Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
as refeições
• Fornecer uma dieta semissólida com líquidos espessos, que são mais fáceis de deglutir
• Orientar o paciente a colocar o alimento sobre a língua, fechar os lábios e os dentes, movimentar a
língua para cima e, em seguida, para trás e deglutir; incentivar o paciente a mastigar inicialmente de um
lado da boca e, em seguida, do outro lado
• Lembrar ao paciente para manter a cabeça ereta e fazer um esforço consciente para deglutir, a fim de
controlar o acúmulo de saliva
• Monitorar semanalmente o peso do paciente
• Fornecer alimentação suplementar e, com a evolução da doença, alimentação por sonda
• Consultar um nutricionista sobre as necessidades nutricionais do paciente.
MELHORA DA COMUNICAÇÃO
• Lembrar ao paciente para ficar de frente para o ouvinte, falar lentamente e de modo deliberado e
exagerar a pronúncia das palavras; um pequeno amplificador elétrico é bastante útil o se o paciente tiver
dificuldade em ser ouvido
• Instruir o paciente a falar com frases curtas e a respirar várias vezes antes de falar
• Solicitar o acompanhamento de um fonoaudiólogo para ajudar o paciente.
Reavaliação
RESULTADOS ESPERADOS DO PACIENTE
• Esforço para obter melhora da mobilidade
• Evolução para o autocuidado
• Manutenção da função intestinal
• Melhora no estado nutricional
• Obtenção de um método de comunicação
• Enfrentamento das adversidades causadas pela doença de Parkinson.
___________
Para mais informações, ver o Capítulo 70 em Hinkle JL, Cheever KH. (2018). Brunner and Suddarth’s
textbook of medicalsurgical nursing (14th ed.). Philadelphia, PA: Lippincott Williams & Wilkins.
Doença diverticular
Um divertículo é uma herniação sacular do revestimento do intestino, que se estende através de um defeito na camada
muscular. Ocorre diverticulose quando há múltiplos divertículos sem inflamação nem sintomas. A diverticulite é uma
condição inflamatória causada por alimentos e bactérias retidos no divertículo.
Fisiopatologia
Os divertículos podem ocorrer em qualquer local do sistema digestório, do esôfago ao cólon, mas são observados mais
comumente no cólon, em especial no cólon sigmoide. Ocorre diverticulose quando há múltiplos divertículos sem
inflamação nem sintomas. Sua prevalência aumenta com a idade; na verdade, está presente em metade de todas as pessoas
com mais de 65 anos e em quase todas com 90 anos. O baixo consumo de fibras alimentares é considerado um fator de
risco, assim como obesidade, histórico de tabagismo, uso regular de antiinflamatórios não esteroides (AINE) e
paracetamol, e história familiar positiva. Ocorre diverticulite quando os alimentos e as bactérias retidos no divertículo
provocam infecção e inflamação, que podem enfraquecer a parede do cólon. A inflamação da parede enfraquecida do cólon
pode levar à perfuração, provocando irritabilidade e espasticidade do cólon. Além disso, pode haver formação de
abscessos que, posteriormente, podem perfurar, levando à peritonite. A diverticulite pode ocorrer em crises agudas ou
persistir como infecção indolente e crônica. Existe a probabilidade de uma predisposição congênita quando o distúrbio é
encontrado em indivíduos com menos de 40 anos de idade. Os sintomas da diverticulite geralmente resultam de suas
complicações, que incluem abscesso, formação de fístula (trato anormal), obstrução, perfuração, peritonite e hemorragia.
Manifestações clínicas
Diverticulose
• Com frequência, não há nenhum sintoma grave; o seu desenvolvimento é frequentemente precedido de constipação
intestinal crônica em muitos anos
• Irregularidade intestinal com intervalos de diarreia, náuseas, anorexia e distensão abdominal
• Cólicas, fezes de calibre estreito e aumento da constipação intestinal ou, algumas vezes, obstrução intestinal
• Fraqueza, fadiga e anorexia.
Diverticulite
• Início agudo de dor leve a intensa no quadrante inferior esquerdo
• Náuseas, vômitos, febre, calafrios e leucocitose
• Se não for tratada, ocorrência de peritonite e septicemia.
Considerações gerontológicas
A incidência de doença diverticular aumenta com a idade, devido à degeneração e às alterações estruturais das camadas
musculares circulares do cólon e hipertrofia celular. Os sintomas são menos pronunciados nos idosos, que podem não
apresentar dor abdominal até que ocorra infecção. Esses indivíduos podem adiar o relato dos sintomas, visto que temem a
necessidade de cirurgia ou a presença de câncer. O sangue nas fezes frequentemente passa despercebido, visto que o
indivíduo não examina as fezes ou é incapaz de identificar alterações, devido ao comprometimento da visão.
Manejo clínico
Manejo nutricional e terapia farmacológica
• Em geral, a diverticulite pode ser tratada em base ambulatorial com dieta e medicamentos; os sintomas são tratados
com repouso, agentes analgésicos e antiespasmódicos
• O paciente é instruído a consumir líquidos claros até a resolução da inflamação; em seguida, deve consumir uma dieta
rica em fibras e com baixo teor de gordura. São prescritos antibióticos por 7 a 10 dias, e prescrevese também o uso
de laxativo formador de massa
• Os pacientes com sintomas significativos e, com frequência, os indivíduos idosos e aqueles com
imunocomprometimento ou em uso de corticosteroides são hospitalizados. Devese repousar o intestino por meio de
suspensão da ingestão oral, administração de líquidos IV e sondagem nasogástrica em sifonagem
• São prescritos antibióticos de amplo espectro e analgésicos, e prescrevese um opioide para alívio da dor. A ingestão
oral é aumentada com a resolução dos sintomas. Pode ser necessária uma dieta pobre em fibras até a diminuição dos
sinais de infecção
• Podem ser prescritos antiespasmódicos, como o brometo de propantelina e oxifenciclimina
• As fezes normais podem ser produzidas por meio da administração de preparações de massa (psílio), emolientes fecais
(docusato), enemas de óleo aquecido e supositórios para evacuação (bisacodil)
• Foi sugerido o uso de agentes probióticos como maneira de evitar a recidiva, promovendo melhor equilíbrio dos
micróbios no intestino e aumentando a competência imunológica.
Manejo cirúrgico
Em geral, a cirurgia (ressecção) é necessária apenas se houver complicações (p. ex., perfuração, peritonite, hemorragia,
obstrução). O tipo de cirurgia realizada varia de acordo com a extensão das complicações (ressecção em um estágio ou
procedimentos em múltiplos estágios). Em alguns casos, podese efetuar um desvio intestinal (colostomia). A lavagem
laparoscópica foi sugerida para evitar a ressecção intestinal e a criação de um estoma em pacientes mais jovens
selecionados sem comorbidades.
