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Universidade Save

Faculdade de Ciências de Saúde e Desporto


Curso de licenciatura em Nutrição
Dietoterapia II
Doenças intestinais inflamatórias (DII)

1. Neima da Fina Raúl Massinguile;


2. Regina Fortunato Sansão Langa;
3. Sandra João Paninga;
4. Sarita da Ofélia Ernesto Matsinhe;
5. Zaida Filipe Muaque.

Docente: dr. Milton Mouzinho

Maxixe
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2024
Introdução
As doenças intestinais inflamatórias (DII), que incluem a doença de Crohn e a colite
ulcerativa, representam um desafio significativo para a saúde pública devido à sua
prevalência crescente e ao impacto substancial na qualidade de vida dos pacientes.
A doença de Crohn e a retocolite ulcerativa (RCU), representam um grupo de condições
crônicas debilitantes.
Caracterizadas por um processo inflamatório crônico no trato gastrointestinal, essas doenças
apresentam uma ampla gama de sintomas, incluindo diarreia, febre, perda de peso, anemia,
intolerâncias alimentares, desnutrição e manifestações extraintestinais.
A complexidade dessas condições exige uma abordagem multidisciplinar, na qual a
dietoterapia desempenha um papel fundamental.
A compreensão das características clínicas, factores etiológicos, tratamentos e intervenções
nutricionais é crucial para o manejo eficaz e a melhoria da qualidade de vida dos pacientes
afetados.
Esta apresentação busca explorar e sintetizar as informações relevantes sobre as DII,
abordando os sinais e sintomas distintos da doença de Crohn e da RCU, bem como as
considerações terapêuticas e nutricionais associadas a essas condições. 2
Objectivo
Objectivo geral:

Investigar e compreender as causas, sintomas, tratamentos e impactos das doenças


intestinais inflamatórias.

Objectivos específicos:

Identificar as principais doenças intestinais inflamatórias;

Analisar os factores de risco e causas;

Avaliar as opções de tratamento;

Analisar o impacto na qualidade de vida.


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Metodologia de pesquisa
O processo de elaboração seguiu em etapas que incluem revisão bibliográfica. A seguir,
descreve-se a metodologia detalhadamente:

Foram extraídas informações pertinentes dos livros seleccionados, como conceitos


inflamação e doenças inflamatórias intestinais, fisiopatologia, etiopatogenese, factores e
formas de terapia.

O trabalho foi estruturado conforme as normas da American Psychological Association


(APA), incluindo capa, folha de rosto, introdução, desenvolvimento, considerações finais,
referências e apêndices. Para melhor compreensão, o trabalho foi elaborado usando
linguagem clara e simples.
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Doenças inflamatórias intestinais (conceitos)
A inflamação é uma resposta fisiológica do organismo ao dano tecidual local ou a uma
infecção. A resposta inflamatória faz parte da resposta imune inata e, por isso, não é uma
resposta específica, mas ocorre de maneira padronizada independente do estímulo.

O processo inflamatório envolve várias células do sistema imune, mediadores moleculares


e vasos sanguíneos (Teixeira, 2020).

As doenças inflamatórias intestinais (DII) são um conjunto de distúrbios que causam
inflamação crônica do intestino. Duas das principais condições incluídas nas DII são a
colite ulcerativa e a doença de Crohn (Mahan & Raymond, 2018).

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Etiologia
Embora a etiologia exata das DII ainda não seja completamente compreendida, vários fatores
desempenham um papel na sua origem:
Fatores Genéticos: a ocorrência de DII é maior entre parentes de primeiro grau e gêmeos
monozigóticos.
O gene NOD2 está associado à patogênese da doença de Crohn, mas não explica
isoladamente a condição (Mahan & Raymond, 2018).
Fatores Luminais: relacionados à microbiota intestinal, seus antígenos e produtos
metabólicos. A exposição constante a antígenos intestinais pode desencadear respostas imunes
inadequadas (Ross, Caballero, Cousins, Tucker, & Ziegler, 2016).
Barreira Intestinal: alterações na barreira protetora do intestino podem contribuir para a
inflamação.
Imunorregulação: as imunidades inata e adaptativa estão envolvidas na resposta
inflamatória.
A incapacidade de regular efetivamente as respostas imunes pode levar à amplificação da
inflamação (Ross, Caballero, Cousins, Tucker, & Ziegler, 2016).
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Sinais e Sintomas das Doenças Inflamatórias Intestinais (DII)
Diarreia: frequente e muitas vezes com dermatológicas, hepáticas etc.
sangue. Aumento do Risco de Doenças Malignas:
Febre: pode ocorrer durante crises Com a duração da DII.
inflamatórias. Complicações Gastrointestinais:
Perda de Peso: devido à inflamação crônica e Obstrução Intestinal: parcial ou completa.
má absorção.
Estenoses Localizadas: estreitamento do
Anemia: resultante da inflamação e perda de intestino.
sangue.
Fístulas e Abscessos: comuns em DII.
Intolerâncias Alimentares: dificuldade em
digerir certos alimentos. Espessamento da Submucosa: alterações na
parede intestinal.
Desnutrição: devido à má absorção de
nutrientes. Observação:
Atraso de Crescimento: principalmente em A doença de Crohn também pode apresentar
crianças. essas complicações.
Manifestações Extraintestinais: Artrite, A retocolite ulcerativa (RCU) está limitada
ao intestino grosso e reto. 7
Factores de risco
Os factores de risco para doenças intestinais inflamatórias (DII) incluem:

