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Maxixe
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2024
Introdução
As doenças intestinais inflamatórias (DII), que incluem a doença de Crohn e a colite
ulcerativa, representam um desafio significativo para a saúde pública devido à sua
prevalência crescente e ao impacto substancial na qualidade de vida dos pacientes.
A doença de Crohn e a retocolite ulcerativa (RCU), representam um grupo de condições
crônicas debilitantes.
Caracterizadas por um processo inflamatório crônico no trato gastrointestinal, essas doenças
apresentam uma ampla gama de sintomas, incluindo diarreia, febre, perda de peso, anemia,
intolerâncias alimentares, desnutrição e manifestações extraintestinais.
A complexidade dessas condições exige uma abordagem multidisciplinar, na qual a
dietoterapia desempenha um papel fundamental.
A compreensão das características clínicas, factores etiológicos, tratamentos e intervenções
nutricionais é crucial para o manejo eficaz e a melhoria da qualidade de vida dos pacientes
afetados.
Esta apresentação busca explorar e sintetizar as informações relevantes sobre as DII,
abordando os sinais e sintomas distintos da doença de Crohn e da RCU, bem como as
considerações terapêuticas e nutricionais associadas a essas condições. 2
Objectivo
Objectivo geral:
Objectivos específicos:
As doenças inflamatórias intestinais (DII) são um conjunto de distúrbios que causam
inflamação crônica do intestino. Duas das principais condições incluídas nas DII são a
colite ulcerativa e a doença de Crohn (Mahan & Raymond, 2018).
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Etiologia
Embora a etiologia exata das DII ainda não seja completamente compreendida, vários fatores
desempenham um papel na sua origem:
Fatores Genéticos: a ocorrência de DII é maior entre parentes de primeiro grau e gêmeos
monozigóticos.
O gene NOD2 está associado à patogênese da doença de Crohn, mas não explica
isoladamente a condição (Mahan & Raymond, 2018).
Fatores Luminais: relacionados à microbiota intestinal, seus antígenos e produtos
metabólicos. A exposição constante a antígenos intestinais pode desencadear respostas imunes
inadequadas (Ross, Caballero, Cousins, Tucker, & Ziegler, 2016).
Barreira Intestinal: alterações na barreira protetora do intestino podem contribuir para a
inflamação.
Imunorregulação: as imunidades inata e adaptativa estão envolvidas na resposta
inflamatória.
A incapacidade de regular efetivamente as respostas imunes pode levar à amplificação da
inflamação (Ross, Caballero, Cousins, Tucker, & Ziegler, 2016).
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Sinais e Sintomas das Doenças Inflamatórias Intestinais (DII)
Diarreia: frequente e muitas vezes com dermatológicas, hepáticas etc.
sangue. Aumento do Risco de Doenças Malignas:
Febre: pode ocorrer durante crises Com a duração da DII.
inflamatórias. Complicações Gastrointestinais:
Perda de Peso: devido à inflamação crônica e Obstrução Intestinal: parcial ou completa.
má absorção.
Estenoses Localizadas: estreitamento do
Anemia: resultante da inflamação e perda de intestino.
sangue.
Fístulas e Abscessos: comuns em DII.
Intolerâncias Alimentares: dificuldade em
digerir certos alimentos. Espessamento da Submucosa: alterações na
parede intestinal.
Desnutrição: devido à má absorção de
nutrientes. Observação:
Atraso de Crescimento: principalmente em A doença de Crohn também pode apresentar
crianças. essas complicações.
Manifestações Extraintestinais: Artrite, A retocolite ulcerativa (RCU) está limitada
ao intestino grosso e reto. 7
Factores de risco
Os factores de risco para doenças intestinais inflamatórias (DII) incluem:
Predisposição genética;
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Dieta como factor de suscetibilidade
A dieta ocidental (DO) e seus hábitos alimentares característicos podem contribuir para o
desenvolvimento de doenças intestinais inflamatórias (DII).
Mudanças rápidas na alimentação, como o aumento do consumo de gordura e proteína
animal em detrimento do arroz, estão associadas a um maior risco de DII.
Escolhas individuais, como o consumo de gordura, proteína animal, açúcares refinados e
fast food, aumentam o risco de doença de Crohn (DC) e colite ulcerativa (CU).
Por outro lado, o consumo de verduras protege contra a CU, mas aumenta o risco de DC.
Além disso, a hipótese da cadeia fria sugere uma relação entre o uso generalizado de
refrigeração e o desenvolvimento de DII (Ross, Caballero, Cousins, Tucker, & Ziegler,
2016).
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Fisiopatologia
A doença de Crohn e a retocolite ulcerativa (RCU) são duas formas de doenças inflamatórias
intestinais (DII) com características distintas:
Doença de Crohn:
Pode afetar qualquer parte do sistema gastrointestinal (SGI).
Segmentos inflamados do intestino podem ser intercalados com segmentos saudáveis.
Caracteriza-se por abscessos, fístulas, fibrose, espessamento da submucosa, estenoses
localizadas e segmentos estreitados do intestino.
Pode levar a obstrução parcial ou completa da luz intestinal.
