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APOSTILA

CIRURGIAS DO TRATO REPRODUTIVO EXTERNO DE CÃES E GATOS


As cirurgias reprodutivas abrangem uma variedade de técnicas elaboradas para
alterar a capacidade animal de se reproduzir, tratar ou prevenir doenças relacionadas ao
trato reprodutivo.

1. ORQUIECTOMIA:

1.1. Orquiectomia canina


As indicações mais comuns para a castração canina são a prevenção do
comportamento hormonalmente induzido, cruzamentos indesejados, controle
populacional, anormalidades congênitas e tumores testiculares. A castração também pode
ser feita para a remoção dos testículos infectados, torcido ou traumatizados. A técnica de
orquiectomia pode estar associada na prevenção ou tratamento de adenomas perianal,
cistos prostáticos, prostatite, hiperplasia prostática benigna, abscessos prostáticos e
alopecia dependente de hormônios sexuais. Infelizmente, o risco de carcinoma prostático,
hemangiossarcoma, osteosarcoma, e carcinoma de células transicionais em cães pode
aumentar após gonadectomia, mas em contrapartida os benefícios são maiores.

Manejo pré-operatório
Para a preparação cirúrgica é feita a tricotomia da região pré-escrotal, escrotal e
face medial da coxa, com cuidado para não causar trauma no escroto. Logo em seguida
realizar a antissepsia destas regiões citadas.

Cirurgia
A orquiectomia nesta espécie pode ser realizada por técnica aberta ou fechada. A
abordagem pré-escrotal é a mais facilmente executada e a mais comum, mas também
pode-se utilizar a abordagem perineal, porém há dificuldade na exteriorização dos
testículos.
A castração fechada pode ser utilizada em qualquer tamanho de cão com cordão
espermático de diâmetro estreito (inferior a 1 cm). Animais com cordão estreito é feita
dupla ligada com fio monofilamentar absorvível 2-0 ou 3-0. Já em animais com cordão
maior que 5 mm de diâmetro deve-se, por segurança, realizar a ligadura com transfixação.

Técnica cirúrgica: orquiectomia fechada


Depois de empurrar o testículo cranialmente para proteger a uretra, fazer uma
incisão pré-escrotal através da pele e tecidos subcutâneos sobre o testículo (Figura 1). Um
pequeno conglomerado de gordura geralmente está presente na superfície da túnica
vaginal parietal, o que indica a profundidade da incisão que é apropriada para uma
castração fechada. Usando as duas mãos, incline o polo cranial do testículo até a incisão
e aperte para forçá-lo para fora da incisão. Pegue o testículo com a mão direita e use uma
gaze na esquerda para quebrar o ligamento escrotal (Figura 2). Se o ligamento não rasgar,
secciona-lo com uma tesoura. Durante a remoção do ligamento, o escroto pode aparecer
como uma "massa" branca dentro do local da cirurgia. Identificar a linha branca (Figura
3) que indica a junção entre o cordão espermático e tecidos moles adjacentes. Levante o
testículo para cima com a mão esquerda, enquanto disseca para baixo na base do cordão
com a mão direita, utilizando uma gaze (Figura 4). Isto vai separar o cordão espermático
dos tecidos circundantes e esticá-la para menos de 1 cm de diâmetro. Limpe o cordão para
remover qualquer remanescente de gordura.
Figura 1: Incisão de pele na região pré-escrotal para realização de
orquiectomia. Um pequeno conglomerado de gordura (seta) é geralmente
visível na túnica parietal.

Figura 2: Rompendo o ligamento escrotal.

Figura 3: Identificação da junção entre o cordão espermático e tecidos


moles circundantes (setas).
Figura 4: Limpando o cordão espermático com o auxílio de uma gaze.

Coloque a primeira ligadura. Para transfixar a ligadura, use o dedo indicador para
separar as estruturas do cordão e passar a agulha entre o músculo cremaster e os vasos
(Figura 5). Faça dois nós simples de cada lado, em seguida, cerque todo o cordão e efetue
mais quatro nós (Figura 6). Se o cordão for grande, use um nó de cirurgião no primeiro
nó da ligadura circundando toda o cordão. Coloque uma ligadura simples ou uma segunda
ligadura transfixante circundando acima ou abaixo da primeira ligadura, com
espaçamento entre ligaduras de pelo menos 0,5 cm de distância. Prender o cordão alguns
centímetros abaixo do testículo, em seguida, segure o cordão acima das ligaduras com
uma pinça anatômica e seccione o cordão. Abaixe o cordão em direção ao cão e o libere,
inspecionando ao fim para observar a presença ou não de hemorragias. Pressione o
segundo testículo até o local da incisão e incise através da fáscia sobrejacente. Prosseguir
com o segundo testículo como descrito acima.
Feche a incisão com sutura intradérmica ou subcutânea. Para identificar o
subcutâneo, deve-se retrair a pele lateralmente com uma pinça anatômica para visualizar
duas aberturas em forma de anel lateralmente e a uretra, na linha média. Aproximar o
tecido subcutâneo 5-7 mm abaixo da borda da incisão, se desejado, incluir a borda
superficial do septo remanescente. Evite a uretra no meio.

Figura 5: M. cremaster separado dos vasos com o polegar e o dedo


indicador. Fio de sutura sendo passado através do cordão espermático.
Figura 6: Ligadura de um lado em primeiro lugar, em seguida, passar a
extremidade do fio de sutura em torno de todo o cordão e amarrar quatro
nós.

