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CENTRO UNIVERSITÁRIO RITTER DOS REIS

CURSO DE GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA

LARISSA ROCHA NUNES

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO

Porto Alegre, RS
2022
LARISSA ROCHA NUNES

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO

Relatório de Estágio Curricular


entregue ao supervisor da instituição
como parte da avaliação da disciplina
de Estágio Curricular Supervisionado.

Supervisor (a) IES: Janaína Fleck


Supervisor (a) Local: Gabrielle Cappua

Porto Alegre, RS
2022
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha avó paterna, Ivete Pereira Nunes "in
memoriam", que sempre foi a maior incentivadora para que seus netos estudassem
e chegassem ao Ensino Superior, teve muito orgulho quando ingressei na
graduação e sei que estaria alegre em ver minha formação e conclusão de curso.
AGRADECIMENTOS

Gratidão a Deus que me abençoou grandemente e permitiu que tudo isso


acontecesse, que esteve me conduzindo em cada passo ao longo dessa jornada, e
não somente nesses anos como universitária, mas em todos os momentos de minha
vida.
Agradeço aos meus pais, Daisy de Aguiar Rocha e Luis Antônio Pereira
Nunes, que sempre foram meu suporte, grandes incentivadores e apoiadores para
que eu realizasse todos os meus sonhos.
Agradeço minhas tias, Débora de Aguiar Rocha e Marta Helena Nunes
Pereira, que serviram de inspiração na escolha da minha profissão, sendo exemplo
de cuidado, carinho e admiração pelos animais.
Agradeço ao meu namorado Marcos Henrique Martins, que se faz presente e
me motiva a ser a cada dia melhor.
Agradeço a minha amiga Amanda Sato, colega de curso, que dividiu comigo
os momentos de graduação, parceria em todas as atividades.
Agradeço ao corpo de docentes da UniRitter, professores incríveis que
através dos seus ensinamentos contribuíram para o meu desenvolvimento
acadêmico e profissional.
Agradeço aos demais profissionais da Medicina Veterinária, os quais tive a
oportunidade de conhecer e acompanhar durante os estágios extracurriculares que
fiz, e em especial, a equipe da Noah Pet Spa que foi muito importante durante o
estágio curricular supervisionado, período de muito desenvolvimento e aprendizado
para mim.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Fachada da Noah Pet Spa ........................................................................ 11


Figura 2 - Recepção da Noah Pet Spa ..................................................................... 11
Figura 3 - Sala de espera da Noah Pet Spa ............................................................. 11
Figura 4 - Consultório 1 ............................................................................................ 12
Figura 5 - Consultório 2 ............................................................................................ 12
Figura 6 - Sala de Estética (banho e tosa) ............................................................... 12
Figura 7- Sala de Fisioterapia e Reabilitação 1 ........................................................ 13
Figura 8 - Sala de Fisioterapia e Reabilitação 2 ....................................................... 13
Figura 9 - Sala de Hidroesteira ................................................................................. 13
Figura 10 - Pátio Externo .......................................................................................... 14
Figura 11 - Disco Intervertebral ................................................................................ 20
Figura 12 - Paciente fazendo Acupuntura ................................................................ 24
Figura 13 - Paciente fazendo Laserterapia ............................................................... 24
Figura 14 - Paciente fazendo Magnetoterapia .......................................................... 25
Figura 15 - Paciente fazendo exercícios assistidos (Cinesioterapia) ........................ 25
Figura 16 - Paciente na primeira sessão de reabilitação. ......................................... 27
Figura 17 - Paciente na décima sessão de reabilitação ........................................... 28
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Pacientes acompanhados dividido entre espécie ................................... 16


Gráfico 2 - Casuística acompanhada dividida entre sexo por espécie ..................... 16
Gráfico 3 - Patologias acompanhadas ..................................................................... 17
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Terapias aplicadas durante as sessões de reabilitação. .......................... 23


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ENPANC Extrusão de Núcleo Pulposo Agudo Não Compressivo


M.V Médico (a) Veterinário (a)
DDIV Doença do Disco Intervertebral
DI Disco Intervertebral
T13 Décima Terceira Vértebra Torácica
L1 Primeira Vértebra Lombar
RX Radiografia
TENS Neuroestimulação Elétrica Transcutânea
FES Estimulação Elétrica Funcional
LASER Light Amplification by Stimuled Emission of Radiation
VIS Luz Vermelha
IV Luz Infravermelho
ILIB Intravascular Laser Irradiation of Blood
SRD Sem Raça Definida
RS Rio Grande do Sul
SNC Sistema Nervoso Central
COVID 19 Corona Vírus
ATP Adenosina Trifosfato
BID Bis in Die – duas vezes ao dia
TID Ter in Die – três vezes ao dia
SID Semel in Die – uma vez ao dia
Mg Miligrama
Kg Quilograma
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 9
2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS .......................................................................... 10
2.1 Caracterização do local de estágio .............................................................. 10
2.2 Atividades realizadas durante o estágio...................................................... 14
2.3 Casuística acompanhada .............................................................................. 15
3 FACILTADORES, ENTRAVES E RESULTADOS ENCONTRADOS .................... 18
4 RELATO DE CASO ............................................................................................... 19
Reabilitação pós Extrusão de Núcleo Pulposo Aguda não Compressivo
(ENPANC) do Disco Intervertebral de um canino ............................................. 19
4.1 Introdução .......................................................................................................... 19
4.2 Relato de caso ............................................................................................... 21
4.3 Discussão ....................................................................................................... 28
4.4 Conclusão ...................................................................................................... 31
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 33
ANEXO A – LAUDO DO EXAME DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA .................... 36
ANEXO B – EXAME RADIOGRÁFICO .................................................................... 37
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 44
9

