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CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

Gastrite linfoplasmocítica multifocal em cão


Multifocal lymphoplasmocytic gastritis in dogs

Como citar esse artigo: Alana Calixto De Araújo


Araújo AC, Bonorino RP. Gastrite linfoplasmocítica multifocal em cão. Anais do 14
Simpósio de TCC e 7 Seminário de IC da Faculdade ICESP. 2018(14); 1352-1358 Rafael Prange Bonorino

Resumo
A inflamação gástrica é uma disfunção frequente em pequenos animais. As principais causas envolvem: práticas indiscriminadas na
dieta, hipersensibilidade alimentar, frequência de parasitas, patologia sistêmica, substâncias causticas, aptidão racial e administração
de fármacos como anti-inflamatório e antibióticos. As patologias do estômago mais mencionadas são: gastrite aguda e crônica, úlceras
gástricas, corpo estranho, neoplasia gástrica e dilatação vólvulo gástrica. O diagnóstico envolve o histórico do animal, exame físico e
basicamente exames complementares como ultrassonografia, radiografia e endoscopia, muitas vezes indispensável para conclusão do
diagnóstico. O sinal clínico mais comum é êmese aguda ou crônica. O tratamento pode ser clínico por meio de antiácidos, protetores
da mucosa gástrica, fluidoterapia, antieméticos, antibióticos. Em geral o prognostico é favorável nos casos de úlceras, gastrites e corpo
estranho, e reservado em casos de neoplasia e dilatação vólvulo gástrica. Este trabalho tem como objetivo relatar um caso de um
animal que chegou a clínica com histórico de emêse várias vezes ao dia. Através dos exames solicitados, biopsia e histopatologia foi
confirmada a gastrite linfoplasmocítica multifocal a moderada no animal.
Abstract
Gastric inflammation is a common dysfunction in small animals. The main causes involve: indiscriminate dietary practices, food
hypersensitivity, frequency of parasites, systemic pathology, caustic substances, racial aptitude and administration of drugs such as
anti-inflammatory and antibiotics. The most mentioned stomach pathologies are: acute and chronic gastritis, gastric ulcers, foreign body,
gastric neoplasm and dilatation of gastric volvulus. Diagnosis involves the animal's history, physical examination and basically
complementary tests such as ultrasonography, radiography and endoscopy, often indispensable for the conclusion of the diagnosis. The
most common clinical sign is acute or chronic emesis. The treatment can be clinical by means of antacids, gastric mucosal protectors,
fluid therapy, antiemetics, antibiotics. In general, the prognosis is favorable in cases of ulcers, gastrites and foreign body, and reserved
in cases of neoplasia and dilatation gastric volvulus. This work aims to report a case of an animal that arrived at the clinic with a history
of emesis several times a day. Through the requested tests, biopsy and histopathology were confirmed to multifocal to moderate
lymphoplasmacytic gastritis in the animal.
Contato: rafael.bonorino@icesp.edu.br

Introdução
A gastrite aguda é a inflamação e lesão da
mucosa gástrica, que ocorre em resposta a uma
agressão (HALL, 2005). Essa patologia é definida
como uma síndrome clínica e não como doença
específica e pode ser multifatorial, normalmente
relacionada à intolerâncias e indiscrições
alimentares, ingestão de corpos estranhos e uso
de antibióticos e antiinflamatórios (COSTA, 2014).

A gastrite crônica pode ser classificada em


linfocítica-plasmocítica, eosinofilia, granulomatosa
ou atrófica (COUTO,2001). Baseia-se na Figura 1: Helicobacter pylori
retiradadositewww.cab.unimelb.edu.au/cab_helicobacter.ht
classificação do tipo de infiltrado celular mCopyright © The University of Melbourne 1994-2008
predominante, área da mucosa acometida,
gravidade da inflamação, espessura da mucosa e
topografia, sendo mais comum o infiltrado linfócito A bactéria Helicobacter coloniza o trato
– plasmocitário. (HALL,2015). gastrointestinal superior, especificamente o
estômago, provocando lesões na mucosa gástrica,
dando origem à gastrite, úlceras e até câncer
(COUTO, 2001).

