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Afecções do trato digestório de ruminantes

@vidadevet__
Pecuária atual Afecções do sistema digestório de ruminantes
Ocorreu transformações no manejo para Trauma faringeano
atender a demanda do mercado, que
aumentou. É causada por alimentos grosseiros, corpos
estranhos e passagens de sonda de forma
Os animais são mais precoces e produtivos o incorreta.
que necessita de um aumento de requisitos
nutricionais. Sinais: disfagia, anorexia, dor, febre, hálito
fétido, timpanismo e indigestão vagal.
Os sistemas foram melhorados para melhor
saúde e bem estar. Tratamento: antibioticoterapia e terapia de
Considerações anatômicas e fisiológicas de suporte.
ruminantes Actinomicose – mandíbula nodular
Pré estômagos, hábitos alimentares difere das É uma doença crônica encontrada em bovinos
outras espécies e ruminação após p desmame. que caracteriza movimentos rígidos de
População de microrganismos deglutição devido ao acometimento da
estrutura óssea maxilar e mandibular do
Bactérias gram negativas são predominantes. animal.
50% - pequenos e grandes protozoários. A doença possui como causa a bactéria
anaeróbica gram-positivo, Actinomyces bovis.
8%- fungos.
A infecção se dá através de ferimentos
Digestão de carboidratos
localizados na cavidade bucal dos bovinos
Celulose - é um dos materiais que compõem as durante a ingestão de alimentos, o que torna
células das plantas. a região mandibular mais susceptível ao
desenvolvimento do sinal clínico mais visível, o
Carboidratos que constituem a fibra vegetal
qual compreende uma forma similar à um
são um grande recurso alimentar e herbívoros
tumor preenchido com pus de coloração
tem dificuldade na degradação dessas fibras
amarelada.
devido evolução do rúmen retículo e simbiose
com os microrganismos. Bovinos acometidos por essa bactéria
apresentam dificuldades respiratórias devido
Anamnese
ao acometimento de ossos da cavidade nasal,
Sempre procurar saber o histórico do podendo ser caracterizado como primeiro
problema. sinal clínico que pode se amplificar, sendo
observado dificuldades de mastigação e perda
Inicio e a evolução dos sinais clínicos.
de escore corporal.
Procurar saber da alimentação desse animal:
Sinais: Inicialmente após a infecção, ocorre
volumoso, concentrado, sal mineral e a água *
aparecimento de uma tumefação óssea indolor
Qual o manejo é utilizado na propriedade. dos ossos afetados, causada pela osteomielite
rarefaciente crônica. Após algumas semanas
Instalações.
essa tumefação torna se dolorosa e dura ao
Se já foi feito algum tratamento prévio. toque e aparecimento de exsudato purulento
com grânulos (QUINN, 2005).
Clínica médica de grandes animais @vidadevet__

O acometimento da mandíbula ou maxila, A infecção ocorre por meio de soluções de


comumente leva a perda do alinhamento dos continuidade na cavidade oral ou na pele
dentes, interfere na mastigação e preensão provocado por alimentos duros ou grosseiros,
dos alimentos, devido ao aumento de volume e podendo acometer diversos órgãos de forma
dor local, levando a uma perda de peso, sistêmica ou isolada.
desnutrição parcial, perda da forma
Sinais: Devido a sua sintomatologia clássica, a
anatômica dos ossos afetados.
actinobacilose geralmente é conhecida como
Outra alteração inclui a diminuição do libido “língua de pau” ou “língua de madeira”, uma
por conta do stress causado pela inflamação, vez que, a língua é o órgão mais comumente
ressaltando que o envolvimento acentuado da afetado.
maxila pode levar a quadros de dispnéia. (GIL,
À palpação encontra-se rigidez e aumento de
2000; ALVIM e FILADELPHO 2005; RADOSTITS et
volume na base da língua, além de sensível e
al. 2007).
dolorosa a manipulação, sialorréia e eventual
Tratamento: Se não for possível a remoção protrusão da língua. O animal demostra
cirúrgica, se a infecção for detectada mastigação suave da língua, como se um corpo
precocemente e em animais de alto valor estranho estivesse presente na boca,
zootécnico, o tratamento preconizado é uma dificuldade para se alimentar.
terapia prolongada e de altas doses de
Formação de abcessos, aumento do volume
penicilina, sendo a penicilina G a droga de
nos linfonodos, sialorreia, disfagia.
eleição e estreptomicina via parenteral e
medicação ionizada geral ou via oral por 30 Tratamento: Se baseia nas aplicações de
dias (BEER, 1988; PAHO, 2001; QUINN et al. 2005; iodetos em várias doses no caso de iodeto de
PEREIRA JÚNIOR, 2014; STURION et al. 2015). potássio, ou em dose única quando utiliza
iodeto de sódio, além de terapia com
Iodeto de sódio + penicilina + estreptomicina.
antibióticos de largo espectro.

