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agudo
SUMÁRIO
1. DEFINIÇÃO..................................................................................................................... 3
2. FISIOPATOLOGIA E ETIOLOGIAS................................................................................. 5
3. QUADRO CLÍNICO........................................................................................................ 10
4. DIAGNÓSTICO............................................................................................................. 11
5. TRATAMENTO............................................................................................................. 12
REFERÊNCIAS.................................................................................................................. 74
1. DEFINIÇÃO
Nesse resumo abordaremos a definição de abdome agudo e seus principais diag-
nósticos sindrômicos. Os diagnósticos etiológicos serão abordados com mais de-
talhes nos capítulos específicos. O foco desse material está no reconhecimento de
um quadro de abdome agudo e quais exames podem ser solicitados para determinar
diagnóstico e guiar intervenção necessária.
Mas antes de abordar o abdome agudo em si, é preciso revisar conceitos básico, a
dor abdominal pode ser uma queixa desafiadora, porque é frequentemente uma quei-
xa benigna, mas também pode anunciar uma patologia aguda grave, como o abdome
agudo cirúrgico. A história de um paciente com dor abdominal inclui determinar se
a dor é aguda ou crônica e uma descrição detalhada da dor e sintomas associados,
que devem ser interpretados com outros aspectos da história médica. Não há um pe-
ríodo exato que classifique o diagnóstico diferencial infalivelmente se a dor é crônica
ou aguda, a dor de menos de alguns dias de duração que piorou progressivamente
até o momento da apresentação é clasicamente "aguda" e a dor que permanece inal-
terada por meses ou anos pode ser classificada com segurança como crônica.
A dor deve ser caracterizada de acordo com a localização, cronologia, gravidade,
fatores agravantes e atenuantes e sintomas associados. Também é importante ob-
servar se o paciente apresenta episódios recorrentes de dor semelhante, pois isso
pode estreitar o diferencial.
A localização da dor abdominal ajuda a estreitar o diagnóstico diferencial, pois
diferentes síndromes de dor geralmente têm localizações características. Por exem-
plo, a dor envolvendo o fígado ou a árvore biliar geralmente está localizada no qua-
drante superior direito, mas pode irradiar para as costas ou para o epigástrio. Como
a dor hepática ocorre apenas quando a cápsula do fígado é "esticada", a maior parte
da dor no quadrante superior direito está relacionada à árvore biliar. A irradiação da
dor também é importante: a dor da pancreatite classicamente atinge as costas, en-
quanto a cólica renal irradia para a virilha. O início, frequência e duração da dor são
características úteis. A dor da pancreatite pode ser gradual e constante, enquanto a
perfuração e a peritonite resultante começam repentinamente e são máximas desde
o início.
A intensidade da dor geralmente está relacionada à gravidade do distúrbio, espe-
cialmente se for aguda no início. Por exemplo, a dor da cólica biliar ou renal ou da
isquemia mesentérica aguda é de alta intensidade, enquanto a dor da gastroenterite
é menos acentuada. Os sintomas que ocorrem em relação à dor abdominal podem
fornecer informações importantes, sendo de extrema importância questionar ativa-
mente sobre náuseas, vômitos, diarreia, constipação, hematoquezia, melena e alte-
rações nas fezes associadas. Para pacientes com dor no quadrante superior direito
ou preocupação com doença hepática, também perguntamos sobre icterícia e altera-
ções na cor da urina e das fezes.
Abdome agudo 3
Todos os pacientes devem ter sinais vitais e um exame abdominal. Outros exames
físicos dependerão da história. Pacientes com dor abdominal crônica devem passar
por um exame físico completo. Os sinais vitais instáveis são uma indicação de en-
caminhamento imediato para o departamento de emergência. O exame abdominal
inclui inspeção, ausculta, percussão e palpação. Em pacientes com suspeita de dor
abdominal psicogênica, é importante realizar o exame abdominal enquanto o pacien-
te está distraído. Rigidez muscular é um sinal importante e precoce de inflamação
peritoneal, pode ser unilateral em um paciente com uma massa inflamatória focal,
como um abscesso diverticular, ou difusa na peritonite. A defesa geralmente está
ausente com fontes mais profundas de dor, como cólica renal e pancreatite. A sensi-
bilidade a descompressão pode refletir peritonite.
Voltando ao tema propriamente dito, por definição, abdome agudo é um grande
quadro clínico abdominal variável que pode ser dividido em síndromes, sendo cada
uma delas caracterizada por diferentes formas de instalação e progressão a depen-
der da sua etiologia.
Abdome agudo 4
Conceito: A expressão abdome agudo refere-se a sinais e sinto-
mas de dor e sensibilidade abdominal, uma manifestação clínica que, em geral,
requer terapia cirúrgica de emergência.
JOVENS IDOSOS
Doença biliar
Obstrução intestinal
Apendicite aguda
Infarto intestinal
Diverticulite
2. FISIOPATOLOGIA E ETIOLOGIAS
As causas mais comuns de abdome agudo são apendicite aguda, gastroenterite
aguda, síndrome do intestino irritável, várias cólicas e dor na ovulação.
Como dito anteriormente, o abdome agudo pode ser dividido em grandes
síndromes:
Abdome agudo 5
Abdome Agudo Inflamatório
É causada por processo inflamatório e/ou infeccioso em cavidade abdominal, ór-
gãos ou estruturas adjacentes. Costuma cursar com manifestações de peritonite e
alterações de ritmo intestinal. Caracteriza-se por dor de início insidioso e intensidade
progressiva. Pode ser causado por um processo agudo ou pela agudização de uma
doença crônica.
Abdome agudo 6
O diagnóstico de um abdome agudo inflamatório pode ser inferido através de
anamnese e exame físico – exames de imagem e laboratório são uteis para estabe-
lecer o diagnóstico etiológico.
Marcadores inflamatórios.
Amilase e lipase
Elevação do valor em 3x sugere pancreatite aguda
B HCG, dosagem de eletrólitos, creati- Estimar perdas e avaliar outras causas, como doenças
nina, ureia sérica e função hepática renais, causas hepáticas e biliares e gravidez.
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Etiologias comuns: úlcera gastroduodenal, diverticulite, corpos estranhos e
neoplasia.
Figura 4. Radiografia abdominal em decúbito dorsal revelando padrão obstrutivo do intestino delgado.
Fonte: doi: 10.1186/1749-7922-8-37
Abdome agudo 8
Etiologias comuns: embolia e trombose mesentérica com isquemia intestinal, re-
dução do débito cardíaco, gastroenterites.
Figura 5. A - TC coronal com contraste de um trombo oclusivo na VMS (seta branca) estendendo-se
até a confluência portal. B - Imagem axial de TC com contraste demonstra congestão mesentérica
com veias mesentéricas ingurgitadas e vestígios de fluido (seta branca). O intestino delgado está es-
pessado devido à estase venosa e provável isquemia
Fonte: doi: 10.1007/s13244-014-0361-1
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DIAGNÓSTICO
DIAGNÓSTICO ETIOLÓGICO
SINDRÔMICO
Abdome agudo inflamatório Apendicite aguda, colecistite aguda, pancreatite aguda, diverticulite
Abdome agudo obstrutivo Corpo estranho, bridas, hérnias, neoplasias, bolo de áscaris.
