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Emergências e

Complicações
Anestésicas em
Grandes Animais
ALESSANDRA DE AQUINO
ANA BEATRIZ PAMPLONA DE ALMEIDA
ANDRESSA PRISCILA BRITO MENEZES
SUENNY QUEMEL MESQUITA
TALYTA BEATRIZ XAVIER FERREIRA
YANI NEVES COELHO

Belém, 2021
introdução

A anestesia e analgesia permite que procedimentos sejam feitos de forma segura e com o mínimo

de dor.

Todas as fases da anestesia estão interligadas.

Desafios: porte do animais, massa corpórea, força física, reação a situação de dor/estresse,

diferenças anatômica e fisiológicas.

Identificação de falhas, complicações e protocolos anestésicos.


Indução

Caracteriza-se pela administração de fármacos que produzem inconsciência e abolição dos reflexos no
animal (WATERMAN; LUCKE, 1989).

Fármacos

Equinos Bovinos
Indução
Complicações, emergências e tratamento

Administração perivascular
de agentes anestésicos

Definição Tratamento
Administração de anestésico Injeção local de solução fisiológica;
fora do espaço vascular. Uso de pomadas heparinóides.

Consequência Prevenção
Necrose tecidual Uso de cateteres intravenosos;
Barbotage;
Limpeza da área da administração
Fonte: Ricardo M. Almeida (2001) do anestésico.
Indução
Complicações, emergências e tratamento

sedação inadequada

Definição Tratamento
Doses adicionais;
Recebimento de dose inadequada de anestésico. Xilazina (0,1 a 0,4 mg/kg IV);
Quetamina (2 mg/kg IV);
Consequência EGG;
Benzodiazepínicos associado a outros
Animais mais estressados; fármacos.
Depressão cardiopulmonar.
Indução
Complicações, emergências e tratamento

reação anafilática

Definição Fármacos suspeitos


É uma reação alérgica grave e potencialmente EGG e Tiopental
fatal que tem início súbito e evolução rápida.

Tratamento
Uso de corticóides;
Anestesia cancelada;
Outros fármacos.
Indução
Complicações, emergências e tratamento

traumatismos

Ocorrência
Devido a contenção inadequada do animal.

Prevenção
Contenção da cabeça do animal;
Cabresto, apoiando o animal ao tórax e
quarto posterior para uma queda mais suave;
Membro imobilizado - Cirurgias ortopédicas;
Administração de medicação pré-anestésica
na sala de indução.
Indução
Complicações, emergências e tratamento

embolismo gasoso

Ocorrência Tratamento

Tem correlação com problemas Administração de oxigênio;


durante cateterização. Sucção de ar com cateter longo.

Etiopatologia

P.A pressões subatmosféricas sucção


de ar pelo cateter aberto ou agulha.

Consequências

Dispnéia, taquicardia e excitação.


Indução
Complicações, emergências e tratamento

COMPLICAÇÕES NA INTUBAÇÃO

Ocorrência Prevenção
Acontece principalmente em animais Intubação endotraqueal;
com processos obstrutivos das vias aéreas Observar o tamanho da sonda;
superiores, como a hemiplegia laringeana. O cuff deve estar localizado na região
cervical média e não deve ser superinflado.
Complicações

A intubação orotraqueal ou nasotraqueal;


A intubação com sondas sem cuff.
Indução
Complicações, emergências e tratamento

APNEIA TRANSITÓRIA E
HIPOVENTILAÇÃO

Ocorrência
Ocorre devido a maioria dos fármacos ou
combinações de fármacos utilizados na indução.
Barbitúricos e agonistas alfa-2.

Tratamento
Estímulo doloroso para que o animal retorne ao padrão
normal de ventilação;
Apneia prolongada, deve-se ventilar o animal por meio da
compressão do balão reservatório ou do ventilador mecânico;
Analéptico doxapram, na dose de 0,2 a 0,4 mg/kg, IV.
Indução
Complicações, emergências e tratamento

DEPRESSÃO cARDIORRESPIRATÓRIA E
CHOQUE

Ocorrência
As paradas cardiorrespiratórias são uma das principais causas de óbito na anestesia de equinos.
Os fatores associados à anestesia que predispõem ou são capazes de produzir uma emergência
cardiopulmonar incluem:
1. Administração de medicação pré-anestésica
2. Injeções intra-arteriais
3. Posição do animal
4. Obstrução de vias aéreas
5. Uso indevido de aparelhos de ventilação
6. Técnicas de monitoração insuficientes
7. Falha de aparelhos e erro humano
Indução
Complicações, emergências e tratamento

DEPRESSÃO cARDIORRESPIRATÓRIA E
CHOQUE

Causas
A maioria dos fármacos anestésicos produz depressão cardíaca e vasodilatação dose-dependente,
ocasionando hipotensão.
1. Barbitúricos
2. Agonista alfa-2
Prevenção
A habilidade de reconhecimento de sinais de falência cardiorrespiratória é essencial para o sucesso da
intervenção.
Para minimizar os riscos de uma descompensação, deve-se estabilizar o animal, efetuando-se antes da
indução anestésica a correção dos desequilíbrios acidobásicos e hidroeletrolíticos.
manutenção

Anestesia Intravenosa
Anestesia Inalatória (Halotano / Sevofluorano / Isofluorano)
Anestesia Balanceada (Inalatória + Intravenosa/Locorregional)

Fármacos

Equinos Bovinos
Lidocaína Opioides Agonista alfa-2 Cetamina
manutenção

Estágios e planos anestésicos (Guedel): Conjunto de sinais e parâmetros fisiológicos que auxiliam
na caracterização da profundidade anestésica.

