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Patologia II (Órgãos e Sistemas)

Fisioterapia

Prof. Me. Luiz Francisley de Paiva


2023
Trato Gastrointestinal II - Estômago
Introdução

 O estômago é dividido em
quatro grandes regiões
anatômicas:

1. Cárdia;
2. Fundo;
3. Corpo; e
4. Antro.
Introdução
 A cárdia está revestida principalmente por células foveolares
(Células do colo) secretoras de mucina que formam glândulas
superficiais.

 As glândulas antrais são semelhantes, mas também contêm


células endócrinas, como células G, que liberam gastrina para
estimular a secreção de ácido luminal pelas células parietais
dentro do fundo gástrico e do corpo.

 As glândulas bem desenvolvidas do corpo e fundo também contêm


células principais que produzem e secretam enzimas digestivas
como a pepsina.
Doença inflamatória do estômago
Doença inflamatória do estômago

1. Gastrite Aguda

 A gastrite aguda é um processo inflamatório transitório da mucosa


que pode ser assintomático ou provocar graus variáveis de dor
epigástrica, náuseas e vômitos.

 Em casos mais graves pode haver erosão da mucosa, ulceração,


hemorragia, hematêmese, melena ou, raramente, perda maciça de
sangue.
Doença inflamatória do estômago

 A luz gástrica é fortemente ácida, com pH próximo de 1 (mais de


um milhão de vezes mais ácida do que o sangue). Esse ambiente
hostil contribui para a digestão, mas também tem o potencial de
danificar a mucosa.

 Múltiplos mecanismos evoluíram para proteger a mucosa gástrica:

1. A mucina secretada pelas células foveolares da superfície forma


uma camada fina de muco que impede que as partículas de
alimentos toquem diretamente o epitélio.
Doença inflamatória do estômago

2. A camada de muco também promove a formação de uma


camada “imperturbável” de líquido sobre o epitélio que protege a
mucosa e tem pH neutro como resultado de secreção de íon de
bicarbonato por células epiteliais da superfície.

3. Finalmente, o rico suprimento vascular para a mucosa gástrica


fornece oxigênio, bicarbonato e nutrientes, enquanto lava o ácido
que difundiu de volta em direção à lâmina própria.
Doença inflamatória do estômago

 A gastrite aguda ou crônica pode ocorrer depois da ruptura de


qualquer um desses mecanismos de proteção. Por exemplo:

 Síntese reduzida de mucina em idosos é sugerida como um fator


que explica a sua maior suscetibilidade à gastrite.

 Fármacos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) podem


interferir na citoproteção normalmente fornecida por
prostaglandinas ou reduzir a secreção de bicarbonato, sendo que
ambos aumentam a suscetibilidade da mucosa gástrica a lesões.
Doença inflamatória do estômago

 A ingestão de substâncias químicas hostis, principalmente ácidos


ou bases, acidentalmente ou como tentativa de suicídio, também
resulta em lesão gástrica grave, predominantemente como
consequência de danos diretos às células epiteliais e estromais da
mucosa.

 A lesão celular direta também está implicada na gastrite devido ao


consumo excessivo de álcool, anti-inflamatórios não esteroides,
radioterapia e quimioterapia.
Doença inflamatória do estômago
Doença inflamatória do estômago

2. Úlcera Péptica Aguda.

 A úlcera péptica aguda é uma condição caracterizada pela


formação repentina de uma ferida ou lesão na mucosa do
estômago ou no duodeno, que é a primeira parte do intestino
delgado.

 Essa condição é conhecida como "péptica" porque a lesão é


frequentemente associada à digestão dos alimentos no ambiente
ácido do trato gastrointestinal.
Doença inflamatória do estômago
Doença inflamatória do estômago
 As causas da úlcera péptica aguda podem incluir:

 Lesões traumáticas: Traumatismos ou lesões diretas na região


abdominal podem resultar em úlceras pépticas agudas.

 Estresse fisiológico: Situações de estresse extremo, como


queimaduras graves, cirurgias, choque ou sepse, podem aumentar a
produção de ácido gástrico e diminuir a proteção da mucosa gástrica,
contribuindo para o desenvolvimento de úlceras pépticas.

