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Exame físico do esôfago, estômago e intestino

Vitória Araujo T7

Esôfago
ž Anatomia:

ž O trajeto do esôfago está marcado por três curvas, as quais podem modificar-se pelos movimentos da coluna vertebral e do
diafragma. A curvatura anteroposterior acompanha a curvatura da coluna vertebral torácica.
ž Função:
ž Transportar o bolo alimentar até o estômago e impedir o refluxo do mesmo;
ž Ondas primárias, secundárias e terciárias:
1. Onda primária - que se inicia com a deglutição, no momento do relaxamento do esfíncter superior do esôfago. Desloca-se,
ininterruptamente, até à cárdia, com uma velocidade que vai diminuindo progressivamente;
2. Onda secundária - Independe da deglutição e, é provocada por estímulos locais: distensão, presença de restos do bolo alimentar.
Inicia-se depois da onda primária e propaga-se com a mesma velocidade, confundindo-se com ela e reforçando a propulsão;
3. Onda terciária - Contração espontânea da musculatura lisa. Não é propulsiva. É encontrada em cerca de 17% de jovens normais
e em percentagem ainda maior de velhos. Aumenta quando o plexo mioentérico está comprometido, na hérnia hiatal e nos
espasmos esofagianos.
ž Exame físico:
ž Inspeção: emagrecimento, cavidade oral;
ž Palpação: pescoço e regiões supra-claviculares
ž Sinais e sintomas:
ž Disfagia:
-Dificuldade para deglutir;
-Classificação: bucofaríngea ou alta esofágica ou baixa;
-Para sólidos (geralmente mecânica) ou sólidos e líquidos (motora). Atenção para o tempo de inicio dos sintomas (rápido ou insidioso) e a
evolução (intermitente ou progressivo)
ž Odinofagia:
-Dor ao engolir alimentos;
-Principais causas: esofagite péptica, monilíase, esofagite herpética e ulcerações por alguns medicamentos (cloreto de potássio,
alendronato de sódio, anti-inflamatórios, tetraciclina, doxiciclina, clindamicina).
ž Pirose:
-Azia ou queimação.
-Principal sintoma do RGE.
-Localização da dor: retroesternal, epigástrica, tórax.
-Geralmente é devido a insuficiência do mecanismo que impede o refluxo (principais: relaxamento transitório EEI, hérnia hiatal, hipotonia
do EEI).
ž Dor:
-Espontânea, não depende da ingestão de alimentos.
-Principais causas: mudança do PH intraluminal, distúrbios motores, alterações inflamatórias e neoplasias.
-Pode simular dor cardíaca (dor para pescoço, ombros e mmss)
-Analisar antecedentes, dor piora em repouso ou com atividade, avaliação complementar do esôfago e coração.
ž Regurgitação:
-Volta do alimento ou de secreções do esôfago ou estômago à boca, sem náuseas ou participação dos músculos abdominais.
-Causas esofágicas: mecânicas (ex: estenoses, neoplasias, divertículo faringoesofágico) e motoras (ex: megaesôfago chagásico e acalasia
idiopática).
-Causas extra- esofágicas: hérnia hiatal e doença péptica ulcerosa.
ž Eructação:
- “Arroto”;
-Não é sintoma exclusivo do esôfago.
-Reflete um aumento da ingestão de ar durante as refeições. Ex: megaesôfago e pacientes ansiosos.
ž Soluço:
-Corresponde a contrações do diafragma.
-Não é exclusivo do esôfago.
-Quando sintoma esofágico é considerado na hérnia hiatal e megaesôfago.
-Porém pode ocorrer por diversas causas: doença do sistema nervoso central, irritação do nervo frênico ou diafragma, doenças que
comprometem o mediastino, pleura e órgãos intra-abdominais.
ž Sialose ou sialorréia:
-Produção excessiva de saliva.
-Frequente nas obstruções esofágicas e megaesôfago chagásico.
-Ocorre devido ao reflexo esofagossalivar de Roger (glândulas estimuladas por receptores na parede esofágica).
ž Hematêmese:
-Vômito com sangue (HDA - desde a boca até o ângulo de Treitz). Causas: varizes são a mais comum, câncer e úlceras.
Estômago
ž Anatomia:

