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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

Medicina e Cirurgia de Animais


Exóticos e Selvagens: Avanços no
diagnóstico por imagem

Dissertação de Mestrado em Medicina Veterinária

Luís Miguel Castro e Sousa

Orientador: Professor Doutor Filipe da Costa Silva

VILA REAL, 2017


UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

Medicina e Cirurgia de Animais


Exóticos e Selvagens: Avanços no
diagnóstico por imagem

Dissertação de Mestrado em Medicina Veterinária

Luís Miguel Castro e Sousa

Orientador: Professor Doutor Filipe da Costa Silva

VILA REAL, 2017


RESUMO

O presente relatório cujo tema é “Medicina e cirurgia de animais exóticos: Avanços no


diagnóstico por imagem” é o sumário de algumas das atividades realizadas durante o
período final de estágio curricular do Mestrado Integrado em Medicina Veterinária.
Os meios de diagnóstico por imagem constituem uma grande base de apoio da prática
clínica, já que são métodos não invasivos de grande valor diagnóstico. Nas últimas décadas
tem-se verificado uma grande investigação e evolução a nível tecnológico, que permitiu
aumentar a qualidade dos estudos imagiológicos e alargar o acesso destes a mais
utilizadores.
Na clínica de animais exóticos surgem muitas espécies diferentes, com grandes
diversidades anatómicas, fisiológicas e comportamentais. À semelhança de todas as facetas
da clínica destes animais, também a aplicação e interpretação dos meios de diagnóstico por
imagem tem que ser adaptada às suas particularidades. Neste trabalho será descrita uma
revisão bibliográfica atual e especifica sobre o tema e serão apresentados quatro casos
clínicos que foram assistidos durante o período de estágio, nos quais foi considerado que as
várias abordagens imagiológicas foram uma mais valia.

PALAVRAS-CHAVE: diagnóstico por imagem, fluoroscopia, radiologia, tomografia


computorizada

iii
ABSTRACT

The present report, entitled "Exotic Animal Medicine and Surgery: Advances in
Diagnostic Imaging", is a summary of some of the activities carried out during the final period
of the Integrated Master's Degree in Veterinary Medicine.
The diagnostic imaging’ methods constitute a great base of support of the clinical
practice, since they are noninvasive and have great diagnostic value. In the last decades,
there has been a great technological research and evolution, which has allowed to increase
the quality of the imaging studies and to extend the access of these to more users.
In the clinic of exotic animals many different species appear, with great anatomical,
physiological and behavioral diversities. Like everything else, the application and
interpretation of imaging media must also be adapted to these animals. An extensive
literature review will be described on the subject and four clinical cases will be presented.
There are cases that could be watched during the internship period, in which it was
considered the various imaging approaches to be an asset.

KEYWORDS: diagnostic imaging, fluoroscopy, radiology, computed tomography

iv
ÍNDICE GERAL

Página
I. DESCRIÇÃO DO ESTÁGIO CURRICULAR ………………………………..… 1
II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA……………………………………………………... 5
1. Radiologia ……………………………………………………………………...5
1.1. Contenção e posicionamento ………………………………………..6
1.1.1. Aves………………………………………………………………….6
1.1.2. Répteis……………………………………………………………....7
1.1.3. Mamíferos…………………………………………………………...8
1.2. Indicações versus Limitações………………………………………..9
1.3. Interpretação de radiografias………………………………………...9
1.3.1. Aves………………………………………………………………….9
1.3.2. Répteis……………………………………………………………....10
1.3.3. Mamíferos…………………………………………………………...10
1.4. Radiografias de contraste…………………………………………….11
2. Tomografia computorizada…………………………………………………....11
2.1. Aplicações da tomografia computorizada…………………………..12
2.1.1. Aves………………………………………………………………….13
2.1.2. Répteis…………………………………………………………...….17
2.1.3. Mamíferos…………………………………………………………...17
3. Fluoroscopia…………………………………………………………………….20
III. APRESENTAÇÃO DE CASOS CLÍNICOS……………………………………....23
Caso clínico nº1……………………………………………………………………..23
Caso clínico nº2……………………………………………………………………..26
Caso clínico nº3…………………………………………………………………..…28
Caso clínico nº 4…………………………………………………………………….31
IV. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS……………………………………………....35

v
ÍNDICE DE FIGURAS

Gráficos 1 e 2 – Distribuição por classe dos animais selvagens e exóticos que se


apresentaram à consulta no HVUTAD em 2015.
Gráficos 3 e 4 – Distribuição por classe dos animais selvagens e exóticos que se
apresentaram à consulta no HVUTAD em 2016.
Gráfico 5 – Distribuição mensal do número de consultas, radiografias, cirurgias, ecografias e
tomografias computorizadas realizadas a
animais selvagens no HVUTAD em 2015 e 2016.
Gráfico 6 – Distribuição mensal do número de consultas, radiografias, cirurgias, ecografias e
tomografias computorizadas realizadas a animais exóticos no HVUTAD em 2015 e 2016.
Figuras 1 e 2 – Posicionamento em decúbito dorsal e decúbito lateral direito de uma águia-
d’asa-redonda (Buteo buteo) para as respetivas projeções radiográficas, com recurso
apenas a contenção manual.
Figuras 3 e 4 – Posicionamento de um cágado-mediterrânico (Mauremys leprosa) para a
obtenção de uma projeção radiográfica dorsoventral e laterolateral esquerda.
Figuras 5 – Posicionamento de um cágado-mediterrânico (Mauremys leprosa) para
obtenção de uma projeção rostrocaudal.
Figuras 6 e 7 – Projeções radiográficas VD e LL da cabeça de uma águia-calçada (Aquila
pennata), vítima de disparo, com fratura do osso occipital e perfuração dos tecidos moles
adjacentes. Na imagem são visíveis pequenos estilhaços de chumbo.
Figuras 8 – Imagens de estudo de TC referentes à águia-calçada (Aquila pennata) das
figuras 6 e 7.
Figura 9 – Imagens de estudo de TC referentes à águia-calçada (Aquila pennata) da figura
8, com mascara a verde do tecido ósseo, e setas a vermelho para evidenciar melhor a linha
de fratura.
Figuras 10 e 11 – Imagens dorsoventral e lateral direita do estudo radiográfico realizado a
um mocho-galego (Athene noctua) com traumatismo medular, provocado por uma lesão
compressiva a nível da sétima vértebra cervical.
Figura 12 – Imagens de TC realizada a um mocho-galego (Athene noctua) com traumatismo
medular, provocado por uma lesão compressiva a nível da sétima vértebra cervical. A
evidência da lesão é muito superior, comparativamente às imagens radiográficas.
Figura 13 – Na projeção LL observa-se alteração da linha de oclusão entre pré-molares e
molares. Na maxila as raízes dentárias estendem-se dorsalmente à linha que liga a
vi
extremidade proximal do osso nasal com a ponta da protuberância occipital. Na mandíbula
os ápices dos pré-molares e molares envolvem o bordo ventral do osso e observa-se
osteólise alveolar e reabsorção dentária.
Figura 14 - Na projeção VD, os pré-molares da maxila do lado esquerdo encontram-se
desviados vestibularmente em relação à linha que liga a bolha timpânica até ao bordo lateral
do incisivo maxilar. Em ambas as arcadas não é possível observar a silhueta das peças
dentárias, em particular dos dentes molares. Observa-se lesão óssea proliferativa no osso
maxilar do lado esquerdo.
Figura 15 – Corte transversal de TC ao tórax de uma coelha com suspeita de metastização
pulmonar derivada de um adenocarcinoma uterino.
Figura 16, 17, 18 e 19 – Imagens de fluoroscopia relativas a um transito baritado para
estudo gastrointestinal numa águia de asa redonda (Buteo buteo).
Figura 20 e 21 – Imagem de fluoroscopia intra-cirúrgica para alinhamento dos topos ósseos
da mandibula de corço (Capreolus capreolus).
Figura 22 e 23 – Imagem de fluoroscopia intra-cirurgica para acompanhamento da correta
trajetória do pin intramedular do cúbito numa águia de asa redonda (Buteo buteo).
Figuras 24 e 25 – Projeção radiográfica dorsoventral e obliqua após cirurgia de reconstrução
e osteossíntese da carapaça.
Figuras 26, 27 e 28 – Imagens de colocação de tubo de esofagostomia.
Figura 29 – Imagem de TC após remoção da fixação externa e após desbridamento do
tecido morto, evidenciando o defeito ósseo remanescente.
Figuras 30 e 31 – Imagens do implante 3D e da colocação do mesmo na carapaça do
animal.
Figura 32 e 33 – Projeções radiográficas VD e LL.
Figura 34 – Imagem de TC, corte axial da cavidade celómica.
Figura 35 – Imagem de TC, corte coronal da cavidade celómica.
Figura 36 – Diferentes projeções ortogonais do cubito obtidas por fluoroscopia durante a
cirurgia de osteotomia corretiva.
Figura 37 – Estudo radiográfico final após ossificação por segunda intenção.
Figura 38, 39 e 40 – Exame radiográfico que demostrou a presença e a localização dos dois
anzóis.
Figura 41 e 42 – Imagens da TC, corte coronal e corte sagital.
Figura 43 – Imagens da TC, reconstrução tridimensional.
Figura 44 – Imagem de fluoroscopia intra-cirurgica que orientou a remoção do anzol.
vii
viii
LISTA DE SIGLAS E ACRÓNIMOS