MONITORAÇÃO

Monitor multiparamêtrico

Eletrocardiograma (ECG)
Saturação de Oxigênio (SPO2)
Frequência Respiratória (FR)
Pressão Arterial
manutenção
Posicionamento do animal

Acolchoamento
inadequado
Decúbito lateral Decúbito dorsal

Fonte: UFG
manutenção

Plano anestésico

Sobredose anestésica/
Dor/Plano superficial
Plano Profundo
Rotação ocular em
direção ventral. Reflexos palpebral e corneal ausentes
Bulbo ocular centralizado e pupilas em midríase
Intensa depressão cardiopulmonar
Apneia e considerável hipotensão

Ações corretivas
Interrupção ou diminuição do anestésico volátil
Ventilação manual ou mecânica
Aumentar o fluxo de oxigênio
Fonte: LUMB & JONES, 2017.
manutenção
Complicações cardiorrespiratórias
hipotensão

Definição Tratamento

P.A 60mmHg Perfusão tecidual Redução da profundidade anestésica.

Etiologia

Multifatorial
Agentes anestésicos; Vasopressores:
Hipovolemia; Fenilefrina;
Hemorragia; Norepinefrina;
Danos no miocárdio; Vasopressina.
Mediadores locais; Uso com cautela
Dilatação periférica.
manutenção
Complicações cardiorrespiratórias
bradicardia

Definição Tratamento
Frequência Cardíaca 30 BPM 20 BPM e PAM igual ou superior a 70 mmHg
25 BPM Anticolinérgicos
Débito Cardíaco

Etiologia

Multifatorial
Opioides;
Agonistas α2 adrenérgicos; Equinos:
Aumento excessivo do tônus vagal; Hipomotilidade intestinal;
Distúrbios de condições atrioventriculares; Cólicas.
Tração de alças intestinais; - Hioscina (0,05 a 0,1 mg/kg/IV)
Manipulação do globo ocular.
manutenção
Complicações cardiorrespiratórias
Taquicardia

Definição Tratamento

Frequência Cardíaca 50 BPM


Fármacos inotrópicos SPA
ou CAM
Etiologia
Bloqueadores de Depressão no SNC
receptores beta-
Multifatorial
adrenérgicos
Fármacos inotrópicos;
Superficialização do plano anestésico;
Agonistas α2
Ativação simpática pré-existente;
adrenérgicos
Hipoxemia;
Hipotensão;
Hipertermia.
manutenção
Complicações cardiorrespiratórias
depressão respiratória

Definição Consequência
Depuração do dióxido de carbono Hipóxia;
Acidose respiratória.
Hipercapnia Apneia

Etiologia Tratamento
Injeção rápida de fármacos; Administração de oxigênio;
Analgésicos opioides; Intubação endotraqueal;
Profundidade anestésica profunda. Ventilação controlada.

Ringer com lactato


Gasometria sanguínea; Bicarbonato de sódio: pH 7,2
Oximetria
manutenção
Complicações gastrointestinais
regurgitação

Prevenção
Definição
Esomeprazol: Ácido
Processo passivo
Metocropamida: Risco
Esôfago Esfíncter gástrico superior Nariz ou boca

Consequência
Tratamento
1. Pneumonia por aspiração;
2. Esofagite ulcerativa; Lavagem do esôfago;
3. Irritação nasal e faríngea. Bicarbonato diluído.

12 horas 24 a 48 horas
rECUPERAÇÃO
Pós-anestésica

Período crítico;
Recuperação prolongada, traumatismo ou comprometimento da
ferida cirúrgica;
Qualidade: peso e duração da anestesia.

Definição

Imediato: desorientação, sonolência;


Tardio: acompanhamento periódico e devidas correções para
restabelecimento das suas funções principais.
recuperação
Complicações em bovinos
Timpanismo

Definição

Decúbito lateral prolongado;


Xilazina, anestesias locais,
tranquilizados ou anestesia geral.

Tratamento

Sondagem ororuminal;
Ruminocentese.
recuperação
Complicações em bovinos
TIMPANISMO
Paralisia do nervo radial

Definição Tratamento
Animal muito pesado;
Decúbito lateral prolongado.

