Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Apresentação de um panorama dos processos digestivos; do intestino delgado e da absorção dos nutrientes.
Estudo da inflamação e dos nutrientes moduladores desta. Abordagem das manifestações clínicas das doenças
do trato gastrointestinal.
PROPÓSITO
Apresentar um panorama do sistema digestório e suas manifestações clínicas.
INTRODUÇÃO
O trato gastrointestinal é um tubo que se estende da cavidade bucal até o ânus, sendo essencial à saúde
humana. Dentre as múltiplas funções, a mais importante é obter, dos alimentos ingeridos, os nutrientes
necessários às diferentes funções do organismo, como crescimento e reprodução. Ele é a primeira barreira
enfrentada pelos alimentos para adentrarem o organismo; por isso, nossos hábitos alimentares influenciam
diretamente a predisposição a doenças gastrointestinais e fora do sistema digestivo.
O aparelho gastrointestinal apresenta frequentes problemas, como a doença do refluxo esofágico, que afeta cerca
de 20% da população, e a síndrome do intestino irritável (SII), que a acomete em torno de 10%-15%.
As queixas ou os problemas dependem do órgão acometido. Os sinais e os sintomas podem incluir azia, diarreia,
vômitos, dor abdominal, desconforto ao se alimentar, náuseas, constipação e distensão abdominal, entre outros.
Há determinados fatores de risco que aumentam a predisposição a cada doença, como uma dieta rica em
gorduras saturadas, pobre em fibras e em antioxidantes, o hábito de fumar e o sedentarismo. Esses fatores
aumentam o risco do desenvolvimento de um câncer colorretal, principalmente se há um fator genético que
contribua para isso.
O manejo nutricional é de suma importância para o tratamento e a prevenção das doenças do trato
gastrointestinal. Eles podem estar associados ou não ao tratamento medicamentoso, levando à diminuição dos
sintomas desfavoráveis. Isso contribui para uma boa qualidade de vida, melhorando o estado clínico e o estado
nutricional do paciente.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
MÓDULO 3
MÓDULO 1
O trato gastrointestinal objetiva a manutenção da saúde visto que condições clínicas que o envolvem podem levar
à subnutrição, por interferirem em processos que ocorrem em importantes órgãos relacionados à ingestão, à
digestão, à deglutição e à absorção.
O sistema gastrointestinal humano foi feito para digerir e absorver nutrientes de diversas variedades, como grãos,
frutas, legumes, verduras, carnes, gorduras, óleos, produtos lácteos, açúcares etc.
Dependendo das características da dieta consumida, 90% a 97% dos alimentos são digeridos e absorvidos, sendo
que os que não são absorvidos são de origem vegetal.
As fibras vegetais não são absorvidas pelos seres humanos, pois estes não possuem enzimas que hidrolisam as
ligações químicas responsáveis por ligar as moléculas de açúcares dessas fibras. Sendo assim, os alimentos
fibrosos e os carboidratos não digeríveis são fermentados por bactérias presentes no cólon humano.
Vamos conhecer agora a importância do sistema gastrointestinal nos processos de digestão e de absorção dos
nutrientes.
TRATO GASTROINTESTINAL
O sistema digestório começa na boca (cavidade oral), passa pela faringe, esôfago, estômago, intestinos delgado
e grosso e finaliza no reto. Compreende ainda os anexos, que são o pâncreas, o fígado e a vesícula biliar,
coadjuvantes nos processos de ingestão, processamento, extração de nutrientes ou eliminação de dejetos.
A função do sistema digestório é degradar o alimento em moléculas que serão absorvidas pelas células utilizadas
no desenvolvimento, na manutenção do organismo e nas suas necessidades energéticas.
Fornecer uma barreira física e imunológica contra microrganismos e corpos estranhos consumidos com o alimento
ou formados durante a passagem do alimento, além de desempenhar outras funções, como: Regulação,
metabólica e imunológica.
A absorção correta dos nutrientes é extremamente importante para o organismo, pois qualquer alteração que
afete o sistema digestório pode acarretar prejuízos à saúde.
Fonte: Wikipedia
Figura 1 – Sistema gastrointestinal.
CAVIDADE ORAL
O início da degradação do alimento ocorre na cavidade oral. Os dentes trituram o alimento, transformando os
pedaços maiores em pedaços menores. A saliva tem o objetivo de umedecer, lubrificar e iniciar a digestão, já a
língua mistura os fragmentos do alimento com a saliva formando o bolo alimentar e, assim, promovendo a
deglutição.
Uma pequena quantidade de amido é degradada pela amilase salivar, mas a digestão completa dos carboidratos
é mínima. O bolo alimentar passa pela faringe e pelo esôfago por meio de processos voluntários e involuntários,
sendo a deglutição um processo involuntário.
A deglutição é iniciada na cavidade oral sob controle voluntário, mas continua pela faringe e pelo esôfago
involuntariamente, por meio de um reflexo autônomo. Entre o esôfago e o estômago há um esfíncter
gastroesofágico, que impede o refluxo do conteúdo gástrico para o esôfago. É o peristaltismo que move o
alimento rapidamente para dentro do estômago.
ESTÔMAGO
O estômago é uma porção dilatada do tubo digestório dividido em cárdia, fundo, corpo e piloro. Ele tem como
função macerar o bolo alimentar e digeri-lo parcialmente transformando-o em uma pasta chamada quimo.
As células do estômago são chamadas de parietais ou oxínticas e são responsáveis pela secreção de ácido
clorídrico e fator intrínseco. O ácido clorídrico produzido no estômago esteriliza o alimento, diminuindo a chance
de infecção intestinal. O comprometimento dessa secreção ácida está associado à maior incidência de diarreia.
O fator intrínseco se liga à vitamina B12 formando um complexo que é absorvido no intestino delgado.
Alterações na concentração de ácido clorídrico podem levar ao comprometimento da produção do fator intrínseco
e, consequentemente, da absorção da vitamina B12.
A vitamina B12 age como coenzima na replicação celular e na hematopoese. No estômago, há digestão de
pequena quantidade de lipídeos pela lipase gástrica e de proteínas pela enzima pepsina. No estômago também
há absorção do álcool. No intestino delgado é que ocorre a maior parte da digestão.
INTESTINO
A mucosa intestinal tem uma área total aproximada de 300 m² dobrados em vilosidades e microvilosidades que
mantêm contato com o corpo e com o meio externo, sendo constantemente banhada por uma camada de muco
contendo componentes da dieta e da microbiota.
A microbiota intestinal contém 100 trilhões de bactérias de diferentes espécies com atividade metabólica e peso
de aproximadamente 1 quilo e meio. O intestino, além de ter funções de digestão e absorção, possui também
funções no sistema imune.
Intestino delgado
O intestino delgado é um tubo bastante longo, com cerca de 6 m, e dividido em três partes: Duodeno, jejuno e
íleo. Nos primeiros 100 cm do intestino delgado, ocorre a maior parte da digestão e da absorção dos alimentos
ingeridos.
A presença do alimento estimula a liberação de alguns hormônios que por sua vez estimulam a produção e a
liberação de enzimas, provenientes do pâncreas e do próprio intestino delgado, e da bile, pelo fígado e pela
vesícula biliar, para o processo de digestão.
Fonte: sciencepics/shutterstock
No intestino delgado, a digestão é finalizada e ocorre a absorção de nutrientes, eletrólitos e água. Os peptídeos,
os polissacarídeos e os triglicerídeos são degradados em suas unidades para serem absorvidos. Para aumentar a
superfície de absorção, a mucosa e a submucosa formam pregas, denominadas vilosidades, e o epitélio e o
conjuntivo se projetam nos vilos.
O intestino delgado também recebe secreções do fígado e do pâncreas, importantes na hidrólise, no transporte e
na absorção. A bile é secretada pelo fígado e pela vesícula biliar. Os sais biliares facilitam a digestão e a
absorção de lipídeos, colesterol e vitaminas lipossolúveis.
