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09/12/2020

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O que nós iremos prender na
aula de hoje
• Iremos entender a fisiopatologia das doenças
inflamatórias intestinais e discutir as características
nutricionais para o tratamento adequado

Fisiopatologia e Dietoterapia
das Doenças Inflamatórias
Intestinais (DII)
Prof. Luan Lisboa

Doença de Crohn x Colite


Definição de DIIs
ulcerativa
• O termo doença intestinal inflamatória é usado para • A distinção entre colite ulcerativa e doença de Crohn
designar distúrbios intestinais inflamatórios baseia-se em grande parte na distribuição do local
afetado e na expressão morfológica da doença

• Dentre os principais distúrbios temos a Doença de Crohn


e Retocolite ulcerativa.

• São condições crônicas resultante da ativação


imunológica inapropriada da mucosa

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Etiologia e patogênese Etiologia e patogênese


• Envolve complexa interação de fatores
genéticos, ambientais e imunológicos.

• Evidências sugerem que a origem pode


estar associada à resposta imune
inadequada ou exagerada aos
constituintes da microbiota intestinal
em indivíduos geneticamente
predispostos.

A combinação da disbiose com alterações da permeabilidade intestinal


ativa as células apresentadoras de antígenos, que os conduzem para as
células TCD4+, desencadeando a liberação de citocinas inflamatórias

Doença de Crohn Doença de Crohn


• A doença de Crohn pode • Todas as camadas da
ocorrer em qualquer área do parede intestinal são
trato GI, mas os locais mais afetadas, mas o
comumente envolvidos, na acometimento é mais
acentuado na camada
apresentação, são o íleo submucosa
terminal, a válvula ileocecal e
o ceco
• A superfície do intestino
inflamado geralmente tem
• Costuma ser uma inflamação aspecto típico em “pedras
difusa e inespecífica de calçamento” resultante
das fissuras e das fendas
que se formam e estão
circundadas por áreas com
edema da submucosa

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Retocolite ulcerativa Retocolite ulcerativa


• Ao contrário da doença de Crohn, • Atinge a mucusa/submucosa por
que pode afetar vários segmentos isso, diferente da doença de Cronh
do sistema digestório, a colite não está associada a formação de
ulcerativa limita-se ao reto e ao
intestino grosso fístulas e perfurações

• Em geral, a doença começa no reto • Inicia no reto e ascende para o


e estendese em direção proximal colon
afetando basicamente a camada
mucosa, embora possa chegar à
submucosa
• É um distúrbio recorrente,
caracterizado por ataques de
• O processo inflamatório tende a ser diarreia sanguinolenta, com
confluente e contínuo, em vez de ter material mucoide viscoso, dor
áreas intercaladas de tecido normal, abdominal inferior e cólicas que
como acontece com a doença de
Crohn são temporariamente aliviadas
pela defecação

Papel da nutrição na etiologia da


Características das DII
doença inflamatória intestinal
• A escolha alimentar, combinada a suscetibilidades
genéticas preexistentes, pode induzir a rápida
proliferação da DII

• Hábitos alimentares tipificados como dieta ocidental

• Padrões alimentares com características inflamatórias


• Gorduras, açúcares, baixa ingestão de frutas e verduras
• Principalmente devido a o impacto desse perfil alimentar na
flora intestinal

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Implicações nutricionais Terapia nutricional


• Desnutrição, retardo no • Depende estreitamente do estado nutricional do paciente e
crescimento, deficiências a atividade da doença
específicas de micronutrientes ou,
eventualmente, sobrepeso e
obesidade podem ser • A terapia nutricional por via oral é sempre priorizada, sendo
identificadas em cerca de 20 a 85% indicado o uso de suplementos nutricionais orais para
dos pacientes com DII, em aumentar o aporte de nutrientes específicos, quando
especial naqueles com DC necessário.

• Na fase ativa da doença, a terapia • Em casos mais graves, mas com preservação das funções do
nutricional objetiva o controle dos sistema digestório, deve-se optar pela nutrição enteral (NE)
sintomas, bem como prevenir ou
reverter possível desidratação • Em situações de considerável acometimento da mucosa
e/ou perda de peso e de intestinal, aconselha-se o uso concomitante de nutrição
nutrientes específicos. enteral e parenteral

Terapia Nutricional na Fase Ativa


Terapia nutricional
da Doença
• As necessidades calóricas e proteicas estão aumentadas • Auxiliar no controle dos sintomas como diarreia, dor
na fase ativa da doença, particularmente na DC, devido à abdominal, distensão e previna ou reverta a perda de
febre, ao hipercatabolismo e à desnutrição. peso através do uso de suplementos nutricionais
adequado

• Esta última é causada por má absorção, diarreia, náuseas, • Hipercalórica, pelo aumento das necessidades energéticas
vômito, inapetência e anorexia. em decorrência da inflamação (30 a 35 kcal/kg/dia)
• Hiperprotéica (1,5 a 2,0g/kg/dia),
• Hipolipídica (menos de 20% das calorias totais)
• Pacientes em estado de remissão e não desnutridos • Normoglicídica com restrição de carboidratos simples e
devem receber calorias, carboidratos e proteínas de alimentos que causam flatulência.
acordo com o peso ideal, idade e altura, para controle do
peso e manutenção do estado de remissão
• O teor de fibras e a lactose deve ser restrito e a
alimentação deve ser fracionada em seis a oito refeições
ao dia, contendo pouco volume.