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Os sinais clínicos comuns em animais com cães, como no Fox Terrier, Schnauzer, Pastor
suspeita de doença gastrointestinal, são: anorexia, Alemão, Dog Alemão, Golden Retriever e Setter
perda de peso, êmese, diarreia. O sinal mais Irlandês. Em gatos é rara, graças à prevalência de
frequente é o vômito. (SILVA et. al. 2013). fibras musculares lisas no esôfago do felino, sendo
a raça Siamesa a mais predisposta (ANDRADE,
A gastrite linfoplasmocítica canina é uma
2007).
patologia crônica, a qual tem como característica o
infiltrado linfoplasmocítico generalizado ou focal da O megaesôfago congênito corresponde à
mucosa do estômago. Pode ocorrer em qualquer hipomotilidade e à dilatação generalizada do
camada gástrica e provocar estenose pilórica esôfago, provocando regurgitação e
benigna (MANOLE, 2005). subdesenvolvimento do filhote após o desmame. A
doença da forma congênita ainda não está
Causas da gastrite linfoplasmocítica: completamente esclarecida, embora estudos
Inflamação da parede, gástrica intolerância ou apontem para um defeito na inervação aferente
alergia alimentar, parasitismo oculto ou antígenos vagal para o estômago (WASHABAU, 2004).
bacterianos podem conduzir a processos de
inflamação crônica (SIMPSON, 2005b). Segundo Willard (2006), a razão ainda é
desconhecida e não há evidências de
Segundo Friedman e Blumberg,2005, a desmielinização ou degeneração neural e a
gastrite ou doença intestinal inflamatória afeta inervação vagal eferente parece estar normal
30% dos animais. O tratamento se dá com a (WILLARD, 2006).
associação de Metronidazol, Omeprazol (ou um
antagonista dos receptores H2 como a Megaesôfago secundário ocorre como
Famotidina). COUTO, (2001), afirma que o decorrência de causas primárias que promove
diagnóstico é realizado através de biópsia alterações motoras no esôfago ou no esfíncter
gástrica, pois as bactérias não estão gastroesofágico, determinando sua dilatação
uniformemente distribuídas no interior do passiva. As principais causas de megaesôfago
estômago. O microrganismo é fácil de ser secundário são miastenia grave, lúpus
identificado quando se usa colorações especiais eritematosos, polimiosite, polineurite, neuropatias
como Giemsa, WarthinStarry. Pode-se também degenerativas, hipoadrenocorticismo,
diagnosticar essa infecção pela avaliação hipotireoidismo, déficit de tiamina, intoxicações por
citológica da mucosa ou procurando pela atividade metais pesados (chumbo e tálio), tumores
da urease na mucosa gástrica. (COUTO, 2001). (principalmente timoma) e problemas cervicais
(ANDRADE, 2007
Em casos mais severos de enterite
linfoplasmocítica, os corticosteroides podem ser Segundo Washabau (2004), megaesôfago
administrados por via parenteral, uma vez que adquirido observa-se fraqueza, paresia ou
pode ocorrer diminuição da sua absorção intestinal paralisia, ataxia, náusea, disfagia, dor ou
(HALL & GERMAN, 2005). depressão. Em alguns casos da miastenia grave, a
regurgitação e a perda de peso podem ser apenas
O megaesôfago define pela ausência ou os sinais de manifestação da enfermidade,
pela diminuição intensa dos plexos nervosos do enquanto na maioria das ocorrências de
esôfago, determinando distúrbio motor esofágico à megaesôfago adquirido, a regurgitação.
deglutição. Esta destruição celular atinge níveis de
50% a 95%, ocorre uma progressiva disfunção de Sinais clínicos da patologia são
toda a atividade motora e dilatação do órgão caracterizados pela regurgitação de alimento e
(CELANO et al., 2007). água, perda de peso ou crescimento defi ciente,
hipersalivação e som de borbulhas a deglutição,
A habilidade esofágica fica limitada ou tosse, corrimento nasal mucopurulento e dispneia
ausente, resultando no acúmulo ou na retenção de com pneumonia por aspiração concomitante. No
alimento e de líquido no esôfago (LONGSHORE, exame físico são: regurgitação, perda de peso,
2008). Este alargamento do esôfago resulta em auscultação de líquidos e alimentos retidos no
uma severa discrepância na motilidade, tornando esôfago, halitose, ptialismo, saliência do esôfago
o órgão dilatado e flácido e o peristaltismo na entrada torácica e dor associada à palpação da
ineficiente (WASHABAU; HOLT, 2003). região do esôfago.
Essa alteração pode ser congênita, As causas ou às sequelas do megaesôfago
idiopática ou secundária adquirida, e também são crepitações respiratórias, taquipneia, pirexia,
predisposições hereditárias em algumas raças de mialgia, fraqueza muscular, atrofia muscular,