As principais enzimas secretadas pelo pâncreas, que digerem lipídeos, são a lipase pancreática e a colipase. As
enzimas proteolíticas incluem a tripsina, a quimiotripsina, a carboxipeptidase, a aminopeptidase, a ribonuclease e
a desoxirribonuclease.
As células do intestino são chamadas de enterócitos, que contêm várias enzimas, como as peptidases, as
dissacaridases (lactase, sacarase e maltase), as lipases e a fosfatase alcalina, como mostrado a seguir.
Hidrólise para
Saliva da
Ptialina (amilase formar dextrinas e
glândula Amido --
salivar) oligossacarídeos
salivar na boca
ramificados
A hidrólise de
ligações
Proteína (na forma
Suco gástrico Pepsina peptídicas para --
de HCL)
das glândulas formar poliptídeos
gástricas na e aminoácidos
mucosa
estomacal Hidrólise para
Lipídeo, cadeia
Lipase gástrica formar ácidos --
especialmente curta
graxos livres
Hidrólise para
Colesterol nas
formar ésteres de
células da
colesterol e
Esterase-colesterol Colesterol mucosa;
ácidos graxos
transferido para
incorporados nas
os quilomícrons
micelas
Hidrólise para
α-Amilase Amido e dextrinas formar dextrinas e --
maltose
Hidrólise de
ligações
Quimiotripsina
Proteínas e peptídicas
(quimiotripsinogênio --
peptídeos interiores para
ativado)
formar
polipeptídeos
Hidrólise de
ligações
peptídicas
terminais
Carboxipeptidase Polipeptídeos Aminoácidos
(extremidade
carboxila) para
formar
aminoácidos
Ácidos
ribonucleicos e Hidrólise para
Ribonuclease e
(RNA) ácidos formar Mononucleotídeos
desoxirrinonuclease
desoxirribonucleicos mononucleotídeos
(DNA)
Hidrólise para
Elastase Proteína fibrosa formar peptídeos --
e aminoácidos
Pequenas Hidrólise da
enzimas do extremidade
intestino carboxílica,
Carboxipeptidase,
(principalmente extremidade
aminopeptidase e Polipeptídeos Aminoácidos
na borda em amínica ou
dipeptidase
escova) ligações
peptídicas
internas
Dipeptídeos e
Enteroquinase Tripsinogênio Tripsinas ativas
tripeptídeos
Hidrólise para
Sacarase Sacarose formar glicose e Glicose e frutose
frutose
Hidrólise para
Maltase Maltase Glicose
formar glicose
Hidrólise para
Glicose e
Lactase Lactose formar glicose e
Galactose
galactose
Hidrólise para
formar
Nucleotidase Ácidos nucleicos Nucleotídeos
nucleotídeos e
fosfatos
Hidrólise para
formar as purinas,
Nucleotidase e Purinas e
Nucleosídeos pirimidinas e
fosforilase pirimidina básicas
fosfato de
pentose
Os enterócitos finalizam a digestão e realizam a absorção dos nutrientes. Eles são substituídos a cada cinco a
seis dias.
O conteúdo intestinal se move pelo intestino delgado levando de 3 a 8 horas para percorrê-lo todo até a válvula
ileocecal enquanto os substratos continuam a ser digeridos e absorvidos durante o trajeto.
COMENTÁRIO
Saber identificar os locais de absorção dos micronutrientes é de grande valia, pois qualquer comprometimento ao
longo do trato digestório, por exemplo, a ressecção do jejuno, poderá levar ao comprometimento da absorção de
vitamina C, tiamina, riboflavina, piridoxina e ácido fólico, levando a quadros de deficiências nutricionais.
Vejamos a seguir:
Intestino grosso
O intestino grosso tem cerca de 1,5 m de comprimento e é subdividido em ceco, apêndice, colo ou cólon
ascendente, transverso, descendente, sigmoide e reto. Ele secreta um muco que tem como objetivo proteger a
própria parede contra escoriação e atividade bacteriana e unir as fezes. Não há vilosidades, mas ocorre a
absorção de água e de sais inorgânicos levando à formação do bolo fecal.
Em circunstâncias normais, grande parte dos fluidos é absorvida no intestino delgado e aproximadamente 1 L a
1,5 L entra no intestino grosso. Somente 100 mL remanescentes são excretados pelas fezes.
Todo o conteúdo que está no cólon se move vagarosamente visando a que alguns nutrientes remanescentes
ainda possam ser absorvidos. No intestino grosso, há presença de bactérias que formam a microbiota intestinal,
sendo a ação dessas bactérias mais intensa nesse local.
MICROBIOTA INTESTINAL
A microbiota intestinal é o conjunto de microrganismos que povoam o trato gastrointestinal humano e que, em
condições normais, não causam doenças. O surgimento da microbiota começa logo após o nascimento,
predominantemente proveniente da mãe.
Existem diferenças nos microrganismos portados por crianças que nascem de parto normal e as que nascem de
parto cesáreo, apresentando perfis imunológicos diferentes. Então, logo após o nascimento, microrganismos
iniciam a colonização do recém-nascido, que estabelecem uma relação mútua com seu hospedeiro, a qual
perdura por toda a vida, além de contribuir de forma essencial para a sua saúde e o seu bem-estar.
Esses microrganismos ajudam na digestão de alguns alimentos (como polissacarídeos que não digerimos),
produzem vitaminas e protegem o TGI contra a colonização por agentes agressores.
A microbiota intestinal contribui também para a bioconversão de compostos advindos da alimentação e exerce,
ainda, um papel direto de colonização preventiva por meio da manutenção, em níveis populacionais reduzidos, de
patógenos e os impedem de expressar virulência. A microbiota saudável é definida como a microbiota normal
que conserva e promove o bem-estar e a ausência de doenças, especialmente do trato gastrintestinal.
Fonte: SmallSnail/shutterstock
Quando nos alimentamos, as fibras dietéticas, os amidos resistentes, algumas partes remanescentes dos
aminoácidos e o muco descamado do intestino são fermentados no cólon.
O amido resistente pode ser entendido como a soma do amido e dos produtos da sua degradação que não são
digeridos e absorvidos no intestino delgado, semelhante à fibra alimentar. As bactérias presentes no cólon
contribuem para a formação de gases e constituem a microbiota intestinal.
A ação bacteriana é mais intensa no intestino grosso e as bactérias do cólon, além de contribuírem para a
formação de gases, formam também ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) e nutrientes, como vitamina K,
vitamina B12, tiamina e riboflavina.
Os AGCC são substâncias produzidas a partir da ação de bactérias do cólon em um processo de fermentação
anaeróbia de fibras ingeridas na dieta. Essas substâncias têm uma importante ação sobre a manutenção do
trofismo da parede do cólon.
Os AGCC são combustíveis e estimulam a diferenciação celular melhorando a absorção de sódio e água,
participando do metabolismo lipídico, levando efeitos benéficos para os sintomas da constipação, por aumentar o
volume fecal, entre outros. Estão associados à redução do risco de desenvolvimento de algumas doenças, como
a síndrome do cólon irritável, a doença inflamatória intestinal, a doença cardiovascular e o câncer.
Os AGCC produzidos em maior abundância são o acetato, o propionato e o butirato. O butirato, um dos principais
AGCC, apresenta-se como fonte de energia primária para os colonócitos e estimula a proliferação celular do
epitélio colônico. O aumento da ingestão de prebióticos pode aumentar a produção dos AGCC, conforme
mostrado a seguir, e da massa microbiana, principalmente as Bifidobacteria e Lactobacilli, que parecem ser
benéficas .
Os prebióticos são carboidratos não digeríveis, incluindo a lactulose, a inulina e diversos oligossacarídeos que
fornecem os carboidratos que as bactérias benéficas do cólon são capazes de fermentar. Os mais conhecidos são
os fruto-oligossacarídeos (FOS) e a inulina, cujas fontes são a chicória e a alcachofra.
