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Exame Físico

do Abdome:
aparelho
digestivo

Profª Ms. Fabrício Ribeiro de Campos


Profª Ms. Regina Aparecida Cabral
• ANATOMIA DO ABDOME
Qual a
função do
aparelho
digestivo?
Aparelho Digestivo

• É de importância vital, uma vez que fornece ao


organismo suprimentos contínuos de água, nutrientes e
eletrólitos (minerais/ex. sódio, potássio).

• Está adaptado para ingerir, mastigar e movimentar o


bolo alimentar ao longo do tubo digestivo.

• Todas essas funções são mediadas por regulações


nervosas e hormonais.
Planejamento do exame físico

• Preparando o ambiente: boa iluminação e ventilação,


garantindo privacidade, eliminando corrente de ar para evitar
calafrios e tensões abdominais.
• Preparando o material: deve dispor de materiais como:
balança, estetoscópio, fita métrica.
• Preparando o paciente: posição mais adequada é decúbito
dorsal, com braços estendidos ao longo do corpo. Um
travesseiro sob a cabeça e outro no joelho para permitir
relaxamento da musculatura abdominal.
• O examinador deve expor o abdome, protegendo a
genitália e mamas.

• Destaca-se que deverá estar com a bexiga vazia.

• Para completar o exame a região posterior deve ser


examinada (rins).

• Para tal pede-se para o paciente sentar na borda do leito


ou da mesa de exame.

• É importante ter unhas aparadas e mãos aquecidas,


aquecer também o diafragma do estetoscópio.
Quais dados
coletar na
anamnese
do aparelho
digestivo?
Anamnese do Aparelho Digestivo

• A entrevista com o paciente antes do exame, assim como de


qualquer outro segmento é de extrema importância para
obtenção dos dados que fornecerão subsídios a serem
relacionados com os achados clínicos.

• Inclui questões sobre hábitos relacionados ao trato


digestório.

• As queixas atuais do paciente devem ser investigadas de


forma minuciosa, incluindo início, duração e intensidade
dos sintomas, questionando os fatores que exacerbam
ou inibem.
• Hábito alimentar: nº de refeições diárias, tipos de
alimentos ingeridos, uso de suplementos, anorexia,
alterações do apetite, ingestão habitual de líquidos ao
dia.

• Alteração de peso: peso habitual, peso que ganhou ou


perdeu ultimamente e em que período, alteração de
peso com outro sintoma.

• Sialorréia ou ptialismo: produção excessiva de saliva.


• Pirose ou azia: sensação de queimação retrosternal, que
pode irradiar para o abdome superior e pescoço.

• Náuseas: intensidade, frequência, fatores desencadeantes


e período do dia em que ocorre.

• Vômito: frequência, quantidade, característica (cor, odor


presença de alimentos não digeridos, precedido de náusea
ou em jato) fatores desencadeantes (dor, medicamentos,
alimentos) presença de sangue vivo ou digerido
(hematêmese).
• Dispepsia: sensação de plenitude gástrica (satisfação
alimentar), indigestão, relação com a ingestão de
determinado tipo ou quantidade de alimento, o que
proporciona alívio (medicamento, repouso, atividade).

• Hábito intestinal: frequência e consistência das


evacuações habituais, alteração em que período, queixa
de diarreia e obstipação, descrição da cor, odor, volume,
presença de sangue, muco, alteração no formato das
fezes, dor associada ao ato de evacuar (tenesmo),
perda involuntária de fezes.
• Dor: contínua ou intermitente, superficial ou profunda,
intensidade, característica (aguda, pontada, em cólica,
queimação) propagação para outras regiões, sinais e
sintomas associados, fatores que precipitam
(antecipam) ou pioram a dor.

• Antecedentes pessoais: presença de úlceras, doença


vesiculares, apendicite, cirurgias anteriores, hipertensão,
alcoolismo, uso de medicações que alteram o
funcionamento gastrointestinal (antibiótico e anti-
inflamatório).
Exame do abdome
• O abdome é a região do tronco compreendida entre o
diafragma e o músculo que o separa do tórax e a pelve.