Prevenção

Acolchoamento entre o animal e


o solo, embaixo da articulação
escapuloumeral.
3mg/kg por 3 a 4 dias
rECUPERAÇÃO
Complicações em bovinos
Compressão nervosa dos
TIMPANISMO
nervos digitais

Definição
Cordas bem apertadas no metacarpo e no
metatarso.

Prevenção

Panos nos membros, entre a pele e a


corda.
RECUPERAÇÃO
Complicações em equinos

Traumatismo/fratura

Principais causas de óbitos;


Agravamento: temperamento, idade e tipo de cirurgia.

Etiologia
Dor e excitação agitação

injúrias estação
Prevenção
Contenção física adequada;
Sala de recuperação com dimensões
adequadas e acolchoadas;
Analgesia prévia.
recuperação
Complicações em equinos

miosite

Hipotensão transoperatória e ao prolongamento do


tempo cirúrgico;
Claudicação de um ou mais membros no período
pós-cirúrgico;
Mioglobinúria;
Sudorese;
Edema;
Enrijecimento dos grupos musculares acometidos.

Enzimas musculares e lactato sérico.


recuperação
Complicações em equinos
TIMPANISMO
miosite

Tratamento
Suporte:
1. Animal em estação;
2. Fluidoterapia;
3. Vasodilatadores;
4. Diuréticos.

Relaxamento muscular Edema


Tranquilização e vasodilatação Inflamação
recuperação
Complicações em equinos
paralisia nervosa
TIMPANISMO

Tempo cirúrgico, peso, estado nutricional,


anestésico utilizado, posicionamento na mesa
cirúrgica e acolchoamento dela;
Não apresentam dor, edema e nem aumento de
temperatura nos grupos musculares afetados;
Claudicação no membro comprimido durante a
cirurgia.

Frequentes:
Membro torácico: plexo braquial e
nervo radial;
Membro pélvico: nervos peroneais e
femorais.
recuperação
Complicações em equinos
paralisia nervosa
TIMPANISMO

Ptose palpebral, auricular e labial;


Etiologia: compressão excessiva do
cabresto;
Preveção: remoção do cabresto no
início da cirurgia.

Tratamento
Arrastar pinça do casco no solo;
Miosite do tríceps braquial ou
fratura de úmero.
recuperação
Complicações em equinos
EDEMA DE VIAS AÉREAS
TIMPANISMO

Hipoxemia, hipercapnia, hipotensão,


excitação, taquicardia e sudorese;
Desenvolvimento na cavidade nasal
é particularmente grave.

Prevenção Tratamento
Elevação da cabeça à altura dos ombros; Traqueostomia;
Intubação nasotraqueal ou permanência Diuréticos, inotrópicos positivos,
de sonda endotraqueal até o animal fluidos, antibióticos e analgésicos.
apresentar-se em estação.
CONCLUSÃO

Os médicos veterinários devem se aprofundar no estudo da anestesia para maior segurança e


qualidade dos atendimentos, garantindo o bem-estar do animal e um procedimento sem dor. A
seleção de fármacos mais indicados nos procedimentos e tomadas de decisões rápidas em casos de
emergências evita acidentes e salva vidas.
REFERÊNCIAS

ALMEIDA, M. R.; ALMEIDA, R. M. Complicações anestésicas em equinos – revisão de literatura. PUBVET, v.


2, n. 27, Art#273, Jul2, 2008.
BARROSO, C. G. Noções de anestesia em equinos - Uma breve revisão. Ciência Animal, v. 1, n. 26, p. 1-7,
2016.
BIDWELL, L. A. Cavalos. In: GRIMM, K. A. et al. Lumb & Jones Anestesiologia e analgesia veterinária. 5 ed.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, cap. 37. p. 2152-2162, 2017.
BIDWELL, L. A.; BRAMLAGE, L. R.; ROOD, W. A. Equine perioperative fatalities associated with general
anaesthesia at a private practice-a retrospective case series. Vet. Anaesth. Analg., v. 34, n. 1, p. 23-30, 2007.
BONAGURA, J. D; MUIR, W. W. The cardiovascular system. In: MUIR, W. W; HUBBELL, J. A. E. Equine
Anesthesia: Monitoring and Emergency Therapy. St. Louis: Mosby Year Book, 1991.
BRADBURY, L. A.; ARCHER, D. C.; DUGDALE, A. H. Suspected venous air embolism in a horse. Vet. Rec.,
v. 156, p. 109-111, 2005.
BRANSON, K. R. Anestésicos injetáveis. In: ADAMS, H. R. Farmacologia e Terapêutica em Veterinária. 8 ed.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, p. 179-223, 2003.
CABALA, R. W. Uso de anestesia locorregional periférica em caninos e bovinos. Um estudo clínico e
experimental. Escola Veterinária - UFMG. pág 85. Belo Horizonte, 2016.
"A grandeza de um país e seu progresso podem ser medidos pela maneira como trata seus animais."
Mahatma Gandhi

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