As bactérias pertencentes aos gêneros Lactobacillus e Bifidobacterium são mais frequentemente empregadas
como suplementos probióticos para alimentos, uma vez que elas têm sido isoladas de todas as porções do trato
gastrintestinal do humano saudável.
O íleo terminal e o cólon parecem ser, respectivamente, os locais de preferência para a colonização intestinal dos
lactobacilos e das bifidobactérias. Entre as bactérias pertencentes ao gênero Bifidobacterium, destacam-se:
B. bifidum;
B. breve;
B. infantis;
B. lactis;
B. animalis:
B. longum;
B. thermophilum.
Lb. acidophilus;
Lb. helveticus;
Lb. paracasei;
Lb. fermentum;
Lb. reuteri;
Lb. johnsonii;
Lb. plantarum;
Lb. rhamnosus;
Lb. salivarius.
Vejamos, a seguir, os microrganismos que colonizam o trato gastrointestinal, sendo o Bifidobacterium o mais
comum deles.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) O processo de digestão do alimento ocorre inicialmente no estômago com a presença de ácido clorídrico e
enzimas digestivas; em seguida, no intestino delgado, principalmente na primeira porção, em que há maior
presença de enzimas, finalizando no intestino grosso com a absorção do álcool.
B) O processo de digestão do alimento ocorre inicialmente na boca e logo em seguida no esôfago, com os
movimentos peristálticos que auxiliam na secreção de enzimas nessa região; posteriormente, no estômago, com a
presença de ácido clorídrico e enzimas digestivas; em seguida, no intestino delgado, principalmente na primeira
porção, em que há maior presença de enzimas, finalizando no intestino grosso com a absorção do álcool.
C) O processo de digestão do alimento ocorre inicialmente na boca; em seguida no estômago, com a presença de
ácido clorídrico e enzimas digestivas; posteriormente no intestino delgado, principalmente na primeira porção, em
que há maior presença de enzimas; finalizando no intestino grosso.
D) O processo de digestão do alimento ocorre inicialmente na boca; em seguida no estômago, com a presença de
ácido clorídrico e enzimas digestivas; posteriormente no intestino delgado, principalmente na última porção, em
que há maior presença de enzimas; finalizando no intestino grosso.
GABARITO
1. O trato gastrointestinal funciona como uma barreira imunológica. Dessa forma, marque a alternativa
correta:
O processo de digestão do alimento ocorre inicialmente na boca, com a ação da amilase salivar; em seguida, no
estômago, com a presença de ácido clorídrico e enzimas digestivas; posteriormente no intestino delgado,
principalmente na primeira porção, em que há maior presença de enzimas; finalizando no intestino grosso.
2. No cólon ocorre maior ação bacteriana, produção de alguns micronutrientes e substratos. Os AGCC são
produzidos a partir da ação de bactérias em um processo de fermentação anaeróbia de fibras ingeridas na
dieta. Marque a resposta INCORRETA sobre os AGCC:
Os AGCC são combustíveis e estimulam a diferenciação celular melhorando absorção de sódio e água,
participando do metabolismo lipídico e levando efeitos benéficos para os sintomas da constipação, por aumentar o
volume fecal.
MÓDULO 2
Os distúrbios digestórios estão entre os problemas mais comumente encontrados no serviço de saúde, devendo-
se avaliar a história de peso do paciente, alterações de apetite, náuseas, vômitos, diarreia, problemas de
mastigação ou deglutição, ingestão diária, uso de suplementação nutricional, alergias e intolerâncias.
DISFAGIA
A disfagia é qualquer dificuldade apresentada na deglutição, podendo ser classificada em orofaríngea e
esofágica (como mostrado à frente). Ela é muito comum na geriatria, cuja prevalência é de 10% em pacientes
hospitalizados e de 30% a 60% em pacientes em programas de acompanhamento domiciliar. Ocorre em
decorrência das alterações fisiológicas que acontecem com o envelhecimento, como a diminuição da secreção
salivar.
Fonte: Naeblys/shutterstock
Fonte: O autor.
ODINOFAGIA
A odinofagia é a sensação de dor ao engolir o alimento, ou seja, dor ao deglutir. Ela pode ser causada por
queimadura recente na boca, tentativa de engolir algo grande demais, secura ou algum corpo estranho preso na
garganta, infecções que afetam a laringe e a faringe, como a amigdalite e a faringite. Doenças como gripe,
resfriado e refluxo gástrico também podem fazer o paciente sentir dor ao engolir os alimentos.
PIROSE/AZIA
A pirose ou azia é a sensação de queimação/ardor que tem início na parte posterior do esterno e se propaga por
meio de ondas ou golfadas, até a faringe, fazendo-se acompanhar de eructação com acidez e aumento de
salivação.
Ela pode ser sintoma de algumas doenças, como refluxo gastroesofágico. As causas podem estar relacionadas a
uma alimentação inadequada, como excesso de cafeína, comida excessivamente temperada e gordurosa,
excesso de frutas cítricas, substâncias tóxicas (álcool, fumo e outras drogas).
VÔMITO OU ÊMESE
O vômito ou êmese é um ato involuntário que consiste na expulsão forçada do conteúdo gástrico, provocada por
contração energética dos músculos abdominais.
Ele acarreta perdas importantes de líquidos e outras substâncias, como potássio, hidrogênio e cloro, podendo
levar a distúrbios graves como desidratação, hipopotassemia e alcalose ou acidose.
HEMATÊMESE
A hematêmese é o vômito com sangue fresco e vermelho ou digerido e escuro. Se o vômito aparecer logo após o
início da hemorragia, é bem provável que seja vermelho. Se existir retardo na sua apresentação, terá aparência
vermelho-escura, preta ou de “borra de café”.
As causas do sangramento do tubo gastrointestinal podem estar relacionadas a ruptura de vasos sanguíneos,
distúrbios na coagulação sanguínea, lesão na mucosa, úlcera péptica, varizes esofagianas e outros.
MELENA
A melena é a presença de sangue nas fezes, ou seja, é a eliminação de sangue digerido juntamente com as
fezes. estas tornam-se escuras, quase pretas e pastosas, lembrando borra de café ou piche, com odor fétido.
As causas podem estar relacionadas ao quadro de cirrose hepática, que gera hipertensão portal, perfuração
intestinal, gastrite hemorrágica, retocolite ulcerativa, tumores malignos do intestino e reto, hemorroidas e outras.
O sintoma mais comum é a queimação dolorosa epigástrica e retroesternal que resulta em considerável
impacto na qualidade de vida.
Por causa da DRGE, ocorre a diminuição na pressão do esfíncter esofagiano inferior (EEI), que não contrai
adequadamente após a passagem dos alimentos para o estômago, permitindo o retorno do conteúdo gástrico.
Algumas substâncias podem alterar essa pressão do EEI.
Fonte: Designua/shutterstock
ESOFAGITE
A esofagite é uma inflamação do esôfago que ocorre pela exposição prolongada deste ao ácido, levando a
erosões, ulceração, cicatrizes, estenose e, em alguns casos, disfagia. O principal sintoma é a dor epigástrica.
DISPEPSIA
Relacionada ao estômago, conhecida também como indigestão, a dispepsia se refere ao desconforto ou à dor
abdominal superior inespecífica persistente.
Entre os sintomas estão a dor por várias horas após as refeições, que pode ser aliviada com a ingestão de
alimentos, o desconforto abdominal superior e o inchaço, especialmente após as refeições.
Fonte: Emily frost/shutterstock
Tanto na gastrite como na úlcera, o ponto central é o desequilíbrio entre os fatores que agridem a mucosa (ácido
clorídrico, pepsina, bile e medicamentos ulcerogênicos) e os que a protegem (barreira mucosa, prostaglandinas e
secreção mucosa).
GASTRITE CRÔNICA
A gastrite crônica pode resultar em atrofia e perda de células parietais do estômago, levando à perda de
secreção de ácido clorídrico, fator intrínseco resultando em anemia perniciosa. É comum a deficiência de
vitamina B12.