ABS – Acrilonitrilo-butadieno-estireno
BID – Bis in die - Duas vezes por dia
DV – Dorsoventral
IC – Intracelómica
IM - Intramuscular
kVs - Quilovolts
LL – Laterolateral
LR – Lactato de Ringer
mA – Miliamperes
nº - Número
PO – Per os
QOD – Quaque altera die - Cada 48 horas
RC - Rostrocaudal
RM – Ressonância magnética
SC – Subcutânea
SID – Semel in Die - Uma vez por dia
TC – Tomografia computorizada
VD – Ventrodorsal
3D – Três dimensões
% - Percentagem

ix
x
AGRADECIMENTOS

À Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, na pessoa do Excelentíssimo Reitor,


Professor Doutor Antonio Fontaínhas Fernandes, pela possibilidade de realização desta
Dissertação de Mestrado,

Ao Professor Doutor Filipe da Costa Silva pela sua orientação, e por ter me ajudado a
terminar esta fase final do meu curso,

À Direção do Hospital Veterinário da UTAD, pela possibilidade de realização do estagio final


de curso no Serviço de Animais Exóticos e Selvagens,

Ao serviço de Imagiologia do HVUTAD a cedência das imagens,

À equipa do Serviço de Animais Exóticos e Selvagens, nomeadamente ao Dr. Roberto


Sargo e Drª Filipa Loureiro, pela disponibilidade, pela partilha de conhecimentos, pela
paciência e acima de tudo pela grande amizade,

Aos meus Pais e Irmão, pela paciência, pela confiança, pela exigência, mas principalmente
pelo apoio incondicional demonstrada ao longo deste longo percurso,

A todos aqueles que contribuíram para a conclusão desta etapa,

MUITO OBRIGADO

xi
xii
I. DESCRIÇÃO DO ESTÁGIO CURRICULAR

A presente dissertação de mestrado foi realizada no âmbito do estágio curricular do


Mestrado Integrado em Medicina Veterinária, na área da clínica de animais exóticos e fauna
selvagem.
A componente prática do estágio foi realizada no Serviço de Animais Exóticos e
Selvagens do Hospital Veterinário da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
(HVUTAD), no período compreendido entre janeiro de 2015 e dezembro de 2016, sob a
supervisão e orientação do Professor Doutor Filipe Silva e com o apoio e aconselhamento
técnico-científico do Dr. Roberto Sargo e Drª. Filipa Loureiro.
Ao longo deste relatório são mencionados como animais exóticos todos os animais de
companhia de outras espécies que não a de cão ou gato. Da mesma forma, são
considerados como animais selvagens todos os animais da fauna autóctone que vivem em
meio natural e deram entrada no centro de recuperação do HVUTAD.
O estágio decorreu de segunda a sexta-feira, perfazendo uma carga horária de
aproximadamente 30 horas semanais. Durante este período foi observado um total de 1107
animais.

Gráficos 1 e 2 – Distribuição por classe dos animais selvagens e exóticos que se


apresentaram à consulta no HVUTAD em 2015.

1
Gráficos 3 e 4 – Distribuição por classe dos animais selvagens e exóticos que se
apresentaram à consulta no HVUTAD em 2016.

No que se refere a atos médicos, durante este período foram realizadas 433 consultas
de animais exóticos e 674 de animais selvagens, 814 exames radiográficos,153 exames
ecográficos, 16 tomografias computorizadas e 195 procedimentos cirúrgicos.

Gráfico 5 – Distribuição mensal do número de consultas, radiografias, cirurgias, ecografias e


tomografias computorizadas realizadas a animais selvagens no HVUTAD em 2015 e 2016.

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Gráfico 6 – Distribuição mensal do número de consultas, radiografias, cirurgias, ecografias e
tomografias computorizadas realizadas a animais exóticos no HVUTAD em 2015 e 2016.

O estágio foi organizado de forma a percorrer todos os setores do hospital veterinário:


consulta externa, internamento, laboratório, cirurgia e necrópsias.
Por ser uma área que despertou um especial interesse ao autor, serão focadas as
atenções deste relatório de estágio nos meios de diagnóstico por imagem por radiação
ionizante disponíveis nas instalações do Hospital Veterinário da UTAD, nomeadamente a
radiografia, a fluoroscopia e a tomografia computorizada.