 Predisposição genética;

Factores ambientais, como a dieta e a microbiota intestinal, e o estado


inflamatório.

Além disso, a interação do sistema imunológico gastrointestinal, factores


genéticos e ambientais desempenham um papel na etiologia das DII (Mahan &
Raymond, 2018).

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Dieta como factor de suscetibilidade
A dieta ocidental (DO) e seus hábitos alimentares característicos podem contribuir para o
desenvolvimento de doenças intestinais inflamatórias (DII).
Mudanças rápidas na alimentação, como o aumento do consumo de gordura e proteína
animal em detrimento do arroz, estão associadas a um maior risco de DII.
Escolhas individuais, como o consumo de gordura, proteína animal, açúcares refinados e
fast food, aumentam o risco de doença de Crohn (DC) e colite ulcerativa (CU).
Por outro lado, o consumo de verduras protege contra a CU, mas aumenta o risco de DC.

Além disso, a hipótese da cadeia fria sugere uma relação entre o uso generalizado de
refrigeração e o desenvolvimento de DII (Ross, Caballero, Cousins, Tucker, & Ziegler,
2016).
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Fisiopatologia
A doença de Crohn e a retocolite ulcerativa (RCU) são duas formas de doenças inflamatórias
intestinais (DII) com características distintas:
Doença de Crohn:
Pode afetar qualquer parte do sistema gastrointestinal (SGI).
Segmentos inflamados do intestino podem ser intercalados com segmentos saudáveis.
Caracteriza-se por abscessos, fístulas, fibrose, espessamento da submucosa, estenoses
localizadas e segmentos estreitados do intestino.
Pode levar a obstrução parcial ou completa da luz intestinal.
Evolução clínica pode ser leve e episódica ou intensa e sem remissão.
Retocolite Ulcerativa (RCU): limitada à mucosa e submucosa e processo
patológico contínuo, sangramento é mais comum.
Não apresenta segmentos saudáveis intercalados.
Reação inflamatória resulta em dano do tecido gastrointestinal, levando à fibrose
tecidual e destruição
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Patogênese da doença inflamatória intestinal

Fonte: (Kasper, et al., 2017). 11


Características que Diferenciam Doença de Crohn e Colite Ulcerativa
Características Doença de Crohn Colite Ulcerativa
MACROSCÓPICAS
Região do intestino Íleo ±Colon Somente colon
Distribuição Lesões salteadas Difusa
Estenose Sim Rara
Aparência da parede Espessa Fina
MICROSCÓPICAS
Inflamação Transmural Limitada à mucosa
Pseudopódicos Moderada Acentuada
Ulceras Profundas tipo facada (fendas longas longitudinais) Superficiais com base ampla

Reação linfoide Acentuada Moderada


Fibrose Acentuada Leve a ausente
Serosite Acentuada Leve a ausente
Granulomas Sim (-35%) Não
Fístulas/seios Sim Não
CLÍNICAS
Fístula perianal Sim (em doença de colon) Não
Ma absorção de gordura e vitaminas Não

Potencial de malignidade Com envolvimento do colon Sim


Recorrência pós a cirurgia Comum Não 12
Megacólon toxico Não Sim
Distribuição das lesões em doenças de crohn e colite ulcerativa

 Fonte: (Kumar, Abbas, & Aster, 2016)


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Efeitos dos nutrientes associados com medicações na doença inflamatória
intestinal