1 INTRODUÇÃO

Este relatório tem como objetivo expender as atividades realizadas pela


discente Larissa Rocha Nunes na disciplina prática de Estágio Curricular
Supervisionado do décimo semestre do curso de Medicina Veterinária da faculdade
Centro Universitário Ritter dos Reis – UniRitter, o qual foi efetuado sob a supervisão
da Médica Veterinária Gabrielle Cappua e orientado pela da Médica Veterinária e
docente Janaína Fleck, assim como apresentar a infraestrutura e funcionamento do
local, casuística, facilitadores, entraves e relatar um dos casos clínicos
acompanhado durante essa etapa de atuação como estagiária curricular, sendo ele
de Reabilitação pós Extrusão de Núcleo Pulposo Agudo não Compressivo
(ENPANC) do Disco Intervertebral de um canino.
O estágio foi realizado na Clínica de Fisioterapia e Reabilitação Animal Noah
Pet Spa, na cidade de Novo Hamburgo - RS, no período de 14 de fevereiro de 2022
a 17 de junho de 2022, totalizando 440 horas. Durante esse tempo foi possível
participar ativamente das atividades diárias da Clínica, permitindo consolidar os
conhecimentos teóricos e práticos já adquiridos, bem como desenvolver novas
competências e habilidades práticas
10

2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

2.1 Caracterização do local de estágio

A Noah Pet Spa, localizada no centro da cidade de Novo Hamburgo – RS,


Rua Joaquim Nabuco 1670 (Figura 1) é um Centro de Reabilitação Animal,
especializado em Fisioterapia Veterinária, Acupuntura e Nutrição Animal. A clínica
também oferece consultas com especialistas na área de geriatria, dermatologia e
endocrinologia e dispõe de atendimento home care para Fisioterapia e Acupuntura,
além de contar com uma área para atendimentos estéticos de banho e tosa.
A equipe é formada por quatro Médicas Veterinárias, sendo duas socio-
proprietárias, especializadas em Fisiatria Veterinária e Acupunturistas, uma M.V.
pós-graduanda em Acupuntura Veterinária e uma M.V. pós-graduanda em
Reabilitação Animal. Há uma recepcionista, uma funcionária na área de estética e
estagiárias extracurriculares.
O horário de funcionamento da Noah Pet Spa é de segunda-feira a sexta-feira
das 08:30 às 17:30, com agendamento flexível para melhor atender os pacientes.
A clínica é estruturada com um ambiente de recepção (figura 2) onde ocorre a
chegada dos pacientes, assistência ao cliente e agendamentos de serviços, contém
uma sala de espera para que os tutores e clientes possam aguardar (figura 3),
dispõe de dois consultórios para atendimento onde os pacientes passam por
consulta e avaliação (figura 4 e 5), sala da estética para o banho e tosa (figura 6),
duas salas de reabilitação (figura 7 e 8) onde são realizadas as sessões de
fisioterapia, acupuntura e cinesioterapia e nelas ficam disponíveis equipamentos
como aparelho de Magnetoterapia, Fotobiomodulação (Laser, Luz Azul e Luz
Infraermelha), Ultrassom Terapêutico, Eletroestimulação (TENS e FES), Esteira
Seca de exercícios e os demais materiais necessários para o atendimento. O local
também inclui uma sala de Hidroesteira (figura 8) e um pátio externo (figura 9) onde
são realizados exercícios com os pacientes.
11

Figura 1– Fachada da Noah Pet Spa

Fonte: arquivo pessoal, 2022.

Figura 2 - Recepção da Noah Pet Spa

Fonte: arquivo pessoal, 2022.

Figura 3- Sala de espera da Noah Pet Spa

Fonte: arquivo pessoal, 2022.


12

Figura 4– Consultório 1

Fonte: arquivo pessoal, 2022

Figura 5 - Consultório 2

Fonte: arquivo pessoal, 2022.

Figura 6– Sala de Estética (banho e tosa)

Fonte: arquivo pessoal, 2022.


13

Figura 7- Sala de Fisioterapia e Reabilitação 1

Fonte: Arquivo pessoal, 2022.

Figura 8 - Sala de Fisioterapia e Reabilitação 2

Fonte: Arquivo pessoal, 2022.

Figura 9 - Sala de Hidroesteira

Fonte: Arquivo pessoal, 2022.


14

Figura 10 – Pátio Externo

Fonte: Arquivo pessoal, 2022.