PROCESSO DE ENFERMAGEM
Paciente com diverticulite
Avaliação
• Avaliar a história de saúde, incluindo o início e a duração da dor, hábitos alimentares (consumo de fibras)
e padrões de eliminação pregressos e atuais (esforço para defecar, constipação intestinal com diarreia,
tenesmo [espasmo do esfíncter anal com dor e necessidade persistente de defecar], edema e distensão
abdominal)
• Auscultar para a existência e o caráter dos sons intestinais; palpar para a detecção de
hipersensibilidade, dor ou presença de massa de consistência firme no quadrante inferior esquerdo
• Inspecionar as fezes quanto à presença de pus, muco ou sangue
• Monitorar a pressão arterial, a temperatura e o pulso, à procura de variações anormais.
Manejo de enfermagem no período peroperatório
À medida que as técnicas de cirurgia vãose modificando como resultado dos avanços tecnológicos e das especializações
médicas, algumas cirurgias tornaramse menos invasivas e, portanto, menos agressivas. Em decorrência do uso crescente
da cirurgia minimamente invasiva – isto é, procedimentos cirúrgicos que utilizam instrumentos especializados
introduzidos no corpo por meio de orifícios naturais ou pequenas incisões –, muitas cirurgias podem ser realizadas em
base ambulatorial. A cirurgia, seja ela eletiva ou de emergência, continua sendo uma experiência estressante e complexa.
Mesmo pacientes saudáveis submetidos a cirurgia ambulatorial podem apresentar complicações inesperadas durante
procedimentos relativamente simples nos demais aspectos.
Os padrões relacionados com o período peroperatório abrangem os domínios da resposta comportamental, resposta
fisiológica e segurança do paciente e são usados como diretrizes para o desenvolvimento dos diagnósticos, das
intervenções e dos planos de enfermagem, assegurando os melhores resultados. A enfermagem peroperatória, que se
estende por toda a experiência cirúrgica, consiste em três fases: a fase préoperatória (que começa quando se toma a
decisão de realizar uma intervenção cirúrgica até o momento de transferência do paciente para o centro cirúrgico [CC]), a
fase intraoperatória (que começa quando o paciente é transferido para o centro cirúrgico até a sua admissão na unidade
de cuidados pósanestésicos [UCPA]), e a fase pósoperatória (que começa com a admissão do paciente na UCPA até a
alta e o acompanhamento).
Considerações préoperatórias
Muitos pacientes chegam ao hospital 90 minutos antes da cirurgia e realizam as avaliações clínicas e análises necessárias
que precedem a intervenção cirúrgica. O período operatório é seguido de um período de recuperação, que geralmente dura
algumas horas na UCPA, e o paciente pode, então, retornar para o domicílio no mesmo dia, após se recuperar. No caso de
procedimentos mais invasivos, ou quando existem comorbidades, pode ser necessário que o paciente complete os exames
laboratoriais antes da admissão e permaneça no hospital por vários dias durante o pósoperatório para fisioterapia,
monitoramento e avaliação.
As cirurgias nos casos de traumatismo e de emergência resultam, com mais frequência, em permanência hospitalar
prolongada. Os pacientes agudamente doentes ou submetidos a uma cirurgia de grande porte, e aqueles com distúrbios
clínicos concomitantes podem necessitar de cuidado de suporte suplementar e de acompanhamento de outras
especialidades médicas no ambiente hospitalar. Independente do ambiente cirúrgico, todos os pacientes necessitam de uma
avaliação de enfermagem préoperatória abrangente, instruções e intervenções de enfermagem na sua preparação para a
cirurgia.
Considerações gerontológicas
Os perigos da cirurgia para o indivíduo idoso são proporcionais ao número e à gravidade de morbidades coexistentes e à
natureza e à duração do procedimento cirúrgico. O princípio subjacente que norteia a avaliação préoperatória, os cuidados
cirúrgicos e os cuidados pósoperatórios é que os pacientes idosos apresentam menor reserva fisiológica (i. e., a
capacidade de um órgão de retornar ao normal após um distúrbio em seu equilíbrio) do que os pacientes mais jovens. As
limitações sensoriais, como comprometimento da visão ou da audição e redução da sensibilidade tátil, frequentemente
interagem com o ambiente pósoperatório.
Pacientes bariátricos
A cirurgia bariátrica está relacionada com pacientes obesos. Assim como a idade, a obesidade aumenta o risco e a
gravidade das complicações associadas à cirurgia. Os tecidos adiposos são particularmente suscetíveis à infecção, e as
infecções da ferida são mais comuns no paciente obeso. Esses pacientes tendem a apresentar respirações superficiais
quando em decúbito dorsal, aumentando o risco de hipoventilação e complicações pulmonares pósoperatórias.
PROCESSO DE ENFERMAGEM
Paciente préoperatório
Avaliação
AVALIAÇÃO PRÉOPERATÓRIA
• Obter a história da saúde, incluindo condições clínicas crônicas, uso de produtos à base de tabaco,
consumo de bebidas alcoólicas e uso de drogas ilícitas
• Realizar exame físico para estabelecer os sinais vitais e obter uma base de dados para futuras
comparações
• Determinar a existência de quaisquer alergias, reações alérgicas prévias, quaisquer sensibilidades a
medicamentos ou alimentos e reações adversas anteriores a esses agentes; relatar ao anestesiologista
história de alergias, particularmente asma brônquica
• Avaliar alergias ao látex perguntando ao paciente sobre a ocorrência de alergias ou reações adversas
ao kiwi, abacate, bananas ou inflar balões (qualquer um pode sugerir alergia ao látex).
A alergia ao látex pode manifestarse na forma de exantema, asma ou choque anafilático completo.
• Durante o exame físico, registrar quaisquer achados físicos significativos, como sinais de abuso físico,
úlceras por pressão, edema ou sons respiratórios anormais, que descrevam o estado global do paciente
• Obter e documentar a história de medicamentos; incluir as doses e a frequência dos medicamentos
prescritos e de venda livre, incluindo suplementos e fitoterápicos.
Em razão das possíveis interações adversas de alguns medicamentos, o enfermeiro precisa avaliar e
documentar o uso de medicamentos prescritos, medicamentos de venda livre (particularmente o ácido
acetilsalicílico) e agentes fitoterápicos, bem como a frequência com que esses medicamentos são usados.
O enfermeiro deve comunicar, claramente, essa informação ao anestesiologista.
