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ANOTAÇÕES

DOENÇAS DO TRATO DIGESTÓRIO III


DOENÇAS INFLAMATÓRIAS INTESTINAIS
• As doenças inflamatórias intestinais compreendem um grupo de doenças crônicas.
• Etiologia desconhecida.
– Fatores endógenos X fatores ambientais luminais (presença de alimentos na luz intestinal) X predisposição genética
• Frequentes crises com exacerbação de sinais e sintomas.
• Formas mais comuns: retocolite ulcerativa (idiopática ou inespecífica) e doença de Crohn.
• O tratamento depende da severidade da doença, da duração das crises e do local acometido pela doença.
Sinais e Sintomas
• Diarreia: como as diarreias normalmente são caracterizadas por muita dor, flatulência e distensão abdominal, elas apresentam urgência
evacuatória, o que acaba gerando a contenção pelo paciente do estímulo evacuatório, levando a casos de retenção fecal.
• Obstrução intestinal: ocorre em virtude do processo inflamatório, levando à fibrose ( regeneração fibrótica dos locais acometidos) e à
estenose.
• Dor abdominal.
• Febre, anorexia, perda de peso.
• Massa palpável.
• Perda sanguínea via retal.
• Sangramento (abscessos/ fissuras).
• Fístulas: são comunicações anormais entre órgãos ocos e vasos sanguíneos. Quando há processo inflamatório contido num órgão,
normalmente o próprio organismo cria um caminho para a eliminação da coleção de pus, formando as fístulas.
• Megacólon tóxico/ perfuração/ peritonite.
• Estenoses.
• Ressecção intestinal: dependendo do grau da inflamação e da intensidade da sintomatologia, a porção intestinal que foi acometida pela
doença precisa ser cirurgicamente removida.
Sinais extraintestinais:
• Manifestações articulares, oculares, hepáticas, biliares, renais, ósseas, tromboembólicas.
DII – DOENÇA DE CROHN
• Caracteriza-se pela inflamação de qualquer parte do trato digestório (da boca ao ânus,
embora normalmente tenha predomínio no íleo terminal).
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• Heterogênea/assimétrica: as partes inflamadas são intercaladas por áreas de tecido saudável e a inflamação não é igual em todas as
regiões.
• Focal: possui focos inflamatórios.
• Transmural: pode atravessar todas as camadas do intestino.
• Granulomatosa: microscopicamente é possível observar granulomas não caseosos característicos da inflamação.
• Apresenta períodos de remissão, de resolução das crises, intercalados com períodos de recidiva que são normalmente ativados por fatores
ambientais e dietéticos.

Locais de Ocorrência
• Qualquer parte do trato digestório, da boca ao ânus.
• 50 a 60%: íleo distal e o cólon.
• 18 % a 30%: restrita ao íleo terminal.
• 8 %: retossigmóide isoladamente.
Quando o íleo distal ou o íleo terminal são comprometidos, há prejuízo na reabsorção de sais biliares (circulação enterro-hepática de sais
biliares) e, consequentemente, prejuízo na digestão e na absorção de gorduras, bem como de Vitamina B12, funções exclusivas dessa parte do
intestino.
DII – RETOCOLITE ULCERATIVA
Conceito
Doença inflamatória que acomete a mucosa e submucosa do intestino grosso, atingindo principalmente os segmentos distais. A área de maior
acometimento é a reto-sigmoide.
• Inicia-se geralmente na região retossigmoidiana, progredindo em continuidade, na direção proximal, atingindo, por vezes, todo o cólon
(pancolite) (15% dos casos) e o íleo distal (10%).
• 60 a 70% dos casos são restritos à região retossigmoide.
• O reto é sempre acometido.
• Lesões anais podem ocorrer em 10% dos casos.
DII- TERAPIA NUTRICIONAL

• Valor energético total (VET): fator de injúria (FI) = 1,75 ou 25 a 30 kcal/kg/dia.