3
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II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

O diagnóstico por imagem é uma mais-valia na prática de medicina, por permitir


visualizar o corpo inteiro do doente ou regiões anatómicas específicas de forma não invasiva
(Zeeland et al. 2016). A radiografia e a ultra-sonografia são ferramentas mais comuns,
enquanto a tomografia computorizada e a ressonância magnética são métodos
relativamente inovadores na prática de medicina veterinária.
Na clínica de animais exóticos a imagiologia constitui um método não invasivo de
grande valor diagnóstico (Forbes 2014; Veladiano et al. 2016). Muitos destes animais
mascaram os primeiros sinais de doença, e não manifestam sinais clínicos atempadamente
(Divers 2010), reduzindo as hipóteses de um tratamento eficaz.
Em aves, os meios de diagnóstico por imagem mais recentes têm ganho popularidade
e são cada vez mais utilizados (Zeeland et al. 2016). Em répteis, o diagnóstico por imagem
é um desafio, dada a diversidade anatómica destes animais e diferenças significativas
comparativamente às aves e aos mamíferos (Schumacher e Toal 2001). É ainda
relativamente escassa a informação publicada em técnicas imagiológicas em répteis e
respetiva interpretação, e faltam linhas orientativas para otimizar a qualidade de imagem
nestes animais. A tendência é para aumentar o recurso ao diagnóstico por imagem em
répteis, dado o possível contributo em termos médicos e cirúrgicos (Silverman 2006).
Em pequenos mamíferos as suas utilizações são semelhantes às aplicadas em clínica
de animais de companhia, com especial ênfase na área da medicina dentária, em roedores
e lagomorfos (Capello e Cauduro 2008; Mackey et al. 2008).

1. Radiologia

A radiologia é ainda o método imagiológico mais utilizado na prática clínica de


medicina de animais exóticos. Por rotina, o exame radiográfico só deve ser realizado
quando a história e exame clínicos e eventualmente outros exames complementares o
indicam (McMillan 1994).
O valor diagnóstico de uma radiografia é proporcional à qualidade da mesma. Os
fatores que influenciam a qualidade de uma imagem radiográfica são: equipamento de raio-
X, constantes selecionadas – quilovoltagem (kV), miliamperagem (mA) e tempo (segundos)
– movimento, tamanho do foco, distância do foco à película, distância do objeto à película,
5
uso de grelha (McMillan 1994; Helmer 2006).
Os critérios para a obtenção de um correto estudo radiográfico incluem um correto
posicionamento do animal, um bom detalhe de imagem e redução do tempo de exposição
do doente e do técnico (McMillan 1994).

1.1. Contenção e posicionamento


1.1.1. Aves
O correto posicionamento e alinhamento da ave é muito importante para uma boa
interpretação das radiografias (Williams 2002).
Idealmente a ave deverá estar em jejum de algumas horas, para evitar a regurgitação
e aspiração de alimento, quer seja anestesiada ou não (Doneley 2016).
Muitas aves podem ser contidas mecanicamente para radiografias de rotina através de
fita adesiva, velcro ou luvas de chumbo. A utilização de anestesia volátil (por exemplo
isoflurano ou sevoflurano) é altamente recomendada, uma vez que permite um melhor
posicionamento do animal, evita o stress ao animal e possíveis lesões ao debater-se face à
contenção, evita a exposição do operador à radiação e ocupa menos tempo ao operador
(Helmer 2006). No entanto, deve ser sempre considerado o risco anestésico para cada
indivíduo, bem como deve ser evitada quando se pretende avaliar o funcionamento do trato
gastrointestinal, uma vez que diminui a sua motilidade.
No mínimo duas projeções são aconselhadas (Helmer 2006), preferencialmente
ortogonais (Williams 2002). Os posicionamentos mais frequentes são a projeção
ventrodorsal (VD) e laterolateral (LL) esquerda-direita, de corpo inteiro (figuras 1 e 2). Numa
projeção VD perfeita a quilha e a coluna vertebral devem estar sobrepostas, os membros
pélvicos são puxados caudalmente, e os membros torácicos são afastados do corpo, de
forma simétrica, a 90º. Numa projeção LL as costelas, coracóides, acetábulos e rins devem
estar sobrepostos. A ave deve ser posicionada em decúbito lateral direito, com os membros
torácicos puxados dorsalmente e os membros pélvicos retraídos caudalmente (Forbes
2014).

6
Figuras 1 e 2 – Posicionamento em decúbito dorsal e decúbito lateral direito de
uma águia-d’asa-redonda (Buteo buteo) para as respetivas projeções
radiográficas, com recurso apenas a contenção manual.

1.1.2. Répteis
A contenção pode ser apenas manual ou, no caso de espécies de manipulação difícil,
com recurso a sedação ou anestesia. As projeções mais frequentemente utilizadas são
dorsoventral (DV) (figura 3), LL (figura 4) e rostrocaudal (figura 5), no caso dos quelónios
(Schumacher et al. 2001).
Os quelónios geralmente são animais dóceis e que não causam grandes problemas
durante a contenção, exceto os de muito grande tamanho. Assim, basta colocá-los sobre a
cassete na posição desejada. A cabeça e os membros devem estar fora da carapaça, de
preferência, pois se estiverem recolhidos vão aumentar a radiopacidade dos órgãos internos
e prejudicar a avaliação da radiografia.

Figuras 3 e 4 – Posicionamento de um cágado-mediterrânico (Mauremys leprosa)


para a obtenção de uma projeção radiográfica dorsoventral e laterolateral
esquerda.

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Figuras 5 – Posicionamento de um cágado-mediterrânico (Mauremys leprosa) para
obtenção de uma projeção rostrocaudal.

Nos lagartos os membros dificultam o posicionamento lateral dos animais sobre a


placa, dado que a parede corporal não fica completamente em contacto com a superfície
desta última. As cobras de pequeno tamanho podem ser radiografadas dentro de um tubo
de acrílico radiotransparente, fechado nas extremidades para impedir que fujam. Com o
animal em decúbito esternal e sem o stress da manipulação, conseguem-se as projeções
DV e LL.
Animais de maiores dimensões deverão ser sedados, e precisam de um maior número
de disparos para radiografar o corpo inteiro, pelo que é aconselhável ir marcando de forma
facilmente visível as regiões já radiografadas. A sedação ou anestesia geral de serpentes
facilita a manipulação dos animais e reduz as contrações musculares normais que colocam
a coluna vertebral em posição anómala (Schumacher e Toal 2001; Silverman 2006).

1.1.3. Mamíferos
Devido às suas pequenas dimensões, os pequenos mamíferos exóticos são mais
difíceis de posicionar corretamente para exame radiográfico, por norma, do que os cães ou
os gatos. Inclusivamente, muitos não toleram ser manipulados e posicionados a não ser que
estejam anestesiados. As duas projeções radiográficas complementares “standard” para
avaliação da cabeça, tórax, abdómen e pélvis são em decúbito lateral direito e VD ou DV.
Os membros torácicos e pélvicos devem ser tracionados gentilmente cranial e
caudalmente, respetivamente, devendo o esterno ficar paralelo com a coluna vertebral.
Preferencialmente, as cavidades torácica e abdominal devem ser avaliadas em separado.
No caso de necessidade em avaliar o campo pulmonar mais aprofundadamente, por
exemplo em casos de suspeita de metástases pulmonares, deve ser realizada ainda uma

8
projeção extra em decúbito lateral esquerdo (Reese, 2011).