Diagnóstico
DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM
• Ansiedade relacionada com a experiência cirúrgica (anestesia, dor) e o resultado da cirurgia
• Risco de síndrome do estresse por mudança relacionado com o processo cirúrgico
• Medo relacionado com a ameaça percebida do procedimento cirúrgico e a separação do sistema de
suporte
• Conhecimento deficiente relacionado com o processo cirúrgico.
Planejamento e metas
As principais metas para o paciente cirúrgico no préoperatório podem consistir em alívio da ansiedade pré
operatória, nutrição e líquidos adequados, ótimo estado respiratório cardiovascular, ótimas funções hepática
e renal, mobilidade e movimentos corporais ativos, conforto espiritual e conhecimento sobre a preparação
préoperatória e as expectativas do pósoperatório.
Intervenções de enfermagem
FORNECIMENTO DE INSTRUÇÕES AO PACIENTE NO PRÉOPERATÓRIO
• Fornecer instruções a cada paciente como um indivíduo, com consideração para quaisquer
preocupações ou necessidades de aprendizado únicas; utilizar instruções por escrito, recursos
audiovisuais e números de telefone para informações de acompanhamento
• Iniciar as instruções precocemente, começando no consultório e continuando durante o exame pré
admissional e na chegada ao centro cirúrgico
Durante a visita préadmissional, providenciar para que o paciente faça perguntas, assista a audiovisuais
• e faça uma revisão dos materiais por escrito. Incluir descrições dos procedimentos e explicações das
sensações que o paciente terá. Fornecer ao paciente um número de telefone para entrar em contato se
qualquer dúvida surgir próximo à data da cirurgia
• Reforçar as informações sobre a existência de drenos ou outros tipos de equipamento para ajudar o
paciente a se ajustar durante o período pósoperatório. Se houver possibilidade de ventilação mecânica,
discutir esse assunto antes da cirurgia
• Informar ao paciente quando a família e os amigos irão visitálo depois da cirurgia, e que haverá um
conselheiro espiritual disponível, se assim o desejar.
Pesquisas sugerem que pacientes que tenham ingerido mais de 2 doses de álcool por dia nas 2 semanas
anteriores à cirurgia têm mais complicações, mais tempo de internação e mais dias na UTI no pós
operatório.
O paciente com diabetes melito que seja submetido a cirurgia tem risco de apresentar tanto hipoglicemia
quanto hiperglicemia. A hipoglicemia pode se desenvolver durante a anestesia ou no pósoperatório
devido a carboidratos inadequados ou administração excessiva de insulina.
SUPORTE DA FUNÇÃO IMUNE
• Uma importante função da avaliação préoperatória é determinar a ocorrência de infecção ou alergias
• Testes laboratoriais de rotina utilizados para detectar infecção incluem hemograma e urinálise
• A cirurgia pode ser adiada em caso de infecção.
Uma pessoa deve acompanhar o tempo todo o paciente no préoperatório para garantir a segurança e
tranquilizálo (verbalmente, bem como de modo não verbal, por meio de expressão facial, gestos ou
segurando calorosamente uma das mãos).
CONSIDERAÇÕES GERONTOLÓGICAS
Manter um ambiente seguro para o paciente idoso com limitações sensoriais, como comprometimento da
visão ou da audição e redução da sensibilidade tátil. Iniciar medidas protetoras para o paciente idoso com
artrite, que pode afetar a mobilidade e o conforto. Usar um acolchoamento adequado para as áreas
sensíveis. Mover o paciente lentamente e proteger as proeminências ósseas em relação à pressão
prolongada. Efetuar massagem delicada para promover a circulação. Tomar precauções adicionais quando
for mobilizar um paciente idoso, visto que a transpiração diminuída resulta em ressecamento, prurido e
fragilidade da pele, que fica facilmente sujeita a abrasões. Usar um cobertor de algodão leve como coberta
quando o paciente idoso é transferido para o centro cirúrgico ou sai dele, visto que a diminuição da gordura
subcutânea torna os indivíduos idosos mais suscetíveis a mudanças de temperatura. Dar ao paciente idoso
a oportunidade de expressar seus medos; isso proporciona ao paciente alguma paz de espírito e uma
sensação de ser compreendido.
Reavaliação
RESULTADOS ESPERADOS DO PACIENTE
• Relata diminuição do medo e da ansiedade
• Demonstra compreensão da intervenção cirúrgica
• Não apresenta nenhuma evidência de complicações préoperatórias.
O tratamento da obstrução hipofaríngea envolve inclinar a cabeça para trás e empurrar para a frente o
ângulo da mandíbula, como se fosse empurrar os dentes inferiores para a frente dos dentes superiores.
Essa manobra puxa a língua para a frente e abre as vias respiratórias.
Na mais leve indicação de náuseas, o paciente é colocado em decúbito lateral completo para promover a
drenagem da boca e evitar a aspiração do vômito, que pode provocar asfixia e morte.
• Identificar os fatores que aumentam o risco de NVPO (anestesia geral, sexo feminino, não tabagista, história de
NVPO e história de cinetose).
• Verificar se o paciente pode ser transportado com segurança até a sua residência por uma pessoa responsável
• Informar ao paciente e ao cuidador (i. e., membro da família ou amigo) acerca dos resultados esperados e das
alterações pósoperatórias imediatas previstas na capacidade de autocuidado do paciente
• Fornecer instruções por escrito sobre o cuidado da ferida, recomendações nutricionais e de atividade, medicamentos e
consultas de acompanhamento na unidade de cirurgiadia ou com o cirurgião. Fornecer ao cuidador instruções verbais
e por escrito sobre o que observar no paciente e sobre as ações a tomar se houver complicações
• Fornecer prescrições ao paciente, fornecer o número de telefone do enfermeiro ou do cirurgião e incentivar o paciente
e o cuidador a telefonarem se surgir qualquer dúvida. O enfermeiro ou o cirurgião podem efetuar telefonemas de
acompanhamento para avaliar a evolução do paciente e responder a quaisquer perguntas
• Orientar o paciente a limitar a atividade por 24 a 48 horas (o paciente não deve dirigir veículos nem consumir bebidas
alcoólicas ou realizar tarefas que exijam energia ou habilidade); consumir líquidos conforme desejado; e consumir
menores porções de alimentos do que o habitual
• Avisar o paciente para não tomar decisões importantes durante esse período, visto que os medicamentos, a anestesia e
a cirurgia podem afetar a capacidade cognitiva
• Encaminhar o paciente para cuidados domiciliares, quando indicado (pacientes idosos ou frágeis, os que vivem
sozinhos e pacientes com outros problemas de saúde passíveis de interferir no autocuidado ou na retomada das
atividades habituais).