Técnica cirúrgica: orquiectomia aberta


Realize o avanço do testículo e incisão da pele, como descrito acima. Incise
através da túnica vaginal parietal para expor o testículo e epidídimo (Figura 7). Empurre
o testículo com túnica vaginal para fora da incisão e com uma tesoura, estenda a abertura
da túnica vaginal para expor os vasos (Figura 8).

Figura 7: Incisão através da túnica vaginal parietal.


Figura 8: Estendendo a incisão da túnica vaginal.

Ligue a túnica vaginal parietal e músculo cremaster em massa, usando ligadura


transfixante quando maior que 1 cm de diâmetro, seccione e remova os tecidos (Figura
9). Faça dupla ligadura e seccione os vasos (Figura 10).

Figura 9: Vasos, músculo cremaster e túnica vaginal parietal sendo


separados.
Figura 10: Dupla ligadura dos vasos. Neste caso, o ducto deferente foi
incluído na ligadura.

Considerações pós-operatórias
Complicações da orquiectomia incluem auto trauma, edema, hematoma (Figura
11), deiscência e infecção. Edema é comum, especialmente na técnica aberta, e pode ser
limitado por restrição de espaço, compressas frias, e uso de colar elisabetano no pós-
operatório, pequenas hemorragias na maioria das vezes ocorrem a partir de sangramento
de vasos subcutâneos e do septo escrotal. Raramente, uma má ligadura retrai o pedículo
vascular para o abdómen e provoca hemorragia. Pacientes com hemorragia são
monitorados por hematócritos seriados e uma laparotomia exploratória deve ser realizada
se há ameaça a vida do animal. O toque retal é repetido duas semanas após a cirurgia em
cães com hiperplasia prostática benigna. A próstata deve ser sensivelmente menor no
prazo de 15 dias após a castração, praticamente uma redução de 50%.

Figura 11: Hematoma escrotal canino secundário a orquiectomia.


1.2. Orquiectomia felina
As indicações para a castração felina são a prevenção do comportamento
hormonalmente induzido, cruzamentos indesejados e controle populacional. Gatos
castrados são propensos ao ganho de peso e, por conseguinte, para doenças associadas
com a obesidade. O fechamento da fise é atrasado em gatos castrados com ≤ 7 meses de
idade, aumentando o risco de fraturas fisárias. Os benefícios da castração superam os
riscos, no entanto, complicações do procedimento são raras.

Manejo Pré-operatório
Na preparação para a cirurgia, os pelos da região escrotal podem ser removidos
por corte suave ou epilação, sendo o segundo método menos traumático que o primeiro.
Os gatos podem ser posicionados em decúbito lateral ou dorsal com as pernas traseiras e
cauda puxadas cranialmente. Logo em seguida realizar a antissepsia da região escrotal.

Cirurgia
A orquiectomia nesta espécie também pode ser realizada pelo método aberto ou
fechado, porém utilizando o próprio cordão espermático para formar nós hemostáticos.
Com a castração aberta, o ducto deferente e os vasos são ligados um ao outro, formando
dois nós quadrados. A falha dessa técnica ocorre quando semi nós são formados,
geralmente porque a tensão é aplicada de forma desigual durante a formação do nó. Com
a castração fechada, o cabo é amarrado a si mesmo em um único nó. A falha desta técnica
geralmente ocorre a partir de aperto insuficiente. Sutura, ligaduras ou hemoclips também
pode ser utilizado para a hemóstase.
As técnicas de orquiectomias abertas em gatos foram testadas e comparadas não
demonstrando diferença significativa entre elas. Entretanto, a técnica dos nós quadrados
utilizando-se o ducto deferente e os vasos espermáticos foi a que se mostrou mais eficaz,
sem quaisquer alterações pós-operatórias importantes e a de mais fácil execução quando
comparada às demais.

Técnica cirúrgica: orquiectomia fechada felina


Com o polegar e o dedo indicador, deve-se comprimir a base do escroto para forçar
o testículo contra a pele. Faça uma incisão longitudinal através da pele e tecido
subcutâneo, deixando as túnicas intactas (Figura 11). Uma pequena abertura da fáscia
subcutânea pode ser necessária para permitir que o testículo pule para fora da incisão.
Segurar o testículo em uma mão e puxá-lo para longe do gato enquanto utiliza uma gaze
para retirar, simultaneamente, os anexos escrotais. Usando a tração lenta e constante, puxe
um testículo, enquanto a mão empurra contra o períneo do gato com uma gaze o outro.
Esticar o cabo até à ruptura do músculo cremaster (Figura 12).
Figura 11: Incisão a pele longitudinalmente no escroto.

Figura 12: Divusionando com o auxílio de uma gaze o cordão espermático.

Coloque uma pinça hemostática curva embaixo, ao redor e sobre o cabo, mantendo
as pontas apontada para baixo e para o gato. Com a pinça hemostática manobra-se em
torno do cordão espermático com mais facilidade. Para facilitar a amarração do nó,
ajustar-se a posição do cordão de modo a que seja envolvido em torno da pinça
hemostática perto da ponta da pinça (deslizando a pinça hemostática perpendicular ao
cordão) (Figura 13). Seccione o cordão de 1 a 2 mm distante em relação ao nó para
remover o testículo (Figura 14).
Figura 13: A pinça hemostática com ponta curva fechada é deslizada (A), inicia-se a volta em torno da
pinça (B), dando duas voltas (C) mantendo a ponta do cabo para o gato. Deslize a pinça hemostática o mais
próximo possível do gato antes de apertar o cabo perto das pontas da pinça hemostática (D). Fonte: Tobias
(2010).