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Terapia Nutricional na Fase de


Lactose e DII
Remissão da Doença
• Indica-se também dieta isenta de lactose, pois a lactase • Com a melhora clínica do paciente e o início da fase de
encontra-se reduzida na mucosa intestinal remissão, podem ser incluídos os carboidratos simples
como a sacarose (em quantidade moderada) e a lactose
(progressivamente, caso não exista intolerância)
• No estado de remissão, é importante verificar e tratar
individualmente a ocorrência de intolerâncias e alergias
alimentares, como à proteína do leite ou ao glúten, • Aumentar gradativamente o conteúdo de fibras da dieta,
considerando que o sistema imunológico sofre reações mantendo-se moderado o teor de gordura
exacerbadas nas DII. (especialmente de ácidos graxos poliinsaturados ômega-
6).

• As calorias devem ser adequadas ao estado nutricional do


paciente.

Terapia nutricional Terapia nutricional

• Em relação a frutas e vegetais, recomenda-se a restrição • É especialmente importante acompanhar o estado


destes somente quando a doença se apresentar nutricional relativo ao ferro, ácido fólico, vitamina B12,
na forma ativa, em função da necessária redução da cálcio, vitamina D e minerais com ação antioxidantes
motilidade intestinal, alcançada com menor ingestão de como selênio e zinco.
fibras.

• Em remissão, as frutas e vegetais são boas fontes de


nutrientes antioxidantes e anti-inflamatórios que ajudam
no controle da doença e na melhora da qualidade de vida
desses pacientes

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Importância do ácido fólico nas


Importância do ferro nas DIIs
DIIs
• A anemia ferropriva é mais comum na RCU, devido à • O ácido fólico tem absorção prejudicada nos pacientes
baixa ingestão de alimentos fontes de ferro e às diarreias em uso de sulfassalazina.
sanguinolentas

• Nesse sentido, faz-se necessária a suplementação com a


• Porém, a suplementação com altas doses de ferro pode vitamina em pacientes com essa terapêutica.
gerar efeitos pró-oxidantes agravando a inflamação

• Sugere-se, portanto, a inclusão de alimentos fontes na


dieta dos pacientes com anemia, ou a suplementação
com baixas doses

Importância da B12 nas DIIs Terapia nutricional


• A deficiência é frequente em • A vitamina D interfere nas funções dos linfócitos T, sendo
pacientes com DC, com capaz de modular a resposta imunológica.
quadro inflamatório ou
ressecção do íleo.
• Essa vitamina modula a síntese de citocinas e alterando a
• A inflamação na região do íleo microbiota intestinal.
leva à má absorção,
especialmente desta
vitamina. • A deficiência de vitamina D leva à maior síntese de
metabólitos inflamatórios, gerando múltiplos efeitos que
• Nesses casos, sugere-se a contribuem para a piora do quadro inflamatório.
suplementação intramuscular
ou sublingual, para que se
reestabeleça o estado
nutricional adequado de
vitamina B12

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Importância do selênio e zinco


Papel da glutamina na DIIs
nas DIIs
• São minerais envolvidos no controle • É um aminoácido que atua na mucosa intestinal
do estresse oxidativo, a sua
deficiência piora o quadro regulando a permeabilidade da membrana e interfere na
inflamatório síntese e secreção de citocinas.

• A hipozincemia, frequentemente
observada nos pacientes com DII, • Os estudos que investigam a eficácia da suplementação
ocorre devido à restrição alimentar com glutamina em pacientes com DII são inconclusivos.
aliada às altas concentrações de
citocinas pró-inflamatórias, que
levam ao aumento da expressão
gênica de metaloproteínas
traportadoras desse mineral

• Essas proteínas transportadoras


promovem influxo de zinco,
mantendo-o retido no
compartimento intracelular

Papel do ômega 3 nas DDIs Papel dos probióticos nas DIIs


• Papel benéfico na • As pesquisas são inconclusivas.
permeabilidade da barreira
intestinal, na redução da
expressão de citocinas e inibição • De maneira geral, os estudos
da cascata inflamatória. demonstram que há indicação
para o uso de probióticos somente
após tratamento com antibióticos.
• Apesar disso, a suplementação
em pacientes com DII não tem se
mostrado eficaz em nenhuma • A suplementação com simbióticos
das fases da doença. na fase ativa da doença não
demonstrou benefícios e, por isso,
não tem sido indicada.
• Por outro lado, dietas com razão
de 1:3 de ômega-3:ômega-6
foram capazes de atenuar a • Contudo, mais investigações
inflamação. precisam ser feitas no sentido de
• Mais importante contexto do elucidar as melhores cepas, doses
que o nutriente si e associações com prebióticos

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Características nutricionais da
Sugestão de leitoura
fase ativa e de remissão
• Fisiopatologia
• KUMAR, V.; ABBAS, A.; FAUSTO, N. Robbins e Cotran – Patologia
– Bases Patológicas das Doenças. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier,
2016

• Porth CM, Matfin G. Fisiopatologia. 9ª ed. Rio de Janeiro:


Guanabara-Koogan, 2016. 2v.

• Dietoterapia:
• SHILS, M.E. et al. Tratado de nutrição moderna na saúde e na
doença. 11 ed. São Paulo: Manole, 2016.

• Rossi, L; Poltronieri, F. Tratado de nutrição e dietoterapia. 1. ed. -


Rio de Janeiro : Guanabara Koogan, 2019.

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