Abdome agudo hemorrágico Gravidez ectópica rota, ruptura de aneurisma de aorta, rotura de baço.
3. QUADRO CLÍNICO
A principal característica de um quadro de abdome agudo é a dor abdominal. A
dor possui intensidade e localização variável de acordo com cada etiologia, como
veremos durante o módulo.
Outros sinais/sintomas associados:
DIAGNÓSTICO
OUTROS ACHADOS
SINDRÔMICO
Abdome agudo 10
4. DIAGNÓSTICO
Anamnese
Como já comentado, a dor deve ser analisada de acordo com sua qualidade, quan-
tidade, local e irradiação, início, duração e deslocamento, fatores de melhora e piora
e sintomas e sinais associados.
Atenção especial deve ser dada a: (1) anorexia, náusea ou vômito; (2) micção; (3)
função intestinal; (4) menstruação/contracepção; (5) ingestão de drogas.
Exame físico
A rapidez e objetividade do exame dependem do estado clinico do paciente. Em
pacientes instáveis fazemos uma avaliação rápida e monitorização cardíaca, oxime-
tria de pulso e acesso periférico. Em pacientes estáveis podemos fazer uma avalia-
ção mais completa.
No exame abdominal devemos fazer a inspeção, ausculta, palpação e percus-
são (nessa ordem). Pode se realizar também alguns testes clínicos, como sinal de
Murphy (sinal de sensibilidade peritoneal com colecistite aguda), sinal do iliopsoas e
do obturador.
Os sinais físicos podem ser reduzidos em idosos, grosseiramente obesos, grave-
mente doentes e pacientes em terapia com corticosteroides.
Exames Complementares
EXAMES LABORATORIAIS
Hemograma: anemia com perda sanguínea crônica (por exemplo, úlcera péptica, câncer, esofagite)
Leucograma: leucocitose com apendicite (75%), pancreatite aguda, adenite mesentérica (primeiro dia apenas),
Colecistite (especialmente com Empiema), pielonefrite
Proteína c reativa (PCR): uso no diagnóstico e monitoramento de infecção, inflamação (por exemplo,
pancreática). Preferível para ESR
Amilase e/ou lipase sérica (preferível): valores 3x acima do normal é mais provável que seja pancreatite agu-
da; também se eleva parcialmente com a maioria das lesões intra-abdominais (por exemplo, gravidez ectópica
rota, úlceras pépticas perfuradas, empiema roto de vesícula biliar, aneurisma de aorta roto)
Abdome agudo 11
EXAMES LABORATORIAIS
EXAMES DE IMAGEM
Radiografias com contraste (por exemplo, Gastrografin refeição): diagnóstico de vazamento do intestino
USG: bom para sistema hepatobiliar, rins e pelve feminina. Procurar cálculos biliares; gravidez ectópica;
pseudocistos pancreáticos; aneurisma ou dissecção da aorta; metástases hepáticas e tumores abdominais –
apêndice espessado; coleção paracólica.
Tomografia computadorizada: fornece excelente exame de órgãos abdominais, incluindo massas e coleta de
fluidos, podemos avaliar pancreatite (aguda e crônica); inflamação peritoneal não diagnosticada (melhor) –
trauma; diverticulite; aneurisma da aorta com vazamento; patologia retroperitoneal; apendicite (especialmente
com contraste)
5. TRATAMENTO
O tratamento é dependente da etiologia da dor abdominal. Deve-se verificar sinais
vitais e estabilidade clínica com monitorização para pacientes com condições poten-
cialmente instáveis.
É importante fazer dois acessos calibrosos, com coleta de exames e tipagem san-
guínea, em caso de dor abdominal severa, além da reposição de fluidos.
O objetivo do manejo do abdome agudo, principalmente no departamento de
emergência, é descartar patologias com risco maior para o paciente como o abdome
agudo cirúrgico.
Os pacientes podem receber medicações sintomáticas como analgésicos e an-
tiespasmódicos como a combinação de dipirona e hioscina. Mas em casos de dor
incontrolável, pode ser usada morfina, 0,05 mg/kg a cada 20 minutos até controle
Abdome agudo 12
da dor (cuidado com pacientes com náuseas e vômitos, pois o medicamento pode
piorar esses sintomas podem piorar). Em pacientes com quadros de litíase urinária,
podemos usar anti-inflamatórios.
Há uma menor probabilidade de que a dor abdominal com duração de mais de 48
horas precise de cirurgia em comparação com a dor de menor duração. Um paciente
com patologia cirúrgica aguda pode piorar rapidamente. Dessa maneira, os sintomas
graves persistentes nas primeiras horas requerem uma cuidadosa investigação e
acompanhamento constante. Além disso, pode-se considerar a laparoscopia diag-
nóstica para os pacientes clinicamente estáveis e que não foram submetidos à cirur-
gia por falta de uma causa óbvia.
A laparoscopia diagnóstica pode ser considerada em pacientes selecionados. A
laparoscopia não apenas é uma ferramenta útil para o diagnóstico, mas é cada vez
mais usada como uma modalidade terapêutica de escolha para condições como
apendicite, colecistite, lise de adesão, reparo de hérnia e muitas causas ginecológi-
cas de abdome agudo.
Abdome agudo 13
Qual é a história desse paciente? Ele fez alguma cirurgia? Uma abordagem ci-
rúrgica recente pode predispor bridas. O paciente é do sexo feminino com vida
sexual ativa e pode apresentar uma gravidez ectópica rota ou uma doença infla-
matória pélvica?
Os achados específicos de cada paciente te ajudarão na escolha dos exames
laboratoriais e de imagem para confirmação do diagnóstico etiológico.
Enquanto esse diagnóstico não é definido, o paciente não deve esperar para re-
ceber medidas de conforto e algum sintomático deve ser utilizado. Analgesia é
fundamental, assim como a evolução do paciente. Portanto, acompanhamento
constante.
6.1. Definição
Pode ser definido como quadro de dor abdominal súbito e inesperado, originado
de um processo inflamatório e/ou infeccioso localizado na cavidade abdominal. Em
algumas situações, o quadro apresenta-se com peritonite, sendo mandatório o ma-
nejo cirúrgico nesses casos.
Existem diversas causas de Abdome Agudo Inflamatório (AAI), mas suas princi-
pais etiologias são: apendicite aguda, colecistite aguda, pancreatite aguda e diverti-
culite aguda. Falaremos sobre cada uma adiante.
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6.2. Epidemiologia
Pancreatite
Causa biliar: sexo feminino Diverticulite
Causa alcoólica: sexo > 50 anos
masculino
6.3. Fisiopatologia
A fisiopatologia do AAI baseia-se na extensão do processo inflamatório/ infeccio-
so ao peritônio e às modificações do funcionamento do trânsito intestinal.
Fibras somáticas
Ileo paralitico
cerebroespinais
Dor localizada
Fibras autonômicas
contínua e intensa
Distensão e contração
visceral
Abdome agudo 15
Após instalada a peritonite, a deterioração clínica do indivíduo pode ser rápida,
constituindo sinal de gravidade e mau prognóstico.
FASE INICIAL
Exsudativa Transudativa
Horas de evolução
FASE TARDIA
Presença de
Fibrinopurulenta
abscessos
Dias de evolução
Nas fases iniciais há ainda pouca atividade inflamatória com aumento da efusão
peritoneal e quimiotaxia de células inflamatórias. Já nas fases tardias existe uma
exuberante resposta inflamatória com formação de fibrina, aderências, pus, e, por
fim, fibrose.