(Ross, Caballero, Cousins, Tucker, & Ziegler, 2016). 14


Micronutrientes afetados frequentemente pela doença inflamatória intestinal

Fonte: (Ross, Caballero, Cousins, Tucker, & Ziegler, 2016) 15


Diagnostico
O diagnóstico das doenças intestinais inflamatórias (DII) envolve uma abordagem
multifacetada, combinando exames clínicos, endoscópicos, de imagem e laboratoriais.
Para avaliar a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa, os médicos podem solicitar os
seguintes exames:
Exames de sangue: avaliam marcadores inflamatórios, como a proteína C reativa (PCR) e
a velocidade de hemossedimentação (VHS).
Exames de fezes: verificam a presença de sangue oculto e marcadores inflamatórios.
Endoscopia digestiva alta e colonoscopia: são frequentemente utilizadas para visualizar o
trato gastrointestinal e obter biópsias para confirmação diagnóstica.
Exames de imagem: ressonância magnética e tomografia computadorizada podem ser
empregadas para avaliar a extensão e gravidade das lesões.
A combinação de dados clínicos e resultados de exames é essencial para estabelecer um
diagnóstico preciso e iniciar o manejo adequado das doenças intestinais inflamatórias1.

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Algoritmo de fisiopatologia e tratamento (Mahan & Raymond, 2018)

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Tratamento clinico
Abordando as manifestações gastrointestinais primárias, muitas das características
extraintestinais da doença também são corrigidas. Os seguintes agentes clínicos têm se
mostrado eficazes:
Corticosteroides, anti-inflamatórios (aminossalicilatos), imunossupressores (ciclosporina,
azatioprina, mercaptopurina), antibióticos (ciprofloxacino e metronidazol)
Antagonistas monoclonais do fator de necrose tumoral (anti-TNF), como infliximabe,
adalimumabe, certolizumabe e natalizumabe. Esses agentes inactivam citocinas inflamatórias
primárias.
O anti-TNF é frequentemente utilizado em casos graves de doença de Crohn e fístulas, mas
não tem se mostrado efetivo na retocolite ulcerativa (RCU).
Actualmente, pesquisas estão em andamento para explorar diversas modalidades de
tratamento para os estágios agudo e crônico da DII.
Isso inclui novos tipos de fármacos existentes e novos agentes que visam regular a produção
e a atividade de citocinas, eicosanoides ou outros mediadores da reação inflamatória e de fase
aguda1.
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Tratamento cirurgico
Doença de Crohn: as indicações cirúrgicas envolvem reparar estenoses e remover partes do
intestino quando o tratamento clínico falha.
Frequência de cirurgia: cerca de 50% a 70% das pessoas com doença de Crohn passam por
cirurgia relacionada à doença.
Recorrência após cirurgia: cirurgia não cura a doença de Crohn, recorrência geralmente
ocorre em um a três anos após a cirurgia e a chance de cirurgia subsequente é de 30% a 70%,
dependendo do tipo de cirurgia e idade da primeira cirurgia.
Complicações: ressecções maiores do intestino podem resultar em má absorção de líquidos e
nutrientes. Pode levar à síndrome do intestino curto (SIC) e dependência de nutrição
parenteral (NP) para manter a ingestão adequada de nutrientes e hidratação.
Retocolite Ulcerativa (RCU): a indicação cirúrgica: cerca de 20% dos pacientes passam por
colectomia e remoção do cólon, isso resolve a doença, uma vez que a inflamação não ocorre
no sistema gastrointestinal restante. Tambem há necessidade de colectomia: dependente da
intensidade da doença e indicadores de aumento do risco de câncer.
Após colectomia para RCU: os cirurgiões podem criar a ileostomia com bolsa de coleta
externa. Reservatório abdominal interno moldado com um segmento de íleo. 19
Papel da nutrição
O tratamento ideal para as doenças intestinais inflamatórias (DII) visa induzir a rápida
remissão da doença, mantê-la e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Nesse contexto, a
terapia nutricional desempenha um papel crucial e pode ser uma intervenção primária para a
DII.
Tradicionalmente, a terapia nutricional para a DII envolvia a nutrição parenteral total (NPT)
ou a nutrição enteral total (NET). No entanto, o conceito de terapia nutricional se expandiu,
incluindo outras ferramentas para o manejo da DII:
Intervenções para alterar a função do epitélio intestinal.
Melhorar a microbiota entérica.
Reduzir a inflamação do epitélio intestinal.
Essas opções oferecem diversas alternativas clínicas para prescrições nutricionais
terapêuticas seguras aos pacientes.

