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Aula de Específica de Biologia

Data: ___ / ___ / 2023


Professora: Letícia Prates
Estudante: ______________________

SISTEMA DIGESTÓRIO

Os alimentos são necessários para a manutenção da vida. Fornecem os nutrientes


essenciais que o corpo não pode produzir para si próprio. O sistema digestório prepara o alimento
para ser utilizado pelas nossas células através da digestão e absorção dos produtos. Este é
composto por um longo tubo, o tubo digestório ou trato gastrintestinal (GI) e por glândulas
acessórias. Possui o comprimento aproximado de 9 metros e estende-se da boca até o ânus. Os
órgãos do trato GI incluem a cavidade oral, a faringe, o esôfago, o estômago, o intestino delgado e
o intestino grosso. As glândulas acessórias incluem as glândulas salivares, o fígado e o pâncreas.

O processo da digestão

BOCA: a digestão que ocorre na boca é iniciada


pela mastigação (digestão mecânica), reduzindo o
alimento em pequenos pedaços facilitando a ação das
enzimas. A mastigação do alimento o mistura com a
saliva, secretada pelas glândulas salivares. A saliva
contém:
● a amilase salivar (ou ptialina), uma enzima que
pode catalisar a digestão do amido (digestão química)
● além proporcionar a gustação e de
● umedecer o alimento, auxiliando na deglutição.
O alimento misturado com a saliva, o bolo alimentar, é
empurrado em direção ao palato mole (céu da boca)
para descer pelo esôfago.
A deglutição começa como uma atividade voluntária de
modo que a epiglote cobre a entrada do sistema
respiratório (traquéia), impedindo a entrada do material
ingerido. A seguir, ocorrem contrações e relaxamentos
musculares involuntários no esôfago (movimentos
peristálticos) à medida que o alimento passa do esôfago
para o estômago.

ESTÔMAGO: o estômago, em forma de “J”, é a parte mais distensível do trato GI.


Superiormente, ele tem continuidade com o esôfago e, inferiormente, esvazia no duodeno do
intestino delgado. Uma vez no estômago, o material ingerido é agitado e misturado com ácido
clorídrico (HCl) e a pepsina, uma enzima digestiva de proteínas. Dentre as células que compõem a
mucosa estomacal:
● as células principais produzem a pepsina
● as células parietais produzem o fator intrínseco, molécula que se liga à vitamina B12 para
que sua absorção seja realizada no intestino
● as células parietais também produzem o suco gástrico (HCl)
○ que age ativando a pepsina,
○ inativando a amilase salivar e
○ destruindo microrganismos, devido ao pH ácido da solução.
As células da mucosa gástrica também secretam muco e bicarbonato (HCO3-) que agem
protegendo a parede do estômago do suco gástrico e neutralizando a acidez do HCl, evitando
danos às células. O alimento permanece no estômago de uma a quatro horas.

O estômago é sensível às tensões emocionais. O muco, secretado por células mucosas do


estômago, é importante para evitar que o ácido clorídrico e as enzimas digestivas corroam a parede
do estômago. Úlceras pépticas podem ser causadas por um aumento na secreção celular ou por
secreções insuficientes de muco protetor. Outra característica protetora é a atividade mitótica
rápida do epitélio colunar do estômago. Todo o revestimento do estômago geralmente é substituído
em alguns dias.

Através de contrações musculares, a mistura produzida pelo bolo alimentar e as secreções


origina o quimo, que é empurrado do estômago passando pelo esfíncter pilórico, chegando ao
duodeno (primeira porção do intestino delgado).

As pessoas com refluxo gastroesofágico, um distúrbio comum que envolve o refluxo do suco
gástrico ácido para o interior do esôfago, são freqüentemente tratadas com drogas específicas (p.
ex., omeprazol) que inibem as bombas de K+/H+ da mucosa gástrica, que aumentam o volume do
suco gástrico. Como a secreção gástrica ácida é estimulada pela histamina (mensageiro químico
secretado pelas próprias células estomacais), as pessoas com úlceras pépticas podem ser tratadas
com drogas que bloqueiam a ação da histamina, diminuindo a secreção gástrica.

INTESTINO DELGADO: o intestino delgado constituído pelo duodeno, jejuno e íleo é o local
onde a digestão é completada e os nutrientes são absorvidos. A área da superfície da parede
intestinal é aumentada por pregas. Ele é denominado “delgado” por causa do seu diâmetro
relativamente pequeno (2,4cm) em comparação com o do intestino grosso. Todavia, o intestino
delgado é a porção mais longa do trato GI. Ele possui um comprimento aproximado de 3m, sendo
os primeiros 20 a 30cm o duodeno, um metro de jejuno, e os dois metros finais são o íleo. O íleo
esvazia no intestino grosso.
A digestão do quimo ocorre no duodeno, por ação do suco entérico (suco intestinal) que
contém as seguintes enzimas:
● enteroquinase: converte tripsinogênio em tripsina (rompe a ligação peptídica de proteínas)
● peptidase: quebra proteínas originando aminoácidos
● carboidrases: digere dissacarídeos (maltose e sacarose) e oligossacarídeos

No duodeno também atuam o suco pancreático e a bile.