2.2 Atividades realizadas durante o estágio

Durante o período do estágio curricular, a graduanda teve a oportunidade de


acompanhar a rotina de consultas e os pacientes em seus processos de fisioterapia
e reabilitação, e assim, através da rotina prática, aplicar e desenvolver todo o
conhecimento teórico-prático adquirido.
Na Noah Pet Spa, os pacientes eram recebidos pelas Médicas Veterinárias
junto às estagiárias na parte inferior da clínica, pelo portão que dava acesso ao pátio
externo, onde ficavam as salas de reabilitação e hidroesteira, local que os tutores
deixavam os pacientes no horário agendado previamente e retornavam após o
término para busca-los, uma vez que, durante a pandemia houve uma adaptação no
atendimento, onde foi recomendado que os tutores não permanecessem junto no
local por medidas de segurança de saúde do protocolo COVID-19, e que, com o
passar do tempo, foi perceptível que os animais se comportavam e permaneciam
calmos sem a presença de seus responsáveis, fazendo com que as terapias
aplicadas fossem mais efetivas e confortáveis. Sendo assim, as sessões passaram a
ocorrer permanentemente sem a presença deles.
Alguns pacientes também vinham para a sessão após realizar seu banho e
tosa na estética, eles acessavam a clínica pela entrada principal que ficava na parte
superior e eram recebidos primeiramente pela recepcionista e depois direcionados
às salas de Fisioterapia e Reabilitação na parte inferior.
15

As Médicas Veterinárias buscavam manter um diálogo ativo com os


responsáveis dos pacientes para estarem sempre atualizadas sobre o quadro
clínico, instruí-los e passar recomendações importantes, e no fim do dia todos os
tutores recebiam um relatório da avaliação e do tratamento que foi aplicado durante
a sessão de fisioterapia, junto com fotos e vídeos.
A estagiária curricular junto com as Médicas Veterinárias, depois da chegada
do paciente e conversa com os respectivos tutores, faziam a avaliação física para
ver como o animal estava naquele momento, e associado ao relato do tutor definiam
o melhor protocolo a ser aplicado naquele dia de acordo com as necessidades
apresentadas.
Na sala de reabilitação, os pacientes eram acomodados da melhor forma
possível e permaneciam do jeito que se sentiam mais à vontade, e assim, se dava
início as terapias. Dentre elas, a graduanda sob a orientação da M.V responsável,
auxiliava na utilização dos aparelhos, sendo eles de Magnetoterapia, Laserterapia IV
+ VIS, Luz Azul, Lâmpada de Infravermelho, Eletroestimulação TENS e FES,
Ultrassom Terapêutico e nas demais metodologias aplicadas, como Hidroterapia e
Cinesioterapia além de acompanhar as terapias integrativas sendo elas
Cromoterapia, Acupuntura, Moxaterapia, Reiki e outras.

2.3 Casuística acompanhada

A fisioterapia e reabilitação em animais de pequeno porte, tem sido mais


popular entre os cães, um dos motivos é pelos gatos serem, na maioria das vezes,
menos tolerantes a manipulação, e em decorrência disso, muitas patologias acabam
sendo subdiagnosticadas na espécie. Desse modo, muitos tutores, por falta de
conhecimento sobre a importância e benefícios dos tratamentos conservativos,
buscam com menor frequência por esse atendimento e por isso o número de adesão
de pacientes caninos tem se sobressaído até o presente momento.
Em suma, a fisioterapia também é muito importante para a qualidade de vida
e bem-estar dos felinos, eles podem se adaptar muito bem às sessões e se
beneficiar de bons resultados.
16

Gráfico 1 - Pacientes acompanhados dividido entre espécies

PACIENTES

6%

CANINOS
FELINOS
94%

Fonte: Arquivo pessoal, 2022.

Foram acompanhados no total de 52 pacientes, sendo que 3 eram da espécie


felina e 49 da espécie canina (gráfico 1). Da totalidade dos caninos, 15 eram
machos e 37 fêmeas, e dos felinos 2 eram fêmeas e 1 macho (gráfico 2).

Gráfico 2- Casuística acompanhada dividida entre sexo por espécie

SEXO POR ESPÉCIES

37
35

15 14

2 1

Total de Total de Caninos Caninos Felinos Felinos


Fêmeas Machos Fêmeas Machos Fêmeas Machos

Fonte: Arquivo pessoal, 2022.


17

O número de pacientes fêmeas foi maior do que o número de atendimento de


pacientes machos; entretanto, não há nenhuma justificativa para essa estatística,
vindo a ser uma casualidade.

Gráfico 3- Patologias acompanhadas

PATOLOGIAS
DOENÇA DO DISCO INTERVERTEBRAL 13
SÍNDROME DA CAUDA EQUINA 3
ENPANC 1
LESÃO TRAUMÁTICA NA MEDULA 4
SÍNDROME VESTIBULAR 1
ANSIEDADE 1
CERVICALGIA 4
RUPTURA DE LIGAMENTO 5
LUXAÇÃO DE PATELA 4
DISPLASIA COXOFEMORAL 6
DISPLASIA DE COTOVELO 2
DOENÇA ARTICULAR DEGENERATIVA 4
ESPONDILOSE 2
ONCOLOGIA 4
OTITE 3
0 2 4 6 8 10 12 14

Fonte: Arquivo pessoal, 2022.

Das patologias acompanhadas (gráfico 3), as mais frequentes foram de


suspeita ou diagnóstico definitivo de DDIV (neurologia) e Displasia Coxofemoral
(ortopedia). É importante manter-se atualizado sobre as principais patologias
encontradas na rotina e seus respectivos manejos e tratamentos, não só pela sua
frequência, mas também pela importância que tem para a qualidade de vida e bem-
estar do animal.
18

