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5º período
Módulo III
Objetivos específicos:
01. Diferenciar as dispepsias funcionais da doença ulcerosa do tubo digestório (quadro clínico
e mecanismo de lesão).
Estudos sorológicos demonstraram que a prevalência de infecção por H. pylori aumenta com a
idade e é maior nos países em desenvolvimento. Em países desenvolvidos, ela ocorre após os três
ou cinco anos de idade; já em países em desenvolvimento, crianças com menos de um ano podem
estar contaminadas. A colonização por esta bactéria é virtualmente sempre associada à gastrite ativa
crônica, a qual persiste enquanto o indivíduo permanecer colonizado e apenas desaparece
lentamente dentro de 6 a 24 meses após a erradicação do H. pylori. Em países em desenvolvimento
e entre a primeira geração dos imigrantes destes países ao mundo ocidental, a prevalência da
gastrite causada por H. pylori é muito alta (geralmente> 80%) em todos os grupos etários, incluindo
crianças. A infecção pelo H pylori é assintomática ou com manifestações clínicas inespecíficas, em
sua maioria. Após a infecção primária, os indivíduos infectados poderão apresentar gastrite aguda
com náuseas, vômitos pirose e má digestão, que evoluem para a gastrite crônica, com sensação de
estufamento, dor no estômago, queimação, enjoo, vomito e fezes com sangue. São vários os
mecanismos através dos quais a H. pylori (HP) contribui para a formação das úlceras, como o
aumento da secreção ácida, metaplasia gástrica, tipo de estirpe bacteriana, resposta imune e
mecanismos de defesa do hospedeiro.
A relação da infecção por H. pylori e o desenvolvimento de neoplasia digestiva alta está fortemente
relacionada a fatores ambientais como dieta, duração e idade em que foi contraída a infecção,
virulência das cepas dos microorganismos e fatores inerentes ao hospedeiro. Há maior risco de
desenvolver a neoplasia quando à infecção pelas cepas CagA do H. pylori. Diante de uma infecção
por H. pylori, ocorrem alterações gástricas fisiológicasm como descritas no objetivo 2, assim,
gerando uma metaplasia gástrica podendo evoluir para neoplasia gástrica. Quanto à metaplasia
gástrica, ela surge devido a persistência da hiperacidez quando o PH < 2,5, junto a diminuição da
secreção de bicarbonato pela mucosa duodenal proximal. Devido a ação da gastrina e de citocinas
inflamatórias, diante de uma infecção por HP, também ocorre aumento da ativação do fator de
crescimento epidérmico (EGF) e do TGFα (potentes inibidores da secreção de ácido e estimuladores
do crescimento da mucosa), além disso as proteases ficam livres e degradam glicoproteínas do
muco, desprotegendo mais a mucosa, fatos esses que param de acontecer quando a bactérias é
erradicada. Além disso, fatores genéticos podem estar associados a maior suscetibilidade individual
de desenvolver ulcera, por possuírem uma massa de células parietais intrinsecamente superior (pela
ação trófica da gastrina) e maior sensibilidade à gastrina. Por fim, fatores associados ao hospedeiro
podem determinar a resposta à infeção e influenciar a evolução da doença. Um estudo verificou que
o alelo DQA1*0102 seria responsável pela resistência à gastrite atrófica e adenocarcinoma gástrico.
A sua presença parece proteger contra estas condições, enquanto a sua ausência é um fator de risco
para o seu desenvolvimento.
INDICAÇÕES: úlcera gastroduodenal, ativa ou cicatrizada; linfoma malt de baixo grau; pós-
cirurgia para câncer gástrico avançado, em pacientes submetidos a gastrectomia parcial; pós-
ressecção de câncer gástrico precoce (endoscópica ou cirúrgica); gastrite histológica intensa; outras
situações; pacientes de risco para úlcera/complicações que utilizarão aines; pacientes com história
prévia de úlcera ou hemorragia digestiva alta (hda) que deverão usar aines inibidores específicos ou
não da cox-2; indivíduos de risco para câncer gástrico; pacientes de risco para úlcera ou
complicações que deverão usar cronicamente derivados do ácido acetil salicílico (aas), mesmo em
doses baixas.
05. Caracterizar a doença ulcerosa do tubo digestivo, sua fisiopatolgogia e os quadros clínicos
mais comuns.