PROCESSO DE ENFERMAGEM
Paciente hospitalizado no período pósoperatório
O enfermeiro antecipa a chegada do paciente pósoperatório na unidade hospitalar e prepara a unidade do
paciente reunindo equipamento e suprimentos necessários: suporte de soro, prendedor do recipiente de
drenagem, cubarim, compressas, absorventes descartáveis, cobertores e formulários de registro pós
operatório.
Avaliação
• Receber o relatório do enfermeiro da UCPA contendo dados basais, incluindo dados demográficos,
diagnóstico clínico, procedimento realizado, condições comórbidas, eventos intraoperatórios
inesperados, perda sanguínea estimada, tipo e quantidade de líquidos recebidos, medicamentos
administrados para controle da dor, débito urinário, informações recebidas pelo paciente e família acerca
da condição do paciente, e informações específicas que precisem ser notificadas ao cirurgião ou
anestesiologista
• Rever as prescrições pósoperatórias, admitir o paciente na unidade, realizar avaliação inicial e atender
às necessidades imediatas do paciente
• Durante as primeiras horas após a cirurgia, as intervenções consistem em ajudar o paciente a se
recuperar dos efeitos da anestesia, realizar avaliações frequentes, monitorar a ocorrência de
Objetivos de aprendizagem
Glossário
cirurgia ambulatorial: cirurgia em ambulatório ou consultório, no mesmo dia
ou de curta duração, que não exige internação hospitalar durante a noite
cirurgia minimamente invasiva: procedimento cirúrgico que utiliza
instrumento especializado inserido no corpo, seja através de orifícios naturais
ou de pequenas incisões
consentimento informado: decisão autônoma do paciente a ser submetido a
um procedimento cirúrgico, com base na natureza da condição, nas opções de
tratamento e nos riscos e benefícios envolvidos
exames pré-admissão: exames laboratoriais e complementares realizados antes
da admissão ao hospital
medicina bariátrica: atenção ao paciente obeso
período intraoperatório: período que se inicia com a transferência do paciente
para a sala de operação e continua até que o paciente seja admitido na unidade
de recuperação anestésica
período perioperatório: período que envolve a experiência cirúrgica; inclui as
fases pré-operatória, intraoperatória e pós-operatória do cuidado de
enfermagem
período pós-operatório: período que começa com a admissão do paciente na
unidade de recuperação anestésica e termina após a avaliação de
acompanhamento na clínica ou em casa
período pré-operatório: período que começa quando se toma a decisão de
realizar a intervenção cirúrgica e termina quando o paciente é transferido para
a sala de operação
TECNOLOGIA E ANESTESIA
Os avanços tecnológicos continuam possibilitando aos
profissionais do sistema de cuidados de saúde avançar em
direção à realização de procedimentos mais complexos e que
sejam menos invasivos e, portanto, causem menos morbidade
durante a fase de recuperação da cirurgia (Rothrock, 2014). A
inovadora tecnologia da microcirurgia de alta definição e do laser
possibilita reparos teciduais cada vez mais minuciosos, resultando
em regeneração tecidual acelerada. Equipamentos sofisticados de
derivação cardiovascular e técnicas minimamente invasivas (p.
ex., tecnologia assistida por robôs) transformaram muitas cirurgias
em procedimentos ambulatoriais (Finkelstein, Rabino, Mashiach,
et al., 2014).
Os avanços na metodologia da anestesia complementam os
avanços na tecnologia cirúrgica. Os métodos modernos para
alcançar a permeabilidade das vias respiratórias, os dispositivos
de monitoramento sofisticados e os novos agentes farmacológicos
– como os anestésicos de ação rápida – proporcionaram um
ambiente mais seguro para a cirurgia. Antieméticos eficazes
reduziram as náuseas e os vômitos. A melhora no manejo da dor
pós-operatória e os procedimentos e tempos de recuperação mais
curtos têm melhorado a experiência operatória de pacientes
cirúrgicos.
Boxe 17.1
Exemplos das atividades de enfermagem no período perioperatório
Período pré-operatório
Exames pré-admissão
1. Começar a avaliação pré-operatória inicial
2. Iniciar as orientações apropriadas às necessidades do paciente
3. Envolver a família na entrevista
4. Veri car se os exames complementares pré-operatórios foram realizados
5. Veri car a compreensão das prescrições pré-operatórias especí cas dadas
pelo cirurgião (p. ex., preparo do intestino, banho pré-operatório)
6. Discutir e analisar o documento sobre o testamento vital
7. Iniciar o planejamento de alta, avaliando a necessidade do paciente de
transporte e cuidados pós-operatórios
Admissão ao centro cirúrgico
1. Reiterar a avaliação pré-operatória
2. Avaliar os riscos de complicações pós-operatórias
3. Relatar achados inesperados ou quaisquer desvios do normal
4. Veri car se o consentimento informado para a cirurgia foi assinado
5. Coordenar as orientações ao paciente e o plano de cuidados com a equipe de
enfermagem e outros membros da equipe de saúde
6. Reforçar as orientações prévias
7. Explicar as fases do período perioperatório e expectativas
8. Responder às perguntas do paciente e da família
Na área da espera
1. Identi car o paciente
2. Avaliar o estado do paciente, a dor subjacente e o estado nutricional
3. Revisar o prontuário do paciente
4. Veri car o local da cirurgia e se ele foi demarcado de acordo com a política da
instituição
5. Inserir um cateter intravenoso
6. Administrar medicamentos, se prescritos
7. Instituir medidas para garantir o conforto do paciente
8. Fornecer apoio psicológico
9. Comunicar o estado emocional do paciente a outros membros pertinentes da
equipe de saúde
Período intraoperatório
Manutenção da segurança
1. Manter um ambiente asséptico e controlado
2. Gerenciar de modo efetivo os recursos humanos, equipamentos e materiais
para o atendimento personalizado do paciente
3. Transferir o paciente para o leito ou mesa da sala de operação
4. Posicionar o paciente de acordo com o alinhamento funcional e exposição do
sítio cirúrgico
5. Colocar dispositivos de aterramento no paciente
6. Garantir que a contagem de esponjas, agulhas e instrumentos esteja correta
7. Realizar a documentação intraoperatória
Monitoramento fisiológico
