Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1. ORQUIECTOMIA:
Manejo pré-operatório
Para a preparação cirúrgica é feita a tricotomia da região pré-escrotal, escrotal e
face medial da coxa, com cuidado para não causar trauma no escroto. Logo em seguida
realizar a antissepsia destas regiões citadas.
Cirurgia
A orquiectomia nesta espécie pode ser realizada por técnica aberta ou fechada. A
abordagem pré-escrotal é a mais facilmente executada e a mais comum, mas também
pode-se utilizar a abordagem perineal, porém há dificuldade na exteriorização dos
testículos.
A castração fechada pode ser utilizada em qualquer tamanho de cão com cordão
espermático de diâmetro estreito (inferior a 1 cm). Animais com cordão estreito é feita
dupla ligada com fio monofilamentar absorvível 2-0 ou 3-0. Já em animais com cordão
maior que 5 mm de diâmetro deve-se, por segurança, realizar a ligadura com transfixação.
Coloque a primeira ligadura. Para transfixar a ligadura, use o dedo indicador para
separar as estruturas do cordão e passar a agulha entre o músculo cremaster e os vasos
(Figura 5). Faça dois nós simples de cada lado, em seguida, cerque todo o cordão e efetue
mais quatro nós (Figura 6). Se o cordão for grande, use um nó de cirurgião no primeiro
nó da ligadura circundando toda o cordão. Coloque uma ligadura simples ou uma segunda
ligadura transfixante circundando acima ou abaixo da primeira ligadura, com
espaçamento entre ligaduras de pelo menos 0,5 cm de distância. Prender o cordão alguns
centímetros abaixo do testículo, em seguida, segure o cordão acima das ligaduras com
uma pinça anatômica e seccione o cordão. Abaixe o cordão em direção ao cão e o libere,
inspecionando ao fim para observar a presença ou não de hemorragias. Pressione o
segundo testículo até o local da incisão e incise através da fáscia sobrejacente. Prosseguir
com o segundo testículo como descrito acima.
Feche a incisão com sutura intradérmica ou subcutânea. Para identificar o
subcutâneo, deve-se retrair a pele lateralmente com uma pinça anatômica para visualizar
duas aberturas em forma de anel lateralmente e a uretra, na linha média. Aproximar o
tecido subcutâneo 5-7 mm abaixo da borda da incisão, se desejado, incluir a borda
superficial do septo remanescente. Evite a uretra no meio.
Considerações pós-operatórias
Complicações da orquiectomia incluem auto trauma, edema, hematoma (Figura
11), deiscência e infecção. Edema é comum, especialmente na técnica aberta, e pode ser
limitado por restrição de espaço, compressas frias, e uso de colar elisabetano no pós-
operatório, pequenas hemorragias na maioria das vezes ocorrem a partir de sangramento
de vasos subcutâneos e do septo escrotal. Raramente, uma má ligadura retrai o pedículo
vascular para o abdómen e provoca hemorragia. Pacientes com hemorragia são
monitorados por hematócritos seriados e uma laparotomia exploratória deve ser realizada
se há ameaça a vida do animal. O toque retal é repetido duas semanas após a cirurgia em
cães com hiperplasia prostática benigna. A próstata deve ser sensivelmente menor no
prazo de 15 dias após a castração, praticamente uma redução de 50%.
Manejo Pré-operatório
Na preparação para a cirurgia, os pelos da região escrotal podem ser removidos
por corte suave ou epilação, sendo o segundo método menos traumático que o primeiro.
Os gatos podem ser posicionados em decúbito lateral ou dorsal com as pernas traseiras e
cauda puxadas cranialmente. Logo em seguida realizar a antissepsia da região escrotal.
Cirurgia
A orquiectomia nesta espécie também pode ser realizada pelo método aberto ou
fechado, porém utilizando o próprio cordão espermático para formar nós hemostáticos.
Com a castração aberta, o ducto deferente e os vasos são ligados um ao outro, formando
dois nós quadrados. A falha dessa técnica ocorre quando semi nós são formados,
geralmente porque a tensão é aplicada de forma desigual durante a formação do nó. Com
a castração fechada, o cabo é amarrado a si mesmo em um único nó. A falha desta técnica
geralmente ocorre a partir de aperto insuficiente. Sutura, ligaduras ou hemoclips também
pode ser utilizado para a hemóstase.