 Isquemia: A falta de suprimento sanguíneo adequado para a mucosa


gástrica devido a condições como trombose, embolia ou choque pode
levar à formação de úlceras.
Doença inflamatória do estômago

 A lesão péptica aguda focal é uma complicação bem conhecida da


terapia com AINE, bem como o estresse fisiológico grave. Tais
lesões incluem:

1. Úlceras de estresse, que mais comumente acometem pacientes


criticamente doentes com choque, sepse ou traumatismo grave;

2. Úlceras duodenais, que ocorrem no duodeno proximal


associadas a queimaduras graves ou traumatismos;
Doença inflamatória do estômago

3. Úlceras de Cushing, que surgem


no estômago, duodeno ou esôfago
de pessoas com doença
intracraniana, e têm alta incidência
de perfuração.

Acredita-se que as lesões associadas


a lesão intracraniana sejam causadas
por estimulação direta dos núcleos
vagais, o que causa hipersecreção de
ácido gástrico
Doença inflamatória do estômago

3. Gastrite Crônica.

 A gastrite crônica é uma condição médica que envolve a


inflamação da mucosa do estômago, que é a camada de tecido
que reveste internamente o estômago.

 A inflamação persiste por um período prolongado, geralmente


meses ou anos, e pode causar danos progressivos à mucosa
gástrica.
Doença inflamatória do estômago

 Os sinais e sintomas associados à gastrite crônica geralmente são


menos graves, mas mais persistentes do que os de gastrite aguda.

 Náuseas e desconforto abdominal superior podem ocorrer, às


vezes com vômitos, mas hematêmese é incomum.

 A causa mais comum de gastrite crônica é a infecção com o bacilo


Helicobacter pylori.
Doença inflamatória do estômago

 A gastrite autoimune, a causa mais comum de gastrite atrófica,


representa menos de 10% dos casos de gastrite crónica e é a
forma mais comum de gastrite crônica em pacientes sem infecção
pelo H. pylori.

 As causas menos comuns incluem danos causados pela radiação


e refluxo biliar crônico.
Doença inflamatória do estômago
Doença inflamatória do estômago

 Existem vários tipos de gastrite crônica, com causas variadas. Os


principais tipos incluem:

1. Gastrite crônica tipo A: Também conhecida como gastrite


autoimune. Ocorre quando o sistema imunológico do corpo ataca
as células da mucosa gástrica que produzem ácido gástrico. Isso
pode levar a uma diminuição na produção de ácido gástrico e,
eventualmente, à atrofia das glândulas gástricas.

 A causa exata não é completamente compreendida, mas está


associada a fatores genéticos.
Doença inflamatória do estômago

2. Gastrite crônica tipo B: É causada


pela infecção da bactéria
Helicobacter pylori (H. pylori). Essa é
a forma mais comum de gastrite
crônica e pode aumentar o risco de
úlceras gástricas e câncer de
estômago.
Doença inflamatória do estômago
Doença inflamatória do estômago

3. Gastrite crônica tipo C: Pode ocorrer devido ao uso crônico de


medicamentos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs),
alcoolismo crônico, lesões do trato gastrointestinal ou infecções
virais, como hepatite.
Doença inflamatória do estômago
4. Doença Ulcerosa Péptica

 A Doença Ulcerosa Péptica (DUP), também conhecida como


úlcera péptica ou úlcera gástrica, é uma condição médica
caracterizada pela presença de úlceras ou feridas que se formam
na mucosa do estômago, duodeno ou, em casos menos comuns,
no esôfago.

 Essas úlceras são lesões que podem variar em tamanho e


profundidade, e ocorrem quando o equilíbrio entre as substâncias
que protegem a mucosa gástrica e as que a danificam é
perturbado.
Doença inflamatória do estômago
Doença inflamatória do estômago
 Apesar de mais de 70% dos casos de DUP estarem associados a
infecção por H. pylori, apenas 5-10% das pessoas infectadas por
H. pylori desenvolvem úlceras. É provável que fatores do
hospedeiro, bem como a variação entre as cepas de H. pylori,
determinem os resultados clínicos.