• A cavidade abdominal é uma cavidade grande, de formato


oval, separada da caixa torácica por intermédio do
diafragma, na porção superior, e que esta em continuidade
com a cavidade pélvica na região inferior.
• As manobras ou técnicas utilizadas no exame físico são
realizadas por meio da parede anterior do abdome.
• A parede anterior do abdome é delimitada, na parte superior,
pelo processo xifoide do esterno e pelas sétimas e
décima costela (rebordo costal).
• Na parte inferior, a delimitação é dada pelas cristas ilíacas,
pelas espinhas ilíacas antero-superiores, pelos
ligamentos inguinais e pelo púbis.
• Destaca-se que essa parede é constituída pelos músculos reto
do abdome, na parte antêro-lateral.
• Pode estar sujeita a modificações ocasionais em seu contorno na
obesidade, na gravidez, na presença de tumor.
• Para realização do exame físico é necessário dividir
topograficamente o abdome , para localizar os órgãos e os pontos
de referência relativos à dor ou à presença de massas.
• A divisão do abdome em 4 quadrantes é um método
simples
• REGIÕES DO ABDOME
• Pode ser dividido em nove regiões quando se quer localizar mais
precisamente um achado
EXAME FÍSICO

• Essa sequência deve ser rigorosamente seguida, (inspeção,


ausculta, percussão e palpação), pois a palpação e a
percussão podem influenciar os achados da ausculta
abdominal e, por isso, não devem ser as primeiras técnicas
realizadas.

• Antes de tocar o abdome, solicitar ao paciente que aponte


qualquer ponto ou área dolorosa, sensível, o qual deverá
ser examinado por último.
• Durante todo exame, deve-se acompanhar as reações
manifestada pelo paciente por meio de sinais faciais
de dor ou desconforto (mantendo a topografia
mentalmente) tentando associar os achados com os
órgãos em cada região.
1) INSPEÇÃO

• Inclui a observação de sua superfície quanto à forma e ao


contorno, à simetria, às características da pele e a
ocorrência de movimentos visíveis na parede.

• Enfermeiro posicionado em pé e à direita paciente.

• Para melhor visualização da parede abdominal e procurar


peristalse visível, poderá sentar-se ou abaixar-se de
maneira que consiga perceber tangencialidade da parede, ou
ainda solicitar que o paciente respire profundamente,
destacando as alterações abdominais.
Inspeção do Abdome

Classificação
quanto à Plano
forma e
volume Globoso
Ventre
Avental
Escavado
• Abdome plano
Em pessoas com um bom tônus muscular e peso regular
• Globoso
• Avental
Nos casos de obesidade grave
• Escavado
Em indivíduos magros
• No idoso, tende a ocorrer um acúmulo de gordura na
região inferior do abdome, próximo aos quadris, devido
ao enfraquecimento da musculatura a abdominal.

• Nos casos de ascite, distensão abdominal e


acompanhamento da gestação, recomenda-se a
medida da circunferência abdominal (linha cicatriz
umbilical como ponto de referência).

• Isto favorece a objetividade a descrição da forma e


contorno abdominal.
• A forma do abdome, pode também estar marcada pela
presença de saliências ou de protusões localizadas que
além de alterar a simetria podem sugerir presenças de
massas, herniações e visceromegalias (é o aumento do
tamanho dos órgãos internos do abdome).
• Avaliar turgescência cutânea, se estiver boa reflete o
estado nutricional normal, para sua avaliação pince
suavemente uma prega da pele, e em seguida, libere-a
verificando seu retorno, se normal deve ser imediato
• A cicatriz umbilical costuma estar localizada na linha média e
é invertida podendo apresentar se plana, evertida com sinais
de inflamação ou hérnia.

• Nos casos de gestação, ascite podem causar protusão do


umbigo.

• Além da sua localização e característica deve-se observar a


presença de sujidades, retrações e abaulamentos.

GESTANTE ASCITE
• A pele da parede abdominal possui uma superfície lisa
e uniforme, com coloração homogênea.

• Observar integridade e presença de cicatrizes, as


quais devem ser descritas de acordo com sua
localização e as características, assim como manchas e
estrias.
• Estrias podem ocorrer na gestação, ganho de peso
excessivo ou à presença de ascite.

• Estrias antigas são de coloração clara e brilhante, se


recente são róseas ou azuladas.
• Os movimentos da parede abdominal devido ao
peristaltismo, às vezes são observados em pessoas muito
magras.

• Entretanto, quando aparecem ondas peristálticas com


maior frequência e intensidade, podem indicar obstrução
intestinal e precisam ser comunicadas rapidamente.