3 FACILTADORES, ENTRAVES E RESULTADOS ENCONTRADOS

A Fisiatria tem ganhado cada vez mais visibilidade entre as especialidades


encontradas na Medicina Veterinária, em razão de ser notável a sua importância e
resultado no tratamento e acompanhamento de lesões, doenças, preparação pré-
cirúrgica e recuperação pós-cirúrgica, estabilidade e manutenção de quadros
clínicos, uma vez que as modalidades aplicadas promovem ao animal analgesia,
cicatrização, controle de inflamação, reforço muscular, bem-estar e qualidade de
vida.
Durante o estágio supervisionado, a graduanda teve a oportunidade de
aprofundar seu conhecimento na área de fisioterapia e reabilitação, bem como
aprender mais sobre cada modalidade, uso dos aparelhos e terapias aplicadas e
desenvolver habilidades práticas. Ademais, as Médicas Veterinárias que atuam na
clínica são profissionais exemplares, tanto no atendimento e tratamento para com os
tutores e pacientes, como na supervisão e orientação dos alunos estagiários,
estando sempre dispostas a ensinar e sanar as dúvidas, além disso, incentivavam o
desenvolvimento acadêmico de sua equipe, através de uma proposta de grupo de
estudos, onde cada estagiário tinha a oportunidade de pesquisar, estudar e
apresentar casos clínicos aos colegas. Além de que, a clínica organizava ciclo de
palestras com temas importantes e atuais para o público interno e externo de
Médicos Veterinários e acadêmicos de Medicina Veterinária. Tudo isso tornou o
período de estágio agradável, proveitoso e trouxe muito enriquecimento e
aprendizado para a graduanda.
Contudo, foi observado que, para que haja uma melhor eficácia na
reabilitação de um paciente, não basta apenas todo o esforço, conhecimento e
dedicação do(a) Médico(a) Veterinário(a) e sua equipe se o tutor não seguir as
orientações e recomendações indicadas para o animal. Quando isso acontece, o
tratamento se torna demorado, e muitas vezes pode ser prejudicado.
O paciente do caso clínico acompanhado e escolhido para ser relatado estava
progredindo e a cada sessão apresentava uma melhora significativa; todavia,
passou a não ir com a frequência recomendada pelas M.V., causando, assim, uma
estagnação em seu quadro clínico, tornando sua recuperação mais lenta.
19

À vista disso, para que a reabilitação do animal seja bem-sucedida, além de


respeitar as limitações de cada indivíduo e seu quadro clínico, é importante que haja
empenho mútuo entre o(a) Médico(a) Veterinário(a) e tutor.

4 RELATO DE CASO

Reabilitação pós Extrusão de Núcleo Pulposo Aguda não Compressivo


(ENPANC) do Disco Intervertebral de um canino

4.1 Introdução

Classicamente, as hérnias de disco podem ser classificadas em dois tipos


principais, Hansen tipo I e tipo II. Posteriormente, foi proposta uma terceira
classificação para as hérnias de disco agudas, porém não compressivas.
(FRANCO;SIQUEIRA, 2016).
Atualmente, tem-se descrito uma manifestação discal na qual se observa
lesão medular sem compressão, que é denominada extrusão discal aguda não
compressiva. (JERICÓ; KOGIKA; NETO, 2014), conhecida como Extrusão de
Núcleo Pulposo Aguda Não Compressiva (ENPANC), pode também ser denominada
Extrusão ou Prolapso Traumático do Disco Intervertebral ou Hansen tipo III.
Ocorre com discos não degenerados, durante exercício com ou sem
evidência de trauma, há uma extrusão de uma pequena parcela do Núcleo Pulposo,
mas com uma grande pressão, causando danos à medula com mínima compressão
(FENN, OLBY, 2020).
Geralmente a extrusão do disco permanece no espaço extradural, mas nesse
tipo, o material pode penetrar a dura-máter permanecendo extramedular ou pode
penetrar na medula, se tornando intramedular. Pode ocorrer com discos
degenerados ou não. (DE RISIO, 2015).
A coluna vertebral tem papel de sustentação do corpo, contribuindo para
manutenção da postura, transmitindo e reduzindo forças durante o caminhar, correr
e saltitar, além de servir como uma ponte entre os membros pélvicos e torácicos.
(LIEBICH, KÖNIG, 2016). Tanto nos cães como nos gatos, a composição de
vértebras se dá por 7 cervicais, 13 torácicas, 7 lombares, 3 sacrais (...). Sustentando
20

e articulando os espaços intervertebrais, tem-se os ligamentos longitudinais ventral e


dorsal, os ligamentos intercapitais exclusivos da região torácica que unem as
cabeças das costelas, conferindo maior estabilidade à essa região da coluna
vertebral, o ligamento amarelo que une os arcos vertebrais e os discos
intervertebrais (HUMMEL;VICENTE, 2019).
Os discos intervertebrais estão presentes em todos os espaços
intervertebrais, exceto entre a primeira e a segunda vértebras cervicais e no sacro,
correspondendo cerca de 15 a 20% do comprimento total da coluna. (DYCE, SACK,
WENSING, 2010). O Disco Intervertebral é uma estrutura complexa que estabiliza os
corpos vertebrais, permitindo movimentos articulares, absorção e dissipação de
impactos mecânicos impostos à coluna vertebral. (CAIRES;ALVES, 2018). Ele é
composto por uma placa de Anel Cartilaginoso, Anel Fibroso e Núcleo Pulposo.
(Figura 12). O núcleo pulposo é uma substância gelatinosa composto principalmente
por água com o objetivo de reduzir o impacto entre os corpos vertebrais, não há
inervação e vasos sanguíneos nessa estrutura. O anel fibroso contém tecido
fibrocartilaginoso com a função de absorver o choque entre as vértebras e dar
estabilidade contra o estresse, tensão ou torção. Essa estrutura possui nociceptores
e fibras sensitivas, explicando a manifestação da dor de uma forma difusa quando
há afecção de disco (VANDENDRIESSCHE & MIRÓ, 2009).