As técnicas de orquiectomias abertas em gatos foram testadas e comparadas não
demonstrando diferença significativa entre elas. Entretanto, a técnica dos nós quadrados
utilizando-se o ducto deferente e os vasos espermáticos foi a que se mostrou mais eficaz,
sem quaisquer alterações pós-operatórias importantes e a de mais fácil execução quando
comparada às demais.
Coloque uma pinça hemostática curva embaixo, ao redor e sobre o cabo, mantendo
as pontas apontada para baixo e para o gato. Com a pinça hemostática manobra-se em
torno do cordão espermático com mais facilidade. Para facilitar a amarração do nó,
ajustar-se a posição do cordão de modo a que seja envolvido em torno da pinça
hemostática perto da ponta da pinça (deslizando a pinça hemostática perpendicular ao
cordão) (Figura 13). Seccione o cordão de 1 a 2 mm distante em relação ao nó para
remover o testículo (Figura 14).
Figura 13: A pinça hemostática com ponta curva fechada é deslizada (A), inicia-se a volta em torno da
pinça (B), dando duas voltas (C) mantendo a ponta do cabo para o gato. Deslize a pinça hemostática o mais
próximo possível do gato antes de apertar o cabo perto das pontas da pinça hemostática (D). Fonte: Tobias
(2010).
Para formar um nó, empurre o cordão para fora da pinça hemostática com uma
gaze ou com os dedos (Figura 15). Segure a pinça hemostática paralelamente com o
cordão para facilitar a formação do nó. Antes de soltar a pinça hemostática, aperte o nó:
deslizando-o sobre o cordão espermático (Figura 16). Faça a segunda incisão escrotal
sobre o testículo remanescente e repita os passos anteriores. Segure o escroto entre o
polegar e os primeiros dois dedos e puxe-o caudalmente para ajudar a aproximar as bordas
da lesão. Deixe a ferida aberta.
Figura 15: Formação do nó no cordão espermático após a secção do
testículo.
Com o ducto deferente e os vasos, faça dois nós quadrados (Figura 20)
distribuindo uniformemente a tensão durante a realização dos nós. Seccione distalmente
ao nó. Repita todos os passos para remover o segundo testículo.
Figura 20: Realização dos nós quadrados.
Considerações pós-operatórias
Por se tratar de uma ferida aberta, curativo local e uso do colar elisabetano é
frequentemente recomendado no pós-cirúrgico. Gatos castrados são propensos a
obesidade, e a ingestão calórica deve ser reduzida. Complicações pós-operatórias são
raras. Hemorragia escrotal pode ocorrer se os vasos testiculares forem rasgados durante
a exposição ou o caso haja falha na realização do nó. Se ocorrer durante a cirurgia, a
incisão escrotal no lado afetado pode ser estendida para tentar achar o vaso.
Ocasionalmente, pode ser apreendido às cegas com uma pinça hemostática, mas muitas
vezes o vaso retrai o suficiente não sendo possível a recuperação. Se o sangramento não
for encontrado, deve-se realizar pressão nas regiões do escroto e do anel inguinal durante
5 a 15 minutos. Vasos sem ligadura raramente causam hemorragia intra-abdominal,
porém o hematócrito pode ser monitorado se a hemorragia é uma preocupação. Se anemia
significativa se desenvolver, a hemorragia deve ser localizada através de uma incisão
abdominal e o vaso ligado novamente. É importante o acompanhamento do paciente no
período pós-cirúrgico pois previne incidentes ocasionais decorrentes da intervenção
cirúrgica, corrigindo-os precocemente.
2. ABLAÇÃO ESCROTAL
A ablação escrotal é a remoção total do escroto e pode ser indicada para remoção
de massas, infecção (Figura 21), traumatismo ou em cães idosos que têm escroto pendente
após serem submetidos a orquiectomia.
Figura 2112: Abcesso escrotal em cão.
Manejo pré-operatório
Seguir as mesmas orientações sobre o manejo pré-operatório citados para a
orquiectomia em cães.
Cirurgia
Incisões na pele são feitos ao longo de cada lado da base do escroto. As Incisões
devem ser posicionadas o mais próximo do vértice escrotal, se necessário, para deixar a
pele adequada para a aproximação das bordas, a menos que margens mais amplas sejam
necessárias para a ressecção da lesão. A incisão é continuada através da túnica dartos e
tecido subcutâneo. A hemostasia é cuidadosamente feita, a utilização do eletrocautério é
bastante benéfica. Em animais intactos, os cordões espermáticos são identificados e
dissecados. A castração fechada ou aberta é realizada. O septo escrotal é seccionado e
excesso de pele é removido conforme necessário. A incisão pode ser fechada em três ou
quatro camadas para reduzir a tensão e reduzir o espaço morto. O cuidado na manipulação
dos tecidos é importante para evitar traumas na uretra ou pênis.