Evolução clínica pode ser leve e episódica ou intensa e sem remissão.
Retocolite Ulcerativa (RCU): limitada à mucosa e submucosa e processo
patológico contínuo, sangramento é mais comum.
Não apresenta segmentos saudáveis intercalados.
Reação inflamatória resulta em dano do tecido gastrointestinal, levando à fibrose
tecidual e destruição
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Patogênese da doença inflamatória intestinal
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Algoritmo de fisiopatologia e tratamento (Mahan & Raymond, 2018)
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Tratamento clinico
Abordando as manifestações gastrointestinais primárias, muitas das características
extraintestinais da doença também são corrigidas. Os seguintes agentes clínicos têm se
mostrado eficazes:
Corticosteroides, anti-inflamatórios (aminossalicilatos), imunossupressores (ciclosporina,
azatioprina, mercaptopurina), antibióticos (ciprofloxacino e metronidazol)
Antagonistas monoclonais do fator de necrose tumoral (anti-TNF), como infliximabe,
adalimumabe, certolizumabe e natalizumabe. Esses agentes inactivam citocinas inflamatórias
primárias.
O anti-TNF é frequentemente utilizado em casos graves de doença de Crohn e fístulas, mas
não tem se mostrado efetivo na retocolite ulcerativa (RCU).
Actualmente, pesquisas estão em andamento para explorar diversas modalidades de
tratamento para os estágios agudo e crônico da DII.
Isso inclui novos tipos de fármacos existentes e novos agentes que visam regular a produção
e a atividade de citocinas, eicosanoides ou outros mediadores da reação inflamatória e de fase
aguda1.
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Tratamento cirurgico
Doença de Crohn: as indicações cirúrgicas envolvem reparar estenoses e remover partes do
intestino quando o tratamento clínico falha.
Frequência de cirurgia: cerca de 50% a 70% das pessoas com doença de Crohn passam por
cirurgia relacionada à doença.
Recorrência após cirurgia: cirurgia não cura a doença de Crohn, recorrência geralmente
ocorre em um a três anos após a cirurgia e a chance de cirurgia subsequente é de 30% a 70%,
dependendo do tipo de cirurgia e idade da primeira cirurgia.
Complicações: ressecções maiores do intestino podem resultar em má absorção de líquidos e
nutrientes. Pode levar à síndrome do intestino curto (SIC) e dependência de nutrição
parenteral (NP) para manter a ingestão adequada de nutrientes e hidratação.
Retocolite Ulcerativa (RCU): a indicação cirúrgica: cerca de 20% dos pacientes passam por
colectomia e remoção do cólon, isso resolve a doença, uma vez que a inflamação não ocorre
no sistema gastrointestinal restante. Tambem há necessidade de colectomia: dependente da
intensidade da doença e indicadores de aumento do risco de câncer.
Após colectomia para RCU: os cirurgiões podem criar a ileostomia com bolsa de coleta
externa. Reservatório abdominal interno moldado com um segmento de íleo. 19
Papel da nutrição
O tratamento ideal para as doenças intestinais inflamatórias (DII) visa induzir a rápida
remissão da doença, mantê-la e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Nesse contexto, a
terapia nutricional desempenha um papel crucial e pode ser uma intervenção primária para a
DII.
Tradicionalmente, a terapia nutricional para a DII envolvia a nutrição parenteral total (NPT)
ou a nutrição enteral total (NET). No entanto, o conceito de terapia nutricional se expandiu,
incluindo outras ferramentas para o manejo da DII:
Intervenções para alterar a função do epitélio intestinal.
Melhorar a microbiota entérica.
Reduzir a inflamação do epitélio intestinal.
Essas opções oferecem diversas alternativas clínicas para prescrições nutricionais
terapêuticas seguras aos pacientes.
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Dietoterapia
A dietoterapia desempenha um papel crucial no tratamento da Doença Inflamatória Intestinal
(DII). Os pacientes com DII enfrentam riscos nutricionais devido à doença e ao tratamento, e o
objetivo principal é restaurar e manter o estado nutricional.
A dieta pode desempenhar um papel importante nas recidivas da DII;
Micróbios dietéticos, nutrientes individuais e contaminantes podem oferecer uma variedade de
antígenos potenciais, afetando a função e a efetividade das barreiras mucosa, celular e imune.
Além disso, a dieta pode influenciar a composição da microbiota residente e a intensidade da
reação inflamatória.
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Cont
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Bibliografia
1. Kumar, V., Abbas, A. K., & Aster, J. C. (2016). Patologia: bases
patologicas das doencas . Sao paulo: Elsevier.
2. Mahan, K., & Raymond, J. L. (2018). Krause: Alimentos, Nutrição e
Dietoterapia (14 ed.). (V. Mannarino, & A. Favano, Trads.) Rio de Janeiro:
Elsevier.
3. Ross, A. C., Caballero, B., Cousins, R. J., Tucker, K. L., & Ziegler, T. R.
(2016). Nutrição moderna de Shils na saúde e na doença (11 ed.). Barueri ,
SP: Manole.
4. Teixeira, D. d. (2020). Patologia geral. Teófilo Otoni: NICE.
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OBRIGADO
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