Figura 11 – Disco Intervertebral

Fonte: HELDER MONTENEGRO, 2014


21

Na ENPANC, ocorre a extrusão de caráter agudo/hiperagudo e não


compressivo do Núcleo Pulposo que é fortemente forçado através de uma pequena
fissura no ânulo fibroso dorsal, provocando uma contusão espinhal. (FRANCO;
SIQUEIRA, 2016).
O diagnóstico definitivo só é possível através de exame histológico post
mortem da porção medular afetada. Exames de imagem como Mielografia,
Tomografia ou Ressonância Magnética são importantes para permitir a localização
da lesão (TOOMBS, WATERS, 2003). A Ressonância Magnética é a modalidade de
escolha para o diagnóstico presuntivo ante mortem de ENPANC, que deve ser
associado aos sinais clínicos e histórico (DE DECKER e FENN, 2017).
O tratamento nesses casos é clínico e conservativo (FENN, OLBY, 2020). O
sinal mais comum visto na ENPANC é a paresia ou paralisia, mas a extrusão pode
também causar dor severa durante a palpação da musculatura epaxial ou durante a
movimentação normal da coluna vertebral, mas com a progressão do caso o
paciente pode perder a propriocepção, perder a função motora, controle vesical ou
até a percepção de dor. (LORENZ; COATS; KENT, 2011).
O prognóstico para cães que retêm a percepção da dor profunda é
geralmente bom, sendo que por volta de 93% a 97% dos cães com a extrusão na
região toracolombar recuperam a capacidade ambulatória. Por outro lado, a taxa
média de recuperação para cães que perderam a capacidade de percepção da dor
profunda é bem menor, sendo de 58% dos pacientes (NERONE, 2018).

4.2 Relato de caso

Chegou para atendimento na clínica Noah Pet Spa, no mês de janeiro de


2022 um canino, SRD, fêmea, 8,5kg, 5 anos com diagnóstico de Extrusão de Núcleo
Pulposo Aguda não Compressivo (ENPANC) do Disco Intervertebral.
Tutores relataram que sofreram um acidente de carro e a paciente canina que
estava junto, paralisou os membros pélvicos após o trauma e que foi levada
imediatamente para atendimento em uma Clínica Veterinária na cidade de Osório –
RS, onde permaneceu internada por alguns dias, foi estabilizada, recebeu
tratamento medicamentoso com anti-inflamatórios, analgésicos e fez exame
radiográfico de coluna toracolombar e lombossacral posicionamento latero-lateral
22

direito e ventrodorsal para avaliação. No RX foi identificado uma acentuada


diminuição de espaço intervertebral entre T13-L1 sugestivo de discopatia.
Uma semana depois do acidente, após estar em casa, a canina apresentou
uma piora significativa e foi levada para atendimento em um Centro de Neurologia
Veterinária em Porto Alegre- RS, fez exame complementar de Ressonância
Magnética onde foi possível identificar perda do sinal do disco intervertebral entre
T13-L1, demais discos intervertebrais preservados, presença de discreta
compressão extramedular ventral, por extrusão do núcleo pulposo, entre T13-L1,
com hiperintensidade de sinal no segmento afetado e demais segmentos estudados,
sem alterações, levando ao diagnóstico presuntivo de ENPANC.
Para o tratamento, foi indicado pela Médica Veterinária Neurologista o uso de
Metronidazol 400mg BID, Enrofloxacina 50mg SID, Omeprazol 10mg BID, Tramadol
100mg/ml TID, Pregabalina 100mg/ml TID e Probiótico SID, recomendado repouso
absoluto, compressão vesical e tratamento conservativo através de fisioterapia.
Durante o exame físico e neurológico feito na primeira avaliação pela M.V na
clínica Noah Pet Spa, foi identificado sinais clínicos de paresia não ambulatória dos
membros pélvicos, ataxia, sem equilíbrio e sem sustentação, dor a palpação de
toracolombar, ausência de propriocepção, presença de dor profunda e reflexos
preservados. Sendo assim, indispensável iniciar o protocolo terapêutico de
reabilitação. Foi recomendado aos tutores frequência de 2 sessões de fisioterapia
por semana, e para casa, solicitado que permanecesse em repouso e que
seguissem fazendo a compressão vesical para urinar, efetuassem escovação dos
coxins e toda a extensão das patas até a coluna e fizessem o estímulo do reflexo de
retirada para incitar os receptores nociceptivos e a circulação local.
Para o tratamento de reabilitação da paciente foi incluído o uso de terapias
como Magnetoterapia, Laserterapia, ILIB, Acupuntura, Moxaterapia, Lâmpada de
Luz Infravermelha e Cinesioterapia. Na tabela a seguir pode-se acompanhar o
protocolo de terapias utilizado para o tratamento ao longo das sessões:
23

Tabela 1- Terapias aplicadas durante as sessões de reabilitação.

