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Descorna:

- Anatomia
Na junção do chifre com a pele fica o córion, que consiste em células que facilitam o crescimento de
um novo chifre. Se essas células não forem removidas durante a descorna, ocorrerá um novo
crescimento do chifre e pode-se formar um esporão no alto da cabeça. O próprio chifre está inserido
ao processo cornual ósseo poroso, coberto pela papila dérmica.
O suprimento nervoso para a derme do chifre é principalmente através do nervo cornual, que surge
da órbita e segue pela crista da linha temporal. O nervo se divide e envolve o chifre abaixo do
músculo frontal.
Já o suprimento sanguíneo para o chifre surge dos vasos temporais superficiais, que se ramificam e
avançam até o processo cornual. Uma vez lesados, esses ramos retraem-se e é dificil alcançá-los com
as pinças hemostáticas. Pode ocorrer hemorragia significativa se o vaso não for cortado próximo do
crânio, de modo que a artéria permaneça dentro de tecido mole.
- Indicações
A descorna é realizada em bovinos para reduzir lesões e dano às carcaças causados por lutas entre
os animais. A descorna estética permite o fechamento da pele sobre um defeito normal criado pela
amputação do chifre em sua base. O ideal é que isso resulte em cicatrização por primeira intenção,
baixa incidência de sinusite frontal e menos hemorragia. Em geral, o procedimento é mais utilizado
para animais de exposição e os reprodutivos de alto custo, em que o aspecto da cabeça é
importante. O método funciona melhor em bovinos com menos de 1 ano de idade, porque pode não
haver pele suficiente para fechar o defeito após a retirada do chifre em animais mais velhos.
Anatomia e Preparação cirurgica:
O animal é contido em um brete estreito com a cabeça fixada a um lado por meio de uma canga. É
feita a tricotomia da cabeça, da base das orelhas e da face até os olhos; as orelhas podem ser
enfaixadas com fita adesiva e levadas para trás da cabeça. A tranquilização do animal com xilazina
intravenosa diminui o estresse para ele. A veia da cauda em geral é a via de administração mais
acessível e causa menos desconforto nessa circunstância. Se for usado tranquilizante, o animal só
pode ir para abate após o periodo recomendado.
A área é preparada para bloqueio do nervo cornual. Faz-se o bloqueio em um ponto a meio caminho
entre o canto lateral do olho e a base do chifre, sendo direcionado através do músculo frontal e sob
o aspecto lateral da parte temporal do osso frontal. Nesse ponto, injetam-se 5 ml de anestésico local
em forma de leque, de forma que se deposite 2 ml sob a pele à medida que se retira a agulha. Em
seguida, direciona-se a agulha para o subcutâneo, depositando mais 2 a 3 ml de anestésico. Os locais
de incisão devem ser massageados para dispersar o anestésico local. Repete-se o bloqueio do outro
lado. Faz-se assepsia do local antes de começar a cirurgia.
Instrumentais:
Bandeja com instrumental para cirurgia geral
Serra obstétrica e cabo ou descornador esterilizado
Barnes
Técnina Cirúrgica:
Faz-se uma incisão a partir do limite lateral da eminência nucal em direção lateral para a base do
chifre. A incisão se curva em sentido rostrovental em sentido rostroventral em torno da base do
chifre e ao longo da crista frontal por cerca de 5 a 7 cm. A incisão não deve ser acima de 1 cm a
partir da base do chifre. Inicia-se uma segunda incisão a partir de um ponto a cerca de 5 a 8 cm da
origem da primeira, perto da eminência nucal. Essa incisão é feita em torno do aspecto rostral do
chifre, a cerca de 1 cm da base, para unir-se com a primeira ventralmente. As incisões são
aprofundadas até encontrar-se o osso, rebatendo-se as bordas da incisão com dissecção cortante. A
incisão rostral precisa ser rebatida em um área limitada pelas extremidades caudais da incisão. A
incisão caudal é rebatida o suficiente para se colocar a serra ventral e profundamente até a base do
chifre na crista frontal. Deve-se ter cuidado ao aprofundar as incisões, para não dividir os músculos
auriculares (localizados caudal e ventralmente). Em geral, o sangramento é controlado mediante
torção da artéria cornual, localizada rostroventralmente ao coto ósseo.
O coto é então removido com a serra obstétrica ou outra, uma serra de descorna ou um
descornador Barnes, usado como se fosse uma rugina. Assim que os chifres e a pele são retirados,
reposiciona-se a cabeça do animal, preparando-a para o fechamento da ferida.
O fechamento da pele em geral é feito em uma camada, com pontos contínuos simples de fio
inabsorvível. Para ajudar na hemostasia e na redução do espaço morto, coloca-se um rolo de gaze
sobre a metade ventral da incisão, ancorando-o por meio de um ponto horizontal grande de
colchoeiro na pele.
Conduta pós-operatória:
Retira-se a bandagem na forma de sent com 24 a 48 horas no pós, e os pontos na pele são retirados
2 a 3 semanas depois da cirurgia.

Os erros mais comuns do cirurgião inexperiente são: remoçao de muita pele na base do chifre que
subsequentemente será retirada com ele, colocação inadequada da serra na base do chifre,
resultando em um coto ósseo, e falha em rebater adequadamente as margens cutâneas.

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