Pâncreas: glândula que está posicionada horizontalmente ao longo da parede abdominal


posterior, adjacente à curvatura maior do estômago. Mede aproximadamente 12-15 cm de
comprimento. Tem um formato triangular e alongado. Além de secretar o suco pancreático (função
exócrina), produz dois hormônios: a insulina (facilita a entrada de glicose nas células, diminuindo
sua concentração no sangue) e o glucagon (induz a transformação do glicogênio em glicose,
aumentando sua concentração no sangue), dessa forma tem função endócrina. É uma glândula
mista, ou seja, endócrina e exócrina.
O suco pancreático é básico, e assim neutraliza a
acidez do quimo e proporciona a ação das enzimas
entéricas e pancreáticas. As enzimas do suco
pancreático são as seguintes:
● tripsina: rompe a ligação peptídica
● quimotripsina: rompe a ligação peptídica
● lipase pancreática: digere lipídios
● amilase pancreática: digere polissacarídeos
(amido e glicogênio)

A enzima enteroquinase intestinal age na


transformação do tripsinogênio em tripsina, e esta por
sua vez age na transformação de mais tripsinogênio
em tripsina, de quimiotripsinogênio em quimiotripsina
e de propeptidase em peptidase.

Fígado: o fígado é o maior órgão interno do corpo, pesando aproximadamente 1,3kg em um


adulto. Está posicionado imediatamente abaixo do diafragma no lado direito do abdome. Sua cor
marrom avermelhada é devido a sua grande vascularização. Uma de suas principais funções é
ajudar a regular a concentração de glicose no sangue, removendo ou adicionando glicose de
acordo com as necessidades do organismo. Além disso, age na detoxificação do organismo,
convertendo a amônia (molécula muito tóxica, resultante da decomposição de aminoácidos) em
moléculas de uréia (menos tóxicas), as quais são secretadas pelo fígado para a corrente sanguínea
e excretadas pelos rins na urina. Sua atuação na digestão é através da produção da bile. O fígado
produz e secreta de 250 a 1.500mL de bile por dia. A bile é um líquido verde amarelado, sem
enzimas digestivas. Seus principais constituintes são os sais biliares que emulsionam (emulsionar =
misturar de modo homogêneo) os lipídios facilitando a ação da lipase pancreática. A vesícula biliar é um
órgão saculiforme ligado à face inferior do fígado. Esse órgão armazena e concentra a bile. Quando
a vesícula biliar acumula bile, ela expande-se e atinge o tamanho e o formato de uma pêra
pequena.
A bile e o suco pancreático são liberados no duodeno. O controle dessa liberação é feito
pela ampola hepatopancreática, também chamada de ampola de Vater.
Após passar pela ação das enzimas entéricas e pancreáticas o quimo transforma-se num
líquido esbranquiçado denominado quilo.

A superfície interna do intestino delgado é


intensamente pregueada, essas pregas se
chamam vilosidades intestinais. As
membranas das células que formam o
revestimento intestinal também apresentam
dobras microscópicas, as chamadas
microvilosidades. Todas essas dobras
aumentam a superfície de contato entre as
células e os nutrientes, facilitando a
absorção.
Dessa forma, no intestino delgado acontece a absorção de nutrientes. A partir da digestão
de proteínas e carboidratos, que resultam, respectivamente, em aminoácidos e glicídios, essas
moléculas atravessam as células da parede intestinal e passam para os vasos sanguíneos. Os
vasos levam para o fígado, onde esses nutrientes são absorvidos. Após uma refeição rica em
carboidratos, a glicose resultante da digestão é absorvida pelo fígado e convertida em glicogênio.
A digestão de lipídios resulta em glicerol e ácidos graxos, que são absorvidos pelas células
intestinais e convertidos em quilomicrons (pequenas lipoproteínas). Os quilomicrons são enviados
aos vasos linfáticos intestinais, e chegando ao coração são distribuídos para as demais células por
meio da circulação do sangue.

INTESTINO GROSSO: o intestino grosso é formado pelo ceco, que contém o apêndice, o
cólon ascendente, cólon transverso, cólon descendente, cólon sigmóide e reto. O reto tem
aproximadamente 12cm e termina no ânus. Os resíduos de uma refeição demoram cerca de 9
horas para chegarem ao intestino grosso e permanecem aí de um a três dias. Durante esse período
há intensa proliferação de bactérias, as bactérias da flora intestinal, que conferem benefícios aos
seres humanos, produzindo entre outras moléculas, vitaminas K e B12.
No intestino grosso ocorre absorção de água e vitaminas e a formação do bolo fecal, as
fezes.
O reto, porção final do intestino grosso, fica geralmente vazio, enchendo-se de fezes pouco
antes de sua eliminação. A distensão provocada pela presença das fezes no reto estimula as
terminações nervosas levando ao relaxamento involuntário do esfíncter interno do ânus, formado
de musculatura lisa. O esfíncter anal externo é composto de musculatura estriada, controlada
voluntariamente. A contração da musculatura abdominal, combinada com o relaxamento dos
esfíncteres , permite a expulsão das fezes, processo chamado de defecação.

Fonte:
AMABIS, J. M.; MARTHO, G. R. Volume 2: Biologia dos organismos. 5. ed. São Paulo: Moderna,
2021.
FOX, S. I. Fisiologia humana. 7. ed. Barueri, SP: Manole, 2007.
SILVERTHORN, D.U. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. Porto Alegre: Artmed,
2010.

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