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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DA PARÁ

CAMPUS CASTANHAL
BR 316, Km 61 - Saudade II - Cristo Redentor.
Castanhal – PA
CEP: 68740-970

Fisiologia do
Sistema
Digestório
Profa. Dra. Caroline Azevedo Rosa
Disciplina: Bioquímica III
Fisiologia do Sistema Digestório
Fisiologia do Sistema Digestório

✓ O Sistema Digestório humano possui:

1) Trato Gastrointestinal (TGI);


2) Glândulas anexas (glândulas salivares, pâncreas e
fígado) que lançam suas secreções à luz do TGI.

✓ TGI consiste em: cavidade oral, faringe, esôfago,


intestino delgado, intestino grosso ou cólon e
ânus.
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Qual a função do TGI?

1) Motilidade;
2) Secreção (enzimas);
3) Digestão;
4) Absorção;
5) Defecação
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Se atentar que as regiões são separadas por esfíncteres:


São estruturas formadas por fibras musculares circulares concêntricas dispostas em forma de anel,
que controlam o grau de amplitude de um determinado orifício.
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Como é feito o controle/regulação?

Pelo sistema nervoso autônomo – sistema nervoso entérico


O sistema digestório possui sistema nervoso próprio: aprox. 100 bilhões de neurônios
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Exemplo: a salivação ou produção do suco pancreático (não há reservatório, ou seja, são preparados
no momento)
Então o processo de digestão se inicia antes da ingestão dos alimentos, no processo chamado Fase
Cefálica

Produzimos em torno de 800 mL a 1,5L de


saliva por dia (~1mL/min no dia)
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A Mastigação

Dentes e a língua: preparam o alimento para a digestão, por


meio da mastigação.

- Os dentes reduzem os alimentos em pequenos pedaços,


misturando-os à saliva, o que irá facilitar a futura ação das
enzimas.

- A língua movimenta o alimento empurrando-o em direção


a garganta, para que seja engolido. Na superfície da língua
existem dezenas de papilas gustativas, cujas células
sensoriais percebem os quatro sabores primários: doce,
azedo, salgado e amargo.

- A presença de alimento na boca, como sua visão e cheiro,


estimula as glândulas salivares a secretar saliva.
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Saliva:

Possui muitas enzimas digestivas:


- Lembrando que a amilase salivar ou ptialina digerem o amido e outros polissacarídeos (como o
glicogênio), reduzindo-os em moléculas de maltose e dextrina (dissacarídeo);
- Os sais, na saliva, neutralizam substâncias ácidas e mantêm, na boca, um pH levemente ácido (6, 7);
- Também há lipases!
- A saliva também possui anticorpos e enzimas (lisozima, lactoferrina) que são bactericidas!
- Possui glândulas que produzem muco:
1) Glândulas parótidas
2) Glândulas submandibulares e sublinguais (70% da saliva)
3) Glândulas bucais
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• O alimento, que se transforma em bolo alimentar, é empurrado pela língua para o fundo da
faringe, sendo encaminhado para o esôfago, impulsionado pelas ondas peristálticas, levando
entre 5 e 10 segundos para percorrer o esôfago;
• Entra em ação um mecanismo para fechar a laringe, evitando que o alimento penetre nas vias
respiratórias!

Esse movimento de peristaltismo resulta da


contração alternada de camadas de
musculatura longitudinal e circular que
envolve todo o TGI.
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A fase de deglutição até o esôfago
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Quando a cárdia (esfíncter) se relaxa, permite a passagem do alimento para o interior do
estômago.

-No estômago: o alimento é misturado com a secreção


estomacal, o suco gástrico (solução rica em HCl e em enzimas).
A pepsina decompõe as proteínas em peptídeos pequenos.

-O alimento pode permanecer no estômago por até quatro


horas ou mais e se mistura ao suco gástrico. O bolo alimentar
transforma-se em uma massa acidificada e semilíquida, o
quimo. Passando por um esfíncter muscular (o piloro), o quimo
vai sendo aos poucos, liberado no intestino delgado, onde
ocorre a parte mais importante da digestão.
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Funções do estômago?

Ele é vital?