1. Calcular os efeitos da perda ou do ganho excessivo de líquido no paciente
2. Diferenciar dados cardiopulmonares normais de anormais
3. Relatar as alterações nos sinais vitais do paciente
4. Instituir medidas para promover a normotermia
Apoio psicológico (antes da indução e quando o paciente
estiver consciente)
1. Fornecer apoio emocional ao paciente
2. Ficar por perto ou tocar o paciente durante os procedimentos e a indução
3. Continuar avaliando o estado emocional do paciente
Período pós-operatório
Transferência do paciente para a unidade de recuperação anestésica
1. Transmitir as informações intraoperatórias:
a. Identi car o paciente pelo nome
b. Declarar o tipo de cirurgia realizada
c. Identi car o tipo e as doses de anestésicos e analgésicos usados
d. Relatar os sinais vitais e a resposta do paciente ao procedimento
cirúrgico e à anestesia
e. Descrever os fatores intraoperatórios (p. ex., inserção de drenos ou
cateteres, infusão de sangue, medicamentos administrados durante a
cirurgia ou a ocorrência de eventos inesperados)
f. Descrever as limitações físicas
g. Relatar o nível de consciência do paciente no pré-operatório
h. Transmitir informações sobre os equipamentos necessários
i. Informar sobre a presença de familiares ou outros entes queridos
Avaliação pós-operatória na área de recuperação
1. Determinar a resposta imediata do paciente à intervenção cirúrgica
2. Monitorar os sinais vitais e o estado siológico do paciente
3. Avaliar o nível de dor do paciente e administrar as medidas analgésicas
apropriadas
4. Manter a segurança do paciente (via respiratória, circulação, prevenção de
lesões)
5. Administrar medicamentos, soluções e hemoderivados, se prescritos
6. Fornecer líquidos orais, se prescritos, ao paciente submetido à cirurgia
ambulatorial
7. Avaliar se o paciente está pronto para ser transferido para a unidade de
internação ou para receber alta para casa, de acordo com a política da
instituição (p. ex., pontuação Aldrete, ver Capítulo 19)
Unidade de enfermagem cirúrgica
1. Prosseguir com o monitoramento atento da resposta física e psicológica do
paciente à intervenção cirúrgica
2. Avaliar o nível de dor do paciente e administrar as medidas analgésicas
apropriadas
3. Oferecer orientações ao paciente durante o período de recuperação imediata
4. Ajudar o paciente na recuperação e na preparação para a alta para casa
5. Determinar o estado psicológico do paciente
6. Colaborar no planejamento de alta
Domicílio ou clínica
1. Fornecer cuidados de acompanhamento durante a consulta à clínica ou
consultório ou por contato telefônico
2. Reforçar as orientações prévias e responder às perguntas da família sobre a
cirurgia do paciente e os cuidados de acompanhamento
3. Avaliar a resposta do paciente à cirurgia e à anestesia e seus efeitos sobre a
imagem e a função corporal
4. Determinar a percepção da família acerca da cirurgia e seu resultado
EXAMES PRÉ-ADMISSÃO
Concomitantes ao aumento das cirurgias ambulatoriais
(cirurgias que não requerem uma estadia noturna em internação
hospitalar) estão as mudanças na prestação de cuidados de saúde
e o pagamento por esses serviços. Com incentivos para reduzir as
internações e conter os custos, foram criados os exames pré-
admissão (EPA) diagnósticos e o preparo pré-operatório antes da
admissão. Muitas instituições têm um departamento de serviços
pré-cirúrgicos para facilitar os EPA e para iniciar o processo de
avaliação de enfermagem, o qual concentra os dados
admissionais, como os dados demográficos do paciente, a história
de saúde e outras informações pertinentes ao procedimento
cirúrgico (ou seja, os termos de consentimento apropriados,
exames complementares e exames laboratoriais) (Rothrock,
2014). Com a cirurgia sendo cada vez mais realizada no
consultório, no ambulatório ou em internação breve (hospital dia),
o paciente deixa o hospital mais cedo e se recupera mais rápido.
Essas mudanças aumentam a necessidade de orientações ao
paciente, planejamento de alta, preparação para o autocuidado e
encaminhamento para serviços de assistência domiciliar e
reabilitação (ASPAN, 2015; Allison & George, 2014).
Queimaduras extensas
III. Necessária: paciente precisa Planejamento para algumas semanas Hiperplasia prostática sem obstrução
fazer a cirurgia ou meses vesical
Distúrbios da tireoide
Catarata
IV. Eletiva: paciente deve ser A não realização da cirurgia não é Reparo de cicatrizes
operado irremediável
Hérnia simples
Reparo vaginal
CONSIDERAÇÕES ESPECIAIS DO
PERÍODO PERIOPERATÓRIO
Na tentativa de reduzir as complicações cirúrgicas, o Surgical Care
Improvement Project (SCIP) foi instituído como parceria nacional
entre a Joint Commission e o Center for Medicare and Medicaid
Services (CMS). O SCIP identifica medidas de desempenho que
visam prevenir complicações cirúrgicas, como o tromboembolismo
venoso (TEV) e as infecções do local cirúrgico (Joint Commission,
2016). Além disso, se o paciente cirúrgico estiver usando
betabloqueadores, é dada especial atenção para assegurar a
administração oportuna desse agente e o acompanhamento
adequado dos sinais vitais. Se o paciente não tomou a dose
habitual desse medicamento, o anestesiologista ou enfermeiro
anestesista (CRNA) deve avaliar se o fármaco deve ou não ser
administrado antes da cirurgia ou no período perioperatório. O
enfermeiro da área perioperatória precisa estar alerta para
prescrições pré-operatórias apropriadas destinadas a prevenir o
TEV e as infecções do local cirúrgico. Se não houver essas
prescrições, elas devem ser solicitadas para que o tratamento
adequado seja introduzido antes do início da cirurgia.
Considerações gerontológicas
Pacientes bariátricos
CONSENTIMENTO INFORMADO
O consentimento informado, ou consentimento livre e
esclarecido, é uma decisão autônoma do paciente sobre sua
anuência com um procedimento cirúrgico. Esse documento é
necessário antes de uma cirurgia não emergencial para proteger o
paciente de uma cirurgia não autorizada e proteger o cirurgião de
queixas contra uma cirurgia não autorizada ou lesão física. Trata-
se de uma exigência legal, mas também ajuda o paciente a se
preparar psicologicamente, pois visa garantir que ele compreenda
a cirurgia que será realizada (Rothrock, 2014).