6.4. Clínica
CLÍNICA DE AAI
Dor abdominal
Náuseas e vômitos
Febre
Obstipação
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A dor abdominal é o sintoma preponderante no AAI, podendo ser decorrente de
um processo recente, como na apendicite aguda, ou crônico agudizado tal qual nos
casos de colecistite aguda por litíase biliar ou diverticulite por doença diverticular do
cólon. Costumaser progressiva e quando evolui com piora progressiva uma conduta
cirúrgica é necessária na maioria das vezes.
Apendicite Aguda
A apendicite aguda se dá por obstrução do lume apendicular por corpo estranho
ou processo inflamatório.
Febre
Baixa – moderada (38°C)
*Pode estar ausente nas
Náuseas e vômitos fases iniciais
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Relembrando: Ponto de McBurney é um ponto situado entre o umbigo e a espinha
ilíaca ântero-superior.
SINAL DESCRIÇÃO
Sinal de Blumberg Dor à descompressão brusca em fosse ilíaca direita por palpação profunda
Sinal de Rovsing Dor em fosse ilíaca direita por palpação na fossa ilíaca esquerda
Diagnóstico
Apendicite aguda
Anamnese +
Hemograma TC Abdome USG
exame físico
Dúvida Aumento do
Desvio à esquerda diâmetro
em quadros mais diagnóstica
a despeito da do apêndice.
avançados.
USG Exclusão
Leucocitose de causas
discreta Pacientes ginecológicas em
com predomínio obesos mulheres.
de neutrófilos. Sinal do alvo -
aumento
da espessura
das paredes.
Fluxograma 4: Diagnóstico de apendicite aguda.
Fonte: Elaborada pelo autor.
Abdome agudo 18
Figura 7. TC de menino de 13 anos com apendicite complicada. A imagem mostra o apêndice aumen-
tado com coleção de fluido no plano retrorrenal, plano subfascial (seta branca) e plano lateroconal
(seta preta).
Fonte: doi: 10.1186/1749-7922-9-62
Colecistite Aguda
Inflamação química e/ou bacteriana da vesícula biliar. Causas comuns são litíase
vesicular ou colelitíase.
Normalmente se dá por impactação de um cálculo, gerando estase do conteúdo
biliar e, consequentemente, um fluxo retrógrado. A estase desse conteúdo gera fenô-
menos vasculares e inflamatórios.
Abdome agudo 19
Dor abdominal:
cólica, relacionada Localização:
a ingestão de alimentos Hipocôndrio direito
(secreção de > epigástrio
colecistocinina > > dorso.
contração da vesícula *Pode se tornar
biliar) difusa
Náuseas e vômitos
SINAL DESCRIÇÃO
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Diagnóstico - Colecistite
Aguda
Raio-X de Anamnese +
USG de abdome TC de Abdome
abdome exame físico
Identificação de Avaliação de
Visualização de órgãos e
cálculos
dilatação ductal estruturas
radiopacos.
e impactação de adjacentes.
*Não é a melhor
cálculos.
escolha.
Dúvidas
diagnósticas
(diagnóstico de
exclusão)
Fluxograma 6: Diagnóstico - Colecistite Aguda.
Fonte: Adaptado SanarMed.
Figura 8. USG de colecistite aguda, demonstrando edema em vesícula biliar, espessamento de parede,
detritos maciços e compactação de cálculos no ducto cístico.
Fonte: doi: 10.1007/s00534-012-0548-0
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Pancreatite Aguda
Processo inflamatório do pâncreas por ativação enzimática inadequada.
Apresenta um quadro menos bem caracterizado. 80% dos casos estão relacionados
à doença biliar litiásica ou ingestão de álcool, mas outras causas podem ser apre-
sentadas, como trauma e infecções.
Localização:
região epigástrica
Dor: intensa e com irradiação
difusa para dorso (dor
em faixa)
Íleo paralítico:
parada de eliminação
Pancreatite Aguda de fezes e
flatos e redução
dos ruídos
hidroaéreos
Náuseas e vômitos
precoces e volumosos
SINAL DESCRIÇÃO
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Figura 9. Sinal de Cullen.
Fonte: doi: 10.4081/dr.2011.e56
Esses sinais são apresentados em casos severos e após quadro mais tardio e são
evidências de hemorragia retroperitoneal.
Amilase e lipase:
Anamnese +
aumento de 3x o
exame físico
valor de referência
Diagnóstico -
pancreatite aguda.
TC de abdome
Delimitação
do pâncreas e
avaliação das
complicações
Abdome agudo 23
Figura 10. TC mostrando pancreatite aguda.
Fonte: doi: 10.1186/s12893-017-0204-3
GRAU PONTOS
A – Pâncreas normal 0
B – Pâncreas aumentado 1
NECROSE
Sem necrose 0
Abdome agudo 24
CRITÉRIOS DE GRAVIDADE DE BALTHAZAR
0-3 8 3
4-6 35 6
7-10 92 17
Abdome agudo 25
SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DE GRAVIDADE APACHE II
A 4 3 2 1 0 1 2 3 4
T retal (ºc) > 40,9 39-40,9 38,5-38,9 36-38,4 34-35,9 32-33,9 30-31,9 <30
Na (mmol/l) > 179 160-179 155-159 150-15 130-149 120-129 111-119 < 111
K (mmol/l) > 6,9 6,0-6,9 5,5-5,9 3,5-5,4 3,0-3,4 2,5-2,9 < 2,5
Idade em anos
Avaliação da abertura ocular/ Avaliação da resposta verbal/ Avaliação da resposta motora < 45 anos: 0 pontos
45-54: 2 pontos
55-64: 3 pontos
≥75: 6 pontos
Comorbidades:
• Sem história de condições crônicas: 0 pontos
• Com história de condições crônicas, se o doente for admitido após cirurgia eletiva: 2 pontos
• Com história de condições crônicas, se o doente for admitido por cirurgia de urgência ou por outro motivo: 5 pontos
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Diverticulite aguda
Processo inflamatório de um ou mais divertículos do cólon.
Localização:
Dor abdominal: Fossa ilíaca esquerda
Contínua ou região
Cólica suprapubica >
Dorso ipsilateral
Abdome agudo 27
Anamnese +
exame físico
Diagnóstico - Diverticulite
Aguda
Espessamento da
parede intestinal,
Pneumoperitônio
densificação da
e quadros
gordura pericólica,
obstrutivos
abscessos ou
líquido livre
Abdome agudo 28
6.6. Tratamento
O tratamento do AAI baseia-se em tratamento de suporte e específico:
1. Analgesia;
2. Reposição volêmica;
3. Correção de distúrbios eletrolíticos;
4. Tratamento do íleo adinâmico → jejum, sonda nasogástrica nos casos de dis-
tensão gástrica e intestino delgado considerável ou vômitos incoercíveis;
5. Antibioticoterapia ou antibioticoprofilaxia;
6. Tratamento de falência orgânica se houver → internamento em UTI (mais co-
mumente observado na pancreatite aguda grave).