- Armazenar o bolo alimentar;


- Produzir HCl;
- Produzir enzimas (pepsina);
- Produzir quimo;
- Disponibilizar o quimo para o duodeno de forma compatível à absorção;
- Secreção de hormônios (grelina e gastrina);
- Auxilia no controle da saciedade;
- Barreira para microorganismos invasores;
- Secreta fator intrínseco pra vitamina B 12: é uma proteína q se liga à vit. B12
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Incapacidade de neutralizar o pH ácido do estômago no duodeno ou
Contaminação por Helicobacter pylori

mais muco, mais brilho


esfíncter pilórico
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Intestino delgado: dividido em três regiões:

- duodeno (cerca de 25 cm),


- jejuno (cerca de 5 m) e
- íleo (cerca de 1,5 cm)

Principal função: absorção

A digestão do quimo ocorre predominantemente no duodeno e nas primeiras porções do jejuno;


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Superfície absortiva amplificada do intestino delgado
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Intolerância ao glúten – inflamação na célula intestinal


“intestino careca” - sem microvilosidades
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Motilidade no intestino delgado
Segmentação Peristáltico

Mistura o quimo Propulsiona o quimo


Aumenta contato Céfalo-caudal
com borda em escova
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No duodeno atua o suco pancreático, produzido pelo pâncreas,


que contêm diversas enzimas digestivas.

E também, a bile, produzida no fígado e armazenada na


vesícula biliar;
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Pâncreas

O suco pancreático,
produzido pelo pâncreas,
contém água, enzimas e
grandes quantidades de
bicarbonato de sódio. É
responsável pela hidrólise da
maioria das biomoléculas.

O bicarbonato neutraliza o
pH ácido vindo do estômago
Ácinos: produz suco pancreático
Ilhotas: produz hormônios insulina e glucagon
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Enzimas digestivas produzidas pelo pâncreas exócrino

* Nucleases digerem os ácidos nucleicos


(alimentos possuem RNA e DNA)
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Fígado Vesícula biliar A bile (sais biliares) promove:


(produz a bile) (armazena a bile)
- A emulsificação dos lipídeos: faz com que moléculas
hidrofóbicas interajam com meio aquoso (papel de
detergente);

- Facilita a absorção de AG, colesterol, vitaminas


lipossolúveis, fosfolipídeos;

A bile contém: ácidos biliares, - Age como meio de excreção (ex: bilirrubina e excesso
fosfolipídeos, de colesterol);
Ânions e cátions orgânicos
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Após atingirem a circulação portal, os ácidos biliares retornam


ao fígado, onde são extraídos do sangue pelos hepatócitos.

No fígado, os ácidos biliares são reutilizados, sendo secretados


novamente na bile.
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Vantagem de ter vesícula biliar:
Possui concentração maior de cada constituinte

É vital der vesícula biliar?


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- Intestino grosso: local de absorção de água;

- Divide-se em ceco, cólon ascendente, cólon transverso, cólon descendente, cólon sigmóide e
reto. A saída do reto chama-se ânus e é fechada por um músculo que o rodeia, o esfíncter anal;
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-Numerosas bactérias vivem em mutualismo no intestino grosso. Seu trabalho consiste em dissolver os
restos alimentícios não assimiláveis, reforçar o movimento intestinal e proteger o organismo contra
bactérias estranhas;

-As fibras vegetais, principalmente a celulose, não são digeridas nem absorvidas, contribuindo com
porcentagem significativa da massa fecal. Como retêm água, sua presença torna as fezes macias e fáceis
de serem eliminadas;

-A distensão provocada pela presença de fezes estimula terminações nervosas do reto, permitindo a
expulsão de fezes, processo denominado defecação.
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O processo Bioquímico da digestão

- A digestão química ocorre através da atuação das enzimas digestivas que hidrolisam as
macromoléculas do alimento, quebrando-as em moléculas menores possíveis de serem absorvidas
através da membrana das células do TGI;
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Na cavidade oral, a enzima amilase, No estômago, a pepsina hidrolisa proteínas


secretada pelas glândulas salivares, hidrolisa que contém o AA lisina, fenilalanina,
o amido em maltose ou maltotriose: triptofano ou tirosina.
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Enzimas que atuam até
unidades monoméricas:
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No intestino delgado, a enzima lipase quebram moléculas de lipídeo em glicerol e ácido graxo; as
enzimas proteinases (tripsina, quimotripsina, carboxipeptidases) quebram proteínas em
oligopeptídeos; enquanto as amilases pancreáticas quebram amido em oligopolissacarídeos.
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• A fase final da digestão química ocorre quando as biomoléculas são quebradas nas suas unidades
monoméricas. Isso ocorre nos locais de absorção do intestino delgado, onde a membrana
plasmáticas das células epiteliais são diferenciadas, formando um bordo em escova, ou
microvilosidades.

Nessa região há enzimas como maltase e dissacaridases que


terminam de hidrolisar os oligossacarídeos, produzindo monômeros
como glicose e frutose. É nesse local que os monômeros são
absorvidos.
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Como ocorre essa absorção?

