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CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM


DISCIPLINA SEMIOLOGIA E SEMIOTÉCNICA II

Eliminações Intestinais

Francisca Almeida
Thully Gleice

João Pessoa
2017
Sistema Digestório
A eliminação regular de resíduos intestinais é
essencial para o funcionamento normal do corpo.
Alterações na eliminação frequentemente são
sinais precoces ou sintomas de problemas no
Sistema Digestório ou em outros sistemas do
corpo.
Fatores que influenciam as Eliminações Intestinais

• Idade

• Ingestão
de • Dieta
líquidos

• Ativida
de
Física
Fatores que influenciam as Eliminações
Intestinais
• Hábitos
Pessoais

• Medicamentos • Posicionamento

• Anestesia • Dor
Problemas Comuns na Eliminação
Intestinal?
Constipação

É uma irregularidade da
defecação, com
endurecimento
anormal das fezes,
diminuição do volume
fecal e retenção de fezes
no reto por tempo
prolongado.
Causas


✓ Hábitos intestinais irregulares e ignorar a vontade de


defecar

✓ Dieta pobre em fibras

✓ Baixa ingestão de líquidos

✓ Repouso prolongado

✓ Condições neurológicas (tumor, lesão medular)

✓ Medicamentos
Sintomas
• Movimento intestinal infrequente ( menos de 3 eliminações por
semana).

• Esforço excessivo

• Dificuldade de defecar

• Fezes duras e secas.

• Distensão abdominal

• Dor

• Apetite diminuído
Tratamento
• Visa a etiologia subjacente da constipação

• Ingesta aumentada de líquidos e fibras

• Uso criterioso de laxativos

• Fornecer informações nutricionais

• Estimular a atividade física


Impactação Fecal
Conceito:

Resulta de constipação não resolvida. É uma


coleção de fezes endurecidas, encravadas no
reto e que o indivíduo não consegue expelir.

Sintomas:

✓ Incapacidade de eliminar as fezes


✓ Extravasamento contínuo de exsudato de fezes
diarreicas
✓ Náuseas
✓ Vômito
✓ Distensão abdominal
✓ Cólicas
✓ Dor retal
Diarréia

• Aumento no número de
evacuações

• Eliminação de fezes líquidas e


não formadas

• Associada a desordens que


afetem a digestão, absorção e
secreção no TGI

• O conteúdo intestinal passa


muito rapidamente pelo
intestino para permitir a
absorção usual de líquidos e
nutrientes.
Causas

➢Uso de medicamentos

➢Nutrição Enteral

➢Alergia e Intolerância alimentar


(aumentam a peristalse)

➢Processos infecciosos.
Sintomas

❑ Frequência aumentada das


evacuações

❑ Fezes amolecidas

❑ Cólicas abdominais

❑ Desidratação

❑ Borborigmo (ruflar intestinal)


Complicações

➢Desequilíbrio hidroeletrolítico
➢Irritação de períneo e nádegas

Tratamento

➢Controle dos sintomas


➢Prevenção de complicações
➢Eliminação ou tratamento de doença subjacente.
Tratamento de enfermagem
Avaliar e monitorar as características e padrão da diarreia

Ausculta e palpação abdominal para detectar dor no abdome

Inspeção de pele e mucosas para determinar o estado de hidratação

Estimular a ingesta de líquidos principalmente na diarreia aguda

Orientar ao paciente evitar a ingestão de cafeína, alimentos quentes e frios

Administração de medicamentos quando necessário (Imodium, Lomotil)

Avaliação da área perineal


Incontinência Fecal
Incapacidade para controlar o trânsito de
fezes e gás no ânus, consequentemente,
eliminação involuntária das fezes a partir
do reto.
Fatores de Influenciam a Incontinência
Fecal

Capacidade do reto de sentir e acomodar as fezes

Quantidade e consistência das fezes

Integridade dos esfíncteres


Causas
Trauma

Distúrbios neurológicos

Infecções

Quimioterapia

Abuso de laxativos

Idade avançada
Tratamento

As técnicas de
tratamento específicas
podem ajudar o
paciente a alcançar
uma melhor
qualidade de vida.
Flatulência

❖ Acúmulo de gás nos intestinos,


promovendo estiramento e distensão.