Figura 14: Seccionando o cabo perto da pinça hemostática.

Para formar um nó, empurre o cordão para fora da pinça hemostática com uma
gaze ou com os dedos (Figura 15). Segure a pinça hemostática paralelamente com o
cordão para facilitar a formação do nó. Antes de soltar a pinça hemostática, aperte o nó:
deslizando-o sobre o cordão espermático (Figura 16). Faça a segunda incisão escrotal
sobre o testículo remanescente e repita os passos anteriores. Segure o escroto entre o
polegar e os primeiros dois dedos e puxe-o caudalmente para ajudar a aproximar as bordas
da lesão. Deixe a ferida aberta.
Figura 15: Formação do nó no cordão espermático após a secção do
testículo.

Figura 16: Apertando o nó no cordão espermático.

Técnica cirúrgica: orquiectomia aberta felina


Enquanto se estabiliza o testículo contra o escroto, incisa-se longitudinalmente
através da pele e túnica vaginal parietal (Figura 17) para expor a superfície brilhante do
testículo e epidídimo. Estenda a incisão da túnica vaginal parietal e puxe o testículo para
fora para expor o cordão espermático. Separe a túnica vaginal parietal do testículo (Figura
18). Corte a túnica vaginal parietal com uma tesoura. Separe o ducto deferente dos vasos
testiculares e rompa o ligamento da cabeça do epidídimo, liberando o testículo (Figura
19).
Figura 17: Incisão na túnica parietal (setas).

Figura 18: Separando a túnica parietal do testículo e ducto deferente.

Figura 19: ruptura do ligamento da cabeça do epidídimo.

Com o ducto deferente e os vasos, faça dois nós quadrados (Figura 20)
distribuindo uniformemente a tensão durante a realização dos nós. Seccione distalmente
ao nó. Repita todos os passos para remover o segundo testículo.
Figura 20: Realização dos nós quadrados.

Considerações pós-operatórias
Por se tratar de uma ferida aberta, curativo local e uso do colar elisabetano é
frequentemente recomendado no pós-cirúrgico. Gatos castrados são propensos a
obesidade, e a ingestão calórica deve ser reduzida. Complicações pós-operatórias são
raras. Hemorragia escrotal pode ocorrer se os vasos testiculares forem rasgados durante
a exposição ou o caso haja falha na realização do nó. Se ocorrer durante a cirurgia, a
incisão escrotal no lado afetado pode ser estendida para tentar achar o vaso.
Ocasionalmente, pode ser apreendido às cegas com uma pinça hemostática, mas muitas
vezes o vaso retrai o suficiente não sendo possível a recuperação. Se o sangramento não
for encontrado, deve-se realizar pressão nas regiões do escroto e do anel inguinal durante
5 a 15 minutos. Vasos sem ligadura raramente causam hemorragia intra-abdominal,
porém o hematócrito pode ser monitorado se a hemorragia é uma preocupação. Se anemia
significativa se desenvolver, a hemorragia deve ser localizada através de uma incisão
abdominal e o vaso ligado novamente. É importante o acompanhamento do paciente no
período pós-cirúrgico pois previne incidentes ocasionais decorrentes da intervenção
cirúrgica, corrigindo-os precocemente.

2. ABLAÇÃO ESCROTAL

A ablação escrotal é a remoção total do escroto e pode ser indicada para remoção
de massas, infecção (Figura 21), traumatismo ou em cães idosos que têm escroto pendente
após serem submetidos a orquiectomia.
Figura 2112: Abcesso escrotal em cão.

Manejo pré-operatório
Seguir as mesmas orientações sobre o manejo pré-operatório citados para a
orquiectomia em cães.

Cirurgia
Incisões na pele são feitos ao longo de cada lado da base do escroto. As Incisões
devem ser posicionadas o mais próximo do vértice escrotal, se necessário, para deixar a
pele adequada para a aproximação das bordas, a menos que margens mais amplas sejam
necessárias para a ressecção da lesão. A incisão é continuada através da túnica dartos e
tecido subcutâneo. A hemostasia é cuidadosamente feita, a utilização do eletrocautério é
bastante benéfica. Em animais intactos, os cordões espermáticos são identificados e
dissecados. A castração fechada ou aberta é realizada. O septo escrotal é seccionado e
excesso de pele é removido conforme necessário. A incisão pode ser fechada em três ou
quatro camadas para reduzir a tensão e reduzir o espaço morto. O cuidado na manipulação
dos tecidos é importante para evitar traumas na uretra ou pênis.

Técnica cirúrgica: Ablação escrotal


Faça uma incisão na pele ao redor da base do escroto (Figura 22). Realize ligadura
ou cauterização do fornecimento vascular, o que ocorre principalmente, nas superfícies
laterais do escroto. Use uma tesoura de Metzenbaum, para seccionar os tecidos
subcutâneos e septo escrotal (Figura 23). Se o cão é inteiro, tirar o escroto de cima dos
testículos e, em seguida, castrar como descrito acima, técnica aberta ou fechada.
Aproximar o tecido subcutâneo com fio monofilamentar absorvível 3-0, e suturar a pele
com uma sutura intradérmica ou cutânea padrão (Figura 24).
Figura 22: Notar incisão na pele ao redor da base do escroto.

Figura 2313: Secção o tecido subcutâneo e ligamentos escrotais para


exposição dos testículos.

