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CLÍNICA CIRÚRGICA

Medicina livre, venda proibida. Twitter @livremedicina


2 SIC Resumão REVALIDA

1 Doença do refluxo gastroesofágico

1. Epidemiologia
Em dados norte americanos, pirose 1 vez por semana ocorre em 20% da população. A preva-
lência na população brasileira chega a 12%.

2. Fisiopatologia
A DRGE surge da quebra do equilíbrio entre os fatores de proteção e de agressão, em as-
sociação à falha dos mecanismos de contenção do refluxo. A extensão dos sintomas e a injúria
mucosa são proporcionais à frequência dos eventos de refluxo, à duração da acidificação da
mucosa e à potência cáustica do fluido refluído. A barreira contra o refluxo, na junção esofa-
gogástrica, é fisiológica e anatomicamente complexa, e a sua incompetência se deve, basica-
mente, a 3 fatores:

ͳ Aumento da frequência de relaxamentos transitórios do Esfíncter Esofágico Inferior (EEI)


responsável por essencialmente todos os episódios em indivíduos com pressão do EEI nor-
mal no momento do refluxo;

ͳ Diminuição do tônus do EEI (somente uma minoria dos indivíduos com DRGE tem hipoten-
são grosseira do EEI (<10mmHg), sem os fatores que podem reduzir a pressão: distensão
gástrica, colecistocinina, alimentos (gordura, cafeína, chocolate, álcool), tabagismo e drogas;

ͳ Ruptura anatômica da junção esofagogástrica, frequentemente associada a hérnia hiatal.


Entrada oblíqua do esôfago no estômago, ângulo de Hiss (representado pela prega
de Gubaroff), pinçamento esofágico pelo hiato diafragmático, pressão negativa torácica,
peristaltismo, membrana frenoesofágica e presença do EEI constituem o principal mecanismo
de contenção.

As alterações anatômicas da transição esofagogástrica, como a hérnia de hiato, podem


comprometer os mecanismos antirrefluxo. Os pacientes com hérnia hiatal podem ter progressiva
ruptura do esfíncter diafragmático, e a severidade da esofagite correlaciona-se com o tamanho
da hérnia.

As hérnias hiatais podem ser divididas em deslizamento e rolamento (ou paraesofágicas) –


95% são do tipo I (deslizamento); e tipos II, III e IV (paraesofágicas), correspondendo a 5% das
hérnias. O diagnóstico da hérnia de hiato pode ser feito por meio de Endoscopia Digestiva Alta
(EDA), de exame contrastado de Esôfago–Estômago–Duodeno (EED) ou de estudo manométrico,
sendo o EED quase sempre diagnóstico.

O tratamento tipo I está indicado aos sintomáticos, podendo ser clínico (Inibidores da Bomba
de Prótons – IBPs) ou cirúrgico (fundoplicatura com reconstrução do hiato esofágico). No tra-
tamento tipo II, o manejo dos pacientes assintomáticos é controverso. O reparo cirúrgico está
indicado aos sintomáticos.

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