1.2. Indicações versus Limitações


Apesar de indicada como primeiro método de diagnóstico por imagem por rotina, a
radiologia apresenta algumas limitações, nomeadamente a falha no diagnóstico de doenças
ou alterações em zonas de sobreposição de estruturas anatómicas (Kusmierczyk et al.
2013). O sistema esquelético é facilmente visível, mas muitas estruturas de tecidos moles
são difíceis de identificar na cavidade celómica, sobretudo em aves de pequeno porte
(McMillan 1994). É difícil avaliar em detalhe traqueia, brônquios, sacos aéreos e pulmões,
devido à sobreposição de tecidos moles nas radiografias (Schwarz et al. 2016). O contraste
com os sacos aéreos ajuda a diferenciar os órgãos torácicos e abdominais (McMillan 1994;
Vink-Nooteboom et al. 2003).
A radiografia revela muitas vezes alterações cardiovasculares, sugerindo muitas vezes
a necessidade da utilização de mais métodos diagnósticos. Devemos começar por avaliar a
posição, tamanho e forma do coração, bem como a radiodensidade dos grandes vasos
(Pees et al. 2006). Por exemplo, um aumento da silhueta cardíaca pode dever-se a
diferentes etiologias, não distinguíveis no exame radiográfico: hipertrofia, dilatação, derrame
pericárdico, aneurisma, inflamação ou neoplasia (Pees et al. 2006).
No caso dos répteis, a radiologia é útil na avaliação da anatomia e na deteção de
massas ou outras opacidades, mas não permite uma avaliação da arquitetura interna dos
órgãos nem visualização de pequenas efusões (Schumacher e Toal 2001).
As variações anatómicas entre espécies obrigam a fazer estudos radiográficos com
projeções distintas (Silverman 2006). Algumas adaptações específicas, como a carapaça
dos quelónios, prejudicam ainda mais o detalhe e qualidade da informação que se pode
retirar do exame radiográfico, exigindo por vezes outros métodos de diagnóstico por imagem
(Schumacher e Toal 2001).

1.3. Interpretação de radiografias


1.3.1. Aves
Nas imagens radiográficas de aves, a gordura apresenta uma radiodensidade
semelhante à dos outros tecidos moles, o que dificulta a diferenciação de estruturas dentro
da cavidade celómica (McMillan 1994). O contraste negativo no tórax e abdómen é
conseguido pelo ar dentro dos sacos aéreos (McMillan 1994).
9
A avaliação de imagens radiográficas de aves neonatas deve ter em atenção que o
esqueleto ainda não está completamente mineralizado, pelo que as fraturas podem mais
facilmente passar despercebidas. O abdómen pendular característico desta fase, pelo
preenchimento do trato gastrointestinal com líquido, resulta numa imagem da cavidade
celómica com poucos contornos, homogénea por todo e de mais difícil observação
(McMillan 1994).

1.3.2. Répteis
Em quelónios, a projeção DV permite avaliar os tratos gastrointestinal, urinário e
esquelético; a projeção LL para avaliar a carapaça e o trato respiratório; por fim, a projeção
rostrocaudal também para o aparelho respiratório, nomeadamente campo pulmonar, sendo
melhor para identificar opacidades a nível intersticial ou alveolar (Schumacher e Toal 2001).
Os pulmões das serpentes são uma estrutura em forma de saco de parede fina, e
observam-se melhor em projeção LL, sempre que possível em fase de inspiração (Silverman
2006). Para melhor avaliação do trato respiratório de lagartos é aconselhável projeção
lateral direita e esquerda (Silverman 2006).
A doença metabólica óssea é uma síndrome causada por deficiências e/ou
desequilíbrios nutricionais, exposição inadequada à luz ultravioleta e por doença renal ou da
paratiróide. As alterações do exame radiográfico são variáveis conforme a gravidade e
duração da doença, idade do animal, entre outros fatores, mas caracterizam-se por uma
diminuição da radiopacidade do sistema esquelético, diminuição das corticais de ossos
longos, fraturas e deformidades ósseas (Silverman 2006).
A nível do trato digestivo, o estômago de serpentes e lagartos não é visível
radiograficamente a não ser que esteja preenchido com gás ou alimento radiopaco. É
normal os lagartos apresentarem mais gás no sistema digestivo do que outras espécies,
assim como os intestinos de quelónios terem uma aparência mais granular do que os
restantes (Silverman 2006).

1.3.3. Mamíferos
Na avaliação torácica dos pequenos mamíferos é importante ter em conta o esófago,
mediastino, timo, coração, traqueia, artéria aorta, veia cava caudal, pulmões e cavidade
pleural. O tórax de furões é bastante alongado, com uns lobos pulmonares craniais grandes,
fazendo com que a silhueta cardíaca esteja localizada entre o quinto e sexto espaços
intercostais. Já nos roedores e lagomorfos, o tórax é curto, estando a região pré-cárdica
10
entre o primeiro e terceiro espaços intercostais, sobretudo visível na projeção LL (Reese
2011).
Relativamente à avaliação da cavidade abdominal, o conteúdo intestinal dos furões é
bastante homogéneo, e apresenta uma radiodensidade média, com pouca quantidade de
gás, dificultando a diferenciação das diferentes regiões de intestino. Já em roedores e
lagomorfos é comum um conteúdo estomacal heterogéneo, com formação de pequenas
quantidades de gás entre o conteúdo sólido intestinal, sobretudo no ceco, que ocupa cerca
de um terço do abdómen nestes animais. No cólon descendente são visíveis as pequenas
formações de fezes sólidas, redondas nos coelhos e cilíndricas nos roedores (Reese 2011).

1.4. Radiografia de contraste


A radiografia de contraste continua a ser um método diagnóstico minimamente
invasivo muito utilizado em medicina humana e veterinária. É útil para avaliar o trato
gastrointestinal, trato urinário, sistema cardiovascular, seios e cavidade nasal e medula
espinhal (Krautwald-Junghanns et al. 2008). Possibilita a avaliação de compartimentos
distintos e possíveis comunicações entre eles (Gamble 2007).
Em medicina veterinária são mais utilizados meios de contraste positivos, ou seja,
substâncias radiopacas que aumentam o contraste radiográfico, como meios líquidos à base
de bário ou iodo. O contraste baritado é exclusivo para administração oral e avaliação do
trato digestivo (caso não haja suspeita de perfuração), pelo que o contraste iodado, solúvel
em água, tem mais aplicações (Krautwald-Junghanns et al 2008).
No caso dos répteis, para avaliação da morfologia ou funcionalidade do trato
gastrointestinal, há que ter em conta que o seu metabolismo é muito dependente da
temperatura corporal ótima da espécie. Deve ser verificado se é necessário aquecer e
estabilizar o animal antes da administração do meio de contraste (Schumacher e Toal 2001).