Apendicite Apendicectomia
Antibioticoterapia
Colecistite
Colecistectomia
Antibioticoterapia
Pancreatite
CPRE
*Se colelitíase
Antibioticoterapia
Diverticulite
Ressecção do
segmento
colônico
Apendicite aguda
A apendicectomia é o tratamento padrão da apendicite complicada e não
complicada;
Estudos recentes analisaram o manejo com antibioticoterapia isolada em indiví
duos com apendicite aguda não complicada, sugerindo que essa pode ser uma es-
tratégia viável na possibilidade de seguimento dos pacientes, entretanto não existem
evidências suficientes que indiquem seu uso rotineiro, uma vez que muitos desses
pacientes necessitarão de abordagem cirúrgica na evolução do quadro.
Abdome agudo 29
Figura 12. Procedimento de apendicectomia por videolaparoscopia
Fonte: Pepermpron / shutterstock.com
Colecistite aguda
Antibioticoterapia empírica: cefazolina, cefuroxima ou ceftriaxona nos casos leves
a moderado. Nos casos mais graves podem ser usados carbapenêmicos, betalactâ-
micos com inibidores de betalactamase, fluoroquinolonas com metronidazol.
Figura 13. Colecistectomia laparoscópica. Vesícula biliar é retraída cefalicamente usando-se uma pin-
ça no fundo da vesícula biliar.
Fonte: Pepermpron / shutterstock.com
Abdome agudo 30
RELEMBRANDO: A CLASSIFICAÇÃO ASA
CLASSIFICAÇÃO EXEMPLOS PARA ADULTOS,
DEFINIÇÃO
ASA INCLUINDO, MAS NÃO LIMITADO A:
Um paciente com Os exemplos incluem (mas não se limitam a): IAM, AVE, AIT ou
doença DAC / stents recentes (<3 meses), isquemia cardíaca em curso
ASA IV sistêmica grave ou disfunção valvar grave, redução severa da fração de ejeção,
que é uma ameaça sepse, DIC, DIC, DRA ou DRT não sendo submetidas regularmente
constante à vida diálise programada
Paciente declarado
com morte
encefálica
ASA VI cujos órgãos estão
sendo removi-
dos para fins de
doadores
Abdome agudo 31
Pancreatite aguda
Ressucitação volêmica agressiva nas primeiras 24 horas:
• Nutrição enteral após o quinto dia caso não tolere dieta oral;
• Antibioticoterapia em caso de infecção documentada a partir da segunda se-
mana de suporte clínico;
• Estão indicadas terapias minimamente invasivas nos casos de complicações a
partir da quarta semana, como a ultrassonografia endoscópica em vigência de
pseudocisto pancreático;
• CPRE nos casos de pancreatite secundária a colelitíase com evidência de co-
langite sobreposta.
Diverticulite aguda
Tratamento hospitalar da diverticulite não complicada:
• Antibioticoterapia venosa contra gram-negativos e anaeróbios;
• Analgesia;
• Reposição volêmica;
• Dieta zero para repouso intestinal, com retorno em 2 a 3 dias;
RELEMBRANDO:
CLASSIFICAÇÃO DE HINCHEY
Abdome agudo 32
• Orientar dieta rica em fibra;
7.1. Definição
Abdome agudo obstrutivo (AAO) é uma situação de emergência na qual se en-
contra um fator obstrutivo em trato gastro intestinal (TGI) responsável pelo quadro
clínico. Apresenta gravidade variável e caráter evolutivo necessitando de rápida inter-
venção, em sua maioria, cirúrgica.
As causas de AAO podem ser divididas em mecânicas e funcionais, originadas no
intestino delgado ou grosso, conforme tabela abaixo:
Abdome agudo 33
7.2. Epidemiologia
É a segunda síndrome abdominal aguda mais frequente, ficando entre Abdome
Agudo Inflamatório (1º) e Perfurativo (3º).
Apresenta alta morbimortalidade quando há retardo no diagnóstico e/ ou manejo
inapropriado, podendo alcançar taxas tão elevadas quanto 20%, sendo o sofrimento
de alças intestinais um importante contribuinte para esse desfecho.
Impactação fecal 8%
Íleo paralítico 5%
Outras 5%
Cerca de 80% dos casos de abdome agudo obstrutivo envolvem o intestino delga-
do, sendo as aderências (bridas) secundárias a cirurgias prévias na cavidade abdo-
minal o fator etiológico mais comum em países desenvolvidos (PD).
Nos países em desenvolvimento (PED), as hérnias compõem a primeira causa (30
a 40%) seguida por bridas (30%), tuberculose e doença de Crohn (10%).
Câncer de cólon representa a principal causa de obstrução no intestino grosso,
além de volvo de sigmoide que se apresenta como frequente causa de obstrução in-
testinal baixa em nosso meio.
7.3. Fisiopatologia
Independente da etiologia a interrupção do trânsito intestinal origina eventos que
culminarão habitualmente com quadro obstrutivo. Discutiremos agora as obstruções
e repercussões por localização.
Abdome agudo 34
Obstrução do intestino delgado
Distúrbios Distensão
hidroeletrolíticos abdominal
Obstrução de
intestino delgado
Abdome agudo 35
Na intussuscepção intestinal o segmento proximal do intestino é invaginado na
porção distal adjacente. Essa condição é mais comum em crianças de três a nove
meses de vida. Em adultos, geralmente tumores estão envolvidos na gênese desse
evento e o acometimento ileocólico é o mais comum.
Válvula
Volvo intestinal
Ileocecal (VIC)
Obstrução de
intestino grosso
Sofrimento Translocação
vascular bacteriana
Abdome agudo 36
Obstrução funcional
Distúrbios
Obstrução metabólicos
funcional
Síndrome
de Ogilvie
Perda de Redução da
Plasma e Absorção e
Sangue Motilidade
Abdome agudo 37
7.4. Clínica
O quadro clínico é variável e depende de alguns fatores, como local e tempo da
obstrução; presença de complicações, como sofrimento vascular e perfurações; grau
de contaminação e status clínico do paciente.
Habitualmente os pacientes com AAO apresentam dor abdominal de início súbito,
evoluindo com náuseas, vômitos e parada de eliminação de gazes e fezes.
A distensão abdominal comumente encontra-se disposta centralmente na obstru-
ção do intestino delgado e em flancos ou em abdome superior nas obstruções bai-
xas (“em moldura”).
De forma didática, podem-se dividir os sinais e sintomas de acordo com o sítio da
obstrução:
Obstrução
intestinal alta
Abdome agudo 38
Se liga! Íleo paralítico, em contraste com obstrução mecânica, é
uma condição indolor.
Náuseas e vômitos
Localização:
tardios de aspecto
Abdome inferior
fecalóide.
Obstrução
intestinal baixa
Náuseas e
vômitos tardios
de aspecto
fecalóide.
Complicações
Ao exame físico, além dos sinais e sintomas descritos anteriormente, o paciente
pode apresentar sinais de desidratação ou choque hipovolêmico.
A presença de sensibilidade/reatividade à palpação abdominal pode sugerir peri-
tonite secundária ao estrangulamento de alças.
A presença de massas abdominais sugere processo inflamatório ou neoplásico.
Abdome agudo 39
OBSTRUÇÃO INTESTINAL BAIXA OBSTRUÇÃO INTESTINAL ALTA
7.5. Diagnóstico
O diagnóstico de abdome agudo obstrutivo pode ser feito a partir de anamnese e
exame físico minucioso. Além disso, é necessário avaliar o estado geral do paciente,
confirmar o diagnóstico e identificar a condição subjacente ao quadro obstrutivo.
