para o diagnóstico de H. pylori são para pacientes sem indicação de
endoscopia e que não possuem necessidade de exclusão para câncer gástrico, normalmente
com menos de 40 anos com dispepsia e sem sinais de “alarme”. O exame recomendado nestes
casos é o teste respiratório com ureia marcada com carbono 13, que consiste na ingestão de
ureia marcada com isótopo radioativo C13. A urease da bactéria, se presente, realizará uma
hidrólise e o dióxido de carbono será detectado no tubo de ensaio que o paciente irá assoprar
após a ingestão. O teste de antígeno fecal (SAT) que utiliza anticorpos monoclonais é uma boa
alternativa se o teste respiratório não for possível
O tratamento de primeira linha deve ser feito com amoxicilina 1g + claritromicina 500 mg +
omeprazol 20 mg (ou outro IBP – por exemplo: pantoprazol 40 mg, lansoprazol 30 mg,
esomeprazol 20 mg, dexlansoprazol 60 mg), todos os medicamentos a cada 12 horas, por 14
dias.
Para retratamento, o esquema de segunda linha mais utilizado é feito com a substituição da
claritromicina por levofloxacino.
Outros esquemas de tratamento (que também podem ser usados como primeira em alérgicos
à penicilina) podem ser feitos substituindo-se a amoxicilina por furazolidona ou metronidazo
Em pacientes com úlcera péptica, recomenda-se a extensão do uso de IBP por 4 a 8 semanas
após o término do esquema de erradicação.