Figura 24: Depois da aproximação dos tecidos subcutâneos, Fechamento


da pele com padrão intradérmico.
Considerações pós-operatórias:
O tratamento pós-cirúrgico é semelhante ao usado para a orquiectomia canina.

3. EPISIOTOMIA

A episiotomia é a incisão da vulva para permitir o acesso ao vestíbulo e a vagina,


pode ser efetuada para facilitar a ressecção de massa ou prolapso vaginal, a reparação de
laceração, cateterismo uretral, vaginal ou correção de estenoses ou malformações
congénitas. Este procedimento também pode ser necessário para ajudar no momento do
parto.

Manejo pré-operatório
A região perineal é tricotomisada ao redor da vulva e ânus. O vestíbulo e a vagina
devem ser lavados com uma diluição de solução anticéptica a base de clorexidine ou iodo
durante a preparação cirúrgica. O animal é colocado numa posição perineal com as pernas
penduradas ao longo da borda da mesa cirúrgica acolchoada e a cauda puxada
cranialmente, com uma bolsa de fumo suturada no ânus, que é coberto durante a
colocação dos panos de campo para diminuir o risco de contaminação.

Cirurgia
A incisão para episiotomia geralmente estende-se desde a comissura dorsal da
vulva para até o início da vagina, através do tubérculo uretral. Antes da incisão nos
tecidos, a abertura vaginal deve ser digitalmente palpada para identificar o limite dorsal.
Isso ajudara a evitar danos acidentais ao ânus. A incisão da pele pode ser feita com uma
lâmina, seguida por secção com tesoura da musculatura subjacente e mucosa.
Alternativamente, pode ser introduzir uma tesoura de Mayo na vulva até que a ponta atinja
a região dorsal, onde todas as camadas de tecidos são cortadas simultaneamente. A
hemorragia pode ser controlada com a utilização de eletro cautério ou pressão. Em cães
de grande porte, pinças de Doyen podem ser colocadas ao longo das bordas do corte dos
lábios para reduzir o sangramento. Massas vaginais ou tecido prolapsados geralmente são
removidos com um corte e sutura.

Técnica cirúrgica: episiotomia


Incise a pele na linha média da comissura dorsal da vagina com a lâmina de bisturi
(Figura 25). Corte o tecido subcutâneo remanescente, músculo e mucosa na linha média
com tesoura de Mayo ou lâmina de bisturi (Figura 26). Uma episiotomia de emergência
deve ser executada em casos de distocia, Todas as camadas são incisadas
simultaneamente com uma tesoura Mayo (Figura 27). Suturas de reparo são feitas nas
bordas cortadas para retrai-las lateralmente (Figura 28). Identifique a abertura da uretra e
realize a sondagem uretral. Se uma ressecção de massa for efetuada, a aproximação das
margens da mucosa é feita com fio monofilamentar absorvível 3-0 ou 4-0. A
reaproximação da mucosa vestibular é feita em um padrão contínuo simples com fio
monofilamentar absorvível 3-0 ou 4-0 (Figura 29). Inicie a sutura na região dorsal da
comissura vulvar para a reaproximação das margens.
Figura 25: Incisão de pele na linha média com uma lâmina.

Figura 26: Secção dos restantes das camadas com uma tesoura.

Figura 27: Tesoura de Mayo no vestíbulo para secção de todas as camadas


de tecido simultaneamente.
Figura 28: Presença de suturas de ancoragem e sonda uretral no vestíbulo
da vagina.

Figura 2914: Reaproximação da mucosa do vestíbulo da vagina seguindo


um padrão contínuo.

Feche os tecidos musculares e subcutâneos com fio monofilamentar absorvível 3-


0 em um padrão de sutura interrompida ou contínua. As bordas da pele são aproximadas
com sutura interrompida com nylon, começando na região mais ventral da incisão para
realinhar as bordas vulvares (Figura 30).
Figura 30: Aspecto final após fechamento da pele.

Considerações pós-operatórias
As complicações mais comuns são inchaço e desconforto. Os animais devem usar
colar elisabetano durante 7 a 10 dias para evitar auto traumas. Outras complicações são
raras e provavelmente relacionadas com a condição clínica subjacente. Como a maioria
dos tumores vaginais são tumores benignos de tecido fibroso, a recorrência é improvável
com a excisão com margem cirúrgica adequada.

4. EPISIOPLATIA

A episioplatia ou vulvoplastia é um procedimento reconstrutivo para a ressecção


das dobras perivulvares, indicada nos casos de dermatite perivulvar, vaginite, cistite, ou
incontinência urinaria. As dobras perivulvares podem obstruir a abertura da vulva em
cadelas que são obesas ou têm a pele espessada secundária a dermatite generalizada.
Cadela que são submetidas a gonadectomia pré-púberes possuem uma vulva infantilizada
que é recuada em relação ao períneo (Figura 31). A fricção do local e acumulo de
umidade podem predispor os animais afetados a infecções bacterianas e ulceração da pele.
Essas dobras da pele que recobrem a vulva também podem acumular urina dentro da
vagina, resultando em vaginite, cistite ascendente e incontinência urinária recorrente. Os
animais afetados são normalmente obesos de raças de médio ou grande porte. Os sinais
clínicos podem incluir a lambedura excessiva, mal odor, dermatite, perda de urina
posicional ou corrimento vaginal. Muitos animais desenvolvem sinais clínicos quando
adultos jovens.
Figura 3115: Obstrução da abertura vestibular em uma cadela com
obesidade e vulva infantil.