❖ Causa comum de:


➢Distensão abdominal
➢Dor
➢Cólicas
Promoção da Saúde
Promoção de exercício regular

Manutenção da ingestão apropriada de


líquidos e alimento

Treinamento intestinal

Promoção da defecação normal

Medicações

Enema

Remoção digital das fezes


Promoção do Exercício Regular

Programa diário de exercícios ajuda a prevenir os


problemas de eliminações, uma vez que estimula
a peristalse.
Manutenção da ingestão apropriada de líquidos e alimento


• Constipação/ Impactação

✓ Ingestão de alimentos ricos em fibras e


de líquidos.
✓ Não ocorre alívio imediato

• Diarréia

✓ Ingestão de alimentos com baixo


conteúdo de fibra
✓ Evitar a ingestão de alimentos que
possam causar cólica ou indisposição
gástrica
Treinamento Intestinal

• O treinamento ajuda alguns pacientes a


defecar normalmente.

• Tentativa de defecar no mesmo horário a


cada dia e usando medidas que promovem
a defecação, fazendo com que o paciente
ganhe controle dos reflexos intestinais
Promoção da defecação normal


• Posição sentada
• Posicionamento da comadre
• Privacidade
Medicações

(Laxantes)

• Ação de curta duração para esvaziar o intestino

• Apresentação: oral, tabletes, pó e supositório


(Ex: bisacodill)

• O uso excessivo aumenta o risco de o paciente apresentar


diarreia e eliminação intestinal anormal.

• O uso excessivo destrói o reflexo de defecação.


Medicações

(Antidiarréicos)

• Diminuem o tônus muscular para reduzir o trânsito das fezes e


inibem as ondas peristálticas que movem as fezes para frente,
resultando em maior absorção de água
• Ex: fosfato de codeína, elixir paregórico e lomotil.

• Pacientes que apresentam diarreia que dura mais de dois dias


precisam de uma cultura de fezes e avaliação da dieta e da
ingesta de fluídos e para detectar intolerâncias alimentares.
Enemas
• Instilação de uma solução dentro do reto e
cólon sigmóide, promovendo a defecação
pelo estímulo da peristalse.

• O volume de fluido instilado fragmenta a


massa fecal, distende a parede retal e inicia
o reflexo de defecação.

• Indicações:
Alívio temporário da constipação
Remoção de fezes impactadas
Esvaziamento do intestino antes de testes
diagnósticos ou cirurgia.
Enema de Limpeza
• Promovem a completa evacuação das fezes do cólon.

• Age estimulando a peristalse pela grande infusão de


solução ou através da irritação local da mucosa do cólon.

• Enemas de limpeza
➢Água morna (hipotônica)
➢SF 0,9% (isotônico)
➢S o l u ç ã o h i p e r t ô n i c a ( F l e e t e n e m a p r e p a r a d o
comercialmente é o mais comum).
➢Enema medicamentoso.
Enema de Limpeza

• Enema Alto:Limpa todo o cólon


• Enema Baixo: Limpa somente cólon sigmóide e reto.

• O excesso do uso de enema depleta seriamente líquidos


e eletrólitos.
▫ Sinais e sintomas de intolerância do procedimento: dor
abdominal intensa, cólicas abdominais, distensão
abdominal, sangramento retal.