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Dietoterapia
A dietoterapia desempenha um papel crucial no tratamento da Doença Inflamatória Intestinal
(DII). Os pacientes com DII enfrentam riscos nutricionais devido à doença e ao tratamento, e o
objetivo principal é restaurar e manter o estado nutricional.
A dieta pode desempenhar um papel importante nas recidivas da DII;
 Micróbios dietéticos, nutrientes individuais e contaminantes podem oferecer uma variedade de
antígenos potenciais, afetando a função e a efetividade das barreiras mucosa, celular e imune.
Além disso, a dieta pode influenciar a composição da microbiota residente e a intensidade da
reação inflamatória.

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Cont

Alergias alimentares e outras reações imunológicas a alimentos específicos têm sido


consideradas na patogênese da DII, juntamente com a permeabilidade aumentada da
parede intestinal em estados inflamatórios, o que permite uma maior interação dos
antígenos com os sistemas imunes do hospedeiroIntolerâncias alimentares são mais
comuns em pessoas com DII do que na população em geral, mas os padrões não são
consistentes entre indivíduos.
As razões para intolerâncias alimentares específicas e inespecíficas estão
relacionadas com a intensidade, a localização e as complicações associadas à
doença.
Problemas como obstruções parciais do trato gastrointestinal, má absorção, diarreia,
alteração do trânsito intestinal, aumento das secreções e aversões alimentares são
comuns em pessoas com DII, mas nem as alergias alimentares nem as intolerâncias
explicam completamente o início ou as manifestações em todos os pacientes
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Cont
A terapia nutricional desempenha um papel crucial no tratamento das doenças inflamatórias
intestinais (DII). Eis os principais pontos:
Restauração e manutenção nutricional: a desnutrição compromete a função digestiva e
absortiva. A nutrição enteral pode alimentar o epitélio intestinal e alterar a microbiota
gastrointestinal, pode amenizar alguns elementos do processo inflamatório. Remissão clínica
pode ocorrer quando a terapia nutricional é usada como única fonte de tratamento.
Necessidades aumentadas: pacientes com DII têm necessidades aumentadas de proteínas e
podem precisar de suplementos vitamínicos e minerais devido à má digestão, má absorção e
interações medicamentosas (Mahan & Raymond, 2018).
Personalização da dieta: durante exacerbações agudas e intensas da doença, a dieta é
personalizada. Considera-se a capacidade de absorção, intolerâncias alimentares específicas e
obstrução parcial do intestino.
Participação activa dos pacientes: orientação nutricional adequada ajuda a reduzir não
apenas os sintomas da doença, mas também o grau de ansiedade associado (Mahan &
Raymond, 2018).
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Nutrição parenteral total
A nutrição parenteral total (NPT), historicamente utilizada como terapia nutricional para as
doenças intestinais inflamatórias (DII), envolve:
Eliminação de estímulos antigênicos: A NPT provavelmente funciona eliminando
estímulos antigênicos das moléculas de alimentos intactas, também altera a microbiota
intestinal e remove componentes grandes e não digeríveis dos alimentos, que podem gerar
sintomas obstrutivos nas estreituras intestinais.
Resultados e limitações: remissão eficaz da doença de Crohn (DC) foi demonstrada pela
NPT, no entanto, a remissão raramente é mantida. Os resultados para a colite ulcerativa (CU)
não foram tão animadores.
Recomendações actuais: devido à eficácia insatisfatória, alto custo e frequentes efeitos
colaterais, diretrizes baseadas em evidências não recomendam a NPT como tratamento
primário de longo prazo para a DII.
A NPT pode ser útil como abordagem adjunta de curto prazo em circunstâncias específicas,
como o controle de pacientes com intestino curto, íleo ou obstrução prolongada ou fístulas
pós-operatórias resultantes de drenagem anastomótica, visando prevenir a desnutrição grave
em pacientes já desnutridos que podem requerer cirurgia eletiva. 24
Nutrição enteral total
A nutrição enteral total (NET) emergiu como uma alternativa terapêutica para o tratamento
da doença inflamatória intestinal (DII) activa. Eis os principais pontos:
Definição da NET: consiste na substituição da ingestão calórica e nutricional por um
suplemento nutricional líquido processado e pode ser administrada pela boca ou por sonda de
alimentação.
Benefícios Teóricos da NET: prevenção da atrofia vilosa da mucosa do intestino delgado,
manutenção da integridade epitelial, redução da ativação do sistema imunológico intestinal.
Eficácia clínica: estudos demonstraram que a NET pode induzir a remissão com eficácia