Manejo pré-operatório
A piodermite de dobra de pele deve ser tratada antes do procedimento cirúrgico,
nesses pacientes, a cirurgia deve ser adiada até que a pele seja melhorada. Amostras de
urina e de secreções vaginais são obtidas para cultura. Raspado e citologia de pele devem
ser realizados para determinar se o animal tem uma doença parasitaria, bacteriana ou
fungica local ou generalizada. Estafilococos coagulase positiva é a bactéria mais comum
presente em dermatite de dobra da pele. Se os antibióticos não forem administrados antes
do procedimento, devem ser administrados por via intravenosa após a indução anestésica
e novamente 2 a 6 horas mais tarde. Os antibióticos são normalmente administrados
durante pelo menos 7 dias após a cirurgia em cães com dermatite. Se possível, um
bloqueio epidural é realizado para proporcionar analgesia durante e imediatamente após
a cirurgia. Uma bolsa de fumo é colocada no ânus para limitar a contaminação. A vulva
e região perineal é tricotomisada e preparada, incluindo também a região da base da
cauda. O animal é colocado numa posição perineal com as pernas penduradas ao longo
da borda da mesa cirúrgica acolchoada e a cauda puxada cranialmente.

Cirurgia
A quantidade de pele a ser removido pode ser estimada por compreender as dobras
de pele dorsal e lateral da vulva quando estendidas com os dedos (Figura 31). A
quantidade de pele apreendida com os dedos deve ser aumentada gradualmente até que a
vulva seja reposicionada na posição caudal e ligeiramente dorsal. Os locais de incisão de
pele propostos podem ser marcados com um marcador estéril ou a pele pode ser esmagada
com pinça Allis para a realização da marcação. Após a incisão, a pele incisada é libertada
de seus anexos subcutâneos com uma combinação de dissecção romba e afiada. Na linha
média dorsal, a dissecção deve proceder com cautela, uma vez que a parede vestibular é
superficial neste local. Lateral ao vestíbulo, a gordura pode ser ressecada ou deixada no
local. O fechamento subcutâneo é opcional, mas é recomendado em animais com
excessiva pele perivulvar, ressecção traumática da gordura ou tensão na linha de incisão.
A pele é suturada com pontos interrompidos com fio monofilamentar não absorvível 3-0.
Técnica cirúrgica: episioplastia
Segure as dobras da pele com os dedos até que a vulva seja exposta e não fique
mais recuada (Figura 32).

Figura 32: Segurando as dobras redundantes na sua base para determinar


a quantidade de pele que será retirada.

Coloque as pinças de Allis em torno da dobra apreendida e feche a pinça para


esmagar a pele na sua base (Figura 33). Repita o processo em cinco ou seis locais em
torno da vulva. Isso vai produzir duas linhas de marcação por esmagamento: uma fileira
mais exterior dorsalmente e uma linha interior ventralmente. As marcas de esmagamento
resultantes servirão como pontos de referência para as duas incisões na pele. Faça uma
incisão em forma de ferradura na pele ao longo da linha externa de marcas dorsal e
dorsolateral à vulva (Figura 34). Continue a incisão na pele ao longo da linha externa de
marcas lateralmente à vulva. Uma incisão deve estender-se ao nível da comissura ventral
vulvar em ambos os lados da vulva. A outra incisão na pele será próxima a vulva
lateralmente e longe da vulva dorsolateralmente. Antes de Fazer a Segunda incisão na
pele, verifique a posição do interior das marcas de esmagamento na linha de incisão, para
certificar-se de que a quantidade de pele que será removida esta apropriada. Segure a
borda ventral da Pele e incise, puxe o flap de pele dorsal até a vulva reposicionando-a
para o local desejado. Comparar a Localização da fila interior das marcas de
esmagamento para a borda dorsal da incisão na Pele. Porque se a borda da pele dorsal é
retraída, a incisão interna deve ser de 0,5 cm abaixo da borda dorsal da pele quando a
vulva estiver bem reposicionada. Se a Quantidade de pele parecer excessiva, deve-se
redesenhar a linha de incisão ventral e remover o excesso. No final a pele não deve estar
com tensão excessiva. Faça uma incisão ventral, interior em um arco suave (Figura 34).
A ressecção será em forma de lua crescente quando estender-se a um nível paralelo com
a comissura vulvar ventral.
Figura 3316: Segure a base da dobra com uma pinça de Allis; repetir para
marcar a linha de incisão. Fonte: Tobias (2010).

Figura 3417: Faça uma incisão na pele dorsal em forma de ferradura e


eleve a pele a partir dos tecidos subjacentes com dissecção romba. Fonte:
Tobias (2010).

Com uma tesoura de Metzenbaum, dissecar e seccionar o tecido subcutâneo para


removedor de Pele. Evitar danificar o vestíbulo na linha mediana (Figura 35). Retire o
excesso de Gordura subcutânea lateralmente com uma tesoura afiada. Coloque três
suturas interrompidas na pele em torno da incisão dorsal para avaliar a posição final da
vulva (Figura 36). Coloque uma primeira sutura de pele na linha média dorsal (na posição
12 horas). Segure a borda ventral da incisão na pele na posição 10 horas. Puxe a pele
dorsal e lateralmente. Ajuste a posição da pele de modo que a vulva permaneça exposta,
mas não aberta em excesso. A sutura de pele deve manter a vulva na posição apropriada.
Repita o processo na posição 2 horas. Se a posição vulvar precisar ser reajustada, remova
e substitua as suturas dorsolaterais conforme necessário. Se a vulva ainda tiver com
excesso de pele, remover todas as suturas de pele e retirar mais pele (TOBIAS, 2010).
Figura 3518: Aparência após a ressecção de pele. Note-se que o
vestíbulo (Entre as duas pinças) é muito superficial na linha média dorsal.
Fonte: Tobias (2010).