Exames complementares auxiliam no diagnóstico diferencial e na diferencia-
ção entre obstrução funcional ou mecânica, sítio da obstrução e identificação de
complicações.
Exames laboratoriais
EXAMES ACHADOS
Abdome agudo 40
Exames de imagem
Radiografia em decúbito dorsal e ortostase podem evidenciar dilatação de alças
com nível líquido intraluminal proximais à obstrução, sugerindo o nível do processo
obstrutivo.
Na dilatação do jejuno podem-se verificar válvulas coniventes com aspecto de em-
pilhamento de moedas. Dilatações ileais apresentam válvulas menos demarcadas.
Observações
Na síndrome de Olgivie pode evidenciar dilatação do cólon ascendente e transver-
so sem, no entanto, fator obstrutivo associado.
Pneumoperitônio e líquido livre na cavidade podem estar presentes nos casos em
que há sofrimento de alça com perfuração intestinal.
Abdome agudo 41
Estudos contrastados
O trânsito intestinal e enema opaco podem auxiliar no diagnóstico e manejo, prin-
cipalmente em obstruções parciais do intestino delgado.
EXAMES
Pode ser usada na síndrome de Olgivie, pois servirá como tratamento ao aspirar ao gás
Colonoscopia
contido nas alças.
Laparoscopia
Diagnóstico etiológico em quadros semi-obstrutivos ou no tratamento de obstruções.
diagnóstica
Dilatação de alças com nível líquido Dilatação de alças com nível líquido Presença
Dados
Ausência de líquido livre em cavidade de líquido livre em cavidade Presença de
radiológicos
Ausência de pneumoperitônio pneumoperitônio (se perfuração )
Abdome agudo 42
7.6. Tratamento
Os objetivos do tratamento do abdome agudo obstrutivo são:
Reposição Descompressão
hidroeletrolítica gastrointestinal
Objetivos do
tratamento
Terapêutica
Analgesia
definitiva
Conduta conservadora pode ser escolhida em alguns casos, como em bolo de ás-
caris, invaginação intestinal, volvo de sigmoide, fecaloma e aderências.
Em casos de aderências, acima de 75% dos casos a obstrução apresenta resolu-
ção apenas com tratamento conservador, caso não haja sinais de estrangulamento
de alça.
Obstruções do intestino delgado dificilmente se resolverão sem cirurgia caso não
apresentem resolução dentro de 48 horas de tratamento conservador.
Tratamento Cirúrgico
A cirurgia é indicada se existir uma causa subjacente que necessita de tratamen-
to, a exemplo de tumor ou hérnias, mediante falha no tratamento conservador ou
quando houver sinais de irritação peritoneal.
O procedimento de escolha depende da causa da obstrução, da existência de
comprometimento vascular e da condição clínica do paciente. Pacientes com obstru-
ções do intestino delgado sem história sugestiva de aderências devem ser submeti-
dos à laparotomia exploradora precocemente.
Deve-se sempre melhorar a condição clínica do paciente antes da cirurgia com
o intuito de reduzir a morbimortalidade associada ao quadro obstrutivo. Quando há
estrangulamento, após liberação de aderências, o cirurgião deve avaliar a viabilidade
da alça acometida, analisando critérios como a integralidade da camada serosa, pe-
ristaltismo e pulsação de vasos mesentéricos.
Nos casos de inviabilidade da alça deve-se proceder à ressecção do segmento
com anastomose primária ou confecção de orifício dependendo da condição clínica
do paciente.
Nas obstruções colônicas o primeiro passo é a descompressão, sendo necessária
cirurgia na maioria das obstruções mecânicas. A lesão obstrutiva deve ser removida
sempre que possível.
Abdome agudo 43
Tratamento Conservador
Volvo de sigmoide pode ser manejado clinicamente através da descompressão
por retossigmoidoscopia;
Intussuscepção intestinal pode ser corrigida a partir do uso de enema opaco
quando o contraste consegue vencer o fator obstrutivo, desfazendo a invaginação.
Na síndrome de Olgivie, colonoscopia pode ser usada para descompressão dos
cólons direito e transverso mais o tratamento com neostigmina.
Na vigência de distúrbios de motilidade sem, no entanto, apresentar fator mecâni-
co obstrutivo, deve-se prosseguir à reposição hidroeletrolítica, à colocação de sonda
nasogástrica e tratamento da causa subjacente.
Obstrução intestinal
Analgesia Funcional
Correção
Hidroeletrolítica
SNG Corrigir Correção
hiperglicemia Hidroeletrolítica
Mecânica
Abdome agudo 44
8. ABDOME AGUDO PERFURATIVO
8.1. Definição
Dando continuidade ao módulo, falaremos agora sobre Abdome Agudo
Perfurativo. Como se trata de um abdome agudo, a principal característica dessa sín-
drome clínica é a dor abdominal, não traumática, de início súbito. Diferentemente do
abdome agudo inflamatório, ocorre por perfuração de uma víscera oca.
As perfurações podem ainda ser classificadas como altas ou baixas, tendo como
referência o Ligamento de Treitz.
Nas perfurações altas geralmente se inicia por uma peritonite química, por libe-
ração de sucos digestivos, que culmina com proliferação bacteriana e posterior pro-
cesso infeccioso. Nas perfurações baixas, é esperado início por peritonite infecciosa
de região já colonizada com evolução para um quadro sistêmico, podendo manifes-
tar sinais de septicemia.
Possíveis causas
Ingestão de Doenças
corpo estranho inflamatórias
Abdome agudo 45
8.2. Epidemiologia
É a terceira síndrome abdominal aguda mais frequente, ficando atrás de Abdome
Agudo Inflamatório (1º) e Obstrutivo (2º). A taxa de mortalidade varia entre 8 a 10%
se não tratada, dependendo a etiologia, como veremos adiante.
Dentre as principais etiologias, a úlcera péptica evolui com perfuração em 10%
dos casos, havendo uma prevalência do duodeno em relação ao estômago (14:1).
8.3. Fisiopatologia
A gênese dessa síndrome se dá pela perfuração de uma viscera oca. Essa perfura-
ção pode ser decorrente de diversas causas, como: processo inflamatório, neoplási-
co, obstrutivo e infeccioso.
Geralmente, a evolução se dá da seguinte forma: com o extravasamento de secre-
ção luminal na cavidade temos uma inflamação peritoneal de natureza química de
intensidade variável, seguida de invasão bacteriana secundária e progressivo proces-
so infeccioso, com repercussões locais e sistêmicas.
Saída de Saída de
conteúdo conteúdo Peritonite
luminal luminal química
Repercussão
Peritonite Invasão
local e
bacteriana bacteriana
sistêmica
Pseudomonas
aeruginosa
E. Coli
Abdome agudo 46
Agora falaremos sobre as principais causas e como os processos costumam se
instalar em cada topografia. Lembrando que a divisão citada acima sobre perfura-
ções altas e baixas tem objetivo ilustrativo de como os processos pode se dar com
base no Ligamento de Treitz. Nesse caso, dividiremos em estômago e duodeno, in-
testino delgado e intestino grosso. Veremos que a fisiopatologia se relaciona e cita-
remos as principais etiologias por porção.
