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ETIOLOGIA
Ainda que sua etiologia seja desconhecida alguns fatores são comumente aceitos, um
deles é o fator imunológico, onde acredita-se que a sua causa seja devida uma resposta
imune exagerada. Alguns autores defendem que o início e a sequência da inflamação em
indivíduos com DC estão associados a um desequilíbrio entre citocinas pró e anti-
inflamatórias, produzidas na mucosa intestinal, e este processo de produção e liberação
de citocinas que pode causar o aparecimento de determinadas complicações,
nomeadamente, ulcerações e o aumento da permeabilidade intestinal.(Robbins &
Contran) O início da resposta imune se inicia pelas células Th1 que são responsáveis
pela ativação da resposta imune, onde foram encontradas em grande quantidade em
portadores da DC, desencadeando assim as lesões granulomatosas,que são lesões
características da doença. além dessas células foram encontradas também as citocinas
IL-12,TNFα e IFN-γ.Esses estudos permitiram estabelecer diferentes padrões de
citocinas, em diferentes fases da doença, as lesões crónicas estão essencialmente
associadas a níveis elevados de IL-2, IFN-γ, TNF-α e IL-12 e IL-18, já as lesões mais
precoces parecem ter níveis de IL-4 aumentados e de IFN-γ diminuídos, mesmo as
células Th1 sendo consideradas as ativadoras das respostas imunes, as IL-18 têm-se
mostrado como potenciais citocinas pleiotrópica capazes de mediar tanto as respostas
Th1 como as Th2, reforçando assim a divergência dos padrões de citocinas na
patogênese da DC.(Robbins & Contran).
mucoso, responsável por manter o equilíbrio entre a resposta imune perante as agressões
e tolerância a antígenos normalmente inócuos. Nos indivíduos com DC este equilíbrio
está comprometido, originando um processo inflamatório crónico com consequente
lesão tecidual. (Marcolin A.C.,Gonçalves C.,Cascaes C., Troncon L.E. e Duarte G)
Outro fator também aceito é o fator genético, onde acreditava-se que antigamente
existia maior probabilidade de se desenvolver DC através de antecedentes familiares
como em casos de gêmeos e irmãos, mas estudos realizados nas GWAS ( Genoma –
Wide Association Study ) permitiu a identificação de polimorfimorfismo que estão
associados ao desenvolvimento da DC e este polimorfismo e uma alteração da
sequência do DNA, onde o mais comum consiste na alteração de um único par de base,
chamados de polimorfismos singulares de nucleotídeos (single nucleotide
polimorphisms ou SNPs). As GWAS não são capazes de identificar exatamente a
variante causadora da doença, mas alguns genes envolvidos em diferentes mecanismos
foram identificados, como no processo de homeostasia da barreira epitelial, imunidade
inata, reposta imunitária, estes genes identificados permitem avaliar o comportamento
da doença, qual a sua localização, sua atividade e também qual o tratamento a seguir.
(Marcolin A.C.,Gonçalves C.,Cascaes C., Troncon L.E. e Duarte G)
Outro fator também conhecido, mas inconclusivo é o fator infectante, os agentes mais
frequentemente encontrados no gênese da doença de Cohn são os vírus, dentre eles os
rotavírus, o vírus de Epstein-Barr e alguns RNA vírus citopáticos. Bactérias
semelhantes a Pseudomonas,Mycobacterium Kansaii e Yersina também foram
questionada como uma das causas da doença, porém essa associação ainda carece de
provas definitiva. (Marcolin A.C.,Gonçalves C.,Cascaes C., Troncon L.E. e Duarte G)
FISIOPATOLOGIA
A doença começa com inflamação das criptas e dos abscessos, que progridem para
pequenas úlceras aftoides. Essas lesões da mucosa podem evoluir para úlceras
profundas transversais e longitudinais com edema mucoso entre as úlceras, criando, no
intestino, aspecto característico de pedra de calçamento. A disseminação transmural da
inflamação causa linfedema e espessamento da parede intestinal e do mesentério. A
gordura mesentérica tipicamente se estende à superfície serosa do intestino. Linfonodos
mesentéricos com frequência aumentam de tamanho. Inflamação extensa pode resultar
em hipertrofia muscular, fibrose e estenose, que podem causar obstrução intestinal.
Abscessos são comuns e fístulas frequentemente penetram estruturas vizinhas, incluindo
outras alças intestinais, bexiga ou o músculo psoas.
Cerca de 35% dos casos de doença de Crohn têm envolvimento do intestino delgado,
habitualmente da porção final, chamada íleo.
Cerca de 45% envolvem o íleo e colo (ileocolite), com uma predileção pelo lado direito
do colo.
Cerca de 20% envolvem somente o colo (colite granulomatosa), a maioria dos quais, ao
contrário da colite ulcerativa, poupam o reto.
