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GASTRITES E GASTROPATIAS

Gastrite: Inflamação gástrica; há presença de infiltrado leucocitário inflamatório na mucosa do estômago,


associada ou não a alterações endoscópicas. Ex: gastrite por H. pylori e gastrite auto-imune.
Gastropatia: há lesão da mucosa gástrica com injúria e regeneração epitelial, mas NÃO há infiltrado
inflamatório. Ex: gastropatia por AINE, gastropatia alcoólica e gastropatia por refluxo biliar.
Dispepsia funcional: pacientes com sintomas dispépticos, mas sem úlcera péptica ou neoplasia nos achados
endoscópicos.
O achado que mais se correlaciona com gastrite na endoscopia é a presença de erosões na mucosa; mas quem
diferencia gastrite de gastropatia é o histopatológico!

CLASSIFICAÇÃO
É feita de acordo com o tempo de instalação (aguda ou crônica); histopatologia (gastrite superficial, gastrite
atrófica ou gastropatia); e etiologia.
Aguda: difícil de ser encontrada; predomina enantema; pode ser virótica, fúngica, parasitária; associada ao HP (não
é comum).
Crônica: aspecto micronodular (hiperplasia linfoide reativa); pode ser autoimune ou associada ao HP.

GASTRITE POR H. PYLORI

H. pylori é um bacilo gram-negativo que determina uma inflamação superficial da mucosa (gastrite superficial), mas
que pode evoluir para atrofia das glândulas oxínticas (gastrite atrófica).
Gastrite aguda: poucas semanas após adquirir o bacilo  paciente desenvolve uma pangastrite aguda superficial
assintomática ou com dispepsia. Histopatológico revela gastrite neutrofílica.
Gastrite crônica antral: a maioria dos casos não tratados para H. pylori, desenvolvem um quadro de gastrite
crônica superficial, predominantemente no antro. O HP provoca hipercloridria*, mas a maioria é assintomática.
Histopatologia revela folículos linfáticos (tecido MALT) na mucosa gástrica, patognomônico da gastrite crônica por
H. pylori, em que há hiperplasia linfoide reativa (defesa do hospedeiro).
*o bacilo inibe as células D, que produzem somatostatina; com o feedback perdido, as células G produzem mais
gastrina, ocasionando a hipercloridria.
Pangastrite crônica: infecção se estende para fundo e corpo e pode provocar o aparecimento de ilhas de atrofia da
mucosa  pangastrite atrófica  hipocloridria. Tecido MALT também está presente.
Tratamento geral: não é rotineira a erradicação do HP em pacientes apenas com gastrite (pois geralmente não
resolve os sintomas pépticos); alguns recomendam em caso de pangastrite intensa.

GASTRITE ATRÓFICA AUTOIMUNE

Geralmente poupa o antro e está frequentemente associada a outras doenças autoimunes (Hashimoto e Graves)
Há produção de autoanticorpos:
Anticélula-parietal: diminui a secreção de HCl  hipocloridria  ativa muito a gastrina  efeito trófico 
risco aumentado para câncer gástrico
Antifator-intrínseco: não há absorção de B12  anemia megaloblástica.
Diagnóstico: EDA + histopatológico + anticorpo anticélula-parietal.
Tratamento: vitamina B6
GASTROPATIA EROSIVA/HEMORRÁGICA

Existem 3 condições principais que se associam a esse tipo de gastrite


Gastropatia pelos AINES
Pode ser aguda ou crônica e pode cursar ou não com sangramento digestivo alto (hematêmese, melena) e
sintomas dispépticos.
O uso de AINES está associado à petéquias, erosões e úlceras (sangramento) na mucosa gástrica.
Fisiopatologia: inibem a formação de PG pelas células da mucosa gástrica, prejudicando a proteção contra
lesão e a regeneração epitelial.
Fatores de risco que podem levar à úlcera: idade > 60 anos; tto concomitante com corticosteroides; tto com
AINES em altas doses; tto com mais de um AINES; história pregressa de úlceras.
Tratamento: suspender AINES + administrar IBP + erradicar H. pylori
Lesão aguda da mucosa gástrica: relacionada ao estresse isquêmico no curso de uma doença grave
(frequentemente em pacientes de uma UTI); as lesões erosivas e hemorrágicas são responsáveis por HDA em 10%
dos casos.
Gastropatia alcoólica: comumente encontradas hemorragias subepiteliais puntiformes e edema de mucosa; não
costumam causar sangramentos graves.

GASTROPATIA POR REFLUXO BILIAR: é a “gastrite alcalina”, complicação da cirurgia de antrectomia.

FORMAS RARAS DE GASTRITE


Gastrite Flegmonosa: infecção purulenta rara relacionada a estreptococos e estafilococos e de curso fulminante.
Dor aguda no abdome + febre + sinais de peritonite. Geralmente pacientes com infecções graves.
Doença de Menetrier: etiologia desconhecida. Há aumento intenso e tortuoso das pregas da mucosa gástrica
(proliferação das células produtoras de muco + hipocloridria). Epigastralgia é o sintomas mais comum.
Gastrite Granulomatosa: pode ocorrer de forma idiopática ou associada a outras doenças generalizadas
(sarcoidose, doença de crohn).
Gastrite Eosinofílica: mucosa gástrica e muscular subjacente invadidas por eosinófilos. Motilidade antral
prejudicada  retenção gástrica, dor abdominal, náuseas e vômitos.
Gastrite Linfocítica: infiltração linfocítica da mucosa gástrica; EDA: mucosa espessada com nódulos com depressão
central  gastrite varioliforme. Geralmente assintomática ou com perda de peso e dispepsia.
Estômago em melancia: dobras eritematosas e riscos angiomatosos que convergem para o piloro. Comumente
encontrada em pacientes idosas com anemia ferropriva e também em cirróticos.

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