ÚLCERA PÉPTICA
Na úlcera péptica, ocorre um quadro de inflamação crônica e processos de reparo em torno da lesão. Pode
ocorrer no estômago e no intestino. Complicações podem ocorrer, como perfuração da cavidade peritoneal ou
penetração em um órgão adjacente. As deficiências mais comuns são de energia, proteínas e ferro (devido à
hemorragia).
Fonte: Crevis/shutterstock
SINTOMAS DE GASTRITE
Fonte: Macrovector/shutterstock
GASTROPARESIA
A gastroparesia é o esvaziamento lento do conteúdo gástrico, tendo como causas mais comuns a infecção viral, a
diabetes melito, cirurgias ou idiopáticos.
Os principais sintomas são inchaço abdominal, diminuição do apetite, anorexia, náuseas, vômitos, plenitude,
saciedade precoce, halitose e hipoglicemia pós-prandial.
Fonte: rumruay/shutterstock
CONSTIPAÇÃO
A constipação é a passagem difícil e pouco frequente das fezes pelo intestino, sendo uma das doenças mais
comuns nas sociedades ocidentais, cuja causa pode estar relacionada ao estilo de vida (sedentarismo, hidratação
e alimentação inadequada).
É um transtorno neuromuscular multifatorial que estabelece um número de evacuações inferior a uma a cada 72
horas ou com um peso inferior a 35g/dia.
De acordo com o Comitê de Roma, para poder ser considerado constipado, um paciente deve preencher dois ou
mais dos seguintes critérios:
Fonte: Adapado do Autor
OPIOIDES
Opioide é o termo genérico utilizado para definir toda substância, natural ou sintética, cuja ação analgésica
se dá através da interação com os receptores opioides (Mµ, Delta e Kappa) e pode ser antagonizada pela
naloxona. Morfina, um agonista Mµ, é a referência entre os opioides.
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-70942002000500015&script=sci_arttext
DIARREIA
Quando há trânsito acelerado do conteúdo intestinal pelo intestino delgado, diminuição da absorção de líquidos e
nutrientes, aumento da secreção de fluidos para o TGI ou perdas exsudativas, ocorre a diarreia.
Ela é definida pela evacuação frequente de fezes líquidas, geralmente superiores a 300 ml. As causas são muitas,
entre elas, doença inflamatória intestinal, infecções por agentes fúngicos, bacterianos ou virais, medicamentos,
consumo excessivo de açúcares e outras substâncias osmóticas, ou superfície da mucosa de absorção
insuficiente ou danificada.
Os sintomas são esteatorreia, diarreia, fezes fétidas, inchaço abdominal, apatia, fadiga.
Fonte: Designua/shutterstock
Osteomalácia;
Osteopenia;
Deficiência de lactase.
Mal-estar;
Artrite;
Artralgia;
Dermatite;
Herpetiforme;
Infertilidade;
Risco aumentado de aborto;
Esteatose hepática;
Hepatite;
INTOLERÂNCIA À LACTOSE
A intolerância à lactose é a má absorção de lactose, que pode estar associada a outros distúrbios
gastrointestinais, como a síndrome do intestino irritável.
Os sintomas são diarreia, dor abdominal, flatulência ou distensão abdominal após o consumo de lactose.
Os sintomas mais comuns são as dores abdominais ou o desconforto, a distensão abdominal e a sensação de
evacuação incompleta.
Fonte: Olena758/shutterstock
DOENÇAS INFLAMATÓRIAS INTESTINAIS
As doenças inflamatórias intestinais, cujas causas são desconhecidas, vê aumentando desde a última metade do
século XX. A etiopatogenia está envolvida com:
Fatores genéticos;
Luminais relacionados à microbiota intestinal, aos antígenos e produtos metabólicos e aos antígenos
alimentares;
A doença de Crohn (DC) é considerada uma doença inflamatória intestinal cuja prevalência é de
aproximadamente 130 casos por 100.000 indivíduos na faixa etária de 15-30 anos de idade e, em alguns casos,
na fase adulta. A DC pode envolver qualquer parte do TGI, mas aproximadamente 50% a 60% dos casos
envolvem tanto o íleo distal quanto o cólon.
Os segmentos do intestino inflamado podem estar separados por segmentos saudáveis, sendo que o
envolvimento da mucosa na DC é transmural, pois afeta todas as camadas da mucosa. A doença também se
caracteriza por:
Abcessos;
Fístulas;
Fibrose;
Espessamento da submucosa;
Estenoses localizadas;
Os sintomas mais comuns na DC são dor abdominal (65%), diarreia, febre, perda de peso, anemia, intolerâncias
alimentares, desnutrição, déficit de crescimento e manifestações extraintestinais (dermatológicas e hepáticas).
Em torno de 50% dos pacientes com DC podem desenvolver déficit de zinco, o que contribuirá para a diminuição
do apetite. Vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K) podem estar deficientes nesses pacientes e a má absorção
naqueles com comprometimento ileal (ou ressecção).
Fonte: sdecoret/shutterstock
A colite ulcerativa ou retocolite ulcerativa (RCU) é uma doença inflamatória intestinal cuja prevalência é de 100
para 100.000. Ela acomete desde o intestino grosso até o reto, sendo limitada normalmente à mucosa e tendo o
sangramento como sintoma mais comum. Outros sintomas são diarreia sanguinolenta, febre, perda de peso,
anemia, intolerâncias alimentares, desnutrição, déficit de crescimento e manifestações extraintestinais
(dermatológicas e hepáticas).
A principal diferença entre a DC e a RCU é que a última compromete somente o intestino grosso, enquanto a
primeira pode ocorrer no trato digestivo, da boca ao ânus. Veja esse comparativo a seguir:
Patologia Reto sempre envolvido. Move-se Reto pode não estar envolvido. Pode
macroscópica contínua e proximalmente a partir ocorrer em qualquer local ao longo do
do reto. trato gastrointestinal.
Parede fina Não contínua: “Lesões alternadas”
Poucas estenoses Ulceração Parede espessa
difusa Estenoses são comuns
Mais inflamação
Úlceras superficiais e fibrose
Eritema nodoso
Manifestações Colangite esclerosante
Poliartrite migratória
Extraintestinais Pioderma gangrenoso
Cálculos biliares
As deficiências nutricionais são comuns nas doenças inflamatórias intestinais, como mostrado a seguir:
Potássio 5% – 20%
Selênio 5% – 15%
A deficiência de ácido fólico, por exemplo, é mais comum na RCU, atingindo até 60%, do que na DC, atingindo até
40%. Devido à intensa diarreia, à má absorção, às fístulas e às estomias, os pacientes podem apresentar
deficiência de cobre, magnésio e fósforo. Há perdas entéricas de proteínas, sangue, minerais, eletrólitos e
elementos-traço do intestino durante o período de inflamação ativa, tanto na RCU quanto na DC.
Quando se fala de balanço nitrogenado negativo, significa que a quantidade de nitrogênio ingerida (que vem do
consumo de proteína) é menor que a excretada.
Fonte: Lightspring/shutterstock
Figura 7 – Localização da doença de Crohn: lleo-cecal.
Fonte: medicalstocks/shutterstock
Figura 8 – Diferenças entre a retocolite ulcerativa e a doença de Crohn.
Alguns medicamentos prescritos no tratamento da doença inflamatória intestinal geram efeitos colaterais
relacionados à má absorção de nutrientes, podendo levar a deficiências nutricionais. Estão entre esses fármacos
a colestiramina, cuja ação é aumentar a má absorção de gordura, as vitaminas lipossolúveis e o cálcio, cujos
efeitos colaterais são esteatorreia, deficiências de vitaminas A, D, E e K e distúrbio hidroeletrolítico.
DOENÇA DIVERTICULAR
A diverticulose é uma condição em que há hérnias em forma de saco (divertículos) na parede do cólon, cuja
incidência aumenta com a idade. Estima-se que 5% dos idosos podem ter inflamação e diverticulite.