• As pulsações da aorta também podem ser visíveis em


pessoas magras, na região epigástrica, sendo
consideradas normais.

• Pulsações mais intensas podem ocorrer devido a


hipertensão arterial ou aneurisma da aorta.
ABAULAMENTO/RETRAÇÃO
• NORMAL - tem forma regular e
simétrica
• ANORMALIDADE - Assimétrico e
Irregular
INSPEÇÃO • CAUSAS: hepatomegalia,
esplenomegalia, útero gravídico,
tumores de ovário e do útero,
retenção urinária, tumores renais,
tumores pancreáticos, linfomas,
aneurisma de aorta abdominal
• Semiologia: projeção das
vísceras na parede abdominal.
ABAULAMENTO/RETRAÇÃO

Esplenomegalia
Cisto de Ovário

Aneurisma da Aorta
a região periumbilical adquire uma cor azulada em
caso de sangramento intra-abdominal
2) AUSCULTA
• A avaliação dos ruídos intestinais que ocorrem em
consequência dos movimentos peristálticos de ar e
líquidos ao longo dos intestinos (daí a denominação
ruídos hidroaéreos) constitui a principal finalidade da
ausculta abdominal.

Recomenda-se executar a
ausculta antes da palpação
para evitar aumento
involuntário do
peristaltismo.
• Utilizando um estetoscópio com o diafragma previamente
aquecido, o enfermeiro inicia a ausculta abdominal pelo
quadrante inferior direito, aplicando leve pressão e
identificando a presença e a qualidade dos ruídos intestinais.
• Podem ser necessário até 5 minutos de ausculta
contínua antes que se possa determinar a ausência de
ruídos hidroaéreos.

• Quando for difícil ausculta-los, deve prosseguir


sistematicamente, repetindo ausculta por 2 a 5 minutos em
cada um dos demais quadrantes abdominais, em busca
de atividade peristáltica.
• Quando presente, os ruídos hidroaéreos devem ser
descritos quanto à frequência e à intensidade.

• Os sons tipo gargarejo ou borbulhar são


característicos em uma frequência irregular que pode
variar de 5 a 35 por minuto, dependendo da fase de
digestão em que se encontra o paciente.

• A intensidade é descrita, em termos de ruídos:


- hipoativos
- hiperativos
❖ Hipoativos: ocorrem em
distúrbio eletrolítico, pós
operatório de cirurgias
abdominais, na peritonite,
íleo paralítico ou íleo
adinâmico, é uma situação
em que esses movimentos
cessam temporariamente e
então os alimentos não
conseguem ser propelidos
normalmente através do
seu lúmen).
❖ Hiperativos: são ruídos altos, sonoros em gargarejo
que refletem hipermotilidade e acompanha quadros de
diarreia, uso de laxantes.

• O peristaltismo prolongado e intenso (sentido quando o


estômago ronca) é chamado de borborigmo.
3) PERCUSSÃO

• A percussão direta ou indireta do abdome auxilia na


determinação do tamanho e localização de vísceras
sólidas e na presença e distribuição de gases, líquidos e
massas.

• A direta é realizada utilizando-se uma das mãos ou


dedos, a fim de estimular diretamente a parede
abdominal por meio de tapas.

• A indireta coloca-se a mão estendida sobre o abdome e


com o dedo médio da mão dominante flexionado e
usado como martelo, percute-se um dedo da outra mão.
• Inicia-se no quadrante inferior direito, prosseguindo-se
pelos demais quadrantes, até percorrer toda área
abdominal
PERCUSSÃO
Posição = decúbito dorsal

SONS ABDOMINAIS À PERCUSSÃO:

Timpânico OBJETIVO:
Hipertimpânico -Órgãos ocos (estômago, intestino,
bexiga) som timpânico.
Submaciços
- Órgãos sólidos (Fígado, baço, pâncreas,
Maciços
rins e bexiga distendida) som maciço.
Percutir sentido horário OBS – som maciço sobre área não
ocupada por orgão sólido pode ser
indicativo de tumor.
Som timpânico (ar)- produzidos pelo ar
existente no estômago e intestinos.

Som hipertimpânicos- encontrados em


abdome distendido ou quadro de diarreia.

Som maciços (ocos) - encontrado no


fígado e no útero gravídico.