Figura 36: Local das primeiras três suturas na posição 10, 12 e 2 horas
(pinças). Nota-se que a ressecção da pele estende-se ao nível da comissura
ventral vulvar.

Se desejar, aproxime o tecido subcutâneos com fio absorvível em sutura


interrompida, enterrando os nós. Complete o fechamento da pele com sutura interrompida
simples (Figura 37). Retire a sutura da bolsa de fumo.
Figura 37: Aspecto final da sutura de pele.

Considerações pós-operatórias
Para evitar a auto trauma, o animal deve usar colar elizabetano até a cicatrização
completa da pele. A dermatite deve ser tratada com medicamentos tópicos. A redução de
peso deve ser instituída em animais obesos. As complicações esperadas podem incluir
edema, hematomas, deiscência, e recorrência dos sinais clínicos. Deiscência geralmente
ocorre a partir de auto trauma. Animais com suturas perineais tendem a esfregar o local
da cirurgia em móveis e tapetes. Os sinais clínicos podem reaparecer com a remoção da
pele insuficiente ou obesidade progressiva. Quando o procedimento é realizado de forma
adequada, no entanto, quase todos os cães com vaginite e infecções do trato urinário
recorrente têm resolução dos sinais. Resolve apenas em casos que a retenção urinária é
secundária à obstrução vulvar pelas dobras perivulvares. O acumulo de urina pode
persistir se a estenose vaginal ou vestibulovaginal é presente.

5. PENECTOMIA EM CÃO:

As principais indicações da penectomia total com uretrostomia são os traumas,


necrose secundaria à parafimose, priapismo, proprusão peniana crônica e neoplasias
penianas ou prepuciais. Pode ser feita uma penectomia parcial quando a alteração que
precisa ser removida está apenas na extremidade do pênis, estando sua base preservada.

Manejo pré-operatório:
Para a preparação cirúrgica é feita a tricotomia da região abdominal ventral, a
cavidade prepucial é lavada com uma diluição de solução anticéptica a base de clorexidine
ou iodo. A uretra deve ser sondada.

Técnica Cirúrgica: penectomia parcial em cão


Para a amputação parcial do pênis (Figura 38), a uretra é sondada, e o pénis é
exteriorizado. Um torniquete de borracha é colocado ao redor do pênis, tanto quanto
possível caudalmente para mantê-lo exteriorizado. O prepúcio é retraído caudalmente. Se
o pênis não pode ser exteriorizado de forma adequada, pode ser feita no uma incisão em
sua face ventral. A uretra é dissecada do sulco no pênis. O cateter é então removido, e a
uretra é cortada imediatamente distal ao local da amputação proposto. O pênis é
seccionado com uma pinça de corte de ossos. O torniquete é solto, e quaisquer vasos
sanguíneos do tecido eréctil são identificados e ligados. Os retalhos de tecido erétil e
túnica albugínea são aproximados com suturas interrompidas simples com fio absorvível
4-0. A uretra é incisada ao longo de sua face média dorsal, e os seus bordos das mucosas
são suturados a mucosa peniana sobre a porção ventral da extremidade do pénis
remanescente. A mucosa do pênis é suturada a si mesmo na parte dorsal do restante do
pênis para evitar a criação de um orifício uretral muito grande.

Figura 3819: A, o pênis é exteriorizado a uretra é sondada. O


prepúcio é retraído com, e um torniquete é colocado ao redor do
pênis. A incisão é feita para criar duas abas. B, a uretra é
seccionada distalmente ao local da osteotomia depois de ter sido
dissecada. C, o tecido cavernoso no aspecto dorsal do pênis é
aproximado com fio absorvíveis. A margem uretral é suturada ao
epitélio peniano com fio absorvível com pontos simples
interrompido.

Técnica Cirúrgica: penectomia total em cão


Para a penectomia total uma incisão elíptica é feita ao longo da base do prepúcio
até um nível apropriado na linha média caudal (Figura 39). Os tecidos subcutâneos são
dissecados, e ramos da epigástrica superficial caudal e vasos pudendas externos são
ligados. Os testículos e escroto são removidos de forma padrão. As condições que
permitem uma uretrostomia escrotal, a região cranial do pênis em relação ao escroto é
feito uma ligadura temporaria antes do local onde será feita a transecção. Se a condição
requer uma amputação maior, o corpo do pênis é exposto com dissecção romba e afiada
para um nível adequado antes da ligadura temporaria. O corpo do pênis é então
seccionado e removido. A ligadura temporária é removida, e os vasos são ligados com fio
absorvível 4-0. Se o corpo do pênis restante for suficiente, uma uretrostomia escrotal é
realizada. Se o corpo do pênis restante é curto, um uretrostomia perineal pode ser formado
com o remanescente peniano. Depois da ligadura, o pênis é cortado em um ângulo de 45
graus dorsoventralmente em preparação para uretrostomia perineal. Na uretra perineal é
feita uma incisão ao longo de sua linha média dorsal e suturada em pontos simples na
pele com fio monofilamentar absorvível ou não absorvível. A incisão é fechada como de
rotina.
Figura 3920: A, é feita a incisão de pele em torno dos lados ou base do
prepúcio e escroto. B, o pénis é separado do corpo, e o seu fornecimento
de sangue é temporariamente fechado com uma ligadura ou torniquete
proximal ao local da secção proposto. O corpo do pênis é drasticamente
cortado. C, Após a hemostasia, a túnica albugínea é suturada ao pênis
seccionado. D-E, a uretrostomia é realizada, e o defeito da pele restante
suturado.