A doença hemorroidária é uma enfermidade antiga cuja afecção é das mais frequentes. Incide em ambos os
sexos, com maior incidência na quarta década de vida, ocorrendo raramente na infância.
Ela ocorre quando há congestão, dilatação e aumento dos corpos cavernosos, formando grandes emaranhados
vasculares submucosos ou subcutâneos, flexíveis, os quais se enchem de sangue, constituindo os mamilos
hemorroidários, que podem ser internos, externos ou mistos.
Entre os sintomas, pode haver sangramento e desconforto anal durante ou após a evacuação.
O supercrescimento de bactérias no intestino delgado (ID) pode ter como causa o uso crônico de fármacos
que suprimem o ácido gástrico, permitindo assim que mais bactérias sobrevivam à passagem pelo intestino
delgado.
Outros fatores que podem influenciar no aparecimento excessivo de bactérias são doenças hepáticas ou
pancreatite crônica, gastroparesia, fármacos narcóticos, distúrbios de dismotilidade intestinal e ressecção cirúrgica
do íleo distal e da válvula ileocecal.
Os sintomas são diarreia crônica, pela má digestão das gorduras; esteatorreia, que é a presença de gordura nas
fezes; distensão abdominal; e, deficiência de vitamina B12.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
B) Na RCU ocorrem múltiplas lesões no TGI, enquanto na DC, apenas no intestino grosso.
C) Nas duas, DC e RCU, ocorrem diarreia, dor abdominal e lesões por todo o TGI.
D) Na DC pode ocorrer comprometimento por todo o TGI e na RCU apenas no intestino grosso.
2. O REFLUXO GASTROESOFÁGICO É O RETORNO DO CONTEÚDO ÁCIDO GÁSTRICO
PARA O ESÔFAGO, PODENDO LEVAR À INFLAMAÇÃO DA MUCOSA. QUAL É O
PRINCIPAL SINTOMA DO RGE E PARA QUAL QUADRO ELE PODE EVOLUIR? MARQUE A
RESPOSTA CORRETA.
GABARITO
1. Em relação aos sintomas das doenças inflamatórias intestinais vistos neste módulo, o que difere a
doença de Crohn (DC) da retocolite ulcerativa (RCU)?
As doenças inflamatórias intestinais estudadas neste módulo foram a doença de Chron (DC) e a retocolite
ulcerativa (RCU), cuja principal diferença é que a RCU compromete somente o intestino grosso, enquanto a DC
pode ocorrer em parte do trato digestivo, da boca ao ânus.
2. O refluxo gastroesofágico é o retorno do conteúdo ácido gástrico para o esôfago, podendo levar à
inflamação da mucosa. Qual é o principal sintoma do RGE e para qual quadro ele pode evoluir? Marque a
resposta correta.
O RGE é uma doença do trato gastrointestinal superior, cujo sintoma mais comum é a queimação dolorosa
epigástrica e retroesternal pela presença do ácido gástrico, podendo evoluir para o aparecimento da esofagite.
Esta é uma inflamação do esôfago que ocorre com a exposição prolongada ao ácido.
MÓDULO 3
O manejo nutricional faz parte do tratamento das doenças do trato gastrointestinal associado ou não ao
tratamento medicamentoso. Os nutrientes imunomoduladores atuam na resposta imunológica e têm demonstrado
bons resultados na resposta imunoinflamatória, mantendo a integridade da mucosa intestinal e melhorando o
estado clínico e, consequentemente, o estado nutricional dos pacientes.
PREBIÓTICOS
Os prebióticos são ingredientes alimentares (fibras) não digeridos no intestino delgado que, ao atingir o intestino
grosso, contribuem para o aumento da produção de bactérias benéficas, promovendo também a produção dos
ácidos graxos de cadeia curta.
Fonte: SewCream/shutterstock
São nutrientes imunomoduladores produzidos pela fermentação bacteriana de carboidratos (fibras solúveis) cujas
ações são inúmeras, como redução do pH colônico levando ao crescimento de bactérias não patogênicas
(Lactobacillus e Bifidobacterium); redução do desenvolvimento de bactérias potencialmente patogênicas
(Clostridium, Pseudomonas e Klebsiella); estimulação da secreção de mucina, que é um protetor de mucosa;
aumento do fluxo vascular; e, aumento da absorção colônica de sódio e água.
O uso de fibra solúvel dietética (sementes de Plantago ovata) tem mostrado grande eficácia no tratamento de
pacientes com RCU. As sementes do Plantago ovata possuem de 20% a 30% de mucilagem, sendo muito
utilizada no tratamento de constipação intestinal crônica, câncer intestinal, amebíase, disenteria e irritações
gastrointestinais.
Os prebióticos mais conhecidos são a inulina e os fruto-oligossacarídeos (FOS) presentes nas fibras de frutas e
vegetais como a alcachofra, a bardana, a cebola, o alho, o farelo de trigo e a banana.
PROBIÓTICOS
São bactérias vivas presentes em alimentos ou suplementos, que podem alterar a microbiota intestinal levando
benefícios à saúde, pois favorecem o seu equilíbrio.
Muitos microrganismos são usados como probióticos, entre eles as bactérias ácido-láticas, as bactérias não ácido-
láticas e as leveduras. Eles são usados na prevenção e no tratamento de doenças, na regulação da microbiota
intestinal, em distúrbios do metabolismo gastrintestinal, como imunomoduladores e na inibição da carcinogênese.
Fonte: Lifeking/shutterstock
NUTRIENTES IMUNOMODULADORES
Esses nutrientes atuam na resposta imunológica, estimulando-a ou suprimindo-a, dependendo da quantidade
ingerida. Sabe-se que a imunossupressão é de origem multifatorial, entretanto, diversas situações, como
desnutrição, infecção, cirurgias, tumores etc. promovem a imunossupressão.
A maioria dos estudos com terapia nutricional imunomoduladora evidenciou benefícios relacionados à redução do
tempo de internação hospitalar, do uso de antibióticos e da frequência de infecções. Os resultados tendem a ser
positivos em pacientes cirúrgicos, pacientes de UTI e clínicos.
GLUTAMINA
A glutamina é um aminoácido condicionalmente essencial em situações de estresse (hipercatabolismo, câncer,
politraumatismo, queimaduras) devido à sua grande utilização. Ela é o aminoácido livre mais abundante no
músculo e no plasma humano, sendo encontrada também nos tecidos.
A glutamina é convertida para glutamato e aspartato sofrendo oxidação parcial para CO2 essencial para o sistema
imunológico. O processo de proliferação de linfócitos T e B, como também as taxas de síntese proteica, produção
de interleucina-2 e síntese de anticorpos dessas células são dependentes de glutamina.
Nos macrófagos, a síntese e a secreção de citocinas pró-inflamatórias, como o fator de necrose tumoral α, IL-1 e
Il-6, é também dependente da concentração de glutamina extracelular. Os neutrófilos, assim como os linfócitos e
os macrófagos, também consomem a glutamina ativamente. Dessa forma, podemos observar a ligação entre a
glutamina e o sistema imunológico.
São verificadas diminuídas concentrações plasmáticas e teciduais de glutamina em algumas situações clínicas e
catabólicas, como no trauma, na queimadura, no pós-operatório, na sepse, na diabetes não controlada e no pós-
exercício intenso exaustivo. Estudos demonstram que quando há redução das concentrações de glutamina
plasmática em decorrência do aumento da taxa de utilização entre diversos tecidos, pode aumentar a
suscetibilidade a infecções.
Na prática, a suplementação desse aminoácido está indicada no jejum digestivo – suplementação parenteral,
doenças inflamatórias intestinais, hipercatabolismo, como câncer, choque, sepse, queimaduras severas e
transplantes.