Som submaciços - abdome protuberante


(ex: ascite) nos flancos direito ou
esquerdo.
Ascite
• Corresponde ao acúmulo de fluidos na cavidade
peritoneal, devido a doença hepática avançada,
insuficiência cardíaca, pancreatite ou câncer.

• Determinado um abdome proeminente, com aumento


da circunferência e submacicez à percussão dos
flancos.

• A confirmação pode ser obtida através de duas


técnicas.
• Pela percussão abdominal, com o paciente em
decúbito lateral, pode-se perceber a diferença entre
sons timpânico e maciço, devido ao deslocamento
gravitacional do conteúdo do líquido para a parte mais
baixa da cavidade peritoneal em relação ao conteúdo de
gás do colo que permanece na parte mais alta.

• Assim predomina os sons maciços no lado do abdome


em contato com a superfície da cama, enquanto o som
timpânico é encontrado no lado oposto.
Piparote
• Exige uma terceira pessoa ou o próprio paciente.

• Coloque a borda lateral externa das mãos sobre a


linha média do abdome, exercendo pressão moderada,
porém firme.

• O enfermeiro aplica golpes rápidos com a ponta dos


dedos de uma mão sobre um dos flancos, enquanto com
a outra mão espalmada sobre o flanco oposta, palpa o
impulso da onda líquida assim transmitida.
4) PALPAÇÃO

• A palpação abdominal é realizada por meio das


palpações superficial e profunda.

• Que auxiliam na determinação do tamanho, da forma


da posição e da sensibilidade da maioria dos órgãos
abdominais.

• Os quatro quadrantes devem ser palpados em sentido


horário, reservando para o final do exame aquelas áreas
previamente mencionadas como dolorosas.
• Quando percebe resistência muscular, é necessário
distinguir entre resistência voluntária, chamada
defesa, e contratura muscular involuntária,
característica da resposta inflamatória do peritônio.

• Para isso deve-se aquecer as mãos e realizar a


palpação durante as expirações do paciente quando os
músculos abdominais tornam-se relaxados.
Palpação profunda: delimita-se mais precisamente os
órgãos abdominais e detecta massas menos evidente.
• Com o paciente respirando pela boca, com a
mandíbula entreaberta, a parede abdominal é
deprimida em profundidade (aproximadamente 5cm) a
cada expiração.

Com maior pressão dos dedos, verifica-se tamanho, forma, consistência,


localização, sensibilidade, mobilidade de órgãos ou massas.
• Em pacientes obesos, a palpação profunda pode ser
facilitada usando as duas mãos uma sobre a outra.

• A mão em contato com a parede abdominal, percebe os


achados, enquanto a mão que cobre exerce a pressão.

• São achados normais um abdome liso, de


consistência macia, não tenso, não doloroso e sem
órgãos aumentados ou massas.

• Observar expressão do paciente em busca de


desconforto ou dor.
SINAL DE DESCOMPRESSÃO BRUSCA DOLOROSA
SINAL DE JOBERT

Isso indica ar livre na cavidade abdominal por


perfuração de víscera oca.
• O exame do fígado e do baço requer procedimentos
especiais de percussão e palpação para se detectar
alterações no tamanho, na superfície, na consistência e
na sensibilidade, pelo fato de estarem localizados quase
que totalmente sob as costelas.

• A percussão auxilia na delimitação do fígado, pela


avaliação da área de macicez.

• Inicia-se percutindo suavemente a linha hemiclavicular


direita, em direção superior, a partir de um ponto de
timpanismo no abdome, próximo a cicatriz umbilical, até
se perceber a mudança de som timpânico para maciço.
• O fígado normal é palpável, durante a inspiração cerca
de 3cm abaixo do rebordo costal à direita na linha
hemiclavicular.

• Quando não é palpável, pode ser indicação de cirrose


hepática avançada.

• Quando palpável mais de 3cm do rebordo costal,


pode indicar a presença de hepatopatias como
hepatites e tumores.
Sinal iliopsoas
•Quando houver suspeita dor abdominal associado a
apendicite.
•Com o paciente em decúbito dorsal, eleve a perna
direita reta, fletindo-a sobre o quadril.
•Em seguida pressione para baixo a região inferior da
coxa direita, enquanto a pessoa tenta manter a perna
esticada e elevada.
•Quando o teste resulta negativo, a pessoa não sente
nenhuma alteração.
FIM!!!
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Av. Dr. Armando Salles Oliveira, 201


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