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Profa. Dra.

Yara Andrade
FUNÇÃO DO SISTEMA DIGESTÓRIO

• Mastigação;
• Ingestão;
• Digestão;
• Absorção dos alimentos;
• Eliminação dos resíduos e substâncias;
• Prover suprimento contínuo de água, nutrientes e eletrólitos para
o organismo;
• Regulação nervosa e hormonal do sistema digestivo.
SISTEMA DIGESTÓRIO

• Processo patológico em qualquer segmento do aparelho digestório


pode alterar a estrutura ou função do sistema;

• Podem apresentar problemas na ingestão, digestão, absorção


dos nutrientes, eliminação de resíduos;

• Diagnóstico: anamnese, exame físico, exames laboratoriais e


exames de imagem.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Disfagia Sangue
(dificuldade de Pirose e
oculto nas
deglutição) soluções
fezes

Dispepsia
Flatulência Náuseas e
(dificuldade
e icterícia vômitos
de digestão)

Hemorragia
Constipação Dor abdominal, digestiva alta
ou diarreia perda de peso ou baixa
PLANEJAMENTO DA ENTREVISTA
Garantir conforto e segurança do paciente; Unhas aparadas; Mãos aquecidas; Aquecer o
diafragma do estetoscópio; Investigar a história do funcionamento digestório

Preparo do ambiente: boa iluminação, ventilação, garantir a privacidade do paciente,


evitar correntes de ar prevenindo contração muscular

Preparo do material: balança antropométrica, estetoscópio, fita métrica, relógio,


regra (20 cm), caneta e dois travesseiros pequenos.

Preparo do paciente: solicita-se que o paciente esvazie a bexiga. Posição em decúbito


dorsal com os braços estendidos e um travesseiro sob a cabeça e o outro sob os joelhos;
Expor o abdome do paciente; Cobrir as genitálias e as mamas.
ROTEIRO PARA COLETA DE DADOS
Hábitos alimentares: Alteração de peso:
Nº de refeições, peso habitual, Sialorreia ou Soluço: início e
alimentos, aversão, aumentou? Diminuiu? ptialismo: produção evolução, relação
intolerância, Em quanto tempo? excessiva de saliva com alimentos.
suplementos, líquidos Estilo de vida?

Pirose ou azia:
Náuseas e vômitos: Disfagia: início e
Dispepsia: queimação retroesternal
intensidade, frequência, evolução, quais
início, contínua ou intermitente;
quantidade, cor, aspecto, alimentos consegue
frequência, irradia? Alimentos?
melhora e piora, fator deglutir? Dor?
região? Alívio? Repouso pós-prandial?
desencadeante, sangue? Regugitação?
Postura?

Antecedentes pessoais:
Hábitos intestinais: Antecedentes
úlcera péptica, gastrite,
frequência, consistência, familiares: doença
apendicite, hérnia, cirurgias, gastrointestinal (câncer).
volume, cor, dor, distensão
HAS, álcool, medicamentos
TOPOGRAFIA DO
ABDOME
ABDOME
• Cavidade que contém
órgãos vitais;

• Está sujeito a
modificações em casos
de obesidade, gravidez,
presença de tumor, etc.

• A divisão do abdome
facilita a descrição,
localização, presença de
dor e massas nos
órgãos.
Divisã
Divisã
o em
o em
quatro
nove
quadr regiões
antes
ÓRGÃOS ABDOMINAIS
ANATOMIA INTERNA

1. Vísceras sólidas
2. Vísceras ocas

VÍSCERAS SÓLIDAS
• Fígado, pâncreas, baço, glândulas supra renais, rins, ovários e útero –
borda inferior do fígado e rim direito podem ser palpáveis, ovários,
somente durante o exame pélvico.