A glutamina participa no processo de ganho de massa muscular, cicatrização de tecidos exercendo um papel
importante no sistema imunológico, pois é um grande combustível para esse sistema ir melhorando sua função
sendo considerada um nutriente imunomodulador.
RECOMENDAÇÃO
As doses recomendadas com a finalidade imunoestimulante são: Adultos: 0,2 a 0,57 g/kg peso atual e Crianças:
0,5g/kg peso atual. Para pacientes com problemas renais e/ou hepáticos a suplementação não deve ultrapassar
15g/dia.
ARGININA
A arginina é um aminoácido condicionalmente essencial, pois tem um papel importante no metabolismo
intermediário de pacientes críticos. As fontes alimentares são carnes, leguminosas, oleaginosas e chocolate. A
arginina é um modulador potente da função imune tendo efeitos sobre a proliferação e diferenciação dos linfócitos.
Ela favorece o balanço nitrogenado em pacientes com câncer gastrointestinal e aumenta o número de linfócitos T-
CDA.
Existem estudos que demonstram que a arginina pode constituir um risco para pacientes em estado crítico que
estão hemodinamicamente instáveis, pois a suplementação dela nesses pacientes leva ao aumento do oxido
nítrico, podendo induzir a vasodilatação e a hipotensão, mas isso ainda é controverso.
O uso de 15 g/d a 30 g/d de arginina é seguro com poucos efeitos colaterais. A deficiência da arginina em
pacientes críticos desencadeia a resposta inflamatória e imunológica aumentando o risco de complicações
infecciosas.
RECOMENDAÇÃO
As doses recomendadas (Chemin, 2016) são de 300 mg/kg/dia a 500mg/kg/dia, ou acima de 4% a 6% do VET ou
acima de 10 g/dia a 12 g/dia, tolerando até 30 g/dia a 60g/dia. Deve-se ter cautela com a suplementação em
pacientes com insuficiência renal e hepática.
Fonte: M.Photografer/shutterstock
Os ácidos graxos têm efeito protetor reduzindo o colesterol ruim e os triglicerídeos, melhorando a resposta
inflamatória e imunológica. As fontes de ômega 3 são nozes, castanhas, manteiga, peixes e ovos.
RECOMENDAÇÃO
Para a obtenção de benefício clínico, a ingestão deverá ser de 1,5 g/dia a 3 g/dia de ácido eicosapentaenoico
(EPA) e de ácido docosahexaenoico (DHA).
Com um maior consumo de ômega 3 que de ômega 6 na dieta, pode-se otimizar a provisão desses produtos pró-
inflamatórios para a resposta imune e atenuar ao mesmo tempo o estado inflamatório.
O uso de ácidos graxos poli-insaturados ômega 3 (w-3) tem sido prescrito no tratamento das doenças
inflamatórias intestinais, visto que atuam na cascata anti-inflamatória cujo mecanismo de ação é competir entre os
ácidos eicosapentaenoico e docosaexaenoico com o ácido araquidônico nas vias ciclo-oxigenase e lipo-
oxigenase, diminuindo a síntese das prostaglandinas E2 (PGE2) e dos leucotrienos da série 4.
Há diminuição da formação dos leucotrienos B4, na via da lipo-oxigenase favorecendo a produção das séries com
menor potencial inflamatório, que são os leucotrienos de série 5 (B5), conforme mostrado mais à frente.
A utilização do w-3 no tratamento da RCU tem mostrado bons resultados, diminuindo os sintomas e a
necessidade de medicamentos, como os corticosteroides, levando à melhora colônica, histológica e endoscópica.
Veja a seguir:
A carência de vitamina E leva à diminuição da resposta aos anticorpos, à diminuição na mitogênese dos
linfócitos e da função fagocitária. Pacientes queimados, traumatizados e pacientes graves sob ventilação
mecânica podem se beneficiar de doses maiores de vitaminas antioxidantes (C e E) e elementos-traço (zinco e
selênio), sendo necessários estudos para determinar as doses e os períodos de tratamento além das
combinações adequadas.
CUIDADOS NUTRICIONAIS
DISFAGIA
A consistência da dieta poderá ser desde líquida, cuja classificação se dá conforme a viscosidade:
Néctar (líquidos levemente espessados, mas finos o suficiente para poderem ser ingeridos aos goles sem
colher – leite batido com frutas);
Mel (líquido espessado que deverá ser consumido com colher – mingau grosso);
Pudim (aparência sólida que deverá ser consumida com colher mas desfazendo-se na boca – flan).
Os líquidos podem ser espessados com farinhas à base de amido, podendo requerer aquecimento para o
aumento da viscosidade. Poderão ser espessados também com ágar-ágar ou produtos industrializados
elaborados com o propósito de espessar sem alterar o sabor.
Além dos líquidos, a consistência dos alimentos também poderá ser sólida ou semissólida, como purês
homogêneos e de baixa adesividade, ou compostos de alimentos úmidos e de textura macia, como os vegetais
cozidos, frutas macias e maduras, dependendo da classificação da disfagia.
Valor energético Suficiente para manter o peso saudável e ser programada para a perda de peso
Total necessária
Dieta hipolipídica ( < 20% do valor energético total) Evitar alimentos e preparações
Lipídeos gordurosas, uma vez que a colecistoquinina diminui a pressão do esfíncter
esofágico inferior (EEI)
Consistência Na fase aguda, dieta líquida ou semilíquida com evolução até geral
Em geral Não comer antes de dormir (espaço de pelo menos 2h) Comer em posição ereta.
Não se recostar ou deitar logo após a refeição
Manter horários regulares para evitar aumento do volume das refeições
Não usar roupas e acessórios apertados
Manter a cabeceira da cama elevada
GASTRITE E ÚLCERA
Leite e derivados não devem ser consumidos para aliviar a dor de queimação, pois isso resulta em efeito rebote.
Devem ser consumidos como parte integrante da alimentação, na quantidade recomendada nos guias alimentares
(2 a 3 porções/dia).
Valor energético
Suficiente para manter ou recuperar o estado nutricional
total
Distribuição
Normal (CHO: 50-60%; PTN: 10-15%; LIP: 25-30%)
calórica
Ambiente
durante a Ambiente deverá ser tranquilo e mastigar bem devagar.
alimentação
A desnutrição é um risco significativo em doentes com DII e uma dieta excessivamente restritiva aumenta a
probabilidade de desnutrição e perda de peso. A intervenção nutricional deve ser prontamente instituída se a
ingestão calórica e proteica for aquém das necessidades para manter o peso em adultos ou o crescimento em
crianças.
O objetivo da terapia nutricional na DII é utilizar dietas que diminuem a atividade da doença para que o paciente
possa recuperar o estado nutricional mais rapidamente, como: Uso de pro e prebióticos, nutrientes
imunomoduladores com quantidades adequadas de energia, proteínas e micronutrientes. É importante manter ou
recuperar o estado nutricional dos pacientes com DII, aumentar o tempo de remissão da doença como também
reduzir as indicações cirúrgicas e as complicações do pós-operatório.
É importante avaliar a necessidade nutricional do paciente aplicando fórmulas para que se possa traçar um
planejamento dietético.
A oferta de 25 Kcal/Kg a 35 Kcal/Kg de peso ideal/dia pode ser usada como meta na manutenção, mantendo
a oferta de 1,2 g a 1,5 g de proteína/Kg peso ideal/d para manter o balanço nitrogenado positivo para a
recuperação do paciente, ou seja, uma maior ingestão de nitrogênio que ocorre pelo consumo de proteínas
com menores perdas de nitrogênio.
Em relação à terapia de micronutrientes nos pacientes com DII, recomenda-se a suplementação de
multivitaminas e minerais. A vitamina B12, por exemplo, deve ser mantida regularmente nos portadores de
DC, com ou sem ressecção em íleo distal.
Em caso de intestino curto, a vitamina D deve ser suplementada (25.000 U a 50.000 U por semana), se
abaixo do normal.