2. Tomografia computorizada (TC)

Hoje em dia existem modelos computorizados que possibilitam imagens


tridimensionais de todo o corpo, com a mínima distorção e de forma não invasiva, como a
tomografia computorizada (TC) e a ressonância magnética (RM) (Lauridsen et al. 2011).
A TC é um método imagiológico que utiliza feixes de radiação em corte transversal
para criar uma imagem digital, possibilitando um melhor detalhe das estruturas a avaliar
(Helmer 2006). Na TC helicoidal o animal está deitado na mesa, e em volta está o gantry
11
com um emissor de raios-X, que vai rodando sobre o doente enquanto emite radiação,
resultando numa imagem da zona a avaliar; a mesa vai avançando para dentro do gantry, e
várias imagens sequenciais vão sendo assim obtidas (Mackey et al. 2008).
As imagens bidimensionais obtidas podem ser processadas através de diversos
programas de software que permitem uma reconstrução multiplanar e tridimensional (3D)
(Zeeland et al. 2016). Desde a sua introdução na década de 70 que a TC tem assumido
especial interesse em medicina veterinária, quer para diagnóstico quer para investigação
(Ohlerth e Scharf 2007), e tem evoluído muito no sentido de melhorar a resolução da
imagem, conseguir tempos de exame mais curtos e avanços na manipulação das imagens
(Mackey et al. 2008).
As imagens de tomografia aparecem em escala Hounsfield, mas com uma resolução e
contraste muito superiores aos observados em radiografias. Os tecidos com maior poder de
atenuação da radiação, como ossos ou dentes, surgem praticamente a branco, enquanto o
gás e a gordura aproximam-se da cor preta (Mackey et al. 2008).
De forma a garantir um posicionamento correto, uma ausência de movimentos durante
o procedimento e um mínimo de stress do animal, é obrigatório algum tipo de contenção
química para realizar uma tomografia (Zeeland et al. 2016). Já está descrito que a TC pode
ser efetuada em aves sob sedação, não sendo imprescindível a anestesia geral
(Kusmierczyk et al. 2013). O animal pode ainda ser submetido ao exame no interior de uma
caixa de cartão, minimizando o stress com a manipulação (Gumpenberger e Scope 2012).
Pode ser vantajoso adicionar um meio de contraste por via intravenosa, para aumentar
a radiodensidade de alguns tecidos, órgãos e estruturas vasculares (Zeeland et al. 2016).

2.1. Aplicações da Tomografia Computorizada

A TC tem vindo a ser utilizada em grande escala em medicina humana e em medicina


veterinária, sobretudo na área de animais de companhia tradicionais, nomeadamente para
avaliar cérebro, cavidade nasal, órbitas, coluna vertebral, tórax e abdómen (Prather et al.
2005).
A TC como método complementar à radiografia, para avaliação da cavidade torácica,
fornece informação extra como localização e extensão da lesão, podendo influenciar no
diagnóstico, escolha do tratamento e seguimento dos animais com doença intratorácica de
origem não cardíaca (Prather et al. 2005), bem como pode ser uma mais valia no
planeamento de cirurgias (Gumpenberger e Scope 2012).
12
2.1.1. Aves
O recurso a radiografias simples continua a ser um método muito utilizado para
diagnóstico de lesões traumáticas em aves, embora para as lesões mais subtis em zonas de
grande densidade de tecidos moles o diagnóstico pode não ser conclusivo (Whitehead e
Parker 2015). A TC permite contornar esta dificuldade, realizando cortes sequenciais a uma
distância ínfima entre eles, o que permite evitar sobreposições. Além do mais possibilita
diferenciar tecidos moles de líquido (Whitehead e Parker 2015). É também extremamente
útil na avaliação do esqueleto apendicular, uma vez que permite reconstruções
tridimensionais e melhor avaliação espacial da imagem (Ohlerth e Scharf 2007).
As principais limitações da TC são o custo do equipamento e da manutenção, a
dimensão da ave, que deverá pesar mais de 100-150g para otimizar a resolução do exame,
e a falta de resolução para avaliação de alguns tecidos, que poderão ser melhor observados
através de ressonância magnética (Zeeland et al. 2016).
A TC permite aceder a alterações subtis a um nível superior à radiologia,
nomeadamente localização de massas (Silverman e Tell 2010), a alterações de tecidos
moles na zona craniana, e a lesões de trato respiratório inferior (Kusmierczyk et al. 2013) e
superior (Schwarz et al. 2016). Em aves, as principais indicações descritas são avaliação do
trato respiratório e do sistema esquelético (Zeeland et al. 2016). Pode também estar
indicada na avaliação da cavidade nasal e de estruturas associadas, quer para melhorar o
conhecimento anatómico das mesmas ou diagnosticar alguma doença (Gamble 2007).
A TC apresenta vantagens na avaliação de fraturas cranianas em que não há
afastamento ósseo. Na avaliação radiográfica é difícil detetar este tipo de fraturas, devido à
sobreposição de tecidos e à consequente necessidade de múltiplas projeções para
visualizar as linhas de fratura (figura 8 e 9) (McMillan 1994).

13
Figuras 6 e 7 – Projeções radiográficas VD e LL da cabeça de uma águia-calçada
(Aquila pennata), vítima de disparo, com fratura do osso occipital e perfuração dos
tecidos moles adjacentes. Na imagem são visíveis pequenos estilhaços de
chumbo.

Figuras 8 – Imagens de estudo de TC referentes à águia-calçada (Aquila pennata)


das figuras 6 e 7.

14
Figura 9 – Imagens de estudo de TC referentes à águia-calçada (Aquila pennata)
da figura 8, com máscara a verde do tecido ósseo, e setas a vermelho para
evidenciar melhor a linha de fratura.

A TC é útil no diagnóstico de doenças neoplásicas, inflamatórias, vasculares ou


degenerativas do cérebro, bem como na avaliação de alterações extracranianas,
nomeadamente dos seios nasais, orbitais ou auriculares (Ohlerth e Scharf 2007).
A nível craniano, de facto a TC tem sido mais vulgarmente utilizada para avaliação de
problemas esqueléticos ou cerebrais, como malformações, mas pode também ser útil na
avaliação de problemas oftalmológicos (Gumpenberger e Kolm 2006).
A nível da coluna vertebral, permite detetar discopatias, tumores espinhais ou
espondilomielopatias cervicais (figura 12) (Ohlerth e Scharf 2007).

15
Figuras 10 e 11 – Imagens dorsoventral e lateral direita do estudo radiográfico
realizado a um mocho-galego (Athene noctua) com traumatismo medular,
provocado por uma lesão compressiva a nível da sétima vértebra cervical.

Figura 12 – Imagens de TC realizada a um mocho-galego (Athene noctua) com


traumatismo medular, provocado por uma lesão compressiva a nível da sétima
vértebra cervical. A evidência da lesão é muito superior, comparativamente às
imagens radiográficas.
16
A TC permite visualizar particularidades anatómicas do sistema respiratório das aves,
diagnosticar lesões na traqueia, siringe e brônquios primários, bem como pneumonias ou
alterações de sacos aéreos (Schwarz et al. 2016).
Também permite avaliar aumentos de órgãos dentro da cavidade celómica,
nomeadamente fígado, baço e rim, sobretudo se for utilizado um meio de contraste (Zeeland
et al. 2016).
Para diagnóstico de doenças cardiovasculares, aterosclerose, aneurismas ou outras
alterações vasculares, deve ser realizada uma tomografia conjunta com angiografia de
contraste, imediatamente após a administração do meio de contraste (Zeeland et al. 2016).