VÍSCERAS OCAS
• Estômago, vesícula, intestino delgado, colon e bexiga – geralmente
não são palpáveis, depende do conteúdo podem ser.
VASOS SANGUÍNEOS
 Lobo direito do fígado;
 Vesícula biliar;  Lobo esquerdo do fígado;
 Piloro;  Estômago;
 Duodeno;  Corpo do pâncreas;
 Cabeça do pâncreas;  Baço;
 Parte do cólon ascendente e  Parte do cólon transverso e
transverso. descendente.

 Cécun;
 Apêdice vermiforme;  Cólon descendente;
 Parte do cólon ascendente.  Parte do cólon sigmoide.
O abdome é
constituído por:

• 4 quadrantes;

• 3 andares;

• 9 regiões
EPIGÁSTRIO

1. Hipocôndrio direito
2. Epigastro
3. Hipocôndrio esquerdo

MESOGÁSTRIO
4. Flanco direito
5. Região umbilical
6. Flanco esquerdo

HIPOGÁSTRIO

7. Inguinais ou ilíacas direita


8. Inguinais ou ilíacas esquerda
9. Suprapúbica
TÉCNICAS
PROPEDÊUTICAS
EXAME DO ABDOME
TÉCNICAS:

Inspeção;
Ausculta;
Percussão;
Palpação.
EXAME DO ABDOME
• Objetivo:
• Reconhecer a fisiologia dos órgãos existentes

• Ser metódico ao localizar achados de acordo com os


quadrantes abdominais;

• Auscultar antes da palpação e percussão;


INSPEÇÃO
INSPEÇÃO

Solicitar que o paciente refira uma área dolorosa para que


esta seja examinada por último

Observar reações faciais de dor ou desconforto; Tentar


associar os achados (dor, massa, nódulos) com os 4
quadrantes e as 9 regiões 21
INSPEÇÃO

• Observação da superfície quanto à:

1. Forma
2. Contorno
3. Simetria: abaulamentos, retrações, hérnias
4. Pele do abdome: cicatrizes, lesões, circulação
5. Movimentos peristálticosvisíveis na parede
FORMA
• Plano e simétrico: pessoas eutróficas
(normal);
• Globoso: aumento do diâmetro
anteroposterior (obesidade, ascite,
gases, visceromegalias, gravidez);
• Ventre de batráquio: ascite em fase
de regressão
• Pendular ou avental: causa comum é
a flacidez muscular (obesidade)
• Escavado: pessoas muito
emagrecidas deixando as
proeminências ósseas visíveis
Acúmulo de líquidos

ASCITE OU Medida da circunferência abdominal


DISTENSÃO com uma fita métrica e aferir o peso
ABDOMINAL diariamente (comparar)

Mensurar na altura da cicatriz


umbilical. Nesses casos, pode
ocorrer protusão umbilical
CONTORNO
CONTORNO

Posicione-se à direita do paciente, incline-se ou sente-se para olhar


diretamente o perfil do abdome.
SIMETRIA
NORMAL ANORMAL

• Abaulamento ou retrações
• Liso
• Distensão
• Simétrico
• Massas ou nódulos

• Hérnia (protusão das vísceras


abdominais através de abertura
anormal na parede muscular
CICATRIZ UMBILICAL
ANORMAL
NORMAL Evertido na ascite ou quando
há massas subjacentes;
Localiza-se na
linha  Depressão na obesidade;
média e é
 ou evertido na hérnia
invertido,
umbilical;
sem alteração de
cor, inflamação Coloração azulada na
ou hemorragia intra-abdominal
hérnia;
INSPEÇÃO- Umbigo
CARACTERÍSTICAS DA PELE
NORMAL ANORMAL
 Lisa;  Hiperemia localizada, icterícia, petéquias;
 Uniforme;  Ascite: pele brilhosa e com estrias;
 Coloração;  Estrias cor roxo-azulada na Síndrome de
 homogênea; Cushing
 Observar a integridade,  Manchas, trajeto venoso dilatado;
lesões, cicatrizes;  Estrias: antigas (clara e brilhante) recentes
 Descrever a localização (rosas e azuladas);
e características dos  Veias dilatadas (região umbilical): aumento da
achados. pressão no sistema da veia porta, cirrose, ascite,
obstrução da veia cava ;
Ótima área para avaliar  Turgor cutâneo: estado nutricional.
pigmentação.
Síndrome de Cushing
PULSAÇÃO OU MOVIMENTOS PERISTÁLTICOS