3. EPISIOTOMIA
Manejo pré-operatório
A região perineal é tricotomisada ao redor da vulva e ânus. O vestíbulo e a vagina
devem ser lavados com uma diluição de solução anticéptica a base de clorexidine ou iodo
durante a preparação cirúrgica. O animal é colocado numa posição perineal com as pernas
penduradas ao longo da borda da mesa cirúrgica acolchoada e a cauda puxada
cranialmente, com uma bolsa de fumo suturada no ânus, que é coberto durante a
colocação dos panos de campo para diminuir o risco de contaminação.
Cirurgia
A incisão para episiotomia geralmente estende-se desde a comissura dorsal da
vulva para até o início da vagina, através do tubérculo uretral. Antes da incisão nos
tecidos, a abertura vaginal deve ser digitalmente palpada para identificar o limite dorsal.
Isso ajudara a evitar danos acidentais ao ânus. A incisão da pele pode ser feita com uma
lâmina, seguida por secção com tesoura da musculatura subjacente e mucosa.
Alternativamente, pode ser introduzir uma tesoura de Mayo na vulva até que a ponta atinja
a região dorsal, onde todas as camadas de tecidos são cortadas simultaneamente. A
hemorragia pode ser controlada com a utilização de eletro cautério ou pressão. Em cães
de grande porte, pinças de Doyen podem ser colocadas ao longo das bordas do corte dos
lábios para reduzir o sangramento. Massas vaginais ou tecido prolapsados geralmente são
removidos com um corte e sutura.
Figura 26: Secção dos restantes das camadas com uma tesoura.
Considerações pós-operatórias
As complicações mais comuns são inchaço e desconforto. Os animais devem usar
colar elisabetano durante 7 a 10 dias para evitar auto traumas. Outras complicações são
raras e provavelmente relacionadas com a condição clínica subjacente. Como a maioria
dos tumores vaginais são tumores benignos de tecido fibroso, a recorrência é improvável
com a excisão com margem cirúrgica adequada.
4. EPISIOPLATIA
Manejo pré-operatório
A piodermite de dobra de pele deve ser tratada antes do procedimento cirúrgico,
nesses pacientes, a cirurgia deve ser adiada até que a pele seja melhorada. Amostras de
urina e de secreções vaginais são obtidas para cultura. Raspado e citologia de pele devem
ser realizados para determinar se o animal tem uma doença parasitaria, bacteriana ou
fungica local ou generalizada. Estafilococos coagulase positiva é a bactéria mais comum
presente em dermatite de dobra da pele. Se os antibióticos não forem administrados antes
do procedimento, devem ser administrados por via intravenosa após a indução anestésica
e novamente 2 a 6 horas mais tarde. Os antibióticos são normalmente administrados
durante pelo menos 7 dias após a cirurgia em cães com dermatite. Se possível, um
bloqueio epidural é realizado para proporcionar analgesia durante e imediatamente após
a cirurgia. Uma bolsa de fumo é colocada no ânus para limitar a contaminação. A vulva
e região perineal é tricotomisada e preparada, incluindo também a região da base da
cauda. O animal é colocado numa posição perineal com as pernas penduradas ao longo
da borda da mesa cirúrgica acolchoada e a cauda puxada cranialmente.
Cirurgia
A quantidade de pele a ser removido pode ser estimada por compreender as dobras
de pele dorsal e lateral da vulva quando estendidas com os dedos (Figura 31). A
quantidade de pele apreendida com os dedos deve ser aumentada gradualmente até que a
vulva seja reposicionada na posição caudal e ligeiramente dorsal. Os locais de incisão de
pele propostos podem ser marcados com um marcador estéril ou a pele pode ser esmagada
com pinça Allis para a realização da marcação. Após a incisão, a pele incisada é libertada
de seus anexos subcutâneos com uma combinação de dissecção romba e afiada. Na linha
média dorsal, a dissecção deve proceder com cautela, uma vez que a parede vestibular é
superficial neste local. Lateral ao vestíbulo, a gordura pode ser ressecada ou deixada no
local. O fechamento subcutâneo é opcional, mas é recomendado em animais com
excessiva pele perivulvar, ressecção traumática da gordura ou tensão na linha de incisão.
A pele é suturada com pontos interrompidos com fio monofilamentar não absorvível 3-0.