O enfermeiro pode pedir ao paciente que assine o termo de
consentimento e testemunhar sua assinatura; no entanto, é
responsabilidade do cirurgião fornecer uma explicação clara e
simples das implicações da cirurgia antes de o paciente dar o seu
consentimento. O cirurgião também tem por obrigação informar o
paciente sobre os benefícios, as alternativas, os possíveis riscos,
as complicações, a desfiguração, a incapacidade e a remoção de
partes do corpo, bem como as expectativas quanto aos períodos
pós-operatórios imediato e tardio. O enfermeiro esclarece as
informações prestadas. Se o paciente solicitar informações
adicionais, o enfermeiro deve avisar o médico. O enfermeiro deve
verificar se o termo de consentimento foi assinado antes da
administração da pré-medicação psicoativa, porque o
consentimento não será válido se for obtido enquanto o paciente
estiver sob a influência de medicamentos que possam
comprometer a capacidade de julgamento e a tomada de decisão.
segurança
Boxe 17.2
Consentimento informado válido
Consentimento voluntário
O consentimento válido tem de ser dado livremente, sem coerção. O paciente
precisa ter pelo menos 18 anos de idade (a menos que se trate de um menor
emancipado), um médico tem de obter o consentimento e um membro da equipe
de saúde precisa testemunhar a assinatura do paciente.
Paciente incompetente
De nição jurídica: indivíduo que não é autônomo e não é capaz de dar ou recusar
o seu consentimento (p. ex., indivíduos com dé cit cognitivo, doença mental ou
incapacidade neurológica).
Indivíduo informado
O consentimento informado ou esclarecido é um formulário a ser assinado pelo
paciente ou seu responsável legal. Deve conter o seguinte:
• Explicação do procedimento e seus riscos
• Descrição dos benefícios e alternativas
• Disposição para responder a perguntas sobre o procedimento
• Instruções informando que o paciente pode retirar o consen-timento
• Declaração informando ao paciente se o protocolo difere do procedimento
habitual
AVALIAÇÃO PRÉ-OPERATÓRIA
O objetivo no período pré-operatório é que o paciente esteja o
mais saudável possível. Implementam-se todos os esforços para
avaliar e tratar os fatores de risco que possam contribuir para as
complicações pós-operatórias e para retardar a recuperação (Boxe
17.3). Desenvolve-se um plano de ação para que potenciais
complicações sejam evitadas. Antes que qualquer tratamento
cirúrgico seja iniciado, coleta-se a história de saúde, realiza-se o
exame físico durante o qual se avaliam os sinais vitais e
estabelece-se uma base para futuras comparações (Alvarex,
Brodsky, Lemmens, et al., 2014). O enfermeiro deve perguntar
sobre quaisquer alergias e comorbidades que possam afetar a
anestesia (Bourdon, 2015). Durante o exame físico, muitos fatores
que podem afetar o estado do paciente submetido a uma cirurgia
são considerados, como a mobilidade das articulações.
Considerações genéticas também são levadas em conta durante a
avaliação para evitar complicações com a anestesia (Boxe 17.4).
Deve-se perguntar ao paciente sobre o uso de medicamentos
de venda controlada ou livre, bem como agentes fitoterápicos e
outros suplementos; isso fornece informações úteis. Deve-se
determinar os níveis funcionais e de atividade, incluindo a
quantidade de exercício aeróbico regular. Alergias conhecidas a
medicamentos, alimentos e látex poderiam evitar uma resposta
anafilática (Barash et al., 2013). Os pacientes podem ter
apresentado manifestações de alergia ao látex anteriormente sem
Objetivos de aprendizagem
Glossário
agente anestésico: substância, como um produto químico ou gás, utilizada para
induzir a anestesia
anestesia: estado de narcose (depressão grave do sistema nervoso central induzida
por agentes farmacológicos)
anestesiologista ou anestesista: médico especializado na administração de
anestesia e no monitoramento da condição do paciente durante a cirurgia
assepsia cirúrgica: ausência de microrganismos no ambiente cirúrgico para reduzir
o risco de infecção
cuidados de anestesia monitorada: envolvem a sedação moderada administrada
por um anestesiologista (médico) ou um enfermeiro anestesista
enfermeiro circulante: enfermeiro que coordena e documenta o atendimento ao
paciente na sala de operação
hipertermia maligna: condição rara, potencialmente fatal, desencadeada pela
exposição à maioria dos agentes anestésicos, que induz aumento drástico e
descontrolado do metabolismo oxidativo do músculo esquelético e,
consequentemente, sobrecarrega a capacidade do corpo de fornecer oxigênio,
remover dióxido de carbono e regular a temperatura corporal. Se não for tratada,
evolui para colapso circulatório e morte; é muitas vezes herdada como uma
doença autossômica dominante
instrumentador cirúrgico: enfermeiro, técnico de enfermagem ou outro
pro ssional de saúde que faz sua assepsia e veste traje cirúrgico estéril, prepara
os instrumentos e materiais e entrega instrumentos para o cirurgião durante o
procedimento
laparoscópio: endoscópio no inserido através de uma pequena incisão em uma
cavidade ou articulação, utilizando tecnologia de bra óptica para projetar
imagens em tempo real de estruturas em um monitor de vídeo; outras pequenas
incisões possibilitam a inserção de instrumentos adicionais para facilitar a cirurgia
laparoscópica
primeiro assistente: membro da equipe cirúrgica cujas responsabilidades são,
entre outras, manipular tecidos, proporcionar exposição ao campo cirúrgico,
suturar e manter a hemostasia
sedação moderada: antes chamada de sedação consciente, consiste na sedação
para diminuir o nível de consciência sem alterar a capacidade do paciente de
manter as vias respiratórias desobstruídas e responder a estímulos físicos e
comandos verbais
zona não restrita: área da sala de operação que faz a interface com os outros
departamentos; inclui a área de recepção do paciente e a área de espera
zona restrita: área da sala de operação em que são necessárias roupas e máscaras
cirúrgicas; inclui a sala de operação propriamente dita e áreas centrais estéreis
zona semirrestrita: área da sala de operação em que é exigido traje cirúrgico; pode
incluir áreas em que os instrumentos cirúrgicos são processados
EQUIPE CIRÚRGICA
A equipe cirúrgica é formada por: paciente, anestesiologista
(médico) ou enfermeiro anestesista, cirurgião, enfermeiros, técnicos
cirúrgicos e primeiro assistente ou técnicos de enfermagem. O
anestesiologista ou o enfermeiro anestesista administra o agente
anestésico (substância utilizada para induzir a anestesia) e
monitora o estado físico do paciente durante toda a cirurgia. O
cirurgião, o enfermeiro instrumentador, os técnicos em enfermagem
e os assistentes fazem a assepsia e realizam a cirurgia. A pessoa
que atua como instrumentador cirúrgico, que pode ser um
enfermeiro ou técnico de enfermagem, entrega instrumentos
esterilizados e suprimentos para o cirurgião durante o procedimento,
prevendo as necessidades cirúrgicas conforme o caso cirúrgico
progride. O enfermeiro ou técnico circulante coordena o atendimento
do paciente na SO, o que inclui planejar e ajudar a posicionar o
paciente, preparar o local para a cirurgia, manejar amostras
cirúrgicas, prever as necessidades da equipe cirúrgica e documentar
eventos intraoperatórios. A colaboração da equipe cirúrgica central,
com práticas baseadas em evidências adaptadas ao caso
específico, proporciona o cuidado ideal ao paciente e os melhores
resultados.