ž Funções:
ž Armazena e quebra os alimentos em partículas menores e transporta para o duodeno;
ž Sinais e sintomas:
ž Dor:
-Gastrite, úlceras, câncer.
-Região epigástrica principalmente dorso quando há acometimento do retroperitônio. Avaliar a periodicidade da dor (Contínua?
Intermitente?).
ž Náuseas e vômitos:
-Frequentemente associados à dor.
-Conteúdo:
è Se apenas suco gástrico, alimentos recentes e pouca bile: gastrite, úlcera péptica ou duodenal.
è Se alimentos ingeridos há mais tempo: indica estase gástrica.
è Se muita bile: obstrução intestinal alta.
è Se hematêmese: lesão intestinal acima do ângulo de Treitz (úlceras, varizes esofágicas, sínd. de Mallory-Weiss -laceração da
transição esôfago-gástrica- neoplasia, gastrite aguda).
-Causas extra-digestivas: intoxicações exógenas (inalação), afecções do SNC, infecções, litíase renal.
ž Pirose
ž Dispepsia funcional:
-Saciedade precoce, plenitude pós-prandial, dor ou queimação epigástrica, sem causas orgânicas sistêmicas ou metabólicas justificáveis.
ž Exame físico:
ž Paciente em decúbito dorsal, relaxado, braços estendidos ao longo do corpo.
ž Inspeção: peristaltismo visível (quando há obstrução distal do estômago).
ž Percussão: se o paciente estiver em jejum prolongado, pode-se fazer a percussão para analisar estase gástrica.
ž Palpação: superficial e profunda.
1. Superficial: palpação simétrica e simultânea de pontos correspondentes nos hemiabdomes (dor ou tumoração).
2. Profunda: mãos juntas e relaxadas sobre a superfície abdominal. A palpação é feita aprofundando-se os maiores dedos
no sentido crâniocaudal no momento da expiração. Repetidas vezes, em pontos diferentes até todo o abdome ser
avaliado. Se encontrado algo suspeito, palpa-se de outras maneiras para melhor caracterização.
ž Dor à palpação brusca: irritação peritoneal (perfuração de úlcera ou neoplasia).
Intestino Delgado
ž Anatomia:

ž Funções:
-Absorção, motora e secretora;
ž Exame físico:
ž Exame físico geral:
1. Avaliar peso, altura, boca, pele, unhas, cabelo, musculatura, articulações, linfonodomegalias, palidez (anemia),
avaliação neurológico (alterações da consciência, função intelectual, neuropatia periférica), períneo e ânus (D. de
Crohn).
2. Inspeção: Formato do abdome (escavado? Globoso? Simétrico? Assimétrico?), avaliar cicatrizes, peristaltismo visível
(peri-umbilical e não tem propagação preferencial) **(+ dor abdominal em cólica + ruídos hidroaéreos, sugere
obstrução intestinal).
3. Palpação:
è Superficial: hipotrofia (desnutrição), aumento da tensão (ascite e distensão hidroaérea de alças inestinais),
hipertonia (alt. Inflamatórias/infecciosas). Hipertonia associado a sinal de Blumberg, indica irritação
peritoneal (suspeita de apendicite).
è Profunda: distensões hidroaéreas, massas (dolorosas? Móveis ou fixas? Consistência?).
4. Percussão: timpanismo, submacicez ou macicez (distensão hidroaérea – fazer diagnóstico diferencial com ascite).
5. Ausculta: peristaltismo aumentado (síndrome de má absorção, distúrbios da motilidade, oclusão intestinal) ou
diminuído (isquemia da parede intestinal ou inflamação peritoneal).
6. Alterações em outros órgãos: hepatomegalia e esplenomegalia (proliferação do sistema reticuloendotelial - alterações
inflamatórias, infecciosas e neoplasias).
ž Sinais e sintomas:
ž Diarréia:
-Osmótica (síndrome de má absorção), secretora (cólera), exsudativa (alterações inflamatórias, isquêmicas e neoplasias), motora
(hipertireoidismo).
-Avaliar conteúdo (presença ou não de restos alimentares digeríveis, frequência, quantidade, cor, se acompanha dor, correlacionar com a
dieta e jejum, uso de medicamentos, febre).
ž Esteatorreia:
-Presença excessiva de gordura nas fezes.
-Difícil de avaliar.
-Geralmente quando presente: fezes volumosas, brilhantes, pode estar associada a substância oleosa e esbranquiçada, formação de gotas
ou placas de gordura no vaso, ou só gordura.
-Causa principal é a sínd. da má absorção e diminui ou cessa com jejum completo de 12h.
ž Dor abdominal:
-Avaliar características da dor aguda, crônica, duração do episódio, localização, irradiação, relação com a alimentação, relação com
movimentos ou palpação, se é acompanhada de vômitos (fecalóides?), eliminação de gases e fezes.
ž Distensão abdominal, flatulência e dispepsia:
-Quando relacionados ao intestino delgado, representam má absorção, dificuldades na propulsão alimentar, excesso de gases pela
fermentação bacteriana dos açúcares não absorvidos. Avaliar se há associação com diarréia, esteatorreia ou dor abdominal.
ž Hemorragias digestivas:
-Apresenta-se principalmente como melena (fezes enegrecidas, consistência mais amolecida e odor fétido).
-Se sangue vivo (enterorragia): íleo distal ou sangramento abundante e rápido.
-Se hematêmese: sítio alto + sangramento abundante.
- Avaliar repercussões hemodinâmicas e presença ou ausência de outros sintomas intestinais (ex: dor e diarreia)
ž Febre:
-Infecções, inflamações ou neoplasias. Atentar para outros sinais e sintomas como diarréia, dor abdominal, linfonodomegalias.
ž Perda de peso:
-Alimentação deficiente, má absorção ou aumento do consumo metabólico.
-Avaliar a dieta, horário das alimentações, quantidade, se há outros sintomas associados (exemplo diarréia, esteatorreia, dor).
ž Anemia:
-Associada a sínd. da má absorção ou hemorragias digestivas.
ž Edema:
-Hipoalbuminemia (ingestão deficiente de proteínas, alteração da síntese de albumina pelo fígado ou perda excessiva).
-Pode evoluir para anasarca, com derrame pleural e peritoneal.
ž Insuficiência endócrina:
-A carência de nutrientes pode levar a insuficiência endócrina.