Fonte: Arquivo pessoal, 2022


24

Figura 12- Paciente fazendo Acupuntura

Fonte: Noah Pet Spa, 2022

Figura 13 – Paciente fazendo Laserterapia

Fonte: Arquivo pessoal, 2022


25

Figura 14 - Paciente fazendo Magnetoterapia

Fonte: Noah Pet Spa, 2022

Figura 15 - Paciente fazendo exercícios assistidos (Cinesioterapia)

Fonte: Arquivo pessoal, 2022


26

O protocolo de primazia foi focado na cicatrização da lesão, diminuição de


inflamação, analgesia e relaxamento. As terapias de escolha foram a aplicação de
Laser Terapêutico, Acupuntura nos pontos VG20, B21, B22, B23, VG4, Bai Hui, B6-
R3, F3, Wei Jing e Bafeng; Moxaterapia e Lâmpada Infravermelho, não havendo
contraindicação do uso de nenhuma delas para o quadro clínico.
Com a 1° sessão, os tutores mencionaram que a paciente apresentava
melhoras, estava menos apática e tentava se locomover sozinha, mas demonstrava
dor em segmentos de toracolombar e cervical, espasticidade bilateral de membros
torácicos e propriocepção ausente bilateral nos membros pélvicos.
Na 2° sessão foi observado que possuía tônus para se sustentar, mas ainda
não conseguia sozinha por muito tempo e a propriocepção continuava ausente, além
das terapias para analgesia, iniciou com exercícios isométricos direcionados à
sustentação.
Na 3° sessão ainda estava sem controle de urina e fezes, mas em casa
mantinha-se ativa e já interagia ao balançar sua cauda. Além do uso de Laserterapia
para cicatrização e analgesia, da Acupuntura para potencializar o alívio de dor,
relaxamento, equilíbrio fisiológico e promover estímulos, foram introduzidos novos
exercícios isométricos, sendo eles direcionados para a sustentação e estímulo da
propriocepção.
Na 4° sessão, a paciente chegou menos apática, já expressava melhora na
sustentação, mas ainda com dificuldade no equilíbrio, seguiu fazendo exercícios
assistidos. Nessa sessão foi incluído a Magnetoterapia para fins de analgesia,
relaxamento e homeostase das células lesionadas, pois já não havia mais
contraindicação do uso do aparelho no quadro clínico atual; na 5° sessão foi referido
por seus tutores que em casa já estava começando a dar seus “primeiros passos”,
entretanto, foi percebido que manifestava uma tensão e desconforto em coluna
cervical devido à sobrecarga compensatória que acontece nessa região. Desse
modo, sucedeu sendo aplicada as terapias para analgesia e relaxamento.
Na 6° sessão era perceptível a evolução do quadro clínico, evidenciava uma
melhora considerável em sua sustentação e equilíbrio, déficit proprioceptivo
diminuído nos dois membros pélvicos, levantava-se sozinha, mas precisava de
suporte para caminhar devido ao desequilíbrio ainda presente, seguiu fazendo
exercícios para estimular os movimentos normais, equilíbrio e sustentação.
27

Na 7° e 8° sessão estava bem, com déficit proprioceptivo apenas no membro


pélvico direito, já caminhava sem ajuda de suporte e tinha uma boa sustentação,
todavia, precisava melhorar o equilíbrio e propriocepção.
Não obstante, houve uma diminuição da frequência nas sessões, a paciente
passou um período maior sem comparecer a fisioterapia, então na 9° e 10° sessão
não apresentou uma grande evolução comparado às sessões anteriores.
Foi recomendado pela M.V que seguisse o tratamento de forma frequente
para que seu quadro clínico continuasse a progredir e exprimir bons resultados

Figura 16 - Paciente na primeira sessão de reabilitação.

Fonte: Noah Pet Spa, 2022.


28

Figura 17 - Paciente na décima sessão de reabilitação

Fonte: Arquivo pessoal, 2022

4.3 Discussão

O uso da fisioterapia para tratamento de pacientes com déficit neurológico,


tem como objetivo, a reabilitação física, redução da atrofia muscular, recuperação ou
manutenção dos movimentos articulares, obtenção de postura normal, locomoção
voluntária e melhoria na função dos membros, consequentemente levando a um
maior conforto do paciente e melhorando seu bem-estar e qualidade de vida (SILVA,
2017; ANDRADES et al., 2018). Para que haja uma reabilitação bem-sucedida é
necessário estabelecer um protocolo fisioterapêutico de acordo com a exigência de
cada paciente, para isso se faz necessário o conhecimento sobre a gravidade da
doença e histórico do animal (NEVES, 2016).
Ao estabelecer um protocolo terapêutico deve assegurar que os métodos
prescritos causem o mínimo de estresse para o paciente, visando isso, as terapias
29