Podem ser necessários suplementos de vitaminas como B9, B6 e B12, minerais e oligoelementos para repor
os estoques ou para a manutenção por causa de má digestão, má absorção, interações fármaco-nutrientes
ou ingestão inadequada.
Em casos em que haja má absorção de gordura, a suplementação com triglicerídeos de cadeia média
poderá ser útil para aumentar o aporte calórico e ser um veículo para os nutrientes lipossolúveis.
Para melhorar o estado nutricional dos pacientes com DII, as nutrições enteral e parenteral podem ser
preconizadas. Nutrientes imunomoduladores podem ser instituídos com o objetivo de modular a inflamação. O uso
de ômega 3 tem sido favorável na RCU levando à diminuição dos sintomas e do uso de corticoides, promovendo
melhoras colônicas, histológicas e endoscópicas. O uso de prebióticos (fibras solúveis que produzem AGCC) e
probióticos (L. Lactis) também leva à redução do número de evacuações, contribuindo para a melhora dos
sintomas pela recuperação da microbiota intestinal.
DOENÇA HEMORROIDÁRIA
Recomenda-se uma dieta rica em fibras com 20 g/dia a 30 g/dia. Essas fibras podem ser encontradas em farelos,
gérmen de trigo, cereais integrais, arroz integral, pães integrais, sementes, legumes, verduras e frutas (mamão,
laranja com bagaço, ameixa preta). A ingestão de 2 L de água por dia deve ser recomendada para que as fezes se
tornem macias. Deve-se evitar bebidas alcoólicas, pimentas e condimentos fortes.
CONSTIPAÇÃO INTESTINAL
O tratamento da constipação consiste em um programa alimentar e exercícios físicos desde que já tenham sido
descartadas outras patologias causadoras do quadro. A ingestão de fibras total deve ser de 20 g/dia a 30 g/dia
para que as fezes tenham um peso adequado para promover o reflexo de evacuação.
RECOMENDAÇÃO
Indica-se o consumo de alimentos crus e folhas nas saladas. Farelo de trigo, farelo de arroz ou outra fibra integral
natural pode ser adicionada às refeições para aumentar o aporte de fibras totais na dieta. Aumentar o consumo de
frutas, verduras e legumes. Orientar o uso de azeite ou óleo vegetal nas verduras cruas. Pode utilizar prebióticos
e probióticos. A ingestão de água deve ser em torno de 3 L/dia.
Fonte: ja ma/unsplash
O paciente deve ser acompanhado por uma equipe multiprofissional especializada e a intervenção dietética torna-
se uma importante aliada na melhora da qualidade de vida. Pode ser benéfica a dieta hipolipídica e restrições
eventuais de alimentos que produzam gases, quando o paciente se queixa, como: Leite e derivados, brócolis,
beterraba, couve, couve-flor, feijão, ervilha, grão de bico, lentilha, doces, chocolates e bebidas gaseificadas. O
ideal é adequar uma alimentação variada, sem muitas restrições e acompanhada do tratamento medicamentoso.
RECOMENDAÇÃO
Pacientes com diarreia de difícil controle devem reduzir o consumo de carboidratos fermentativos. Nesse caso,
pode ser benéfica uma dieta com isenção desses carboidratos denominados FODMAP – fermentable oligo-di-
monosaccharides and polyols. Os FODMAP incluem: Maçã, pera, melancia, mel, cebola, aspargo, alcachofra,
alho-poró, alimentos à base de trigo, sorbitol (adoçantes artificiais), repolho, lentilha e feijão. Esses alimentos
poderão ser incluídos com cautela na dieta do paciente conforme a melhora do quadro diarreico e da distensão
abdominal.
GASTROPARESIA
Os pacientes se beneficiam de volumes menores com maior fracionamento, ou seja, pouca quantidade de
alimentos em cada refeição e aumento do número de refeições por dia para 6 a 8, para que se atinjam as
necessidades nutricionais.
Em relação à consistência, muitas vezes há preferência por refeições líquidas e alimentos passados no
processador (sopas, vitaminas, mingaus), pois facilitam a digestão, evitando que o alimento permaneça por muito
tempo no estômago.
RECOMENDAÇÃO
É importante mastigar bem os alimentos e evitar, nesse período, alimentos com alta concentração de fibras e
suplementos de fibras, pois contribuirão para que o alimento permaneça mais tempo no estômago retardando o
esvaziamento gástrico. Para isso é importante, nesse período, evitar o consumo de legumes, verduras e frutas
cruas e com cascas. Legumes, frutas e vegetais cozidos ou abrandados são preferíveis.
DIARREIA
A causa da diarreia deve ser avaliada minuciosamente. Alguns alimentos podem provocar esse quadro em
pessoas sensíveis. Entre eles estão o leite, os doces em grande quantidade, o feijão, as comidas gordurosas,
como as frituras ou gorduras de origem animal. Procurar investigar se algum alimento está relacionado ao quadro
da diarreia.
A reposição de líquidos e eletrólitos é necessária em quadros mais agudos e poderão ser usadas soluções de
reidratação oral, sopas e caldos, sucos de vegetais, água de coco e líquidos isotônicos. Iniciar com dietas
restritivas por pouco tempo e evoluir conforme o quadro. Orientar o consumo de alimentos cozidos, evitando os
crus e as fibras. Frutas e hortaliças devem estar cozidas. Evitar o consumo de doces e gorduras. Indicar sempre
pequenas refeições e ir aumentando a frequência gradativamente.
RECOMENDAÇÃO
O consumo de alimentos ricos em potássio, como banana, batata, água de coco e carnes brancas também é
recomendado por causa da perda de potássio no quadro da diarreia. Contraindicar o uso de leite até
desaparecerem os sintomas da diarreia, mas a coalhada, iogurtes e queijos podem ser consumidos em pequenas
quantidades, de acordo com a tolerância do paciente. Aumentar a ingestão de líquidos para evitar a desidratação.
Alimentos probióticos, especialmente os leites fermentados com lactobacilos, auxiliam na recuperação da flora
intestinal.
DOENÇA CELÍACA
Baseada na eliminação de peptídeos de glúten da dieta. Restringir todo o trigo, centeio e cevada. Além disso,
deve-se avaliar os níveis de ferritina, folato e vitamina D e, em casos mais graves, com intensa diarreia, devem
ser verificadas as vitaminas lipossolúveis (A, E, K) e os minerais (zinco). A anemia deve ser tratada com ferro,
folato ou vitamina B12, dependendo da natureza.
Os pacientes que continuam a ter má absorção podem ser beneficiados com suplementação de vitaminas e
minerais para atender à ingestão diária recomendada. Algumas vezes ocorre intolerância à lactose e à frutose, e
os álcoois de açúcar também não são bem absorvidos. Por esse motivo, a lactose e a frutose devem ser
reduzidas na dieta desses pacientes.
RECOMENDAÇÃO
Farinhas como as de milho, batata, arroz, soja, tapioca, araruta, amaranto, quinoa, painço, teff (um cereal muito
pequeno isento de glúten originado da Etiópia) e trigo sarraceno (também chamado de trigo mourisco) podem ser
utilizadas como substitutos nas receitas.
Fonte: marekuliasz/shutterstock
DOENÇA DIVERTICULAR
A ingestão de fibras é essencial no tratamento da doença diverticular, sendo importante aumentar gradualmente,
pois pode causar inchaço ou gases. Esses efeitos adversos geralmente desaparecem em 2 a 3 semanas. A
ingestão recomendada de fibras é de 25 g/dia para mulheres e 38 g/dia para homens. Para atingir as
recomendações de ingestão de fibras por dia, deve-se indicar o consumo de alimentos crus, folhosos, farelo de
trigo, farelo de arroz ou outra fibra integral natural pode ser adicionada às refeições, frutas, verduras e legumes.
Caso não consiga atingir a recomendação adequada de fibras pela dieta, pode ser utilizada a suplementação com
fibras, por exemplo, o psyllium, que tem fibra solúvel e mucilagem em sua composição, favorecendo a formação
do bolo fecal na presença de líquidos.