Drenagem de abscessos + iodeto de sódio +


antibioticoterapia.

Fonte: compre rural.

Actinobacilose – língua de pau

A actinobacilose é uma enfermidade Fonte: Actinobacilose, 2018.

caracterizada por produzir inflamação Estomatites


piogranulomatosa crônica nos tecidos moles e
cadeia linfática da cabeça e pescoço. Estomatites são alterações (inflamações) que
acometem a mucosa oral dos bovinos,
O agente etiológico é Actinobacillus lignieresii, podendo ocorrer em diversas partes
um cocobacilo Gram negativos da família como língua (glossite), palato (palatite)
Pasteurellacea que, habita as superfícies das e gengiva (gengivite).
mucosas oral e gástrica.
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Causas físicas: forragens fibrosas, causando modificando o metabolismo do rúmen, gerando


feridas na boca e passagem de sonda um desequílibrio na microbiota ruminal e em
erroneamente. Verificar nos locais de seus produtos da fermentação.
alimentação a existência de objetos estranhos
Os sinais clínicos iniciais são: anorexia e
que possam levar a traumas na mucosa oral.
diarréia, podendo progredir para diminuição
Causas químicas: substâncias irritativas da da motilidade ruminal, timpanismo, acidose ou
mucosa. alcalose branda.
Causas infecciosas: agentes bacterianos, Alimento rico em fibra bruta e pobre em
virais e micóticos. nutrientes → baixa produção de AGV´s (ácidos
Sinais: úlceras, gengivites, anorexia, glossite, graxos voláteis) e aumento na produção de
palatite, gengivite. saliva → aumento de PH e diminuição de
microrganismos fermentadores.
Estomatite bacteriana:
Necrobacilose oral, causando infecções Sinais: diminuição da produção de leite, perda
necróticas, principalmente na língua. de peso, pelos fracos e quebradiços.

Actinobacilose, causando lesão primária e Diagnóstico: prova do azul de metileno acima


invasão da mucosa oral, lesão proliferativa: de 6 minutos.
“língua de Pau”.
Tratamento: transfaunação (técnica de
Estomatite viral: manipulação de microbiota ruminal que
Febre aftosa: picornavírus. consiste na transferência de líquido ruminal
de um doador saudável para um receptor, que
Diarreia viral bovina (BVD): pestivírus.
pode estar doente ou não), terapia de suporte
Rinotraqueíte infecciosa bovina e fornecer alimentos ricos em nutrientes de
(IBR): herpesvírus. forma gradual.
Febre catarral maligna (FCM): herpesvírus. Acidose ruminal crônica
Estomatite vesicular bovina: vesiculovírus. Constitui um problema metabólico frequente
em gado leiteiro de alta produção. Esta
geralmente associada ao excesso de grãos
fornecidos ou com deficiência na fibra da
ração alimentar, proporcionando aumento na
concentração de ácido lático no lúmen.

Fornecimento de dieta rica em grãos antes da


adaptação da microbiota ruminal, com
predomínio da microbiota amilolítica e redução
da celulolítica, causando desequilíbrio na
Fonte: estomatite em bezerro, Issuu. relação acetato-propionato e reduzindo o PH.
Desordens fermentativas Sinais: aumento do propionato – deposição de
Indigestão simples gordura corporal, aumento do butirado –
cetose, diminuição da vitamina B –
A indigestão simples é um quadro comum em
poliencefalomalácia. Anorexia, diminuição da
situações em que é feita a alteração na
produção, perda abrupta de peso, hiperexia
composição, qualidade e quantidade da
alimentação oferecida a ruminantes, (redução da vontade de comer).
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Tratamento: dieta rica em fibras de qualidade, conteúdo ruminal, tornando-se espumoso


uso de tampões na dieta – bicarbonato. (timpanismo espumoso) e, resultando, assim,
em vários graus de distensão abdominal.
Acidose lática ruminal
Causado por leguminosas verdes, que
Pode surgir após a ingestão exagerada e
levam a diminuição da salivação
súbita de dietas ricas em carboidratos
solúveis em ruminantes pouco adaptados às (mucina) e a formação de espuma que
mesmas. aprisiona os gases.