2.1.2. Répteis
As apresentações clínicas de répteis são muitas vezes inespecíficas, e em algumas
espécies as particularidades anatómicas como a carapaça ou osteodermas prejudicam as
imagens radiográficas. A falta de gordura intracelómica também reduz o contraste entre
tecidos e a sensibilidade da imagem. A TC pode então ser útil para avaliação da anatomia
normal de répteis, bem como no diagnóstico de lesões, incluindo a sua localização e
extensão, e estabelecimento de prognóstico (Mackey et al. 2008). A frequência respiratória
baixa e o contraste entre parênquima pulmonar e ar permitem grande qualidade nas
imagens do aparelho respiratório de quelónios e serpentes (Mackey et al. 2008). A TC é a
técnica de imagem de eleição para avaliação de doença pulmonar em répteis (Silverman
2006).
A TC é útil para avaliação de alterações morfológicas vertebrais, sobretudo para
diagnosticar se há envolvimento da medula espinhal. É também muito útil para monitorizar
animais com doença metabólica óssea (Silverman 2006).

2.1.3. Mamíferos
O tamanho reduzido da maioria dos mamíferos utilizados como novos animais de
companhia dificulta com frequência a sua avaliação clínica imagiológica, porque o pequeno
tamanho da imagem implica menos pixeis e consequentemente menos resolução de
imagem. A capacidade de aumentar a imagem com qualidade e a melhor resolução de
contraste (diferenciação de tecidos moles) em software apropriado na TC traz muitas
vantagens relativamente à radiologia convencional (Capello e Cauduro 2008).
Os roedores e lagomorfos apresentam dentes hipsodontes, ou de crescimento
contínuo, o que resulta numa grande predisposição para doença dentária. A avaliação da
17
cavidade oral é difícil e não permite detetar alterações subgengivais, pelo que os métodos
de diagnóstico imagiológico são fundamentais para o exame dentário (Capello e Cauduro
2008). A radiografia ajuda na avaliação da saúde dentária, mas em inúmeras vezes é de
difícil e duvidosa interpretação, por sobreposição de dentes e por mau alinhamento das
arcadas dentárias, e por não exclusão em definitivo da presença de doença dentária. Em
variados casos, evidencia a presença de abcessos submandibulares e osteomielite, mas
não permite identificar qual o dente ou dentes que estão na origem do problema, nem
permite avaliar as perdas de tecido ósseo (figura 13 e 14) (Capello e Cauduro 2008; Mackey
et al. 2008).

Figura 13 – Na projeção LL observa-se alteração da linha de oclusão entre pré-


molares e molares. Na maxila as raízes dentárias estendem-se dorsalmente à
linha que liga a extremidade proximal do osso nasal com a ponta da protuberância
occipital. Na mandíbula os ápices dos pré-molares e molares envolvem o bordo
ventral do osso e observa-se osteólise alveolar e reabsorção dentária.

18
Figura 14 - Na projeção VD, os pré-molares da maxila do lado esquerdo
encontram-se desviados vestibularmente em relação à linha que liga a bolha
timpânica até ao bordo lateral do incisivo maxilar. Em ambas as arcadas não é
possível observar a silhueta das peças dentárias, em particular dos dentes
molares. Observa-se lesão óssea proliferativa no osso maxilar do lado esquerdo.

No caso destes animais, a TC possibilita uma melhor e mais completa avaliação da


cabeça, sem sobreposição dos ossos cranianos com os dentes (Mackey et al. 2008).
Para estes e outros pequenos mamíferos, utilizados como novos animais de
companhia, a TC é também útil para avaliar e diagnosticar neoplasias, incluindo determinar
a sua localização, extensão e possível metastização (figura 15) (Mackey et al. 2008).

Figura 15 – Corte transversal de TC ao tórax de uma coelha com suspeita de


metastização pulmonar derivada de um adenocarcinoma uterino.
19
3. Fluoroscopia

A técnica de fluoroscopia utiliza um intensificador de imagem que amplifica a radiação


ionizante de baixo nível de forma a permitir a captura de imagem em movimento, em tempo
real, através da ligação de um fluoroscópio a uma câmara de vídeo (McMillan 1994; Doneley
2016).
Em aves é a melhor forma de avaliar o trânsito gastrointestinal (McMillan 1994). A
fluoroscopia permite a avaliação da motilidade de determinados segmentos, além de
melhorar a avaliação da morfologia de todo o trato gastrointestinal, incluindo ansa duodenal,
sem ter que recorrer a múltiplas radiografias sequenciais no tempo aquando da realização
de um trânsito contrastado (Vink-Nooteboom et al. 2003). Recorrendo à fluoroscopia para
trânsitos contrastados, além de minimizar o tempo de exposição da ave à radiação, é
possível fazê-lo sem causar o stress de todas as manipulações que seriam necessárias para
radiografias, através da utilização de uma caixa de contenção num material
radiotransparente, de tamanho adequado e com um poleiro, permitindo à ave assumir a sua
posição fisiológica (Vink-Nooteboom et al. 2003). Como as imagens por fluoroscopia podem
ser gravadas continuamente, o alinhamento da ave é menos relevante do que em
exposições radiográficas únicas (Kubiak e Forbes 2012). É um bom teste para avaliar casos
de dilatação do proventrículo e ventrículo, bem como atrasos na passagem do meio de
contraste, o que pode sugerir a necessidade de descartar a presença de um Bornavirus
(agente etiológico da Doença de Dilatação do Proventrículo) mais precocemente (Kubiak e
Forbes 2012).

20
Figura 16, 17, 18 e 19 – Imagens de fluoroscopia relativas a um trânsito baritado
para estudo gastrointestinal numa águia de asa redonda (Buteo buteo).

A fluoroscopia é útil para resoluções fechadas em ortopedia (figura 22 e 23). O


alinhamento dos fragmentos ósseos é conseguido através da aplicação de pressão externa,
segundo a orientação indicada pelas imagens obtidas através da fluoroscopia (figura 20 e
21) (Wheeler et al. 2007).

21
Figura 20 e 21 – Imagem de fluoroscopia intra-cirúrgica para alinhamento dos
topos ósseos da mandíbula de corço (Capreolus capreolus).

Figura 22 e 23 – Imagem de fluoroscopia intra-cirúrgica para acompanhamento da


correta trajetória do pin intramedular do cúbito numa águia de asa redonda (Buteo
buteo).

22
III. APRESENTAÇÃO DE CASOS CLÍNICOS

Caso clínico nº1

Uma tartaruga-de-orelhas-vermelhas (Trachemys scripta elegans), fêmea, de 23 anos


de idade, com 0,850kg de peso, apresentou-se à consulta de urgência vítima de
atropelamento. Apresentava fraturas da carapaça e da união carapaça-plastrão, com
exposição de gordura intra-celómica, e fratura da sínfise mandibular.
Foi iniciada analgesia (tramadol 10mg/kg, SC, QOD), antibioterapia (enrofloxacina 5mg/kg,
SC, SID) e fluidoterapia (2 LR : 1 NaCl 0,9%, 2% do peso vivo, IC, BID). No exame
radiográfico (projeções rostrocaudal, dorsoventral e laterolateral) foi possível detetar a
presença de um ovo. Após estabilização, foi submetida a cirurgia de reconstrução da
carapaça, cujo método de fixação externa eleito foi a combinação de parafusos e cerclage
(figuras 24 e 25).
Para osteossíntese da sínfise mandibular foi também colocada uma cerclage. Foi
colocado um tubo de esofagostomia para permitir o maneio alimentar do animal (figuras 26,
27 e 28).