A úlcera no estômago é formada quando ocorrem alterações dos mecanismos de defesa que
protegem as paredes do estômago ou do duodeno contra o ácido gástrico presente ali, e em geral
esta é uma complicação ou agravamento de uma gastrite previamente existente. As células do
estômago produzem muco, uma espécie de substância gelatinosa, que recobre sua parede e é um dos
principais mecanismos protetores, outros fatores protetores são a secreção de bicarbonato (que
neutraliza o ácido) e a descamação constante da mucosa gástrica.
O sintoma mais comum é a dor, geralmente em queimação, não muito intensa, localizada na região
do estômago. A dor dura semanas e apresenta uma ritmicidade, que não é exclusiva de cada tipo de
úlcera, como dor que começa 2-3 horas após a alimentação, e à noite que melhora com o uso de
antiácidos e com a ingestão de alimentos. Esse tipo de dor está mais associado à úlcera de duodeno.
Dor que piora ou é desencadeada quando o paciente se alimenta. Esse tipo é mais comum na úlcera
de estômago.
06. Citar as principais causas envolvidas com o abdome agudo perfurativo não traumático.
Sua etiologia é variada e podem ser decorrentes de processos inflamatórios (úlcera péptica e
diverticulite), neoplásicos, infecciosos, ingestão de corpo estranho, traumatismos e iatrogênicas. A
mortalidade pode chegar a 10%. Principais etiologias : Esôfago – iatrogenias (dilatações
endoscópicas de estenoses pépticas ou da acalasia) , síndrome Boerhaave (acomete o esôfago distal
intratorácico, raramente leva a abdome agudo), corpo estranho e neoplasias; Estômago e duodeno –
úlcera crônica, úlcera aguda (uso de medicamentos, bebida álcoolica), neoplasia e corpo estranho;
Intestino delgado- doença inflamatória, tuberculose, crohn, febre tifóide, Enterite inespecífica,
divertículo de Meckel, isquemia e necrose e corpo estranho e Colo – Divertículo, neoplasia, doença
inflamatória, megacolo tóxico, isquemia e necrose, corpo estranho e Sindrome de Ogilvie.
07. Caracterizar a semiologia/manifestações clínicas e o diagnóstico de abdome agudo
perfurativo não-traumático.
Quadrante superior direito: hepatite aguda, pancreatite aguda, colangite, colecistite aguda,
colelitíase, úlcera duodenal, abscesso hepático, hepatopatia com ICC, herpes zoster, IAM,
pericardite, apendicite retrocecal e pneumonia. Quadrante superior esquerdo: pancreatite aguda,
úlcera duodenal, úlcera gástrica, IAM, pericardite, pneumonia, abscesso esplênico, infarto esplênico
e ruptura esplênico. Quadrante inferior direito: apendicite aguda, obstrução intestinal, diverticulite,
gravidez ectópica, endometriose, hérnia, doença intestinal inflamatória, síndrome do cólon irritável,
litíase renal, adenite mesentérica, diverticulite de Merckel, torsão de ovário, doença inflamatória
pélvica, abscesso tubo-ovariano e abscesso de psoas. Quadrante inferior esquerdo: obstrução
intestinal, diverticulite, gravidez ectópica, endometriose, hérnia, adenite mesentérica, litíase renal,
doença intestinal inflamatória, torsão de ovário, doença inflamatória pélvica, abscesso tubo-
ovariano e abscesso de psoas. Difusa: pancreatite aguda, obstrução intestinal, dissecção da aorta,
apendicite aguda, infarto mesentérico, ruptura de aneurisma da aorta abdominal, crise falcêmica.
Os antiácidos são substâncias de natureza básica, que atuam neutralizando o ácido secretado pelas
células parietais do estômago. São utilizados principalmente em tratamentos de episódios curtos e
autolimitados de hiperacidez e como adjuvantes da terapia no tratamento em longo prazo de úlceras
pépticas e de refluxo gastresofágico. A classe terapêutica dos antiácidos é composta
fundamentalmente por bicarbonato de sódio, carbonato de cálcio, compostos básicos de alumínio e
de magnésio. Estes diferem significativamente entre si quanto à potência, taxa de absorção, tempo
de ação, efeitos secundários, complicações sistêmicas e interações medicamentosas. Já os inibidores
da bomba de prótons (IBPs), são medicamentos que inibem a enzima H+, K+¬, ATPase (ou bomba
de prótons) realizando a supressão ácida gástrica.