Considerações pós-operatórias
As principais complicações pós cirúrgicas da penectomia são hemorragia,
deiscência de sutura, estenose uretral, recidivas tumorais locais e aparecimento de miíase
na região da síntese cutânea também é relatado devido à negligência do cuidado da ferida
cirúrgica.

6. PENECTOMIA E URETROSTOMIA PERINEAL EM GATOS:

É a remoção do pênis e alargamento permanente da abertura da uretra que pode


ser recomendada em gatos machos com obstrução urinária recorrente por cálculos ou
plugs de muco. A penectomia e uretrostomia perineal também é indicada para a obstrução
total, lesões uretrais distais irreparáveis, ou neoplasia. O tratamento conservador deve ser
tentado antes da cirurgia porque este procedimento acaba aumentando o risco de cistite
bacteriana em gatos com doença do trato urinário inferior. O tratamento cirúrgico não
impede o aparecimento de outras manifestações clínicas da doença do trato urinário
inferior e dos fatores desencadeantes dessa enfermidade sendo um procedimento mais
paliativo do que curativo.
Manejo pré-operatório
Gatos com obstrução uretral podem apresentar disúria, estrangúria, dor abdominal
e letargia. Se a obstrução for completa, eles desenvolvem uremia, acidose,
hiperfosfatemia, hipercalemia e bradicardia, podendo vir a óbito. O tratamento inicial
deve se concentrar em aliviar a obstrução e fornecer fluidos intravenosos para corrigir os
distúrbios eletrolíticos e de desidratação. Para aliviar a uretra peniana, caso a obstrução
não possa ser aliviada por sondagem, a bexiga deve ser completamente esvaziado por
cistocentese. A cistocentese deve ser realizada com cuidado, uma vez que bexigas
distendidas podem se romper. É importante avaliar a condição clínica do paciente, que
podem necessitar de estabilização previa ou que requerem cistotomia concomitante. Para
a preparação cirurgia, o períneo e base da cauda são tricotomisados, uma bolsa de fumo
é feita no ânus. Se possível, um bloqueio epidural é realizado para proporcionar analgesia
durante e imediatamente após a cirurgia. Os animais podem ser posicionados em decúbito
dorsal com as pernas traseiras puxadas cranialmente caso também seja necessária uma
cistotomia. Se os gatos são colocados na posição perineal, a borda da mesa deve ser
acolchoada e o peito do gato deve ser elevado para reduzir a pressão sobre o diafragma.

Cirurgia
Se o gato é inteiro a castração pode ser efetuada rotineiramente através de incisões
escrotais ou depois da incisão inicial é feita perirretal. O corpo do pênis, que está ligado
à pelve pelo ligamento peniano ventral, uretral isquiático e músculo isquiocavernoso,
deve ser completamente souto para prevenir estenose pós-operatória. Dissecação dorsal,
cranial e lateral para estes músculos devem ser evitadas para reduzir o risco de
incontinência fecal ou urinária secundária a lesão do nervo pudendo. A uretra deve ser
aberta ao nível das glândulas bulbouretrais. Estas glândulas podem ser difíceis de
visualizar durante a dissecção, no entanto, o diâmetro do óstio deve ser testado com uma
pinça hemostática fechada ou a sonda uretral número 5 a 8, como descrito abaixo. A
aproximação uretrocutânea é realizada com fio monofilamentar absorvível 4-0 ou 5-0.
Porta-agulha, pinças anatômicas, e tesouras são usadas para a manipulação de tecidos
uretrais. A mucosa da uretra deve ser incluída em cada passada da sutura, muitas vezes
se retrai para longe da borda de corte do corpo do pênis. Se uma cistotomia é realizada
simultaneamente, uma sonda uretral pode ser avançada de forma retrógrada para a
uretrostomia. Em gatos com sobrepeso, peças elípticas de pele e gordura subcutânea
adjacente pode ser removida lateral ao final da uretrostomia para everter as bordas da
abertura.

Técnica cirúrgica: penectomia e uretrostomia perineal em gatos


Faça uma incisão elíptica ao longo da base do escroto e prepúcio. Retraia o
prepúcio e o escroto para longe da lâmina de cada lado da incisão (Figura 40). Depois de
uma incisão através da hipoderme, deve-se usar uma gaze para remover qualquer gordura
anexa ao corpo do pénis (Figura 41) em movimento semelhante ao utilizado para
castração. O músculo retrator do pênis é, por vezes, removido durante esta parte da
dissecção. Palpe entre o corpo do pênis e a pelve para identificar o ligamento peniano
ventral. Seccionar o ligamento com uma tesoura de Metzenbaum (Figura 42).
Gentilmente interromper quaisquer restos ligamentares com pressão digital.
Figura 4021: Incisão ao longo da base do escroto e prepúcio.

Figura 4122: Removendo o tecido subcutâneo com o auxílio de uma gaze.

Figura 4223: Secção do ligamento peniano ventral.

Mover o corpo do pênis lateralmente para identificar o musculo isquiocavernoso


e musculo inquiouretral. Corte as origens dos músculos imediatamente adjacente ao
ísquio (Figura 43). Repita no lado oposto. Palpe a região ventral do corpo do pénis para
verificar que o pénis é livre e móvel a partir da metade caudal do assoalho pélvico (Figura
44). Se ainda estiver presente, elevar e retirar o músculo retrator do pênis do corpo dorsal
do pénis (Figura 45). Faça uma incisão na face dorsal do prepúcio para expor a ponta do
pénis (Figura 46).