Figuras 24 e 25 – Projeção radiográfica dorsoventral e obliqua após cirurgia de


reconstrução e osteossíntese da carapaça.

23
Figuras 26, 27 e 28 – Imagens de colocação de tubo de esofagostomia.

Depois de 3 meses verificou-se ossificação por segunda intenção na maioria das


linhas de fratura, permitindo a remoção dos implantes. No entanto, na face craniolateral
direita diagnosticou-se uma osteomielite, e após desbridamento do tecido necrosado ficou
um defeito ósseo com cerca de 3x1cm. O material foi enviado para cultura e antibiograma,
reforçou-se antibioterapia (clindamicina 5mg/kg PO,BID) e iniciaram-se pensos do tipo “wet-
to-dry” diários. Entretanto a tartaruga realizou a postura do ovo sem problemas.
Passado 4 meses, não havendo sinais de infeção local nem sistémica, realizou-se
uma TC, através de modulação 3D (figura 29) criou-se um modelo do defeito e margens
envolvente. Este modelo foi posteriormente impresso em plástico termorresistente ABS
(acrilonitrilo-butadieno-estireno) por meio de uma impressora 3D (figura 30) e adaptado à
carapaça saudável com resina epóxi (figura 31), permitindo que o animal passasse a ter
acesso à água e consequentemente a alimentar-se sozinho. Foi removida a sonda
esofágica.

Figura 29 – Imagem de TC após remoção da fixação externa e após


desbridamento do tecido morto, evidenciando o defeito ósseo remanescente.

24
Figuras 30 e 31 – Imagens do implante 3D e da colocação do mesmo na carapaça
do animal.

A imagiologia foi uma ajuda essencial no diagnóstico, estabelecimento de prognóstico


e acompanhamento do tratamento e evolução deste animal.
As lesões traumáticas de carapaça são frequentes em quelónios, cuja gravidade pode
ser muito variável, desde abrasões superficiais até exposição dos órgãos internos (Spadola
et al. 2016). O processo de cicatrização e regeneração óssea da carapaça é variável
consoante a idade e estado nutricional do animal e condições ambientais, mas pode variar
entre 6 a 30 meses (Mitchell 2002). Diversas estratégias têm sido adotadas para criar uma
barreira protetora para o interior da cavidade celómica enquanto decorre o processo de
cicatrização (Sypniewski et al. 2016), mas neste caso, dada a localização da lesão não eram
facilmente aplicáveis.
A utilização de epoxi para reparação de fraturas de carapaça está amplamente
descrita, desde que seja em feridas não contaminadas (Fleming 2008; Sypniewski et al.
2016).
Sem o modelo 3D obtido através das imagens da TC não teria sido possível criar um
molde perfeitamente adaptado às dimensões da tartaruga, que lhe permitiu regressar às
melhores condições de vida consideravelmente mais cedo do que se tivesse que esperar
pela formação de um tecido cicatricial impermeável e resistente.

25
Caso clínico nº2

Um pato doméstico, fêmea, de 3 anos de idade e 4,050kg de peso foi trazido à


consulta por dificuldades locomotoras no membro pélvico esquerdo. Ao exame do estado
geral apresentava dispneia, mucosas pálidas, uma condição corporal de 1 em 5, corrimento
ocular bilateral, estridores pulmonares, abdómen tenso e paresia do membro pélvico
esquerdo. Foi realizada colheita de sangue para análise dos parâmetros hematológicos e
bioquímicos e exame radiográfico. Neste último foi possível observar a presença de líquido
livre na cavidade celómica e perda da definição dos órgãos abdominais.

Figura 32 e 33 – Projeções radiográficas VD e LL.

Seguiu-se a realização de ecografia abdominal, onde foi observada uma


hepatomegalia, líquido ascítico e existência de uma massa de grandes dimensões e
ecogenicidades distintas, na porção distal da cavidade celómica. Efetuou-se uma colheita de
líquido ascítico por punção abdominal a nível da linha laba junto ao umbigo utilizando cateter
de 22G, cuja análise revelou ser um exsudado com 4,3g/dL de proteínas totais, elevado
número de heterófilos, monócitos e linfócitos, e eritrofagocitose. Foi iniciado tratamento de
suporte: oxigenoterapia, antibiótico (enrofloxacina 15mg/kg PO BID), anti-inflamatório não
esteróide (carprofeno 4mg/kg PO SID) e diurético (furosemida 1mg/kg PO BID).
No dia seguinte o estado geral manteve-se inalterável, e a analítica sanguínea revelou
anemia, hipoalbuminemia e uma ligeira hiperfosfatemia. Efetuou-se uma TC sob anestesia
geral, após a administração de contraste iodado (Ultravist® 300mg/ml), na dose de 4 ml/Kg,
26
através de um cateter intravenoso colocado na veia metatarsiana média.

Figura 34 – Imagem de TC, corte axial da cavidade celómica.

Figura 35 – Imagem de TC, corte coronal da cavidade celómica.

O animal acabou por ser eutanasiado, por os proprietários não considerarem a


hipótese de laparotomia como uma opção válida, dado o acrescido risco anestésico pelo
estado geral do animal e o prognóstico reservado da intervenção. Na necrópsia foi
observada uma massa de aproximadamente 1kg de peso, de aspeto vesicular, com
aderências ao intestino, aparentemente originária no ovário esquerdo do animal, e pequenas
massas obstrutivas nos locais de saída das raízes dos nervos espinhais. O resultado da
análise histopatológica foi compatível com teratoma maligno.

Neste caso clínico os meios de diagnóstico por imagem foram fundamentais na


27
condução do tratamento do animal.
As causas que podem estar na origem da ascite são insuficiência cardíaca congestiva,
hipoproteinemia, doença renal, fibrose ou cirrose hepática, celomite, neoplasia abdominal ou
hemorragia abdominal. Os principais diagnósticos diferenciais são organomegalia,
obesidade e neoplasia abdominal.
A radiografia simples e ecografia abdominal do animal permitiram detetar a presença
de uma massa, mas só a TC evidenciou a sua extensão, e as distintas áreas vesiculares e
vascularizadas da mesma (figura 34 e 35). Para diagnosticar neoplasias internas geralmente
são necessários vários meios de diagnóstico (Lightfoot 2006).
Estão já descritos vários carcinomas de origem ovárica. O tratamento de neoplasias
em aves ainda não é muito frequente, mas o indicado para tumores simples é a excisão
cirúrgica (Lightfoot 2006). Dado o elevado número de adesões a órgãos internos e o
tamanho da massa neoplásica, seria uma cirurgia difícil, mesmo num animal estável.