• Região mesogástrica: movimentos peristálticos em pessoas


muito emagrecidas;

• Região epigástrica: pulsações da aorta (pessoas magras –


normal);

• Pulsações intensas: podem indicas HAS ou aneurisma da


aorta;

• Obstrução intestinal: aumento da frequencia e intensidade do


peristaltismo e abdomen rígido
AUSCULTA
AUSCULTA
A percussão e a palpação podem aumentar a peristalse e
fornecer falsa interpretação dos ruídos intestinais.

Denomina-se: RUÍDOS HIDROAÉREOS

 Os ruídos hidroaéreos são de correntes dos movimentos peristálticos e


do deslocamento de ar e líquidos pelas vísceras;
 EXAME: Usar o diafragma do estetoscópio;
 Iniciar no QID (válvula íleo-cecal), pois normalmente existem ruídos
intestinais.
TÉCNICA DE AUSCULTA
Com o
Aquecer o
estetoscópio, 2 a 5 min para
diafragma do
aplique uma cada quadrante
estetoscópio e
pressão suave (sentido horário)
inicia pelo QID
sobre o abdome

Intensidade é Quando
RHA hiperativos:
descrita: ruídos presentes
ruídos altos, sonoros.
hidroaéreos
Indica hipermotilidade,
hiperativos,
descrever a
diarreia, obstrução frequência e
hipoativos ou
intestinal intensidade
inaudíveis

RHA hipoativos: pós-


operatório, distúrbio
eletrolítico, peritonite, BORBORIGMO: quando o estômago ronca
isquemia de cólon
AUSCULTA

Se o cliente estiver com um tubo nasogástrico para


drenagem, clampear momentaneamente o tubo antes de
fazer a ausculta.
AUSCULTA
AUSCULTA
• Auscultar os
ruídos vasculares
com compressão
mais firme (HAS).

• Em geral, estão
ausentes.
PERCUSSÃO
PERCUSSÃO
 Auxilia na determinação do tamanho e da localização de
vísceras sólidas;

 Avaliação da presença e distribuição de gases, líquidos e


massas;

 Percussão direta: utiliza-se as mãos ou os dedos e


estimula diretamente a parede do abdome por meio de
“tapas”

 Percussão indireta: utiliza-se as duas mãos (dígido-digital)


PERCUSSÃO- 4 quadrantes
Sons da percussão abdominal
SONS CARACTERÍSTICAS

TIMPÂNICO É o com predominante do abdome. Sons claros e de


timbre baixo, semelhante a batida de um tambor
(vísceras ocas). Encontrados no estômago e
intestino

HIPERTIMPÂNICO Som agudo. Paciente apresenta abdome distendido


(Obstrução intestinal)
MACIÇO E Sons breves e com timbre alto são audíveis em
SUBMACIÇO órgãos sólidos (fígado, baço, vísceras com líquido ou
fezes). Indica massas ou órgãos aumentados.

Um abdome protuberante com SUBMACICEZ em ambos os flancos é


sugestivo de ascite e recomenda-se a realização do teste de PIPAROTE
para verificar ondas líquidas
Procedimentos especiais
Mão no flanco;
Ajuda de outro
examinador.

Ascite +: onda
líquida que
percorrerá o
abdome.
PERCUSSÃO
MACIÇO: Hipertimpanismo:

• Bexiga distendida;
• Tecido adiposo;
• Líquido; Quando há distensão
• Massas; gasosa
• Fígado;
• Baço.
PALPAÇÃO
PALPAÇÃO ABDOMINAL

FINALIDADE: auxiliar na determinação do tamanho, forma, posição e


sensibilidade da maioria dos órgãos abdominais, massas e acúmulo de
fluidos.