Estômago e duodeno
As etiologias mais comuns são as úlceras agudas e crônicas, sendo essa perfura-
ção geralmente associada à perfuração geralmente associada à ingestão de álcool,
corticoides e AINES. Neoplasias e corpos estranhos são causas importantes que po-
dem também aparecer em outros segmentos.
Intestino delgado
As perfurações proximais geram peritonite química inicialmente, já que há extra-
vasamento de enzimas ativas, e as perfurações mais distais são acompanhadas de
peritonite bacteriana.
Progressão de outros
processos inflamatórios
(diverticulite e apendicite)
Volvos Doença
de ceco e Possíveis causas inflamatória
sigmoide intestinal
Megacólon Síndrome
Neoplasias
tóxico de Ogilvie
Abdome agudo 47
Intestino grosso
A peritonite é bacteriana desde o início. Além disso, a perfuração no colón direito
é mais grave que a do esquerdo, devido à alta virulência dos germes e pela consis-
tência líquida das fezes.
Possíveis causas
Divertículo Corpo
Infecção
de Meckel estranho
Abdome agudo 48
As perfurações podem ocorrer em peritônio livre com extravasamento do líquido e
difusão para toda a cavidade abdominal, florindo o quadro clínico típico, ou de forma
bloqueada gerando sinais e sintomas localizados – esses sinais e sintomas atípicos
podem dificultar e retardar o diagnóstico.
8.4. Clínica
Para discutir a clínica de cada síndrome, precisamos nos ater sempre à classifi-
cação principal, portanto, o sintoma invariável é a dor abdominal. A partir disso, as
demais manifestações variam de acordo com local em que ocorreu a perfuração,
o tempo decorrido entre o início do quadro e intervenção médica e o grau de distri-
buição dos líquidos extravasados. Lembrando que alguns pacientes, como idosos e
imunosupressos podem ter o quadro mascarado.
De um modo geral, temos:
Clínica
Sinais de
Evolução rápida
peritonite
Abdome agudo 49
A dor pode ser lombar, nos casos de perfurações retroperitoneais, ou irradia-
rem para os ombros nos casos de perfuração em abdome superior que irritam o
diafragma.
Abdome em tábua é uma contratura involuntária generalizada da parede abdomi-
nal por peritonte difusa. No exame físico podem encontrar também distensão abdo-
minal e ausência de ruídos hidroaéreos.
SINAL DESCRIÇÃO
Divertículos
A perfuração espontânea de um divertículo em peritônio livre com consequente
peritonite é rara, porém grave, podendo levar a óbito por sepse e falência de múlti-
plos órgãos.
Abdome agudo 50
Surge por atividade cólica anormal, modiciações da dieta ou fatores predisponen-
tes constitucionais. Modificações na estrutura muscular dificultam o esvaziamento
do conteúdo fecal, provocando erosões da mucosa e processos inflamatórios. Além
disso, se houver comprometimento da perfusão sanguínea dos divertículos, pode ha-
ver necrose e perfuração intramural.
A pressão colônica força fezes e bactérias através da perfuração para dentro da
cavidade abdominal, levando à peritonite generalizada e sepse.
Corpos estranhos
Se um corpo estranho é ingerido por via oral ou retal é potencialmente capaz de
causar um quadro de abdome agudo perfurativo. O esôfrago costuma ser o local
mais acometido por sua anatomia e localização, mas só a partir da cárdia, a perfura-
ção começa a manifestar sintomas abdominais. Outros locais acometidos são locais
de estreitamento, como piloro, angulações duodenais e flexura duodenojejunal.
Localização: região
Dor: intensa epigástrica com
e difusa irradiação para dorso
(dor em faixa)
Íleo paralítico
Abdome agudo 51
8.6. Diagnóstico
O diagnóstico de um Abdome Agudo Perfurativo se baseia na história clínicami-
nunciosa, exame físico criterioso e exames de imagem. E o laboratório? Exames
laboratoriais são inespe cíficos, podendo nos ajudar a detectar apenas a presença de
processos inflamatórios e infecciosos prévios. Assim, para confirmar a perfuração,
métodos de imagem são os mais adequados.
Radiografia simples
A radiografia é o exame inicial de escolha por ser um exame simples que mostra
com facilidade o melhor indicador de perfuração: pneumoperitônio.
O quadrante superior direito é onde mais frequentemente vemos ar livre. A sen-
sibilidade do exame pode ser elevada se o paciente permanecer na posição da inci-
dência por 10-20 minutos.
Pode ser solicitado em diversas incidências: ortostase, decúbito lateral e decúbito
dorsal. Algumas incidências, como o decúbito horizontal possuem sensibilidade infe-
rior, mas podem ser as únicas disponíveis no momento.
A radiografia em ortostase é ideal para identificar ar entre o diafragma e o fígado
ou estômago. Cerca de 50% do ar costuma se acumular abaixo do fígado ou no es-
paço hepatorrenal.
Em decúbito lateral, temos boa visualização do ar entre o fígado e a parede ab-
dominal lateral, enquanto em decúbito dorsal podemos visualizar alguns sinais que
serão mostramos abaixo.
Sinal do ligamento delineamento das estruturas que normalmente não são vistas (ligamento falciforme,
falciforme ligamentos umbilicais) pelo gás, permitindo que o ligamento se torne radiopaco
Abdome agudo 52
Figura 15 A. Sinal de Rigler. Raio-X de abdome em decúbito dorsal, com alças do intestino delgado
distendidas por gás (setas pretas), associado ao gás fora da luz intestinal (setas brancas), delineando
a parede da alça (ponta de seta branca).
Fonte: PMID: 25793057
B. Sinal do Ligamento Falciforme Raio-X de abdome em decúbito dorsal, com imagem linear radiopa-
ca (setas brancas), delineado por ar livre na cavidade abdominal.
Fonte: PMID: 24505155
Síndrome de Chilaiditi: interposição das alças entre a superfície hepática anterior e a cúpula diafragmática
Abscessos
Divertículos no estômago
Tomografia computadorizada
A TC é um método excelente por sua elevada sensibilidade e especificidade. Nos
permite uma localização precisa da perfuração e distribuição do gás, além de possi-
bilitar a visualização de abscessos, sinais sugestivos de obstrução e isquemia.
Abdome agudo 53
Figura 16: Tomografia computadorizada com contraste mostrando massa espessada com realce he-
terogêneo no antro gástrico (seta escura) com tecido mole circundante e ar livre localizado anterior à
massa (seta clara).
Fonte: doi: 10.1308/003588414X13824511650010
Outros métodos
A videolaparoscopia pode ser útil principalmente nos paciente em unidade intensi-
va onde não há os parâmetros dos sinais e sintomas clínicos.
8.7. Tratamento
Suporte clínico
Tratamento Antibioticoterapia
Cirurgia
Abdome agudo 54
A abordagem inicial consiste em medidas de suporte com monitorização e mane-
jo inicial dos casos de hipotensão e choque.
A antibioticoterapia de amplo espectro pode ser feita antes do tratamento definiti-
vo ou no intra-operatório, podendo manter-se posteriormente.
O tratamento é cirúrgico com objetivo de rafia da perfuração, com ou sem epi-
plonplastia nos casos de úlcera péptica perfurada, ou a ressecção da área compro-
metida, podendo fazer ressecção com anastomose primária ou com ostomia na
impossibilidade de se realizar a anastomose: imunossupressão, desnutrição, infecção.