 A hiperacidez gástrica é fundamental para a patogenia da doença


ulcerosa péptica. A acidez que impulsiona a DUP pode ser
causada por infecção por: H. pylori, hiperplasia de células
parietais, respostas secretórias excessivas (aos alimentos) ou
inibição prejudicada de mecanismos estimuladores de ácido
gastrico, como a liberação de gastrina.
Doença inflamatória do estômago
 Cofatores na ulcerogênese péptica incluem o uso crônico de
AINEs, como observado; o tabagismo, que prejudica o fluxo
sanguíneo da mucosa e a cicatrização; e altas doses de
corticosteroides, que suprimem a síntese de prostaglandinas e
prejudicam a cicatrização.

 As úlceras pépticas são mais frequentes em pessoas com cirrose


alcoólica, doença pulmonar obstrutiva crônica, insuficiência renal
crônica e hiperparatireoidismo.

 Finalmente, o estresse psicológico pode aumentar a produção de


ácido gástrico e exacerbar a DUP.
Doença inflamatória do estômago

 A maioria das úlceras pépticas chega à atenção clínica após as


queixas do paciente de dor em queimação ou dor epigástrica,
embora uma fração significativa manifeste complicações, como
anemia ferropriva, franca hemorragia ou perfuração.

 A dor tende a ocorrer 1-3 horas após as refeições, durante o dia, é


pior à noite e aliviada por álcalis ou alimentos.

 Náuseas, vômitos, distensão abdominal e eructações podem estar


presentes. Pode ocorrer cicatrização com ou sem terapia, mas a
tendência para desenvolver úlceras mais tarde continua.
Doença inflamatória do estômago

 Uma variedade de abordagens cirúrgicas anteriormente foi


utilizada para tratar a DUP, mas terapias atuais são destinadas à
erradicação de H. pylori com antibióticos e neutralização do ácido
gástrico, geralmente através do uso de inibidores da bomba de
prótons.

 Esses esforços reduziram acentuadamente a necessidade de


manejo por cirurgia, que é reservada principalmente para o
tratamento de sangramento ou úlceras perfuradas.

 A DUP causa muito mais morbidade que mortalidade.


Doença neoplásica do estômago

1. Pólipos Gástricos

 Os pólipos gástricos são crescimentos anormais que se


desenvolvem na mucosa do estômago, de forma semelhante aos
pólipos que podem ocorrer em outras partes do corpo, como o
intestino. Esses pólipos são geralmente benignos (não
cancerosos), mas em alguns casos, podem se tornar cancerosos
ao longo do tempo.
Doença neoplásica do estômago
Doença neoplásica do estômago

 Os pólipos podem se desenvolver como resultado de hiperplasia


de células epiteliais e estromais (tecido conjuntivo), inflamação,
ectopia ou neoplasia.

 Embora muitos tipos diferentes de pólipos possam ocorrer no


estômago, apenas pólipos hiperplásicos e inflamatórios,
pólipos de glândulas fúndicas e adenomas são aqui
considerados.
Doença neoplásica do estômago

 Pólipos Inflamatórios e
Hiperplásicos: são crescimentos de
tecido que se formam como resultado
de inflamação crônica em um órgão ou
tecido. Esses pólipos não são
considerados pre-cancerosos, o que
significa que não têm um risco
aumentado de se transformar em
câncer.
Doença neoplásica do estômago

 Pólipos de Glândulas Fúndicas: Os pólipos de glândulas


fúndicas ocorrem esporadicamente e em pessoas com polipose
adenomatosa familiar (PAF), mas não têm potencial neoplásico.

 No entanto, vale a pena mencioná-los aqui porque a sua


incidência aumentou acentuadamente como resultado do uso de
inibidores da bomba de prótons. Isso resulta provavelmente da
secreção aumentada de gastrina, em resposta a acidez reduzida e
hiperplasia glandular impulsionada pela gastrina.
Doença neoplásica do estômago
 Os pólipos das glândulas fúndicas
podem ser assintomáticos ou
associados a náuseas, vômitos ou
dor epigástrica.