• O procedimento pode ser delegado ao pessoal de


enfermagem de nível médio.
Contra-Indicações

Cirurgia retal recente

Cirurgia recente de próstata

Hemorragia intestinal
Procedimento
• Materiais:

✓ Luvas de procedimento
✓ Lubrificante
✓ Absorventes impermeáveis
✓ Cobertor
✓ Papel higiênico
✓ Comadre ou acesso ao banheiro
✓ Material para higienização íntima
✓ Suporte de soro
Levantamento de dados

• Avaliar o estado do paciente (última evacuação,


padrões intestinais, dor abdominal)
• Verificar o prontuário do paciente quando a
prescrição médica.
• Avaliar a presença de contra-indicações
• Verificar presença de distensão abdominal e
auscultar sons intestinais estabelecendo uma
linha de base para determinar a eficácia do
enema.
• Kit enema com:
Recipiente para enema
Tubos de fixação
Cateter retal de tamanho apropriado
(adultos: 22 – 30 fr/crianças 12 a 18FR)
• Volume de solução
➢Adultos: 750-1000ml
➢Crianças:
150 – 250 lactentes
250 – 350 1 a 3 anos
300 – 500 escolar
500 – 750 adolescente

• Ou
Recipiente para enema pré embalado com ponta retal.
Procedimento
• Montar uma bolsa de enema
• Realizar a higiene das mãos
• Calçar luvas
• Proporcionar privacidade ao paciente
• Elevar a cama até a altura de realização do
procedimento e levantar a grade lateral esquerda do
leito do paciente
• Posicionar o paciente em SIMS (melhora a retenção da
solução).
• Posicionar o impermeável sob os quadris e nádegas
• Cobrir o paciente, expondo apenas a área retal
• Colocar a comadre em posição de fácil acesso
Procedimento
• Administrar o enema

a) Bolsa de enema
1. Adicionar a solução aquecida á bolsa do enema
2. Retirar o ar do equipo
3. Lubrificar 6 a 8cm da ponta do cateter
4. Separar as nádegas e localizar o ânus
5. Inserir a porção final da tubulação da bolsa enema
lentamente
6. Manter a tubulação no reto até o final da instilação
7. Abrir e regular a pinça de modo que a solução entre
lentamente
8. Suspender a bolsa ao nível apropriado
9. Pinçar a tubulação após toda a solução ser instilada.
b) Bolsa descartável pré embalada
1. Retirar a tampa de plástico da ponta retal
2. 2. Separar as nádegas e localizar o reto. Orientar o paciente a
relaxar expirando lentamente pela boca
3. Introduzir a ponta do frasco suavemente no reto
4. Espremer o frasco até que toda a solução entre no reto e cólon
5. Orientar o paciente a reter a solução até que ocorra vontade
de defecar (2 – 5 min)

• Colocar papel higiênico ao redor do cateter no ânus e


delicadamente retirar o cateter retal
• Explicar ao paciente que a sensação de distensão é normal.
Pedir ao paciente para reter a solução tanto quanto possível
• Descartar o material utilizado em local apropriado
• Auxiliar o paciente a ir ao banheiro ou ajudá-lo a se posicionar
sobre a comadre
• Higienização da região anal com água e sabão
• Retirar e descartar luvas
• Higienizar as mãos.
Remoção Digital das Fezes

• Para os pacientes com impactação, a massa


fecal é algumas vezes muito grande para ser
eliminada voluntariamente.
• Se o enema falhar, quebre a massa fecal com
os dedos e a remova em partes.

• Ultimo recurso. Utilizado quando os outros


métodos falharam.

• Obs: O procedimento não pode ser delegado


ao pessoal da enfermagem de nível médio.
Desvio Intestinal
Certas doenças causam condições que interferem no trânsito de
fezes pelo reto. O tratamento para esses distúrbios resulta em
necessidade de abertura artificial (estoma) temporária ou
permanente na parede abdominal.
Ostomias/Estoma

• Refere-se a uma abertura feita


cirurgicamente na parede
abdominal, onde se exterioriza
parte dos intestinos através de um
orifício.
• A proposta dessa cirurgia é o
desvio do conteúdo do intestino
(gases e fezes) para uma bolsa
externa.
• Colostomia
• Ileostomia
Estomas Intestinais

Tipos de Efluentes

PastosasS

Sólidas

Líquidas
Temporária/Permanente

• Temporária
• Trauma abdominal com perfuração intestinal,
• Necessidade de proteção de uma anastomose intestinal
mais distal à derivação, tendo em vista o seu fechamento
em curto espaço de tempo.