devem ser realizadas em ambiente tranquilo e a iniciação das atividades feita de


forma gradual, a fim de permitir um tempo de adaptação do animal (KISTEMACHER,
2017).
Na paciente em reabilitação, o protocolo foi aplicado levando em
consideração o diagnóstico presuntivo e as necessidades apresentadas em cada
sessão. As terapias de escolha foram: aplicação de fotobiomodulação através da
Laserterapia e Lâmpada de infravermelho, Terapia ILIB, Acupuntura e Moxaterapia,
Magnetoterapia e Cinesioterapia, todas foram executadas de uma forma aceitável
pela paciente e efetiva para sua recuperação.
Segundo Hummel e Vicente (2019), o laser é considerado um biomodulador
por regular processos biológicos através da reação de fótons com os receptores
celulares de luz. Os fótons são absorvidos por cromóforos e/ou enzimas da cadeia
respiratória (citocromo C oxidase, por exemplo), da mitocôndria ou da membrana
celular. A partir disso, existe uma cadeia de reações químicas e fisiológicas, que
aumentam a produção de ATP, normalizam a função celular, aceleram a
regeneração celular, promovem analgesia e controlam a inflamação.
A Luz Infravermelho é um agente térmico superficial usado para alívio da dor
e rigidez, para aumentar a mobilidade articular e favorecer a regeneração de lesões.
A terapia ILIB é uma técnica de aplicação extravascular que consiste na
aplicação de Laser Terapêutico em uma das artérias principal do animal, uma de
suas funções é melhorar a oxigenação e estimular prostaglandina e serotonina, que
atuam diminuindo a dor e promovendo o bem-estar do animal. Foi utilizada essa
terapia na paciente com o intuito de potencializar o efeito do tratamento causando
uma melhora na resposta celular de todo o organismo.
A Acupuntura, junto com a Moxaterapia foi aplicada na paciente para gerar
estímulos, reabilitação motora e sensorial, diminuir a inflamação local, alívio da dor e
miorrelaxamento. Conforme descrito por Hummel e Vicente (2019), através da
aplicação de agulhas finas de aço inoxidável em pontos específicos do corpo,
denominados como acupontos, tem como objetivo a analgesia, controle de
respostas afetivo-emocionais, relaxamento da musculatura e, principalmente,
estimular a homeostase no corpo do indivíduo. Por isso, a técnica é indicada em
caso de alterações funcionais do aparelho locomotor, afecções neurológicas,
situações de emergência, imunoestimulação geral, terapia adjuvante para melhoria
de analgesia, reabilitação pós-operatória, etc., (DRAEHMPAEHL; ZOHMENN, 1994).
30

E a moxabustão é um bastão feito da erva Artemísia vulgaris que é queimado e


colocado sobre o acuponto, sendo uma outra forma de tratamento que está ligada a
acupuntura, pois aumenta o estímulo do ponto de acupuntura através da aplicação
local de calor. O calor produzido também diminui a viscosidade e melhora a
circulação sanguínea, aumentando a perfusão de sangue aos órgãos e tecidos.
(GRIZENDI et. al., 2017)
A Magnetoterapia consiste na aplicação de campos magnéticos como uma
terapia. Este tipo de terapia traz uma boa resposta em processos bioquímicos como
a orientação celular, atividade enzimática, interação oxigênio-substrato, transporte
de membranas, síntese de colágeno, produção de endorfinas e inibição de radicais
livres (HUMMEL; VICENTE, 2019). O uso de magneto proporciona diminuição de
inflamações, aumento de irrigação sanguínea local e favorece o relaxamento devido
a indução da liberação de endorfina (CRUZ e SANTOS, 2017). Sua corrente elétrica
gera estímulo geral do metabolismo celular, normalização do potencial de membrana
alterada, relaxamento muscular e vasodilatação, causando um efeito analgésico.
Esta técnica possui indicação para tratamento de artroses, traumas e lesões,
inflamações e dores crônicas (LOBO JUNIOR, 2012). Por isso foi uma terapia de
escolha, para que houvesse uma diminuição no processo inflamatório causado pelo
trauma, recuperação das células lesionadas e redução na dor que a paciente
apresentou, bem como relaxamento. Entretanto, não foi uma terapia de eleição para
as primeiras sessões de fisioterapia, pois é contraindicado a aplicação de magneto
em casos de lesão discal aguda, logo nos primeiros dias, pois a magnetoterapia
promove um elevado relaxamento, podendo aumentar o grau da extrusão, causando
uma piora no quadro da lesão.
A Cinesioterapia é descrita como uma série de atividades físicas com o
objetivo de melhorar ou prevenir distúrbios, restauração ou manutenção da
mobilidade, flexibilidade ou coordenação motora do paciente. Todos os pacientes
com alguma disfunção ortopédica ou neurológica que estão em reabilitação, deverão
passar e algum momento pela cinesioterapia, sendo que cada exercício será
realizado de acordo com o quadro clínico e resposta do animal (KLOS et al., 2020).
Essa modalidade pode ser classificada em tipos diferentes, exercícios
passivos efetivados diretamente pelo Médico Veterinário Fisiatra, pois o animal não
tem movimento articular nem contração muscular voluntários, ou exercícios ativos
assistidos, quando o animal não tem força muscular ou coordenação aceitável,
31

tornando indispensável ajuda para a consolidação dos movimentos, e exercícios


ativos dos quais são efetuados pelo animal (SILVA, 2017).
Os exercícios terapêuticos são incrementados de acordo com a evolução do
quadro clínico e a estabilização da coluna (PEDRO; MIKAIL, 2009). Quando a
paciente estava apta para iniciar o tratamento através da cinesioterapia, se deu
início as séries de exercícios passivos, sendo eles proprioceptivos para estimular a
propriocepção, alongamento que é indicado quando a amplitude de movimento está
limitada, comprometendo o desempenho funcional (POLIZELLO et al., 2009).
Técnicas de alongamento são, frequentemente, realizadas em conjunto com
exercícios de amplitude de movimento, tal como de flexão e extensão, para melhorar
a flexibilidade das articulações e a extensibilidade dos tecidos periarticulares dos
músculos e dos tendões (MILLIS; LEVINE; TAYLOR, 2004). Na sequência foram
introduzidos os exercícios assistidos de isometria para sustentação, equilíbrio,
juntamente a caminhada com suporte e estímulo de cauda, todos com o objetivo de
prevenção de atrofia, melhoramento do tônus muscular, aumento do aporte
sanguíneo, melhora da percepção proprioceptiva e deambulação.
O protocolo aplicado na paciente foi pensado e efetuado com o intuito de
auxiliar na recuperação do animal e qualidade de vida, promovendo o retorno de
suas funções fisiológicas e motora.