RECOMENDAÇÃO
A ingestão de líquidos é necessária para acompanhar a ingestão de fibras, que deve ser em torno de 2 L a 3 L por
dia. Durante a fase aguda da doença, pode ser necessária uma dieta livre de resíduos ou até nutrição parenteral,
que normalmente é recomendada em âmbito hospitalar.
Fonte: Mahan, Escott-Stump e Raymond, 2013.
Figura 10 – Mecanismo pelo qual as dietas com baixo conteúdo de fibras podem gerar divertículos. Em locais
nos quais o conteúdo do cólon é volumoso (em cima), as contrações musculares exercem pressão no sentido
longitudinal. Se o conteúdo fecal é de diâmetro pequeno (embaixo), as contrações podem produzir oclusão e
exercer pressão contra a parede do cólon, o que pode produzir uma hérnia diverticular.
O tratamento consiste de uma dieta com limitação de carboidratos refinados prontamente fermentados, como o
amido refinado e açúcares (lactose, frutose, açúcares e álcool), com substituição por grãos integrais e hortaliças.
Isso pode limitar a proliferação e a motilidade aumentada. Dietas com restrição de FODMAP e uso de prebióticos
e probióticos também são recomendadas.
Existem tratamentos medicamentosos para as doenças do trato gastrointestinal, como mostrado a seguir:
Omeprazol, Esomeprazol,
Inibidor da bomba Lansoprazol, Pantoprazol,
Inibe a secreção do ácido
de prótons Dexlansoprazol,
Rabeprazol
Cimetidina, Ranitidina, Bloqueia a ação da histamina nas células
Bloqueador H2
Famotidina, Nizatidina parietais, diminuindo a produção de ácido
Eritromicina,
Aumenta a contratilidade do estômago e diminui
Procinético Metoclopramida,
o tempo de esvaziamento gástrico
Domperidona
Magnésio, cálcio ou
Antiácidos alumínio ligado ao Atenua o ácido gástrico
carbonato ou fosfato
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) Devem ser evitados alimentos que diminuem a pressão do esfíncter esofagiano inferior.
C) Deve-se estimular o consumo de sucos cítricos, a fim de garantir a ingestão adequada de vitamina C,
importante anti-inflamatório.
D) Deve-se associar o consumo de líquidos com as refeições para tornar mais rápida a passagem dos alimentos
para o estômago.
B) Valor Energético Total (VET): Hipercalórico, 10 kcal/kg/dia, pois o metabolismo está diminuído em função do
catabolismo presente em um processo inflamatório e pela elevação da temperatura corporal.
C) Carboidratos: Hipoglicídica em ênfase em açúcares simples. O leite é de boa tolerância para esses pacientes
tanto pelo teor lipídico quanto pela presença de lactose.
D) Valor energético total e proteína: A dieta deve ser hiperproteica com 1,5 kg/dia associada a uma dieta
hipercalórica.
GABARITO
O refluxo gastroesofágico é uma inflamação da mucosa decorrente de uma falha no esfíncter esofágico inferior
(EEI), que funciona como uma válvula, não deixando que o bolo alimentar do estômago retorne para o esôfago.
Se o EEI tem a pressão reduzida, ele afrouxa, favorecendo o retorno do conteúdo gástrico para o esôfago. Deve-
se evitar, portanto, o consumo de alimentos que diminuam a pressão do EEI.
2. Doenças inflamatórias intestinais são doenças crônicas que acometem o trato gastrointestinal. As duas
mais comuns são a doença de Crohn (DC) e a retocolite ulcerativa (RU). Sobre a conduta dietoterápica, é
correto afirmar:
Visto que as doenças inflamatórias intestinais podem levar à rápida perda de peso e até à desnutrição, é
recomendada uma dieta hipercalórica e hiperproteica com cerca de 45 kcal/Kg/dia para ganho de peso ou 25 a 35
Kcal/Kg de peso ideal/dia para a manutenção do peso, mantendo a oferta de 1,2 g a 1,5 g de proteína/Kg peso
ideal/d para manter o balanço nitrogenado positivo prevenindo o catabolismo muscular. O balanço nitrogenado
positivo ocorre quando a ingestão de nitrogênio é maior do que a excreção (o consumo é pela ingestão de
proteínas).
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A dietoterapia no tratamento das doenças gastrointestinais é um grande desafio para o nutricionista devido à
gravidade de algumas doenças que podem levar a uma rápida perda de peso e até à desnutrição.
Quanto mais precoce for a atuação da equipe multidisciplinar, mais rapidamente o paciente será recuperado,
adquirindo uma melhor qualidade de vida.
Cada doença deve ser tratada de forma criteriosa, sendo prescrita uma dieta que contemple alimentos e
quantidades específicas visando à melhora dos sintomas, à recuperação e ao bem-estar do paciente.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
COLLARES-BUZATO, C. B.; ARANA, S. Célula oxíntica. In: CARVALHO, H. F.; COLLARES-BUZATO, C. B.
Células: uma abordagem multidisciplinar. Barueri: Manole, 2005.
COPPOLA, M. M.; TURNES, C. G. Probióticos e resposta imune. In: Ciência Rural. Santa Maria, jul-ago 2004,
v. 34, n. 4, p. 1297-1303.
DORÉ, J.; CORTHIER, G. The human intestinal microbiota. In: Gastroentérologie Clinique et Biologique, 2010,
v. 34, n. 1, p. 7-15.
GARTNER, L. P.; HIATT, J. L. Tratado de histologia em cores. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
GRECA, F. H.; BIONDO-SIMÕES, M. L. P.; COLLAÇO, L. M.; MARTINS, V. D. M.; TOLAZZI, E. A. D.;
GASPARETTO, E. L.; SANTOS, E. A. A. S. A ação dos ácidos graxos de cadeia curta na cicatrização de
anastomoses colônicas: estudo experimental em ratos. In: Acta Cir. Bras. São Paulo, 2000, v. 15, sup. 3.
HAM, A. W.; CORMACK, D. H. Histologia. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1983.
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica: texto e atlas. 12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2013.
MAHAN, L. K.; ESCOTT-STUMP, S.; RAYMOND, J. L. Krause: alimentos, nutrição e dietoterapia. 13. ed. São
Paulo: Elsevier, 2013.
OVALLE, W. K.; NAHIRNEY, P. C. Netter: bases da histologia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.
RIBEIRO, S.; SCHMIDT, A. P.; SCHMIDT, S. R. G. O uso de opioides no tratamento da dor crônica não
oncológica: o papel da metadona. In: Rev. Bras. Anestesiol. Campinas, v. 52, n. 5, 2002
SAAD, S. M. I. Probióticos e prebióticos: o estado da arte. In: Rev. Bras. Cienc. Farm. São Paulo, 2006, v. 42,
n. 1.
SILVA, S. M. C. S.; MURA, J. D. M. Tratado de alimentação, nutrição & dietoterapia. 3. ed. São Paulo: Prayá,
2016.
SOUSA, M. P.; BRAGA, L. F. ; BRAGA, J. F.; DELACHIAVE, M. E. A. Germinação de sementes de Plantago
ovata Forsk. (Plantaginaceae): temperatura e fotoblastismo. In: Revista Árvore, Viçosa, jan./fev. 2008, v. 32, n.
1.
WONG, J. M.; SOUZA, R.; KENDALL, C. W.; EMAM, A.; JENKINS, D. J. Colonic health: fermentation and short
chain fatty acids. In: J. Clin. Gastroenterol. 2006, v. 40, n. 3, p. 235-243.
EXPLORE+
Para aprofundar seus conhecimentos, leia os artigos:
Dieta restrita de FODMEPs como opção terapêutica na síndrome do intestino irritável: revisão sistemática,
de Vera Lúcia Ângelo Andrade et al.
CONTEUDISTA
Aline Cardozo Monteiro
CURRÍCULO LATTES