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hiporreflexia, déficits proprioceptivos e posturais,
distúrbios anatômicos (midriase com perda de
reflexo pupilar à luz, mucosas nasal e ocular
ressecadas), deficiência de nervos cranianos
(especialmente os nervos VI, IX e X), paresia ou
paralisia e alterações da consciência
(LONGSHORE, 2008).
Diagnostico radiografia simples, radiografia
contrastada e endoscopia.

Até o momento, não há cura ou tratamento


clínico que resolva a debilidade esofágica
congênita. Indica-se um tratamento dietético
conservador, a fim de evitar o agravamento da
dilatação e a aspiração. O animal é alimentado
com alimentação pastosa, em uma plataforma
elevada que requeira o animal em estação, com o
apoio dos membros posteriores. Figura 2: Ultrassom estomago com parede espessada.
Fonte: arquivo pessoal
Desta forma, o esôfago cervical e torácico
permanece em posição vertical quando o alimento O hemograma apresentou uma linfopenia
é ingerido, o que permite que a gravidade auxilie a relativa, e eosinofilia relativa e absoluta. O exame
passagem do alimento através do esôfago para o endoscopia digestiva evidenciou: estômago forma
estômago. O animal deve ser mantido nessa e distensibilidade sem alterações. Foi observado a
posição por cinco a dez minutos após a peristalse de dois movimentos por minuto, onde a
alimentação. Oferecer várias refeições por dia em peristalse normal seria de quatro á cinco
pequenas quantidades também evita a retenção movimentos. Lago mucoso amarelado em volume
de alimento no esôfago (WILLARD, 2006). maior que o habitual, que foi prontamente
Relato de caso aspirado. O corpo e o antro encontram-se com a
presença de enantemas difusos, com maior
Um cão, de onze anos de idade, com peso relevância em antro gástrico. Pangastrite
inicial de 49 kg, não castrado, raça labrador, foi enantematosa leve a moderada. Hipomotilidade
atendido no dia 27 agosto de 2018 em uma clínica gástrica. Refluxo duodeno-gástrico. O resultado do
veterinária, apresentando êmese várias ao dia, exame histopatológico: Os fragmentos analisados
intercalando conteúdo alimentar e salivar. O estão acometidos por lesão inflamatória, composta
animal apresenta quadro crônico de emêse, 6 predominantemente por linfócitos e plasmócitos
vezes ao dia, durante 1 ano. Durante o exame que expandem e substituem multifocalmente a
físico o animal aparentava escore corporal 4/5 mucosa. Diagnóstico: Gastrite linfoplasmocítica
(escala de 1 a 5) linfonodos não reativos, mucosas multifocal a coalescente moderada.
normocoradas, TPC:2 (tempo de preenchimento
capilar). Os demais parâmetros encontravam-se
dentro da normalidade. Foram solicitados os
exames: hemograma, bioquímico sérico
(creatinina, ureia, fósforo, fosfatase alcalina),
ultrassonografia abdominal, endoscopia, biopsia,
exame histopatológico. Foi prescrito ao animal
ondansetrona 0,5 ml kg, capsulas 08mg a cada 12
horas durante 15 dias e omeprazol.

