Deve ser caracterizada através do decálogo da dor: localização,
irradiação, caráter, intensidade, duração e evolução
→ relações com funções orgânicas, como ingestão de
alimentos, defecação, distúrbio emocional
→ fatores desencadeantes ou agravantes
→ intercorrência de outros sintomas e sinais
Relação das regiões com os órgãos
Hipocôndrio direito: fígado, vesícula biliar, canais biliares, cabeça do
pâncreas, ângulo hepático do cólon e polo do rim direito
→ dor intermitente pode ser decorrente de litíase biliar,
normalmente associado a icterícia e dor tipo cólica
Epigástrio: estômago, duodeno, cólon transverso, intestino delgado
e pâncreas.
→ pancreatite aguda, gastrite e úlcera
Hipocôndrio esquerdo: baço, cólon esplênico, estomago, pâncreas
(corpo e cauda), polo do rim esquerdo e suprarrenal.
Flanco direito: rim direito, via urinária e cólon ascendente.
→ nefrolitíase (pedras no rim) e pielonefrite
Mesogástrio: intestino delgado, vasos sanguíneos e coluna
→ isquemia mesentérica, levando a uma necrose e isquemia
intestinal
Flanco esquerdo: rim esquerdo, vias urinárias, cólon descendente.
→ nefrolitíase e pielonefrite
Fossa ilíaca direita: íleo terminal, apêndice, ceco, ureter, trompa e
ovário.
→ gravidez ectópica e apendicite aguda
Hipogástrio: cólon sigmoide e reto, bexiga, próstata, uretra e útero.
→ prostatite, cistite, hiperplasia prostática
Fossa ilíaca esquerda: cólon descendente, sigmoide, ureter, trompa
e ovário.
→ diverticulite (inflamação das bolsas formadas ao redor do
cólon)
Sensação de queimação retroesternal, na topografia do apêndice
xifoide com irradiação para epigástrio ou manúbrio esternal.
» geralmente ocorre após as refeições
» fatores agravantes: frituras, álcool, café, frutas cítricas,
chocolate ou decúbito
» regurgitação de pequenas quantidades de líquido amargo ou
azedo
As causas mais comuns são hipotonia do esfíncter esofagiano
inferior (DRGE) e hérnia hiatal.
Dificuldade de deglutição, classificada em:
• Disfagia orofaríngea: alta ou de transferência, que ocorre
na primeira ou segunda fase da deglutição, e o alimento
permanece na cavidade bucal após a tentativa de deglutição
• Disfagia esofagiana: baixa ou de transporte, ocorre na
terceira fase da deglutição → sensação de parada do bolo
alimentar no esôfago (por obstrução ou desmotilidade)
A evolução pode ser intermitente ou progressiva (neoplasia), com
sintomas associados de emagrecimento, vômito e bronco aspiração.
► alguns pacientes apresentam ainda o Globus hystericus,
sensação de um corpo estranho ao nível da fúrcula
esternal que se movimenta (desaparece na alimentação)
Dor que surge após a ingestão de alimentos, comumente associado
a disfagia.
• sintoma predominante de monilíase esofágica, esofagite
herpética, ulcerações agudas por medicamentos
Quando as fezes ficam retidas por mais de 48 horas, com
consistência pouco mais duras, ressecadas ou em címbalos.
» a progressão depende de fibras e líquido, regulação
neurovegetativa, hormônios e outras substâncias e
condições psicológicas.
Causas: mecânicas, neurogênicas, metabólicas, psicogênicas,
medicamentosas, relacionadas à alimentação inadequada, inibição do
reflexo de evacuação, hipossensibilidade senil.
Aumento do teor líquido das fezes, frequentemente associado ao
aumento do número das evacuações e do volume fecal, tendo
muitos mecanismos para tal, como:
• ↑ da pressão osmótica intraluminal, por acúmulo de
substâncias não absorvíveis, que retardam a absorção
de água e eletrólitos → ex. síndromes de má absorção
• ↑ de secreção de água e eletrólitos pela mucosa
intestinal → ex. enterotoxinas bacterianas e por
medicamentos
• ↑ permeabilidade da mucosa, por alterações
inflamatórias, neoplásicas ou isquêmicas → ex. doenças
inflamatórias e linfomas
• alteração da motilidade do intestino delgado, por
modificação no padrão do trânsito intestinal → ex.
hipertireoidismo
Importante avaliar o volume, a frequência diária, a consistência das
fezes e a presença de produtos patológicos.