• Permanente
• Substituir a perda de função esfinctérica resultante de
tratamento cirúrgico, após insucesso de outras opções que
objetivam restaurar a evacuação transanal neste caso,
geralmente ocorrendo em decorrência de câncer.
Indicações

Patologias crônicas

Megacólon

Tumores

Trauma

Proteção de anastomoses
Complicações


Isquemia Hemorragia Prolapso

Necrose Estenose
Pacientes submetidos a tal procedimento têm sua
perspectiva de vida alterada, principalmente pela
imagem corporal negativa, devido à presença do
estoma associado a bolsa coletora. Além das mudanças
nos padrões de eliminação, dos hábitos alimentares
e de higiene precisam adaptar-se ao uso do equipamento,
resultando em autoestima diminuída, sexualidade
comprometida e, muitas vezes, em isolamento social.
Cuidados

• Realizar a limpeza troca da bolsa de colostomia


• Auscultar sons intestinais
• Observar a cor do estoma, inchaço e traumas
• Observar a aparência da pele
• Observar o efluente proveniente do estoma e manter registros
• Orientar o paciente: desde a realização do procedimento cirúrgico
de estomização, bem como informações acerca de hábitos
alimentares, higiene, possíveis complicações e, principalmente,
sobre a importância do autocuidado que promove a
independência do paciente, desenvolve o processo de adaptação
ao estoma, além de prevenir complicações.
Troca do Dispositivo coletor de Ostomia

O procedimento de troca do dispositivo coletor de


ostomia recém-estabelecido não pode ser
delegado ao pessoal de enfermagem de nível
médio. Já o dispositivo coletor de uso prolongado
pode ser delegado.
Troca do Dispositivo coletor de Ostomia

• Materiais:

✓Bolsa de drenagem limpa


✓ Guia de medição de ostomia
✓ Luvas de procedimento
✓Compressas
✓ Toalha ou impermeável
✓ Água morna ou SF 0,9%
✓ Tesoura/ caneta
✓Barreira de pele
✓ Estetoscópio
Procedimento
• Posicionar o paciente em pé ou em decúbito dorsal
• Deixar exposta a área ao redor do estoma
• Realizar a higiene das mãos
• Posicionar o impermeável
• Limpar a pele periestomal delicadamente com
água morna ou SF, utilizando compressas de gaze
ou um pano limpo; não esfregar a pele; secar
completamente, com gaze ou toalha
• Medir o estoma para obter o tamanho correto do
sistema coletor
• Selecionar a bolsa apropriada
• Aplicar a barreira de pele e a bolsa
• Dobrar a parte inferior drenável da bolsa
• Descartar corretamente a bolsa velha e usada, bem
como materiais sujos
• Retirar as luvas
• Realizar a higiene das mãos
• Trocar a bolsa de uma ou duas peças a cada 3 – 7
dias, a menos que esteja vazando.
Registros
Tipo de bolsa

Quantidade e aparência das fezes

Condição da pele periestomal

Observar alterações na aparência normal do estoma

Ausência de flatos em 24 a 36 horas e ausência de fezes pelo 3 dia

Registrar presença de distensão abdominal

Registrar sons intestinais


Referências

• POTTER, P. A. Fundamentos de Enfermagem. Rio de Janeiro:


Elsevier, 2013
• SMELTZER; S.C; BARE, B.G. Brunner & Suddarth: Tratado de
Enfermagem Médico-Cirúrgica. 10ª ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2010.

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