9.1. Definição
Agora falaremos sobre o abdome agudo isquêmico. Abdome agudo isquêmico é
uma síndrome clínica caracterizada por dor abdominal, não traumática, de início sú-
bito ou intermitente, de intensidade variável, representado pela isquemia mesentérica
ou intestinal por fornecimento inadequado de oxigênio para o intestino, que necessi-
ta de intervenção médica imediata por ser potencialmente fatal.
A isquemia mesentérica pode ser aguda ou crônica, mesentérica (intestino delga-
do) ou colônica (intestino grosso).
A rapidez do diagnóstico está intrinsecamente ligada ao sucesso do tratamento e
prognóstico. A taxa de mortalidade é elevada, com cerca de 30% nos casos de trom-
bose e 75- 80% nos casos de obstrução arterial atribuído ao diagnóstico tardio.
9.2. Fisiopatologia
Como dito, a isquemia mesentérica pode ser classificada pelo tempo de instala-
ção em aguda ou crônica, e por localização como mesentérica e colônica.
As três principais síndromes de isquemia intestinal são:
Isquemia colônica
1 (70-75%)
Isquemia mesentérica
2 aguda (20-25%)
Isquemia mesentérica
3 crônica (5%)
Abdome agudo 55
Na isquemia mesentérica aguda, temos também as três principais:
a. Trombosis
arterial
b. Embolismo
arterial
c. Isquemia
mesentérica no
oclusiva
d. Trombosis
venosa
Reperfusão
Abdome agudo 56
Na hipoperfusão, o comprometimento da oferta de oxigênio se dá com uma re-
dução do fluxo intestinal maior que 50%. De forma geral, o intestino consegue com-
pensar até 75% de hipoperfusão por até 12h sem dano substancial, pelo aumento da
extração de oxigênio e circulação colateral. Se houver manutenção da hipoperfusão,
teremos vasoconstrição e redução do fluxo colateral. Em alguns casos, mesmo após
restauração do fluxo, a vasoconstrição é mantida.
Na reperfusão a lesão se dá por ação de espécies reativas de oxigênio. A sequên-
cia de eventos está resumida no fluxograma abaixo:
↑ extração O2
Sem dano
1 Hipoperfusão + circulação
substancial
colateral
Vaso constricção
Hipoperfusão Necrose e infarto Necrose e infarto
2 prolongada
+ ↓fluxo pelas
transmurral transmurral
coaterais
Doenças crônicas
Má formação arteriovenosa
Medicações vasoconstritoras
Isquemia Colônica
O cólon recebe menor suprimento sanguíneo em comparação ao resto do TGI e
isso faz dele o segmento mais acometido.
Existem três mecanismos principais:
Abdome agudo 57
Isquemia colônica
1 não oclusiva (95%)
Trombose de veia
3 mesentérica
A maioria das oclusões por êmbolos ou trombos cursa com isquemia do intestino
delgado concomitante.
É mais prevalente em mulheres e deve ser suspeitada em pacientes com dor em
abdome inferior e diarreia ou hematoquezia.
Abdome agudo 58
Estados de hipercoagulabilidade: neoplasias, deficiência de proteína C e S, polici-
temia vera, deficiência de antitrombina III, uso de anticoncepcionais orais, síndrome
antifosfolípide.
• Estase venosa: hipertensão portal e ICC.
• Lesão endotelial: pós-operatório de esplenectomia, após trauma abdominal,
sepse.
2 Hipoperfusão intestinal
Abdome agudo 59
9.3. CLÍNICA
Agora falaremos sobre as manifestações de um quadro de abdome agudo isquê-
mico. As formas de apresentação e gravidade dependem dos fatores a seguir:
Leito acometido
(arterial ou venoso)
Grau de obstrução
Duração
Circulação colateral
Pode variar desde um quadro súbito (infartos) a quadros de angina abdominal crô-
nica, além de apresentar sintomas variáveis como:
Náuseas e Diarreia e
vômitos constipação
Sintomas
Fonte: Elaborada pelo autor.
Abdome agudo 60
Dor abdominal
pós-brandial
Aversão a Perda de
comida peso
Tríade da isquemia
Fonte: Elaborada pelo autor.
Êmbolos ou Isquemia
Trombose Êmbolos ou
trombos mesentérica
da VMS trombos
arteriais não oclusiva
Pode ser
Isquemia
localizada ou Dor abdominal colônica
difusa
Quadrantes Lado
Epigástrica esquerdo
inferiores
Território Território
da AMS da AMI
Abdome agudo 61
Como diferenciar isquemia aguda mesentérica de colônica?
ISQUEMIA AGUDA ISQUEMIA AGUDA
CARACTERÍSTICAS
DO INTESTINO DELGADO DO INTESTINO GROSSO
No exame físico inicialmente o abdome pode estar normal, com dor leve a mode-
rada. A peristalse normal ou aumentada como reação inicial à hipóxia.
Com a progressão da isquemia, temos:
Náuseas e Diarreia e
vômitos constipação
Progressão da isquemia
Fonte: Elaborada pelo autor.
9.4. Diagnóstico
Abdome agudo 62
O diagnóstico precoce depende de reconhecer população de risco e o alto índice
de suspeita clínica.
Exames laboratoriais
Os exames laboratoriais são inespecíficos.
Exames de imagem
Devem ser solicitados nos casos de pacientes estáveis.
O exame de primeira escolha pelo Colégio Americano de Radiologia na emergên-
cia é a Tomografia computadorizada com contraste de abdome, pois identifica ate-
rosclerose e exclui outras causas de dor abdominal aguda.
ACHADOS
Oclusão e trombos
Ingurgitamento da VMS
Trombo na VMS
Abdome agudo 63
Figura 18. (A) Corte coronal mostrando trombose da veia mesentérica superior. (B) Corte sagital de
TC mostrando trombose da veia porta.
Fonte: doi: 10.12659/AJCR.896892
ACHADOS
Oclusão e trombos
Abdome agudo 64
excessiva e somente nos casos estáveis, sem sinais de peritonite ou evidência
de isquemia irreversível. Podemos visualizar: edema, eritema, mucosa friável,
nódulos hemorrágicos, úlcera linear única no eixo longitudinal (sugestivo de
isquemia).
9.5. Tratamento
Em pacientes instáveis com suspeita de abdome agudo isquêmico, o tratamento
não deve ser postergado visando confirmação diagnóstica com exames de imagem.
Tratamento clínico
O manejo inicial inclui monitorização cardíaca e dos parâmetros ventilatórios,
acesso venoso com reposição volêmica individualizada, correção de distúrbios hidro-
eletrolíticos, analgesia e antibiótico venoso de amplo espectro.
Antibioticoterapia venosa
Anticoagulantes
Tratamento clínico
Fonte: Elaborada pelo autor.
Tratamento cirúrgico
O tratamento definitivo é cirúrgico e pode ser necessário ressecção das alças is-
quemiadas. A exploração cirúrgica está indicada nos casos de:
Abdome agudo 65
Sinais de irritação peritoneal
Dúvida diagnóstica
Tratamento cirúrgico
Fonte: Elaborada pelo autor.
Pode ser necessária uma segunda reabordagem (“second look”) em 24-48h para
reavaliar a persistência da isquemia.