TÉCNICA
• Aquecer as mãos e o estetoscópio;
• Colocar travesseiro sob joelhos e sob a cabeça;
• Palpar os quatro quadrantes em sentido horário;
• Inicie com a palpação superficial.
• Realizar a palpação durante a expiração (relaxamento);
• Palpação superficial (1cm)
• Palpação profunda (aprox. 5 cm)
• Reservar para o final do exame as áreas doloridas ou sensíveis;
• Observar a face do cliente durante o exame.
PALPAÇÃO SUPERFICIAL
• Realizar de forma
delicada e suave;
• Realizar nos 4
quadrantes, iniciando
pelo QID em sentido
horário;
PALPAÇÃO PROFUNDA
• Comprimir o abdome aprox. 5 cm .
• Nunca palpar profundo os órgãos
sensíveis.
• Técnica bimanual para pacientes
obesos.
• Mão de cima faz compressão e a
mão de baixo relaxada.
PALPAÇÃO PROFUNDA

Detectar:

• Tamanho;
• Forma
• Consistência;
• Localização;
• Mobilidade e pulsação de órgãos e massas;
• Presença de aumentos;
• Sensibilidade.
PALPAÇÃO DO FÍGADO
Mão esquerda sob
as costas;
Mão direita no
QSD. Empurre
para dentro o
abdome e região
abaixo do rebordo
costal.
Pedir para respirar
profundamente;
PALPAÇÃO DO FÍGADO
“Mão em garra”

Mãos por baixo


do rebordo costal,
de baixo para
cima.
Pedir para o
paciente inspirar.
PALPAÇÃO DO BAÇO

Baço é impalpável.

• Pedir para o paciente


inspirar
profundamente.

• Comprimir a mão
profundamente para
baixo do rebordo
costal esquerdo.
PALPAÇÃO DO BAÇO

A esplenomegalia
faz contato com a
ponta de seus
dedos.
PALPAÇÃO DA AORTA
Na região superior do
abdome, um pouco a
esquerda da linha
média;

Aorta tem ± 2,5 a 4 cm.

Aumentada no
aneurisma.
DIFERENCIAÇÕES
ESPECIAIS
AR OU GASES

Abdome
arredondado
Ausculta : + ou –
Timpanismo
ASCITE
Umbigo
evertido;
Protusão dos
flancos
FEZES

Macicez
disseminada
sobre a massa
fecal
VISCEROMEGALIAS
VISCEROMEGALIAS
LOCALIZAÇÃO COMUNS DE DOR
ABDOMINAL REFERIDA
• Fígado: dor contínua,leve ou moderada no QSD ou epigástrico;

• Esôfago: dor em queimação na região mesoepigástrica ou


retroesternal inferior com irradiação para cima (“azia”);

• Vesícula biliar: dor súbita no QSD que pode irradiar-se para


escápula D ou E e que piora com o tempo.

• Estômago: úlcera gástrica é surda e contínua, irradiando para as


costas. Desencadeada por alimentos, tem queimação;
LOCALIZAÇÃO COMUNS DE DOR
ABDOMINAL REFERIDA
• Pâncreas: dor mesoepigástrica contínua com irradiação para as
costas e as vezes para escápula, associada de náuseas e
vômitos;

• Duodeno: dor da úlcera duodenal é surda, contínua e aliviada por


alimentos;

• Apêndice: inicia com dor surda e difusa na região periumbilical


evoluindo para dor persistente, intensa e aguda no QID. Piora com
tosse, respiração profunda.
LOCALIZAÇÃO COMUNS DE DOR
ABDOMINAL REFERIDA
• Rim: dor intensa de início súbito,tipo cólica, no flanco;

• Intestino delgado: a gastrenterite tem dor difusa generalizada


com náuseas e diarréia;

• Cólon: a obstrução causa dor em cólica moderada de início


gradual na região inferior do abdome e distensão abdominal.

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