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• PTN: dieta hiperproteica, com 1,0 – 1,2g/Kg (desnutrição até 2,0g/Kg). Elementar x polimérica. Os estudos não mostram diferença entre o
uso de fórmulas oligoméricas, hidrolisadas, e as com proteína intacta. Assim, há preferência pelas fórmulas mais fisiológicas, que são
íntegras, poliméricas.
• LIP: < 20% do VET. A restrição lipídica não é necessária quando não há esteatorreia ( diarreia rica em gordura ).
• CHO: dieta normoglicídica. É preciso considerar a fase na qual o paciente se encontra. Normalmente, na fase aguda, como existe um
prejuízo nas vilosidades intestinais pela inflamação e pela má absorção, restringem-se os carboidratos mais simples, como sacarose e
lactose. À medida que o intestino se recupera, esses nutrientes vão sendo reintroduzidos.
• Dieta isenta de alimentos de difícil digestão, ricos em enxofre e concentrados em purina, pois irritam a mucosa.
• Glutamina, TGF-beta e n-3 → estudos inconclusivos quanto aos benefícios desses imunonutrientes.
• Micronutrientes importantes: vitaminas D e B12, cálcio, ferro e magnésio.
• Fase aguda
– Dieta isenta de lactose.
– Controle de mono e dissacarídeos.
– Dieta rica em fibras solúveis, que ajudam a retardar o esvaziamento intestinal, mantendo o maior contato dos nutrientes com a
superfície absortiva.
– Nutrição enteral ou nutrição polimérica. A forma polimérica é a mais recomendada. A nutrição parenteral destina-se principalmente a
pacientes no período pós-operatório na vigência de síndrome do intestino curto.
– Polimérica, elementar, semielementar.
• Fase de remissão
– Reintroduzir progressivamente fibras insolúveis.
– Dieta individualizada.
– Via oral: teor de resíduos deve ser gradativamente reintroduzido.

DIRETO DO CONCURSO
1. (IBFC/2016) As doenças inflamatórias intestinais são crônicas e caracterizadas por distúrbios inflamatórios, com frequente exacerbação de sinais

e sintomas. De maneira geral, o tratamento nutricional, na fase aguda da doença, inclui:


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a. Ingestão diária de laticínios e seus derivados, uma vez que a lactose presente nesses alimentos auxilia no desenvolvimento da flora
bacteriana intestinal.
b. Dieta rica em monossacarídeos e dissacarídeos, uma vez que são mais facilmente digeridos do que os carboidratos complexos.
c. Nos casos de má absorção de gordura, a suplementação com triglicerídeos de cadeia longa, visando o aumento do aporte energético.
d. Dieta pobre em fibras insolúveis, para auxiliar no controle da diarreia; e rica em fibras solúveis, as quais sofrem ação das bactérias
intestinais formando ácidos graxos de cadeia curta, que constituem importante fonte de energia para as células intestinais.
C OMENT ÁRIO
• Na fase aguda da doença, devido ao comprometimento das vilosidades intestinais em decorrência de inflamação, é necessário restringir
os carboidratos simples.
• A suplementação de lipídios como aporte energético ocorre por meio de triglicerídeos de cadeia média.
• As fibras solúveis retardam o trânsito intestinal, permitindo maior contato dos nutrientes com a mucosa do intestino, para que eles sejam
absorvidos.
• Além disso, as fibras solúveis também são fragmentadas pelas bactérias probióticas do intestino, formando ácidos graxos de cadeia curta,
que são substrato energético para as células intestinais (colonócitos).
• Os ácidos graxos de cadeia curta promovem a regeneração epitelial intestinal, o que é mais um benefício das fibras solúveis.

GABARITO
1. d
�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula preparada e ministrada pela professora Ana
Lucia Ribeiro Salomon.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo ministrado na videoaula. Não recomendamos a
substituição do estudo em vídeo pela leitura exclusiva deste material.

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