Figura 3: Fotomicrografia. Processo inflamatório


linfoplasmocítico (seta). Fonte: laboratório histopato

O animal retornou à clínica dia 20/09/18


com os mesmos episódios de êmese, não houve

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melhora com os medicamentos prescritos. Foi Fígado aumentado, discretamente hiperecoico. O
prescrito novos medicamentos para o paciente. resultado do hemograma: leucocitose, neutrofilia
omeprazol e ondansetrona 0,5 mg/kg capsula a relativa e absoluta, linfopenia relativa, monócitos
cada 12 horas. ranitidina 1,25 mg/ kg a cada 12 relativa e absoluta, presença de monócitos
horas durante 30 dias. Domperidona1/2 vacuolizados, (alta atividade fagocitária). presença
comprimido 0,05 mg/kg a cada 24 horas, por 30 de linfócitos reativos (estimulação antigênica)
dias. Sucralfato 2 mg/ kg a cada 12 horas por 20 presença de neutrófilos tóxicos (basófila). Na
dias. Dieta de fácil digestão (peixe; frango) ou radiografia contrastada-sulfato de bário: Aspectos
ração batida. No resultado do novo hemograma radiográficos que sugerem dilatação esofágica –
solicitado: Neutropenia relativa, eosinofilia relativa Megaesófago.
e absoluta.
O cão retornou a clínica dia 02/10/18, com o
peso 47.8 kg, o proprietário relata que o animal
continua com êmese, mesmo administrando as
medicações prescritas pela médica veterinária.
Ingere sólidos? Líquidos? normalmente, porém,
vomita. No exame físico: O animal estava
hidratado, temperatura:39,1º tpc;2, linfonodos
poplíteos reativos. Mucosas normocoradas, animal
ofegante. Tratamento: prednisolona 20 mg 2=½
comprimido bid por 7 dias com desmame. Dieta
hipoalérgica.
No dia 11/10/18 o cão retornou a clínica;
com febre de 39.9 graus, linfonodos poplíteos e
axilares reativos, glicemia 103 mg/dl com peso
45,8 kg, observa-se vinha perda de peso.
Tratamento: Nosocomial: dipirona 2,3 ml SC, na Figura 4: Imagem radiográfica como contraste de sulfato de
clínica. Foi prescrito dipirona 22 mg/kg, a cada 12 bário evidenciando megaesôfago Fonte: Diagnopet
horas durante 5 dias. Foi solicitado outro
hemograma: leucocitose, neutrofilia, relativa e
Resultado
absoluta, linfopenia relativa e absoluta, monócitos
absolutos, presença de neutrófilos tóxicos O animal foi eutanasiado por agravar sua
(granulações tóxicas). SNAP 4dx Plus teste: Teste sintomatologia, pois não houve resposta a nenhum
para examinar em a exposição a patógenos que tratamento, além da diminuição drástica de peso,
causam doenças como dirofilariose, erliquiose, episódios de emêse aumentaram,
doença de Lyme e anaplasmose. O cão foi enfraquecimento progressivo e anorexia total. Por
positivo para ehrlichiose. isso ponderou-se a eliminação do sofrimento do
animal.
O animal retornou dia 18/10/18, muito fraco
com peso de 43,8 kg com dificuldades de ficar em Discussão
estação. Desde o dia anterior não apresentava
O animal com gastrite apresenta vômito
êmese. O animal estava sendo medicado com
crônico, geralmente não responsivo ao tratamento
prednisona, domperidona, doxiciclina e ranitidina.
convencional. O diagnóstico confirmativo da
No exame clínico: o cão apresentava febre 39.3
gastrite linfoplasmocítica é endoscopia com
graus, linfonodos submandibulares, axilares e
biopsia, embora a ultrassonografia seja um exame
poplíteos reativos. Coloração das mucosas:
complementar que visualiza apenas um
hipocoradas, frequência respiratória: ofegante.
espessamento da serosa e muscular gástrica uma
Pelas condições que o animal chegou há clínica a
vez que o método não alcança o lumém gástrico.
médica veterinária decidiu interna o paciente.
No megaesôfago o animal regurgita o alimento
Foi administrado na clínica as seguintes não digerido que não chega ao estômago. O
medicações: metronidazol 25 mg/kg 200ml EV, diagnóstico confirmatório é raio x contrastado com
dipirona 25 mg/kg 2,2ml EV, ranitidina 2 mg/kg sulfato de bário. (DUNN et al.,2001).
3,5ml SC. Glicemia 134 mg/dl. Na ultrassonografia
A gastrite linfocítica-plasmocítica responde
que foi solicitada a adrenal esquerda aumentada
algumas vezes ao tratamento dietético (baixa
(1,0 cm polo caudal), adrenal direita (0,77 normal).
gordura, baixa fibra, dieta de eliminação)