 Esses pólipos bem circunscritos


ocorrem no corpo gástrico e fundo,
frequentemente são múltiplos e
compostos por glândulas irregulares,
cisticamente dilatadas, revestidas
por células parietais planas e
principais.
Doença neoplásica do estômago

 Adenoma Gástrico: Semelhante a


outras formas de displasia gástrica,
os adenomas quase sempre
ocorrem quando de histórico de
gastrite crônica com atrofia e
metaplasia intestinal. O risco para o
desenvolvimento de
adenocarcinoma em adenomas
gástricos está relacionado com o
tamanho da lesão e é
particularmente elevado com lesões
maiores do que 2 cm de diâmetro.
Doença neoplásica do estômago

2. Adenocarcinoma Gástrico

 O adenocarcinoma é a neoplasia maligna mais comum do estômago,


compreendendo mais de 90% de todos os cânceres gástricos.

 Os primeiros sintomas assemelham-se aos da gastrite crônica,


incluindo dispepsia, disfagia e náuseas. Como resultado, o câncer
frequentemente encontra-se em estágios avançados, quando as
manifestações clínicas, como perda de peso, anorexia, hábitos
intestinais alterados, anemia, hemorragia.
Doença neoplásica do estômago
Doença neoplásica do estômago

3. Linfoma

 O linfoma gástrico, também conhecido como linfoma do estômago, é


uma forma rara de linfoma que se origina no estômago. Linfomas são
cânceres que afetam o sistema linfático, composto por gânglios
linfáticos, tecidos linfoides e linfa, que desempenham um papel
importante no sistema imunológico do corpo.
Doença neoplásica do estômago
Doença neoplásica do estômago

 Existem dois principais tipos de linfoma gástrico:

1. Linfoma Gástrico MALT (Mucosa-Associated Lymphoid Tissue):


Este é o tipo mais comum de linfoma gástrico e geralmente se
desenvolve a partir do tecido linfóide associado à mucosa (MALT)
no estômago.

É muitas vezes associado à infeção crônica por bactéria Helicobacter


pylori. O tratamento geralmente envolve a erradicação da infecção por
Helicobacter pylori, radioterapia e/ou quimioterapia.
Doença neoplásica do estômago

2. Linfoma Difuso de Grandes Células B: Este é um tipo mais


agressivo de linfoma gástrico que se desenvolve a partir de células
B grandes no estômago.

O LDGCB começa nas células B grandes e maduras do sistema


linfático, e essas células se multiplicam de forma descontrolada.

O termo "difuso" se refere ao fato de que o câncer se espalha


amplamente pelo corpo, muitas vezes afetando vários gânglios
linfáticos e órgãos.
Doença neoplásica do estômago

4. Tumor Carcinoide

 Um tumor carcinoide é um tipo raro de tumor neuroendócrino que se


origina nas células neuroendócrinas do trato gastrointestinal ou em
outras áreas do corpo, como os pulmões, o pâncreas e o apêndice.

 Esses tumores são chamados de "carcinoide" devido ao seu


crescimento relativamente mais lento e ao seu comportamento
menos agressivo em comparação com outros tipos de câncer.
Doença neoplásica do estômago

 As células neuroendócrinas que podem ser encontradas no


estômago são chamadas de células enterocromafins, ou células
ECL. Elas são uma subpopulação de células neuroendócrinas que
desempenham um papel importante na regulação da função gástrica,
incluindo a secreção de ácido gástrico.
Doença neoplásica do estômago
5. Tumor Estromal Gastrointestinal

 O tumor estromal gastrointestinal (GIST) é o tumor mesenquimal de


abdome mais comum, e mais de metade desses tumores ocorre no
estômago.

 São pertencentes a uma categoria de câncer conhecida como


sarcoma de partes moles.

 Origina-se nas células marca-passo benignas, também conhecidas


como células intersticiais de Cajal.
Doença neoplásica do estômago
Patologias estudadas
Doença inflamatória do Doença neoplásica do estômago
Estômago
1. Pólipos Gástricos
1. Gastrite Aguda  Pólipos Inflamatórios e Hiperplásicos;
 Pólipos de Glândulas Fúndicas;
 Adenoma Gástrico.
2. Úlcera Péptica Aguda
2. Adenocarcinoma Gástrico
3. Gastrite Crônica
 Gastrite por Helicobacter pylori; 3. Linfoma
 Gastrite Autoimune;
 Gastrite crônica tipo C
4. Tumor Carcinoide

4. Doença Ulcerosa Peptica 5. Tumor Estromal Gastrointestinal


Obrigado!

francisleybiologo@univas.edu.br

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