Paciente
Conforme o paciente entra na SO, ele pode se sentir tanto relaxado
e preparado quanto com medo e altamente estressado. Esses
sentimentos dependem, em grande medida, da cronologia e da
magnitude da sedação pré-operatória, das orientações pré-
operatórias e do próprio indivíduo. O medo da perda de controle, do
desconhecido, da dor, da morte, das mudanças na estrutura do
corpo, no aspecto ou na função e da disrupção do estilo de vida
contribui para a ansiedade. Este medo pode aumentar a dose de
medicação anestésica necessária, o nível de dor pós-operatória e o
tempo total de recuperação (ver discussão sobre estresse no
Capítulo 6).
O paciente está sujeito a vários riscos. Os resultados incomuns,
mas possíveis, da experiência cirúrgica são: infecção, falha na
cirurgia para aliviar os sintomas ou corrigir uma deformidade;
complicações temporárias ou permanentes relacionadas com o
procedimento ou com o agente anestésico; morte (Boxe 18.1). Além
dos medos e riscos, o paciente submetido a sedação e anestesia
perde temporariamente tanto a função cognitiva quanto os
mecanismos biológicos de autoproteção. A perda da sensibilidade
dolorosa, dos reflexos e da capacidade de se comunicar sujeita o
paciente intraoperatório a possíveis lesões. O enfermeiro da SO é o
defensor do paciente durante a realização da cirurgia.
Considerações gerontológicas
Boxe 18.1
Potenciais efeitos adversos da cirurgia e da anestesia
Cuidados de enfermagem
Diversidade cultural
Enfermeiro circulante
O enfermeiro circulante, um enfermeiro ou técnico de enfermagem
qualificado, trabalha em colaboração com os cirurgiões,
anestesistas e outros profissionais de saúde para planejar o melhor
curso de ação para cada paciente (Rothrock, 2014). Neste papel de
liderança, o enfermeiro circulante gerencia a SO e protege a
segurança e a saúde do paciente, acompanhando as atividades da
equipe cirúrgica, verificando as condições da SO e avaliando
continuamente o paciente em busca de sinais de lesão, bem como
implementando intervenções apropriadas. A principal
responsabilidade é a verificação do termo de consentimento; se este
não tiver sido obtido, não é possível iniciar a cirurgia. A equipe é
coordenada pelo enfermeiro circulante, que garante a limpeza, a
temperatura adequada, a umidade, a iluminação correta, o
funcionamento seguro dos equipamentos, bem como a
disponibilidade de suprimentos e materiais.
O enfermeiro circulante monitora práticas assépticas para evitar
quebras na técnica, enquanto coordena o movimento de
funcionários relacionados (de serviços médicos, radiográficos e de
exames laboratoriais), bem como a implementação de medidas de
segurança contra incêndio (Seifert, Peterson, & Graham, 2015). O
enfermeiro circulante também monitora o paciente e documenta
atividades específicas durante toda a cirurgia para garantir a
segurança e o bem-estar do paciente.
Além disso, o enfermeiro circulante é responsável por assegurar
que seja feita e documentada a segunda verificação do
procedimento e local cirúrgico (Figura 18.1). Em algumas
instituições, isso é chamado de time out, checagem final, pausa
cirúrgica ou protocolo universal; ocorre internamente na equipe
cirúrgica, antes da indução da anestesia, com uma sessão de
esclarecimento (briefing) sobre os problemas previstos, potenciais
complicações, alergias e comorbidades. Cada membro da equipe
cirúrgica verifica o nome do paciente, o procedimento e o local da
cirurgia utilizando documentação e dados objetivos antes de iniciar a
cirurgia. A identificação correta do paciente é uma Meta Nacional de
2016 sobre Segurança do Paciente (ver Capítulo 17, Boxe 17.8). As
pesquisas sugerem que o uso de uma lista de verificação de
segurança cirúrgica ajuda a criar uma cultura de segurança e reduz
as taxas de morbidade e mortalidade (Huang, Kim & Berry, 2013).
Muitas vez, após a conclusão da cirurgia, é feita uma sessão de
esclarecimento (briefing) com a equipe, liderada pelo enfermeiro
circulante, para identificar possíveis problemas com o cuidado pós-
cirúrgico do paciente e as áreas a serem melhoradas (American
Society of PeriAnesthesia Nurses [ASPAN], 2015).
Objetivos de aprendizagem
Glossário
cicatrização por primeira intenção: método de cicatrização pelo qual as bordas
são aproximadas cirurgicamente e a continuidade da pele é restaurada sem
granulação
cicatrização por segunda intenção: método de cicatrização pelo qual as bordas
não são aproximadas cirurgicamente e a continuidade da pele é restaurada pelo
processo conhecido como granulação
cicatrização por terceira intenção: método de cicatrização pelo qual a
aproximação cirúrgica das bordas da ferida é tardia e a continuidade tegumentar
é restaurada por áreas de granulação opostas
deiscência: separação parcial ou total das bordas da ferida
evisceração: protrusão de órgãos através da incisão cirúr-gica
unidade de recuperação pós-anestésica (URPA): área em que os pacientes
operados são monitorados enquanto se recuperam da anestesia; anteriormente
chamada de sala de recuperação pós-anestésica ou sala de recuperação
URPA fase I: área designada para atendimento de pacientes imediatamente após a
cirurgia e de pacientes cuja condição exige acompanhamento rigoroso
URPA fase II: área designada para atendimento de pacientes cirúrgicos que foram
transferidos de uma URPA fase I porque sua condição não exige mais o mesmo
acompanhamento rigoroso
URPA fase III: cenário em que o paciente é atendido no pós-operatório imediato e,
em seguida, preparado para a alta da unidade
Boxe 19.1
Relatórios de informações a serem transmitidas entre o anestesista e o enfermeiro e
entre os enfermeiros
O ideal é que o anestesista não deixe o paciente até que o enfermeiro esteja satisfeito
com as vias respiratórias e com a condição imediata do paciente.
Avaliação do paciente
Após a cirurgia, os pacientes que receberam cetamina como anestesia devem ser
colocados em uma área silenciosa com baixa iluminação da URPA, reduzindo-se ao
mínimo os estímulos auditivos e táteis durante a fase de recuperação. Ver mais
informações a respeito de agentes anestésicos na Tabela 18.2.