O timpanismo espumoso é o resultado da


Tais carboidratos são rapidamente
produção elevada de uma espuma estável que
fermentados no rúmen gerando elevada
retém os gases da fermentação no rúmen,
produção de ácido láctico. Esse ácido provoca
um quadro de acidose, inicialmente no rúmen condição em que a coalescência (junção) das
e em seguida sistêmico, levando pequenas bolhas de gás é inibida.
frequentemente os animais à morte. O conteúdo ruminal misturado aos gases
apresenta-se com aspecto de espuma, porém
Quando o concentrado é fermentado,
algum gás livre pode estar presente.
produz uma grande quantidade de ácidos
graxos voláteis, e diminui o PH, com a A eructação é induzida pelo estímulo
diminuição, (menor que 4,5) gera morte provocado por certa quantidade de gás livre
das bactérias, com essa morte, gera presente na região do cárdia. Todavia, se o
liberação de endotoxinas, causando conteúdo ruminal com espuma está presente,
laminite e ruminite. o animal fica incapacitado de eructar e a
pressão intrarruminal aumenta (RADOSTITS
Sinais: taquicardia, redução dos movimentos et al., 2007).
ruminais, diarreia, desidratação e depressão
Sinais: distensão abdominal do lado
no estado geral.
esquerdo, dispneia, hipomotilidade.
Tratamento: bicarbonato de sódio, solução de
Tratamento: óleo mineral ou vegetal,
ringer, ruminotomia + transfaunação e
surfactentes, antiácidos e transfaunação.
vitamina B.
Timpanismo espumoso pela ingestão de grãos
Hiperacidez clorídica
Causado pela interação entre fatores
Refluxo abomasal causado por estenose
inerentes ao animal, tipo de dieta e população
(estreitamento) pilórica, paralisia do nervo
microbiota.
vago ou deslocamento do abomaso.
Tratamento semelhante ao de ingestão de
Sinais: alcalose metabólica e hipoclorêmica,
leguminosas.
desidratação e excesso de cloreto.
Timpanismo gasoso
Tratamento: fluidoterapia, ruminotomia,
transfaunação, correção da causa primária. É uma distensão abdominal causada pelo
excesso de gases que se acumulam no
Desordens motoras
organismo dos animais durante a
Timpanismo espumoso (meteorismo) fermentação ruminal.

É uma condição clínica caracterizada pelo O timpanismo gasoso é o acúmulo excessivo


excessivo acúmulo de gás, de forma livre de gás (em sua forma livre) no rúmen.
(timpanismo gasoso) ou associado com o
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Os gases que se acumulam no rúmen são Sinais: anorexia, febre, dor, postura
principalmente os gases metano e o dióxido arqueada, hipomotilidade ruminal.
de carbono, resultantes da fermentação
Complicações: pericardite traumática, atonia
microbiana. Sua taxa de produção depende
vagal, pleurite, esplenite (inflamação do
da flora presente, pH e substrato ruminal.
baço), hepatite, abomasite, omentite.
As contrações ruminais são tão bem
Diagnóstico: ruminotomia, fluido peritoneal
coordenadas que somente há acumulo de
com sólidos e leucócitos aumentados,
gases no rúmen se houver falha na
peritônio rugoso.
eructação, podendo ser mecânica ou
funcional. Tratamento: antibioticoterapia, fluidoterapia,
retirada de objeto por imã via oral.
ACÚMULO EXCESSIVO DE GÁS LIVRE NO RÚMEN:
Indigestão vagal
Obstrução esofagiana, disfunção da cárdia/
orifício retículo-omasal, motilidade retículo Conjunto de sinais secundários à uma lesão
ruminal. primária ao longo do nervo vago.
• Obstrução esfagiana intraluminal: Dividida em tipos:
ingestão rápida com mastigação
1: falha na eructação com presença de gás
incompleta de: mangas, laranjas,
livre.
maças, bananas...
• Obstrução esofagiana intramural: 2: falha no transporte omasal, ex:
neoplasia no esôfago. aderências, abscessos.
• Obstrução esofagiana extramural:
aumento dos linfonodos, neoplasia, 3: falha no transporte abomasal, ex:
abscessos. compactação.
• Disfunção da cárdia e/ou retículo 4: indigestão por gestação avançada.
omasal: corpos estranhos (plástico,
cordas, placenta) Sinais: redução do apetite, alterações dos
• Disfunção motilidade retículo omasal: movimentos ruminais, fezes pastosas,
fadiga, estresse, aderência do bradicardia.
retículo na reticuloperitonite, Diagnóstico: prova de sulfato de atropina.
alterações no ambiente ruminal.
Tratamento: sintomático e correção da causa
Sinais: distensão da fossa paralombar primária.
esquerda.
Abomasopatias
Tratamento: descompressão com trocáter ou
sondagem, ruminotomia ou esofagotomia. Compactação do abomaso