4.4 Conclusão

A Extrusão Do Núcleo Pulposo Aguda Não Compressiva (ENPANC) do Disco


Intervertebral, tem sido considerada uma das variações da DDIV em cães. Ainda
não há muita descrição desta patologia na literatura, contudo, na maioria dos relatos
apresentados, as descrições clínicas e diagnósticas sugerem uma extrusão de
caráter agudo, isto é, algo que acontece de forma imediata, e geralmente, com
ocorrência durante um trauma externo ou exercícios extenuantes causando a
extrusão do Núcleo Pulposo levando a uma contusão na medula espinhal sem
compressão ou com compressão mínima. Os sinais não costumam ser progressivos,
e estão associados a lesão do sistema nervoso, sendo eles de paresia, perda
proprioceptiva e ataxia.
32

Para a evidência da suspeita clínica é sugerido exame complementar de


imagem, sendo a Ressonância Magnética a modalidade de escolha para o
diagnóstico presuntivo. O tratamento é medicamentoso e conservativo através de
fisioterapia e reabilitação, não sendo recomendado procedimento cirúrgico na
grande maioria dos casos.
Presença ou ausência de nocicepção determina o prognóstico (PLATT e
GAROSI, 2012). Segundo Nerone (2018) o prognóstico é positivo quando não há
compressão da medula e perda de dor profunda; o aspecto clínico neurológico é o
que determina a gravidade da lesão.
Ao acompanhar a paciente do descrito relato de caso, foi possível
compreender que de fato a fisioterapia é muito efetiva na recuperação de caninos
em casos de ENPANC e foi essencial na evolução do quadro clínico da paciente.
Todavia, é importante que o tratamento de reabilitação seja contínuo para que
haja bons resultados e o quadro clínico continue evoluindo da forma desejada.
33

REFERÊNCIAS

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MAGNETOTERAPIA E INFRAVERMELHO NA ALGESIA E ETRESSE DE UMA
CADELA PARAPLÉGICA: UM BREVE RELATO DE CASO REVISTA CIENTÍFICA
DE MEDICINA VETERINÁRIA – Periódico Semestral 1Acadêmica do Curso de
Medicina Veterinária. Universidade de Fortaleza UNIFOR, Fortaleza, Ceará, 2019
Disponível em:
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Catarina. Santa Catarina, 2017 Disponível em:
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bs&t=1653954485720&u=%23p%3DL2RH6Bq0MzQJ Acesso em 20 de mai.2022

DRAEHMPAEHL, Dirk; ZOHMANN, Andreas. ACUPUNTURA NO CÃO E NO


GATO: Princípios Básicos e Prática Científica. São Paulo, SPA: Roca, 1994.

G.G. Franco; E.G.M.D. Siqueira; J.A.L.D. Souza; L.O.D.C. Prado; C.V.S. Brandão,
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JERICÓ, Márcia M.; KOGIKA, Márcia M.; NETO, João Pedro de A. Tratado de
Medicina Interna de Cães e Gatos 2 Vol. . Rio de Janeiro: Roca, 2015.
34

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com Afecções em Coluna Vertebral: Revisão de Literatura. 2017. 50 f. TCC
(Graduação) - Curso de Medicina Veterinária, Universidade Federal do Rio Grande
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LOPES, Ricardo Stanichi; DINIZ, Renata. Fisiatria em pequenos animais. 1 ed.
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(Doutorado em Medicina Veterinária) - Centro Universitário Maringá - UniCesumar,
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SEVERO, M. Fisiopatologia do trauma e da compressão à medula espinhal de


cães e gatos. Revista de Medicina Veterinária, v. 1, n. 2, p. 78–85, 2011.
Disponível em
http://www.journals.ufrpe.br/index.php/medicinaveterinaria/article/view/709 Acesso
em: 13 de mai.2022
36

ANEXO A – LAUDO DO EXAME DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA


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ANEXO B – EXAME RADIOGRÁFICO


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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estágio curricular supervisionado é parte final da graduação, etapa de


grande importância para o desenvolvimento e formação acadêmica. Período em que
o aluno tem a possibilidade de vivenciar diariamente a rotina em Medicina
Veterinária de acordo com a área de eleição, obter experiência, aprender e colocar
em prática todo o conhecimento adquirido.
A graduanda optou por realizar seu estágio com pequenos animais na área de
Fisioterapia e Reabilitação Animal, especialidade que tem ganhado cada vez mais
visibilidade por ser de suma importância dentro da Medicina Veterinária.
Durante esse período, a acadêmica teve a oportunidade de expandir o seu
conhecimento na área de escolha, aprendendo mais sobre algumas patologias,
terapias utilizadas e suas aplicações, indicações e contraindicações em cada caso
clínico, aprimorar habilidades práticas, exercitar seu raciocínio clínico e entender a
importância de montar protocolos terapêuticos de acordo com a necessidade
individual de cada paciente. Ademais, obteve a compreensão da imprescindibilidade
de um trabalho colaborativo e em equipe, visto que, para bons resultados na
reabilitação de um paciente, é indispensável o comprometimento de todos os
envolvidos.
O local de escolha para a realização do estágio contava com uma equipe
acolhedora, disposta a ensinar, com profissionais excelentes e comprometidos, o
que fez toda a diferença para a experiência da graduanda. Dessa forma, foi capaz
de concluir os dias de estágio de forma efetiva e muito proveitosa, além do mais,
ratificou sua admiração e predileção pela atuação na área de Reabilitação Animal.

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