5 a 15% têm envolvimento da boca, do estômago e/ou duodeno. Envolvimento do
esôfago ou do intestino delgado proximal pode ocorrer, mas é menos comum.
CLASSIFICAÇÃO
(1) primariamente inflamatória, que depois de vários anos costuma evoluir para
COMPLICAÇÕES
MANIFESTAÇÕES INICIAIS
Diarreia crônica com dor abdominal, febre, anorexia e perda ponderal. O abdome é
sensível e uma massa ou distensão pode ser palpável. Sangramento retal abundante não
é usual, excetuando-se casos de doença colônica isolada, que pode se apresentar de
maneira similar à colite ulcerativa. Alguns pacientes se apresentam com abdome agudo
que simula apendicite aguda ou obstrução intestinal. Cerca de 33% dos pacientes têm
doenças perianais (em especial, fissuras e fístulas), que são algumas vezes as queixas
mais proeminentes ou mesmo iniciais.
A dor é o mais comum e ocorre como recorrência simples ou mesmo com formação de
abscessos. Os pacientes com graves apresentações ou abscessos são mais propensos a
apresentarem desconforto, descompressão brusca e aparência geral de toxemia.
Segmentos estenosados podem causar obstrução colônica, com dor em cólica, distensão,
obstipação e vômitos.
Lesões de pele: pioderma gangrenoso e eritema nodoso ocorrem em até 10% dos
pacientes.
Lesões oculares: uveítes, irites ou episclerites ocorrem em até 5% do pacientes.
Lesões músculo-esqueléticas: artrites e espondilite anquilosante surgem em até
20% dos casos.
Amiloidose é uma complicação possível, mas rara.
Cálculo renal por oxalato de cálcio ou ácido úrico.
Colangite esclerosante ocorre em até 5% dos pacientes.
FATORES DE RISCO
As doenças inflamatórias intestinais são mais comuns nos países do hemisfério norte e
na população de origem judaica.
A doença de Crohn surge normalmente antes dos 30 anos de idade, apesar de alguns
pacientes só desenvolveram a doença após os 60 anos. Homens e mulheres são
igualmente acometidos.
A história familiar também é um fator importante. 25% dos pacientes com doença
inflamatória intestinal apresentam pelo menos um parente de primeiro grau também
portador da doença.
Não se conseguiu ainda comprovar nenhuma ligação da doença com algum tipo de dieta
ou com estresse emocional. Também não há comprovação em relação à influência dos
anticoncepcionais.
DIAGNOSTICO
TRATAMENTO
Tratamento farmacológico
Os dois primeiros grupos de fármacos são mais utilizados nas doenças leves
principalmente a mesalazina (Asacol® ou Pentasa®).
Após o controle da fase aguda, o tratamento com mesalazina costuma ser prolongado
por pelo menos 6 a 12 meses, até repetição da colonoscopia demonstrando recuperação
das lesões intestinais.
Controle da diarreia: Suplementos à base de fibras e a loperamida são boas opções de
tratamento para controle da diarreia. A loperamida não deve ser utilizada em pacientes
com complicações, principalmente naqueles com obstrução intestinal.
Ainda não existe uma dieta que comprovadamente auxilie nas doenças inflamatórias
intestinais. O que se indica é avaliar individualmente quais alimentos exacerbam os
sintomas para evitá-los. Mas não há uma relação de alimentos que faça mal ou bem
universalmente. Muitos pacientes com Crohn acabam desenvolvendo intolerância à
lactose. Nesses casos, uma dieta sem lactose ajuda a melhorar os sintomas.
Cirurgia
Quanto mais agressiva for a doença, maior é o risco de complicações que precisam de
correção cirúrgica
Terapia de manutenção
Pacientes que requerem somente 5-AAS ou um antibiótico para alcançar a remissão
podem ser mantidos com esse fármaco. Pacientes que necessitam de tratamento agudo
com corticoides ou agentes anti-FNT tipicamente precisam de azatioprina, 6-
mercaptopurina, metotrexato, terapia anti-FNT ou uma combinação de terapias para
manutenção. Muitos, se não a maioria, dos pacientes que alcançam remissão com um
agente anti-FNT exigirão aumento da dose ou diminuição dos intervalos de tratamento
em um ou dois anos. Os corticoides de ação sistêmica ativa não são seguros e nem
eficazes para manutenção a longo prazo, embora a budesonida tenha mostrado adiar as
recaída com menos efeitos adversos. Pacientes que respondem à terapia anti-FNT contra
doença aguda, mas que não se mantêm bem com antimetabólitos, podem permanecer
em remissão com doses repetidas de agentes anti-FNT. O monitoramento durante a
remissão pode ser feito acompanhando os sintomas e fazendo exames de sangue e não
exige testes radiológicos ou colonoscopia de rotina (além de vigilância regular para
displasia depois de 7 a 8 anos da doença).