1. Do fato:
Questionamento encaminhado por profissional de enfermagem, a fim de
averiguar a possibilidade da aplicação e preenchimento da Escala ou Índice de
Aldrete e Kroulik pelo técnico de enfermagem.
2. Da fundamentação e análise
Cabe ao enfermeiro a atuação centrada na coordenação do Processo de
Cuidar, destacando-se pela necessidade de investigação contínua dos fatores de
risco e de bem estar, mesmo quando não houver problemas. Essa condição
proporciona ao enfermeiro o desenvolvimento do trabalho sustentado por modelos
de cuidados, no desenvolvimento do pensamento crítico, formando a base para a
tomada de decisão (COREN, 2015).
A Unidade de Centro Cirúrgico (UCC) é definida como um conjunto de
elementos destinados à atividade cirúrgica e à recuperação anestésica. Composta
pelo Centro Cirúrgico (CC), pela Recuperação Anestésica (RA) e pelo Centro de
Material e Esterilização (CME) (CARVALHO, BIANCHI, 2016).
O período perioperatório é formado pelos períodos pré-operatório, trans-
operatório e pós-operatório. Com destaque a esta questão, o período pós-operatório
imediato compreende as primeiras 24 horas após o procedimento anestésico-
cirúrgico, incluindo o tempo de permanência na Sala de Recuperação Anestésica
(SRA) (CARVALHO, BIANCHI, 2016).
Segundo Carvalho (2016), o modelo SAEP - Sistema de Assistência de
Enfermagem Perioperatória, é o mais difundido no Brasil, tendo como objetivo o
atendimento das necessidades humanas básicas e o Processo de Enfermagem
(PE).
O SAEP é composto por cinco etapas, a saber: Visita pré-operatória de
enfermagem; Planejamento de assistência perioperatória; Implementação da
assistência: Avaliação da assistência – visita pós-operatória de enfermagem;
Reavaliação da assistência a ser planejada, de acordo com os resultados obtidos,
visando resolver situações indesejáveis e previnir ocorrência de eventos adversos
(CARVALHO, BIANCHI, 2016).
A sistematização promove a continuidade da assistência, vinculando a
intervenção conjunta e contínua dos enfermeiros que trabalham nas unidades de
internação, CC e Sala de Recuperação Anestésica (POSSARI, 2003).
Em 1970, Aldrete e Kroulik desenvolveram o Índice de Aldrete e Kroulik
(IAK), que sofreu uma atualização em 1995. O IAK é um sistema numérico (escala)
que permite a coleta de dados por critérios definidos. Tem como objetivo
sistematizar as condições fisiológicas para a previsibilidade da alta da sala de
recuperação anestésica (RPA). Avalia atividade motora, respiratória, circulatória,
estado de consciência e saturação de oxigênio (SOUZA, 2019).
O IAK permite, no processo de avaliação, atribuir uma pontuação que pode
variar de 0 (zero) a 2 (dois) pontos para cada parâmetro, sendo 0 a condição de
maior gravidade, 1 a condição intermediária, e 2 indicando que as funções já foram
restabelecidas (SOUZA, 2019). A partir de uma pontuação atribuída ao paciente,
este pode receber alta da sala de RPA com pontuações que podem chegar a 10.
Destaca-se importante apresentar a escala adotada para análise do IAK:
Entendendo o processo de cuidar, a Resolução Cofen 564/2017, que aprova
o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem, destaca:
[...]
CAPÍTULO I – DOS DIREITOS
[...]
Art. 14 Aplicar o processo de Enfermagem como instrumento metodológico
para planejar, implementar, avaliar e documentar o cuidado à pessoa,
família e coletividade.
[...]
CAPÍTULO II – DOS DEVERES
[...]
Art. 37 Documentar formalmente as etapas do processo de Enfermagem,
em consonância com sua competência legal.
[...]
CAPÍTULO III – DAS PROIBIÇÕES
[...]
Art. 62 Executar atividades que não sejam de sua competência técnica,
científica, ética e legal ou que não ofereçam segurança ao profissional, à
pessoa, à família e à coletividade.
[...]
Art. 91 Delegar atividades privativas do(a) Enfermeiro(a) a outro membro da
equipe de Enfermagem, exceto nos casos de emergência [...] (COFEN,
2017).
Nessa dinâmica de trabalho, o enfermeiro tem por competência a
coordenação das atividades da equipe de enfermagem no processo de cuidar com
instrumentos, para sequência dinâmica e sistematizada de ações necessárias e
suficientes para a construção, desempenho e validação do trabalho da equipe de
enfermagem, conforme a Lei do Exercício Profissional de Enfermagem, nos
seguintes termos:
[...]
Art. 11. O Enfermeiro exerce todas as atividades de enfermagem, cabendo-
lhe:
I - privativamente:
a) direção do órgão de enfermagem integrante da estrutura básica da
instituição de saúde, pública e privada, e chefia de serviço e de unidade de
enfermagem;
b) organização e direção dos serviços de enfermagem e de suas atividades
técnicas e auxiliares nas empresas prestadoras desses serviços;
c) planejamento, organização, coordenação, execução e avaliação dos
serviços da assistência de enfermagem;
[...]
h) consultoria, auditoria e emissão de parecer sobre matéria de
enfermagem;
i) consulta de enfermagem;
j) prescrição da assistência de enfermagem;
l) cuidados diretos de enfermagem a pacientes graves com risco de vida;
m) cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica e que exijam
conhecimentos de base científica e capacidade de tomar decisões
imediatas; [...] (BRASIL, 1986).
3. Da conclusão
É o parecer.
Referências
BRASIL. Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986. Dispõe sobre a regulamentação do
exercício da Enfermagem e dá outras providências. Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7498.htm. Acesso em 23 fev. 2021.
_____. Decreto nº 94.406, de 08 de junho de 1987. Regulamenta a Lei nº 7.498, de
25 de junho de 1986. Dispõe sobre o exercício da Enfermagem, e dá outras
providências. Disponível em: http://www.cofen.gov.br/decreto-n-9440687_4173.html.
Acesso em 23 fev. 2021.
SOUZA, C.F.Q. de et al. Use of aldrete and kroulik index in the post anesthetic
recovery room: a systematic review. Revista Enfermagem Digital Cuidado e
Promoção Da Saúde, 2019, 4(1), 31–38. https://doi.org/10.5935/2446-
5682.20190007. Disponível em
https://cdn.publisher.gn1.link/redcps.com.br/pdf/v4n1a07.pdf. Acesso em 8 mar.
2021.