Retículo peritonite traumática Acúmulo excesso de ingesta sólida no


abomaso com falha no esvaziamento.
É uma afecção relativamente comum em
bovinos, causada pela ingestão de corpos Causado geralmente por forragens de baixa
estranhos perfurantes, que acabando por qualidade, ricas em lignina e restrição
promover a perfuração do reticulo hídrica.
provocando danos ao pericárdio e coração. Sinais: anorexia, perda de peso, fezes
Isto ocorre devido à baixa seletividade dos escassas e com muco, desidratação,
bovinos durante a apreensão do alimento. distensão abdominal.
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Tratamento: sulfato de magnésio, óleo mineral


ou cirurgia.

Deslocamento do abomaso

Pode ser deslocado tanto para direita como


esquerda.

Fatores predisponentes: alta produção de


ácidos graxos voláteis, estase
gastrointestinal causada por doenças
metabólicas ou infecciosas, gestação – pelo
fato de diminuir a ingestão de alimentos.

Sinais: queda da produção, emagrecimento,


fezes pastosas, alcalose metabólica e urina
ácida.

Diagnóstico diferencial: peritonite,


timpanismo cecal, timpanismo ruminal.

Tratamento: terapia de suporte,


abomasopexia.

Úlcera de abomaso
Referências
Danos na mucosa, causado por aumento na
BANKS, William J. Histologia Veterinária Aplicada. 2ª
produção de AGV´s, estresse, tratamento
edição. Editora Manole LTDA, 1992.
intensivo com antiinflamatórios.
DIJKSTRA, J; FRANCE, J; FORBES, J. M. Quantitative Aspects
Fatores predisponentes: nódulos intramurais, Of Ruminant Digestion And Metabolism. 2ª edição. Editora
forragens de baixa qualidade, modificações Cab Internacional, 2006.
na dieta, gastroenterites bacterianas e virais. Actinomicose bovina, Reiner S. Moraes1 *, Fernanda R. Cinelli1
, Mário C. M. Filho1 , MV. MSc. Dra. Raphaella B. Meirelles-Bartoli1
Sinais: anorexia, melena, mucosas pálidas, , MV. MSc. Eric Mateus N. de Paula. Investigação, 16(1):25-31, 2017.
desidratação.
Actinobacilose bovina: Revisão, PUBVET v.11, n.6, p.775-580, Jun.,
2017.
Dilatação do ceco
Estomatite em bovinos: você conhece essa afecção do sistema
Dietas rica em carboidrato que não são digestivo?, vet profissional.
fermentados por completo no rúmen, levando RELATO DE CASO CLÍNICO: INDIGESTÃO SIMPLES EM BOVINOS.
a elevação de AGV´s e reduz o PH cecal → Eduardo de Ávila, ciências agrárias.
levando a hipomotilidade ou atonia (perda de Aspectos clínicos da indução experimental de acidose
tônus/ inércia). láctica ruminal em zebuínos e taurinos
Clinical evaluation of zebuine and taurine cattle with acute
Sinais: anorexia, aquesia (animal não defeca), rumen lactic acidosis, 2010.

distensão do flanco direito. INDIGESTÓES NOS BOVINOS, XXXVI Jornadas Uruguayas de


Buiatría.
Tratamento: cirurgia, laxantes, forragens de
Daniel Comelli, RETICULO PERICARDITE TRAUMÁTICA: RELATO DE
qualidade.
CASO, 2022.

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