Presença de gordura nas fezes, por distúrbio na digestão ou
absorção de gordura
→ insuficiência pancreática, com fezes volumosas,
pastosas, brilhantes, de coloração pálida e camada oleosa
A má absorção de gorduras e proteínas leva a uma deficiência da
absorção das vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K), oligoelementos e
hipoalbuminemia.
Hematêmese: eliminação de sangue pela boca, proveniente do trato
digestivo.
Melena: eliminação de sangue pelo ânus, quimicamente alterado
(aspecto em borra de café), proveniente da parte alta do tubo
digestivo.
Enterorragia: eliminação de sangue vermelho vivo pelo ânus.
Causas de hemorragia
Hemorragia digestiva alta (acima do ângulo de Treitz): ruptura de
varizes esofágicas, esofagite de refluxo, úlcera péptica
Hemorragia digestiva baixa (abaixo do ângulo de Treitz): pólipos,
neoplasias, Crohn, enterites agudas, invaginação intestinal,
diverticulite
Elevação da bilirrubina no sangue com exteriorização clínica de
coloração amarelada, esclerótica, em mucosas e na pele.
Hiperbilirrubinemia indireta: a bilirrubina não conjugada, e o seu
excesso gera a icterícia (não acentuada, geralmente apenas na
esclerótica)
Hiperbilirrubinemia direta: causas mais frequentes de icterícia, o
mecanismo básico é uma deficiente excreção de bilirrubina,
podendo atingir níveis bastante elevados.
Aumento do volume abdominal, podendo estar associado à ascite,
meteorismo, fecaloma e neoplasias.
► Ascite ocorre nos pacientes portadores de hipertensão
portal (ex. cirrose), com aumento da resistência do fluxo
sanguíneo e da pressão nos vasos, dilatação e
extravasamento de líquido para o espaço peritoneal
APENDICITE: Paciente masculino, 21 anos, refere há 1 dia, dor
abdominal, que iniciou na região periumbilical e posteriormente,
migrou para fossa ilíaca direita, sem irradiação contínua,
progressiva, sem fatores de alívio ou agravo. Além disso, relata 3
picos febris (máximo 39ºC), náuseas, 2 episódios de vômitos
(conteúdo alimentar) e inapetência.
CISTITE: Paciente feminina, 18 anos, refere que há 3 dias iniciou
com dor em hipogástrio, sem irradiação, associado a disúria e
polaciúria. Nega febre.
► poderia ser Pielonefrite se houvesse febre associada
NEFROLITÍASE (cálculo renal): Paciente feminina, 30 anos, refere
dor tipo cólica de forte intensidade no flanco direito, com irradiação
para a fossa ilíaca direita há duas horas. Além disso, relata
sudorese, náuseas e um episódio de vômito. Nega febre, disúria e
polaciúria.
CONSTIPAÇÃO: Idosa de 80 anos, veio trazida pelos familiares com
história de dor abdominal difusa há 3 dias, progressiva. Quando
questionada, a filha refere que a mãe sempre teve dificuldade de
“ir aos pés”, sendo nos últimos meses 1 evacuação a cada 7-10
dias. Fezes impactadas (fecaloma) ao toque retal.
DIARREIA: Paciente feminina, 20 anos, refere diarreia a 3 dias,
com muco e sangue parcialmente digerido. Relata emagrecimento
de 10kg em 3 meses, cólicas abdominais difusas.
VARIZES GÁSTRICAS POR CIRROSE: Paciente de 60 anos refere
há 2 dias desconforto abdominal em andar superior do abdome,
associado à 3 episódios de hematêmese e 5 episódios de melena.
Familiares referem alcoolismo importante e episódio semelhante há
6 meses.