Estenose pilórica: são causadas por complicações de úlceras gástricas, úlceras de estômago,
inflamação repetida com ulceração, especialmente não submetidos a tratamento, primeiro leva ao
edema e espasmos da parede do estômago e, em seguida, para a formação de estenose cicatricial e
retardar a passagem da comida a partir do estômago para as peças iniciais do intestino delgado, de
forma mais rara hemorragias e úlcera gástrica perfurada ou úlcera duodenal (o que é típico para a
estenose do piloro pós-operatória), cancro gástrico e outros tumores desta localização. Há
estreitamento segmentar da junção esofagogástrica, que pode acompanhar-se de saculações,
pseudodivertículos regionais e dilatação à montante, pode alcançar até 4,0 cm de extensão
longitudinal e reduzir a luz do esôfago para poucos milímetros. Como resultado, o estômago se
torna sucos digestivos completos e massas alimentares, compensada pelo aumento da contração
muscular de suas paredes e hiperplasia de miócitos. Gradualmente desenvolve hipertrofia e estenose
pilórica, em que ocorre um estreitamento do piloro, e o retardamento do esvaziamento gástrico,
assim, o organismo faz um mecanismo para compensar a estenose, o peristaltismo se enfraquece e
piora a congestão. O paciente apresenta vômitos que levam a perda de grandes quantidades de
nutrientes líquidos e eletrólitos, podendo levar a uma alcalose metabólica, desequilíbrio eletrolítico
e distúrbios do metabolismo de proteínas. Diante da perda de potássio pode ocorrer fraqueza
muscular, paralisia do diafragma e miocárdio, podendo gerar parada cardíaca e respiratória, já
hipocalcemia pode gerar convulsões. No entanto tem diminuído sua incidência devido a tratamentos
anti-ulcera inibidores da bomba de protões, bloqueadores de receptores de histamina H2). O
diagnóstico causal geralmente pode ser definido apenas com a anamnese, a esofagografia contribui
muito para definir o grau de estenose, localização, presença de tortuosidade e escolha do tipo de
dilatador a ser empregado, sendo geralmente considerado como o exame inicial; a endoscopia
digestiva alta é imprescindível, pois avalia a mucosa da região afetada, exclui estenoses malignas e
possibilita a realização de biopsias (sempre devem ser feitas). A ecoendoscopia raramente é
necessária nas estenoses benignas, mas a esofagomanometria deve ser utilizada em casos que se
quer saber se houve acometimento motor do órgão, por exemplo nas estenoses caústicas profundas.
O tratamento nas formas com estenose intensa e/ou extensa, associadas a distúrbios motores
importantes, como acalásia e esclerose sistêmica, deve-se considerar a indicação de esofagectomia,
porém pacientes em boas condições clínicas, com estenose péptica, devem ser conduzidos
inicialmente com tratamento clínico (para redução do processo inflamatório).
Acredita-se que o uso crônico de altas doses de fármacos inibidores da bomba de prótons afeta a
absorção de cálcio, magnésio e vitamina B12, já que o ácido facilita a assimilação e a ionização de
formas menos solúveis de dieta, e a liberação da vitamina B12 do seu estado ligado à proteína
depende da acidez gástrica. Um dos mecanismos de defesa contra microorganismos patogênicos
colonizadores do estômago e intestino é justamente sua inativação pela acidez gástrica, sendo assim
há mudança na microflora quando há alteração do ácido gástrico, então com a sua diminuição
resultante da utilização destes medicamentos, há a possibilidade de que ocorra uma proliferação
bacteriana aumentando a incidência de pneumonia tanto em pacientes internados como em
pacientes ambulatoriais.
Muitas vezes quando nos automedicamos, sem ter o pleno conhecimento dos mecanismos de ação
de cada medicamento, ou mesmo sem ter a certeza da real causa de nossos problemas de saúde,
acabamos mascarando e não tratando/ eliminando o agente causador e muitas vezes a longo prazo
essa condição clinica piora podendo levar a sequelas importantes ou até mesmo a morte. Além
disso, a procura tardia ao médico ou a falta de adesão ao tratamento pode estar relacionada a fatores
como o alto custo da medicação e consultas, atuomedciação (utilização de medicação que sobrou ou
que um conhecido usou e deu certo), falta de informação e compreensão clara feita pelo
profissional, entre outros, causando um fracasso terapêutico e consequente agravamento da doença,
piora na qualidade de vida e até surgimento de resistências bacterianas (um dos riscos mais graves
da não adesão aos tratamentos medicamentos) causadas entre outros fatores por superdosagem,
antibiótico inespecífico ou a interrupção do mesmo, devido a melhoras dos sintomas.