1. Glicose: é absorvida através de uma proteína de membrana, que carrega a molécula deste
carboidrato juntamente a um íon Na+, para o interior da célula intestinal;

- A concentração de glicose no interior da célula é maior do que na luz intestinal, portanto a


absorção ocorre contra um gradiente de concentração;
- Por outro lado, o íon Na+ é transportando para o interior celular à favor de um gradiente;
- A concentração de Na+ no interior da célula é mantida devido à ação da bomba Na+/K+ ATPase;
- Por fim, as moléculas de glicose atravessam a membrana basolateral das células epiteliais via
proteínas carregadoras, num processo chamado difusão facilitada, alcançando assim, a circulação
sanguínea.
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2. Aminoácidos: também é absorvido contra um gradiente de concentração, mas as proteínas


carreadoras são bem diferentes (pois são aproximadamente 20 AA com cadeias laterais diferentes
para serem absorvidos).

Principais enzimas:
Endopeptidases: atuam na região interna da cadeia polipeptídica
Ex: Tripsina: quebra ligação onde tem lisina e arginina
Quimotripsina: quebra ligação peptídica onde tem fenilalanina/tirosina e triptofano/metionina

Exopeptidases: atuam na região C ou N terminal


Ex: Carboxipeptidases: extremidade C-terminal
Aminopeptidases: extremidade N-terminal
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Proteínas
Estômago Pepsina
(endopeptidase)

Polipeptídeos menores
Endo e exopeptidase
Duodeno
Suco pancreático

Oligopeptídeos
Borda-em-escova Endo e exopeptidase
Jejuno proximal

AA, di e tri-peptídeos
* Proteína desnaturada é mais fácil a digestão
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mátic

Gama enorme de transportadores: um


para cada tipo de cadeia lateral
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Oligopeptídeos são mais eficientemente absorvidos do que AA livres

Será que é necessário


suplementação de AA livre?
BCAA?
Proteínas?
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3. Lipídeos: atravessam principalmente por difusão simples (difundem – flip-flop), pois são
hidrofóbicos.
Uma vez no interior da célula, o ácido graxo e o glicerol alcançam
o retículo endoplasmático liso, onde são convertidos em triacilglicerol.

- Essas moléculas formam micelas mistas com outros lipídeos, como


colesterol, as quais são secretadas por exocitose para o espaço
intersticial e se incorporam aos vasos linfáticos.
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Principais enzimas
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Resumo das enzimas digestivas: luminais e da borda em escova
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Função endócrina do TGI

Durante a digestão, são produzidos certos hormônios essenciais ao processo digestivo!

- No estômago, ocorre a formação de gastrina, hormônio cuja função é estimular a produção de


ácido clorídrico;
- Já no intestino, ocorre a produção de três hormônios essenciais ao processo digestivo. A secretina
atua sobre o pâncreas, estimulando a liberação de bicarbonato, enquanto que o hormônio
colecistoquinina estimula a liberação de bile pela vesícula biliar e a liberação de enzimas pelo
pâncreas. Por fim, o hormônio enterogastrona atua sobre o estômago, inibindo o peristaltismo
estomacal.
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- As células G do estômago secretam o hormônio gastrina
em resposta à presença de alimentos ou de estimulação neural.

- Esse hormônio cai na circulação sanguínea e estimula as células


parietais do próprio estômago a secretara enzima pepsina e o HCl.

- Além disso, as células-alvo presentes em regiões mais distais


aumentam a motilidade do TGI.
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• Quando o bolo alimentar chega no duodeno, a presença de nutrientes estimula pelo menos três
hormônios. Dois deles, a secretina e a colescistocinina (CCK), atuam de maneira paralela,
inibindo a atividade gástrica e ativando a secreção de enzimas e bicarbonato pelo pâncreas, e de
bicarbonato e sais biliares pelo fígado;

• CCK também atua no hipotálamo, sinalizando saciedade;

• O hormônio peptídeo inibidor gástrico (GIP), ou peptídeo insulinotrópico, depende de glicose.


Tem como alvo as células beta do pâncreas, para ocasionar a liberação de insulina;
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Grelina e Leptina (hormônios mais recentes):

- Grelina: hormônio da fome. Produzido no estômago e secretado durante o dia, antes das
refeições. Sua síntese é suprimida à noite, possivelmente por ação da melatonina. Atua no SNC,
onde tem efeito orexígeno (estimulando a fome) e estimula a produção do GH (hormônio do
crescimento).

- Leptina: hormônio da saciedade. Produzida por adipócitos e secretadas para a corrente


sanguínea. Atua em diversos órgãos, mas no SNC é anorexígeno (estimulador da saciedade).

Obs: Quanto maior a quantidade de adipócitos, maior a produção de leptina. Mas indivíduos obesos
podem se tornar menos sensíveis à ação da leptina devido à exposição deste hormônio por
períodos prolongados.
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