Cólon, reto e ânus


ž Anatomia:

ž Funções:
-Armazenamento temporário e eliminação de substancias não desejáveis ao organismo, produção de vit K, absorção de eletrólitos e agua;
ž Exame físico:
ž Cólon:
1. Paciente deitado, sem travesseiro, braços estendidos do lado do corpo, examinador do lado direito do paciente.
2. Inspeção: Avaliação da forma, volume e se há peristaltismo visível.
3. Palpação: Avaliar todo o abdome, pontos dolorosos, creptações (fecaloma), massas.
4. Percussão: Avaliar timpanismo (obstrução intestinal / distensão gasosa); maciez (fecaloma).
5. Ausculta: Aumento do peristaltismo (diarreia) ou diminuição / ausência (pós-operatório / peritonite).
ž Proctologico:
1. Inspeção: Mãos espalmadas, expor a região anal, avaliar reflexo anal. Avaliar presença de hemorróidas, plicomas,
tumores, prolapso retal, fissuras, orifício de fístula, etc.
2. Toque retal: Luva, vaselina, xilocaína (s/n). Realizar o exame sempre conversando com o paciente, esclarecendo que
está sendo feito. Avaliar rugosidades, tumorações, sangramento, tonicidade, elasticidade, sensibilidade. 50% dos
cânceres do intestino grosso localizam-se no reto.
ž Sinais e sintomas:
• Dor:
-Avaliar localização (abdominal? Perineal?), aguda ou crônica.
ž Diarréia e disenteria:
-Disenteria se caracteriza por diarréia, cólicas, fezes mucossanguinolentas e tenesmo, podendo ser amebiana ou bacilar (Shigellose).
-Diarréia aguda ou crônica (inflamatória ou não inflamatória – câncer).
ž Constipação:
-Retenção de fezes por mais de 48h.
-Consistência: endurecidas, ressecadas ou cíbalos. Relata-se 8 causas principais: mecânicas, neurogênicas (comprometimento dos
componentes nervosos), metabólico-hormonais, psicogênicas, medicamentosas, alimentação inadequada (pobre em fibras), inibição do
reflexo da evacuação e hipossensibilidade senil.
ž Sangramento anal:
-Principais causas: hemorróidas, pólipos (crianças), divertículos (> 40 anos), alterações inflamatórias e neoplasia.
ž Prurido anal:
-Principais causas: má higiene, enterobíase (crianças), doenças anorretais cutâneas e sistêmicas.
ž Distensão abdominal:
-Causas: Vólvulo de sigmóide (torção do sigmóide sobre seu próprio eixo), fecaloma, bridas pós-cirurgias, alterações inflamatórias e
neoplasia.
ž Náuseas e vômitos:
-Não são frequentes nas afecções do intestino grosso.
-Podem surgir nos quadros dolorosos e podem evoluir para vômitos fecalóides.
ž Anemia e emagrecimento:
-Principais causas: neoplasia, doença diverticular, megacólon chagásico (Doença de Chagasàdificuldade na ingestão de alimentos),
doença hemorroidária ou prolapso retal.

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