semelhante aos corticosteroides. Especialmente eficaz em crianças com DII ativa,
melhorando a velocidade de crescimento dificultada pela terapia com corticosteroides.
Desafios da NET: aceitação insatisfatória de longo prazo, especialmente em populações
adultas.
Limitações nos Estados Unidos devido a preferências culturais, palatabilidade, aversão à
sonda de alimentação e custo (Ross, Caballero, Cousins, Tucker, & Ziegler, 2016).
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Recomendações de macronutrientes
A recomendação nutricional para pacientes com Doença Inflamatória Intestinal (DII) inclui:
Carboidratos: não há uma recomendação específica sobre a ingestão de carboidratos, mas é
importante considerar a capacidade de absorção e intolerâncias alimentares específicas
durante exacerbações agudas da doença (Mahan & Raymond, 2018).
Proteínas: recomenda-se uma ingestão de 1,3 a 1,5 g/kg/dia de proteínas para manter o
balanço nitrogenado positivo, especialmente considerando a intensidade e o estágio da
doença, a necessidade de restauração e a perda de massa muscular magra devido à inflamação
e ao tratamento com corticosteroides (Mahan & Raymond, 2018).
Lipídios: para pacientes com má absorção de lipídios, a suplementação dietética com
triglicerídeos de cadeia média (TCMs) pode ser útil para adicionar energia e servir de veículo
para nutrientes (Mahan & Raymond, 2018).
Essas recomendações podem variar de acordo com a situação clínica de cada paciente, e é
importante que a orientação nutricional seja individualizada e supervisionada por
profissionais de saúde especializados.
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Microbiota
A microbiota é o conjunto de micro-organismos (como bactérias, fungos e vírus) que
naturalmente habitam nosso corpo, juntamente com seus genes e metabólitos. Essas
comunidades microbianas desempenham um papel fundamental em nossa saúde e estão
relacionadas a várias doenças (Mahan & Raymond, 2018).
Pró-bióticos: probióticos, como o suplemento VSL#3 com múltiplas cepas, mostraram
benefícios em manter a remissão da retocolite ulcerativa (RCU), especialmente em pacientes
com pouchite após colectomia. No entanto, estudos não demonstraram melhora significativa
da atividade da doença de Crohn em pacientes adultos ou pediátricos, nem a capacidade dos
suplementos probióticos em prolongar a remissão na doença de Crohn.
Pré-bióticos: a ingestão regular de alimentos pré-bióticos, como oligossacarídeos, fibras
fermentáveis e amidos resistentes, pode beneficiar a microbiota intestinal, alimentando
bactérias benéficas e teoricamente suprimindo a microbiota patogênica. O uso de probióticos
e pré-bióticos para tratar diarreia pode prevenir a síndrome do intestino delgado
excessivamente proliferativo em indivíduos predispostos;
No entanto, são necessários estudos adicionais para identificar a dose, os alimentos pré-
bióticos e probióticos mais eficazes, seu uso terapêutico e de manutenção, e seu valor relativo
em comparação com outras terapias (Mahan & Raymond, 2018).. 27
Conclusão
As doenças intestinais inflamatórias, como a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa,
representam desafios significativos para pacientes e profissionais de saúde. Essas condições
são crônicas e apresentam uma ampla gama de sintomas debilitantes.
Compreender os sinais e sintomas distintos é fundamental para o manejo eficaz e a melhoria
da qualidade de vida dos pacientes.
Identificação precoce e tratamento personalizado são essenciais e a abordagem
multidisciplinar no cuidado dos pacientes com DII é crucial.
Probióticos, pré-bióticos e outras intervenções nutricionais oferecem perspectivas
promissoras para o manejo complementar dessas condições.
A integração de abordagens baseadas em evidências pode melhorar os desfechos clínicos e a
qualidade de vida dos pacientes.
É essencial continuar avançando no conhecimento e na prática clínica para atender às
necessidades complexas e variadas dos pacientes afetados por essas condições crônicas.

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Bibliografia
1. Kumar, V., Abbas, A. K., & Aster, J. C. (2016). Patologia: bases
patologicas das doencas . Sao paulo: Elsevier.
2. Mahan, K., & Raymond, J. L. (2018). Krause: Alimentos, Nutrição e
Dietoterapia (14 ed.). (V. Mannarino, & A. Favano, Trads.) Rio de Janeiro:
Elsevier.
3. Ross, A. C., Caballero, B., Cousins, R. J., Tucker, K. L., & Ziegler, T. R.
(2016). Nutrição moderna de Shils na saúde e na doença (11 ed.). Barueri ,
SP: Manole.
4. Teixeira, D. d. (2020). Patologia geral. Teófilo Otoni: NICE.

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OBRIGADO

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