Nos casos de oclusão arterial mesentérica:
Laparotomia
Pancreatite
com embolectomia
Revascularização
Com trombos aberta ou angioplastia
com trombólise in situ
É feita usando
Revascularização
veia safena
Abdome agudo 66
Na isquemia mesentérica crônica geralmente o tratamento é conservador visando
a prevenção da progressão da aterosclerose com terapia antiplaquetária e anticoa-
gulação nos casos de trombos. A revascularização é indicada nos sintomáticos com
estenose importante com o objetivo de prevenir infarto intestinal.
10.1. Introdução
Inumeras são as causas de hemorragia intra-abdominal. Possui etiologias va-
riadas abrangendo desde traumatismo abdominal, ruptura de aneurismas da aorta
ou de alguma artéria visceral, neoplasias malígnas até processos inflamatórios
erosivos.
10.2. Epidemiologia
Apesar de incomum, estando presente em apenas 2% dos pacientes que procu-
ram atendimento de amergencia com dor abdominal, se não diagnósticado precoce-
mente, sua consequência pode ser fatal.
Sangramento abdominal pode ocorrer em qualquer idade, embora esteja mais
presente entre 50 e 60 anos de idade. É mais frequente em homens, na proporção de
2:1. A etiologia varia de acordo com a idade e sexo, conforme mapa abaixo.
Em idosos é mais
comum ruptura de
tumores e aneurisma
de aorta abdominal
Abdome agudo 67
10.3. Etiologias
Abdome agudo 68
MAPA MENTAL - RUPTURA DE ANEURISMA DE AORTA ABDOMINAL
Ruptura de aneurisma
de aorta abdominal
Abdome agudo 69
exploradora imediata associada à reposição agressiva da volemia com soluções
cristalóides e, quando necessário, com hemoderivados. Quando o aneurisma se si-
tua distalmente, nas proximidades do baço, o tratamento consiste na ligadura proxi-
mal da artéria, seguida de esplenectomia.
2. Aneurisma da artéria hepática: é predominante em homens acima de 60 anos
de idade e corresponde ao segundo aneurisma de arterinal visceral mais co-
mum. Atualmente, cerca de 38% ocorrem em decorrência de arteriosclerose,
21%, de degeneração da camada média, 18%, de traumatismo e apenas 16%
são de origem micótica.
Habitualmente é assintomático. Ao romper-se, manifesta dor no quadrante su-
perior direito ou no epigástrio e mimetiza a colecistite e a pancreatite agudas.
Dependendo da localização, o sangramento pode exteriorizar-se por hematêmese ou
melena, por erosão dos ductos biliares ou do tubo digestivo.
A ressecção, ou a obliteração, dos aneurismas da artéria hepática está indicada
em todos os pacientes.
3. Aneurisma da artéria mesentérica superior: é o terceiro mais comum. Ocorre
em indivíduos abaixo de 50 anos e distribui-se igualmente entre os homens e as
mulheres. Os fatores de risco são a endocardite, os traumatismos e a arterios-
clerose. A maioria dos aneurismas da artéria mesentérica superior ocorrem em
consequência de endocardite bacteriana. Os sintomas variam muito. Quando o
aneurisma compromete a irrigação das alças intestinais, podem ocorrer cólicas
abdominais após as refeições, sugestivas de claudicação intestinal. Quando há
ruptura, a dor é intensa, dinfundida para todo o abdome e os sinais de choque
tornam-se mais evidentes. Pode ser acompanhada de náuseas.
O tratamento dessas lesões é muito variável, dependendo da localização do aneu-
risma, da condição de irrigação e de vitalidade das alças intestinais e da condição
clínica do doente.
Abdome agudo 70
MAPA MENTAL - RUPTURA DE ANEURISMA DE ARTÉRIAS VISCERAIS ABDOMINAIS
Ruptura de aneurisma
de aorta abdominal
A gravidez ectópica (GE) ocorre entre 1-2% das gestações e corresponde a 10-15%
das mortes maternas no 1º trimestre. Tem como principais fatores de risco cirurgias
tubárias, gravidez ectópica prévia, uso de Dispositivo Intrauterino (DIU), tabagismo ≥
20 cigarros por dia; técnicas de reprodução assistida e endometriose.
Quando forma da cavidade endoetrial, o lugar mais frequente são as trompas, re-
presentando cerca de 95% dos casos. Contudo, também pode ocorrer nos ovários e
na cavidade abdominal.
Os sintomas de uma GE rota pode se apresentar como atraso menstrual, geral-
mente o útero é menor do que o esperado, além de dor abdominal intensa, súbi-
ta, inicialmente em baixo ventre, que pode irradiar para ombro (Sinal de Lafond).
Instabilidade hemodinâmica, hipotensão, taquicardia e choque hipovolêmico.
Durante o exame físico há presença de dor à palpação abdominal, dor aguda ao to-
que do fundo de saco de Douglas. Além disso, pode apresentar sinal de Cullen. Os
Abdome agudo 71
sintomas da gravidez inicial normal também estão presentes: aumento da sensibili-
dade mamária, náuseas e polaciúria.
Ruptura de aneurisma
de aorta abdominal
Fatores de risco:
cirurgias tubárias, Tratamento:
Sintomas: dor
gravidez ectópica tratar Ocorre em 1-2%
abdominal intensa,
prévia, uso de choque das
súbita, em baixo
DIU, tabagismo, hipovolêmico, gestações
ventre.
endometriose salpingectomia
10-15% das
Sinal de Lafond, Sinal de Lafond,
mortes
dor aguda ao dor aguda ao
maternas no 1º
toque do toque do
trimestre
fundo de saco fundo de saco
de gestação
10.4. Diagnóstico
Exames laboratoriais
Com a vantagem de não serem invasivos, a USG (ultrasonografia), a TC (tomogra-
fia computadorizada) e a RMN (ressonância magnética) possibilitam diagnosticar
grande parte dos casos. Entre os exames mais invasivos, casos de dor abdominal
aguda com indicação cirúrgica incerta indicam videolaparoscopia (VLP), assim
Abdome agudo 72
como em etiologias com cirurgia possível por essa via. A VLP tem a capacidade de
diminuir em 19% a realização de laparotomias não necessárias quando há dúvida
diagnóstica. Na ginecologia, a VLP confirma 82% dos diagnósticos de cistos ovaria-
nos e 80% das hemorragias do corpo lúteo. Insuficiência respiratória grave, obesida-
de mórbida, choque hipovolêmico e coagulopatias contraindicam o método.
A quantificação do sangramento e os efeitos fisiológicos de uma perda sanguínea
podem ser analisados a partir de exames laboratoriais. Essa analise majoritariamen-
te ressalta algumas condições que predispõem o sangramento, mas são poucos
os casos em que permite definir etiologia. Em quadros de hemorragia moderada a
grave com intervalo de tempo maior os mecanismos compensatórios a hipovolemia
são vistos na redução da hemoglobina e do hematócrito. Leucocitose pode ocorrer
e acontece a partir da resposta homeostática à hipovolemia e/ou irritação peritoneal
por hemorrágia (hemoperitônio). O hemograma completo com quantificação plaque-
tária é imprescindível e o estudo da coagulação com atividade protrombina, trombi-
na e tromboplastina parcial ativada auxilia no diagnóstico e direciona o tratamento.
Quando há suspeita de gravidez ectópica rota o HCG deve ser realizado também.
Abdome agudo 73
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