Técnica cirúrgica: episioplastia
Segure as dobras da pele com os dedos até que a vulva seja exposta e não fique
mais recuada (Figura 32).
Figura 36: Local das primeiras três suturas na posição 10, 12 e 2 horas
(pinças). Nota-se que a ressecção da pele estende-se ao nível da comissura
ventral vulvar.
Considerações pós-operatórias
Para evitar a auto trauma, o animal deve usar colar elizabetano até a cicatrização
completa da pele. A dermatite deve ser tratada com medicamentos tópicos. A redução de
peso deve ser instituída em animais obesos. As complicações esperadas podem incluir
edema, hematomas, deiscência, e recorrência dos sinais clínicos. Deiscência geralmente
ocorre a partir de auto trauma. Animais com suturas perineais tendem a esfregar o local
da cirurgia em móveis e tapetes. Os sinais clínicos podem reaparecer com a remoção da
pele insuficiente ou obesidade progressiva. Quando o procedimento é realizado de forma
adequada, no entanto, quase todos os cães com vaginite e infecções do trato urinário
recorrente têm resolução dos sinais. Resolve apenas em casos que a retenção urinária é
secundária à obstrução vulvar pelas dobras perivulvares. O acumulo de urina pode
persistir se a estenose vaginal ou vestibulovaginal é presente.
5. PENECTOMIA EM CÃO:
Manejo pré-operatório:
Para a preparação cirúrgica é feita a tricotomia da região abdominal ventral, a
cavidade prepucial é lavada com uma diluição de solução anticéptica a base de clorexidine
ou iodo. A uretra deve ser sondada.
Considerações pós-operatórias
As principais complicações pós cirúrgicas da penectomia são hemorragia,
deiscência de sutura, estenose uretral, recidivas tumorais locais e aparecimento de miíase
na região da síntese cutânea também é relatado devido à negligência do cuidado da ferida
cirúrgica.
Cirurgia
Se o gato é inteiro a castração pode ser efetuada rotineiramente através de incisões
escrotais ou depois da incisão inicial é feita perirretal. O corpo do pênis, que está ligado
à pelve pelo ligamento peniano ventral, uretral isquiático e músculo isquiocavernoso,
deve ser completamente souto para prevenir estenose pós-operatória. Dissecação dorsal,
cranial e lateral para estes músculos devem ser evitadas para reduzir o risco de
incontinência fecal ou urinária secundária a lesão do nervo pudendo. A uretra deve ser
aberta ao nível das glândulas bulbouretrais. Estas glândulas podem ser difíceis de
visualizar durante a dissecção, no entanto, o diâmetro do óstio deve ser testado com uma
pinça hemostática fechada ou a sonda uretral número 5 a 8, como descrito abaixo. A
aproximação uretrocutânea é realizada com fio monofilamentar absorvível 4-0 ou 5-0.
Porta-agulha, pinças anatômicas, e tesouras são usadas para a manipulação de tecidos
uretrais. A mucosa da uretra deve ser incluída em cada passada da sutura, muitas vezes
se retrai para longe da borda de corte do corpo do pênis. Se uma cistotomia é realizada
simultaneamente, uma sonda uretral pode ser avançada de forma retrógrada para a
uretrostomia. Em gatos com sobrepeso, peças elípticas de pele e gordura subcutânea
adjacente pode ser removida lateral ao final da uretrostomia para everter as bordas da
abertura.
Coloque uma lâmina da tesoura de íris na ponta da uretra e corte a uretra ao longo
da superfície dorsal do corpo peniano (Figura 47) até o nível das glândulas bulbouretrais.
Teste o diâmetro da uretra (Figura 48). A abertura deve ser grande o suficiente para
acomodar uma sonda uretral número 5 ou 8, ou uma pinça hemostática Halsted mosquito
fechada. Pode-se estender a incisão proximalmente (em direção ao ânus) conforme
necessário, para alargar a abertura. Realize as duas primeiras suturas da mucosa uretral
para a pele nas posições 10 e 2h (Figura 49). Pegar sempre a mucosa, que é menos de um
terço do diâmetro da uretra. Para reduzir o risco de trauma na mucosa, passar a agulha na
mucosa e pele separadamente, puxando a agulha através do tecido entre as passadas.
Figura 47: Cortando a uretra com uma tesoura fina até o nível das
glândulas bulbouretrais.
Figura 48: Testando o diâmetro da uretra com uma sonda uretral número
8.