Figura 4324: Seccionando os musculos isquiocavernoso e isquiouretral em


suas inserções isquiáticas.

Figura 4425: Palpando entre o corpo do pênis e ísquio para verificar se


todos os anexos foram seccionados.

Figura 45: Removendo o musculo retrator do pênis.


Figura 4626: Incisão do prepúcio para expor a ponta do pênis.

Coloque uma lâmina da tesoura de íris na ponta da uretra e corte a uretra ao longo
da superfície dorsal do corpo peniano (Figura 47) até o nível das glândulas bulbouretrais.
Teste o diâmetro da uretra (Figura 48). A abertura deve ser grande o suficiente para
acomodar uma sonda uretral número 5 ou 8, ou uma pinça hemostática Halsted mosquito
fechada. Pode-se estender a incisão proximalmente (em direção ao ânus) conforme
necessário, para alargar a abertura. Realize as duas primeiras suturas da mucosa uretral
para a pele nas posições 10 e 2h (Figura 49). Pegar sempre a mucosa, que é menos de um
terço do diâmetro da uretra. Para reduzir o risco de trauma na mucosa, passar a agulha na
mucosa e pele separadamente, puxando a agulha através do tecido entre as passadas.

Figura 47: Cortando a uretra com uma tesoura fina até o nível das
glândulas bulbouretrais.
Figura 48: Testando o diâmetro da uretra com uma sonda uretral número
8.

Figura 4927: Suturas aplicadas entre a pele e a mucosa uretral na posição


10 e 2 horas. Note-se que borda da mucosa (setas) retrai dentro do corpo
do pénis.

Coloque a sutura mais dorsal (12 horas). Pegue um pedaço da pele e passe a agulha
através dela. Insira uma pinça hemostática de Halsted mosquito na uretra. Abra a pinça
hemostática dentro da uretra e passe a agulha na mucosa dorsal da uretra (Figura 50). Isto
melhora a visualização da parede dorsal da uretral e impede a inclusão acidental da
mucosa uretral ventral. Depois suture à mucosa uretral a pele de cada lado com um padrão
contínuo simples com fio absorvível, com espaçamento de 1 a 2 mm entre as suturas.
(Figura 51). Continue com a sutura continua até a uretra começar a se estreitar. Ligue
com fio absorvível corpo do pénis distalmente e ampute antes de completar o fechamento
da pele (Figura 52). O final da drenagem é geralmente de 1 a 2 cm de comprimento
(Figura 53). Remova bolsa de fumo no final.
Figura 50: Pinça hemostática dentro da uretra ao colocar a sutura na
posição12 horas.

Figura 51: Sutura da mucosa uretral a pele lateralmente com um padrão


contínuo.

Figura 52: Ligadura do corpo do pénis antes do corte transversal.


Figura 53: Aparência após cistotomia, penectomia e uretrostomia perineal.

Considerações pós-operatórias
Os gatos devem usar um colar elizabetano por pelo menos 7 dias para evitar a
automutilação. Os gatos que foram submetidos a cistotomia simultânea são mantidos em
fluidoterapia intravenosos durante 24 horas.
Complicações precoces ou tardias da penectomia e uretrostomia perineal em gatos
não são incomuns. Entretanto, as complicações com risco de vida são raras. complicações
precoces comuns incluem hemorragia, edema e formação de estenose uretral. Falha de
aposição da mucosa pode permitir inchaço pós-operatório devido ao extravasamento da
urina pelas aberturas na linha de sutura para o tecido subcutâneo, aumentando o edema e
risco de estenose subsequente. Extravasamento de urina no subcutâneo também pode
ocorrer com sonda uretral induzindo lacerações uretrais. Urina extravasada muitas vezes
aparece como hematomas vermelho amarelados irradiando para longe do local da ferida
cirúrgica. Em gatos predispostos a perda de urina subcutânea, pode-se sondar por 2 a 3
dias até haja vedação do sítio cirúrgico. A utilização de sonda uretral é outra forma porem
não recomendada de rotina devido ao risco de infecção ascendente e irritação uretral.
A complicação tardia mais frequente é a doença do trato urinário inferior dos
felinos (DTUIF) que é frequentemente recorrente. Cistite recorrente ocorre após
penectomia e uretrostomia perineal em 17% a 40% dos gatos com DTUIF, por isso
urinálise e cultura periodicamente são recomendadas. Complicações também podem
ocorrer 6 meses após a cirurgia geralmente relacionada a incapacidade de libertar o corpo
do pênis de seus anexos pélvicos ou a não incisão da uretra no nível das glândulas
bulbouretrais. A correção é feita por incisão cuidadosamente em torno do uretrostomia e
dissecação da uretra restante até a pelve, onde os seus anexos são seccionados. Se a uretra
não pode ser encontrada, uma cistotomia é realizada ao mesmo tempo e a uretra é sondada
de forma retrograda. Após a abertura uretral é alargada e suturada como descrito acima.
O resultado é uma abertura muito mais curta do que o uretrostomia perineal original.
Apesar das complicações citadas, em geral os cirurgiões devem selecionar
cuidadosamente os gatos candidatos para esta intervenção cirúrgica, a maioria dos
proprietários estão satisfeitos com o resultado da cirurgia se seus gatos apresentarem boa
qualidade de vida após cirurgia.
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