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(WILLARD, 2006). Caso essa terapia seja Método para alimentar o animal com
inadequada, o ideal é o uso de medicamentos e a megaesôfago em posição elevada, num ângulo de
terapia de escolha do veterinário conforme o 45 a 90º ao solo e mantê-lo por 10 a 15 minutos
quadro clinico do animal. elevado depois da alimentação podem produzir
bons resultados. Alimentar o animal com papa
O tratamento com fármacos corticoides
produz pouca regurgitação, no entanto a
possuem vários efeitos secundários indesejáveis,
consistência da dieta deve ser individualizada para
muitos autores preferem realizar uma terapêutica
cada paciente. O prognóstico esperado, com ou
baseada tentando primeiro controlar a
sem tratamento, é favorável. Deve-se enfatizar o
sintomatologia apenas com manejo dietético ou
perigo ao proprietário causado pela pneumonia
antibiótico. Apenas nos casos mais severos se
por aspiração e a importância do requerimento de
inicia uma terapêutica mais agressiva, com
alimento especial (TILLEY et al., 2003). O
protocolos combinados de manejo dietético,
prognóstico da gastrite crônica é favorável, porém
antibiótico o tratamento correto é imunossupressor
o animal precisa receber medicação e tratamento
(GERMAN, 2005; HALL &; MÜNSTER et al.,
de suporte ad eternum. O megaesôfago agravou o
2006).
problema digestório do paciente.
Os fármacos utilizados são: a prednisona e
Conclusão:
prednisolona. Estes são conhecidos pelos seus
potentes efeitos anti-inflamatórios e Conclui-se que as gastropatias são frequente
imunossupressores, dependendo da dose na rotina da clínica de animais de companhia.
utilizada, utiliza-se para uma enorme variedade Pode ser de aspecto crônico e muitas vezes não
de afecções em medicina veterinária. Estes corretamente identificada, faz- se necessário o
agentes inibem a libertação de diversos diagnóstico correto através da histopatologia para
mediadores inflamatórios, nomeadamente IL- 1, IL- poder direcionar o tratamento adequado. Há de
2 e TNF-_, impedindo assim o desenvolvimento de se pesquisar novas terapêuticas além da
uma resposta imune (Webster,2005). são convencional para debelar ou pelos menos
utilizadas a uma dose de 1,0-2,0mg/kg PO q12h minimizar os efeitos da patologia. O principal sinal
até à remissão dos sintomas, sendo então em do megaesôfago é a regurgitação, que deve se
seguida realizada uma diminuição lenta e gradual diferenciar do vômito. O manejo alimentar,
das doses ao longo de várias semanas (HALL & resultados favoráveis de curto e médio prazo. A
GERMAN, 2005; WEBSTER, 2005). gastrite linfoplasmocítica tem múltiplas causas, o
tratamento irá depender dos fatores
O animal com megaesôfago apresenta um
predisponentes.
quadro agudo de regurgitação, quando se fornece
alimento semi-sólido ou sólido ao animal. É muito Agradecimentos:
importante saber que a regurgitação se diferencia
Quero agradecer a Deus por ter guiado os
do vômito, pois o animal não apresenta anorexia,
meus passos durante essa jornada, não foi fácil,
porém desenvolve emagrecimento. O vômito é
se não fosse o Senhor Jesus não teria
caracterizado pela volta do alimento já digerido no
conseguido. Tu és meu Deus; graças te darei. Ó
estômago, enquanto, na regurgitação, o alimento
meu Deus, eu te exaltarei (salmos 118:8).
não chega a atingir o estômago. No início da
Agradeço minha mãe Luzimar, minha irmã Luzia e
doença, regurgitação de alimentos ingeridos
minha sobrinha Sarah pelas orações e por sempre
ocorrem logo após sua ingestão, podendo ocorrer
acreditar que seria capaz de chegar até aqui.
após minutos ou horas (FOSSUM et al., 1997).
Agradeço ao meu pai Trifonio por torcer por mim.
A característica principal do megaesófago Quero agradecer imensamente ao meus pais do
adquirido é o esôfago dilatado pela ausência de Coração Marta e Eli pelo carinho, amor cuidados
contrações peristáltica. Esse tipo de megaesôfago compreensão e por me ajudar em tudo quando
acontece em cães adultos entre 7 a 15 anos de precisava. Não tenho palavras para expressar
idade. O megaesôfago secundário é decorrente de meu carinho por vocês. Agradeço também ao meu
alguma condição que provoque o rompimento do noivo Renato pela paciência, amor, carinho e por
reflexo nervoso, controlador da deglutição, ou que estar sempre do meu lado. Agradeço ao meu
afete a atividade do musculo esofágico orientador Rafael Prange pela paciência e
(ETTINGER et al., 1997). dedicação.

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