Caso clínico nº3

Um milhafre-preto (Milvus migrans), com 0,760kg foi encontrado incapaz de voar. Ao


exame físico apresentava o membro torácico esquerdo descaído, sem sinais de inflamação
ou traumatismos recentes. O exame radiográfico evidenciou má-união de uma fratura antiga
de diáfise de cúbito esquerdo, com desvio medial e rotação externa do fragmento distal,
conduzindo a um valgus da extremidade da asa.
Foi realizada uma TC a ambos os membros torácicos da ave, e as imagens permitiram
sugerir as várias linhas de osteotomia que teriam que ser realizadas para correção do
defeito, de modo a restabelecer o alinhamento longitudinal, transversal e sagital do osso.
Com recurso a uma impressora 3D foi criado um modelo tridimensional do cúbito afetado, do
rádio ipsilateral e das articulações distal e proximal em ABS (acrilonitrilo-butadieno-estireno).
Este modelo foi utilizado para simular a cirurgia, permitindo idealizar a linha de osteotomia e
testar várias opções de fixação externa.
A cirurgia foi realizada com um acesso standard à diáfise média do cúbito, que expôs
a região da má-união. O ponto de deformação máximo foi identificado e realizou-se uma
osteotomia transversal, procedendo-se posteriormente à rotação do topo distal e
realinhamento nos três planos do cúbito, recorrendo à técnica de “opening wedge”. A fixação
rígida da osteotomia foi conseguida através da introdução de forma normógrada de uma
28
cavilha intramedular, que foi posteriormente acoplada a um fixador externo com quatro
cavilhas transfixantes, duas proximais e duas distais perpendiculares à superfície lateral do
cúbito.
Durante a cirurgia, o arco voltaico foi utilizado para obtenção de projeções ortogonais
em tempo real contribuindo para um melhor resultado final em termos de alinhamento ósseo
(figura 36).

Figura 36 – Diferentes projeções ortogonais do cúbito obtidas por fluoroscopia


durante a cirurgia de osteotomia corretiva.

29
Aos 21 dias pós-cirurgia removeu-se o pin intramedular e passadas cinco semanas
desde a intervenção cirúrgica o exame radiográfico mostrou haver ossificação por segunda
intenção suficiente para garantir a estabilidade do osso e procedeu-se à remoção da fixação
externa (figura 37).

Figura 37 – Estudo radiográfico final após ossificação por segunda intenção.

A apresentação clínica da ave é considerada comum. É frequente ocorrer ossificação


por segunda intenção quando não existe uma imobilização eficaz com alinhamento da
fratura (Bennett e Kuzma 1992).
Os ossos das aves, sobretudo das extremidades, têm muito pouca sustentação de
tecidos moles, pelo que o risco de fraturas iatrogénicas durante a manipulação cirúrgica é
acrescido (Bennett e Kuzma 1992). O protótipo permitiu estudar as linhas de osteotomia a
realizar e qual a melhor abordagem para promover a respetiva osteossíntese, antes da
cirurgia in vivo. O estudo prévio do modelo permitiu analisar as zonas de maior tensão e
quais os sentidos de rotação do osso, diminuindo a tensão realizada durante a cirurgia. A
fixação externa seria, de acordo com a bibliografia (Bennett e Kuzma 1992), o método eleito
para coaptação sendo as linhas de fratura iatrogénicas e simples e praticamente inexistente
o deslocamento entre fragmentos ósseos. No entanto, o método “Tie-in” permite uma
fixação mais rígida e estável, pelo que foi considerado a melhor opção. Apenas com fixação
externa seria de esperar uma imagem radiográfica de um calo com mineralização óssea
estável, em oito semanas após intervenção (Tully 2002), que assim foi obtida em cinco
semanas.

30
É de referir a mais-valia da fluoroscopia para a realização da técnica ortopédica,
reduzindo o tempo de cirurgia e o risco de fraturas iatrogénicas pela manipulação dos
fragmentos ósseos durante a redução da fratura. De facto a noção da correta introdução da
cavilha intramedular e o correto posicionamento dos fixadores externos são dois pontos
fulcrais para o sucesso da técnica do “Tie-in”.

Caso clínico nº4

Um cágado-mediterrânico (Mauremys leprosa), macho, com 0,680kg de peso, deu


entrada no Centro de Recuperação de Animais Selvagens do HVUTAD prostrado, com fraca
condição corporal e com paresia do membro torácico esquerdo. Foi realizado um exame
radiográfico que demonstrou a presença de um anzol metálico caudalmente à cintura
escapular esquerda e outro no interior do esófago (figuras 38, 39 e 40). Este último foi
removido com recurso a endoscopia, sob anestesia geral.

Figura 38, 39 e 40 – Exame radiográfico que demonstrou a presença e a


localização dos dois anzóis.

31
Iniciou-se terapia antibiótica (enrofloxacina 5mg/kg SC, SID), vitamina A (2000 UI/kg
IM) e alimentação forçada. O hemograma, painel geral de bioquímica sanguínea e exame
coprológico não revelaram quaisquer alterações. Realizou-se uma TC (figuras 41, 42 e 43)
para possibilitar a visualização tridimensional do corpo estranho e envolvimento deste com
as estruturas anatómicas adjacentes.
As imagens obtidas mostravam que o anzol aparentava estar apenas ancorado à
musculatura do membro torácico esquerdo sem ligação a estruturas anatómicas vitais.

Figura 41 e 42 – Imagens da TC, corte coronal e corte sagital.

Figura 43 – Imagens da TC, reconstrução tridimensional.

O animal foi preparado para cirurgia, induzindo-se a anestesia com uma combinação
de desmedetomidina, ketamina e morfina (IM) e mantendo-se a mesma com isofluorano.
Com recurso a fluoroscopia (figura 44) foi determinada a linha de osteotomia e com a
serra oscilante foi realizado um acesso dorsal à carapaça, com cerca de 2x1cm, para expor
a musculatura subjacente. O anzol foi removido com sucesso.

32
Figura 44 – Imagem de fluoroscopia intra-cirúrgica que orientou a remoção do
anzol.

Foi colocada uma ligadura não oclusiva à volta do corpo do animal, envolvendo a
ferida cirúrgica, e restringido o acesso à água. Foi adicionada analgesia (tramadol 10mg/kg,
SC, QOD) e fluidoterapia (2 partes de LR para 1 parte NaCl 0,9%, 2% do peso vivo, IC, BID)
ao tratamento. A cada três dias foi forçada alimentação através de sonda de alimentação.

Estão descritos relatos de anzóis que passam por todo o tubo digestivo sem causar
lesões. No entanto, o risco de perfuração é muito grande, e está aconselhada a sua
remoção sempre que possível (Hyland 2002). O acesso cirúrgico ao esófago de tartarugas
para remoção de corpos estranhos está descrito (Hyland 2002), quando existe a
possibilidade de remoção por endoscopia, sem risco de agravamento das lesões, esta
técnica é a preferida, uma vez que consiste numa abordagem menos invasiva e com muito
menos complicações pós-operatórias. A identificação da localização e do envolvimento com
as estruturas anatómicas próximas é essencial para a decisão terapêutica.
Relativamente ao maneio da ferida cirúrgica, optou-se por deixar cicatrizar por
segunda intenção, à semelhança do que está descrito na bibliografia (Sypniewski et al.
2016), e foram tomados todos os cuidados para impedir o desenvolvimento de osteomielite.

33
34
IV. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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