Coloque a sutura mais dorsal (12 horas). Pegue um pedaço da pele e passe a agulha
através dela. Insira uma pinça hemostática de Halsted mosquito na uretra. Abra a pinça
hemostática dentro da uretra e passe a agulha na mucosa dorsal da uretra (Figura 50). Isto
melhora a visualização da parede dorsal da uretral e impede a inclusão acidental da
mucosa uretral ventral. Depois suture à mucosa uretral a pele de cada lado com um padrão
contínuo simples com fio absorvível, com espaçamento de 1 a 2 mm entre as suturas.
(Figura 51). Continue com a sutura continua até a uretra começar a se estreitar. Ligue
com fio absorvível corpo do pénis distalmente e ampute antes de completar o fechamento
da pele (Figura 52). O final da drenagem é geralmente de 1 a 2 cm de comprimento
(Figura 53). Remova bolsa de fumo no final.
Figura 50: Pinça hemostática dentro da uretra ao colocar a sutura na
posição12 horas.
Considerações pós-operatórias
Os gatos devem usar um colar elizabetano por pelo menos 7 dias para evitar a
automutilação. Os gatos que foram submetidos a cistotomia simultânea são mantidos em
fluidoterapia intravenosos durante 24 horas.
Complicações precoces ou tardias da penectomia e uretrostomia perineal em gatos
não são incomuns. Entretanto, as complicações com risco de vida são raras. complicações
precoces comuns incluem hemorragia, edema e formação de estenose uretral. Falha de
aposição da mucosa pode permitir inchaço pós-operatório devido ao extravasamento da
urina pelas aberturas na linha de sutura para o tecido subcutâneo, aumentando o edema e
risco de estenose subsequente. Extravasamento de urina no subcutâneo também pode
ocorrer com sonda uretral induzindo lacerações uretrais. Urina extravasada muitas vezes
aparece como hematomas vermelho amarelados irradiando para longe do local da ferida
cirúrgica. Em gatos predispostos a perda de urina subcutânea, pode-se sondar por 2 a 3
dias até haja vedação do sítio cirúrgico. A utilização de sonda uretral é outra forma porem
não recomendada de rotina devido ao risco de infecção ascendente e irritação uretral.
A complicação tardia mais frequente é a doença do trato urinário inferior dos
felinos (DTUIF) que é frequentemente recorrente. Cistite recorrente ocorre após
penectomia e uretrostomia perineal em 17% a 40% dos gatos com DTUIF, por isso
urinálise e cultura periodicamente são recomendadas. Complicações também podem
ocorrer 6 meses após a cirurgia geralmente relacionada a incapacidade de libertar o corpo
do pênis de seus anexos pélvicos ou a não incisão da uretra no nível das glândulas
bulbouretrais. A correção é feita por incisão cuidadosamente em torno do uretrostomia e
dissecação da uretra restante até a pelve, onde os seus anexos são seccionados. Se a uretra
não pode ser encontrada, uma cistotomia é realizada ao mesmo tempo e a uretra é sondada
de forma retrograda. Após a abertura uretral é alargada e suturada como descrito acima.
O resultado é uma abertura muito mais curta do que o uretrostomia perineal original.
Apesar das complicações citadas, em geral os cirurgiões devem selecionar
cuidadosamente os gatos candidatos para esta intervenção cirúrgica, a maioria dos
proprietários estão satisfeitos com o resultado da cirurgia se seus gatos apresentarem boa
qualidade de vida após cirurgia.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BURROW, R.D.; GREGORY, S.P.; GIEJDA, A.A.; WHITE, R.N. Penile amputation
and scrotal urethrostomy in 18 dogs. Veterinary Record, p. vetrec100039, 2011.
LIMA, E. R.; REIS, J. C.; ALMEIDA, E. L.; TEIXEIRA, M. N.; RÊGO, E. W.;
CARNEIRO, A. S.; BEZERRA, J. V.; FREITAS, A. A. Avaliação clínica e laboratorial
em gatos domésticos com doença do trato urinário inferior submetidos a uretrostomia.
Ciência Veterinária. Trop., Recife, PE, v. 10, n. 2/3, p. 62-73, 2007.
SLATER, D. Manual de cirurgia de pequenos animais. 2.ed. São Paulo: Manole, 2007.
TOBIAS, K.M. Manual of small animal soft tissue surgery. John Wiley & Sons, 2011.
TOBIAS, K.M.; JOHNSTON, S.A. Veterinary Surgery: Small Animal: 2-Volume Set.
Elsevier Health Sciences, 2013.