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CIRURGIAS DO TRATO DIGESTÓRIO

GASTRECTOMIA
É a ressecção (retirada) parcial ou total do estômago.
Qual a função do estômago na digestão?
O estômago é um dos principais órgãos responsáveis pela digestão
dos alimentos consumidos pelo ser humano, mas não o único. É por
meio dele e de seus movimentos peristálticos, coordenados, que
ocorre a mistura e quebra dos alimentos, principalmente das
proteínas, em pequenos fragmentos que irão facilitar a digestão, com
a ação do ácido clorídrico e das enzimas digestivas, como a pepsina.
Tem também a função de reservatório e de transformar o bolo
alimentar em conteúdo mais líquido que facilitará o restante do
processo, além de liberar aos poucos o alimento para o intestino e
ajudar a absorção de algumas vitaminas.
INDICAÇÕES:
 Neoplasia gástrica;
 Úlceras perfuradas ;
 Úlceras pépticas (rara indicação atualmente)
 Algumas complicações hemorrágicas agudas;
 Obesidade mórbida

Como fica a digestão após a retirada do estômago (gastrectomia)? É


possível viver bem sem estômago?

Quando há a indicação médica de se remover parte ou todo o estômago é


necessário cuidado nutricional especial para que o organismo se acostume
com a nova condição e permita uma vida saudável, mesmo que com algumas
mudanças. Normalmente a quantidade de alimentos que se consegue comer
de cada vez diminui, pois o reservatório foi reduzido, e o controle de liberar
lentamente os alimentos para o intestino também é alterado, podendo
ocorrer a liberação mais rápida de alimentos mal digeridos para o intestino,
causando muitas vezes o que se chama de síndrome de Dumping (despejo).
• A síndrome de Dumping é caracterizada por dor abdominal, diarreia,
taquicardia, hipoglicemia (queda da glicose no sangue), mal estar e
queda de pressão. Entretanto, apenas cerca de 25 a 50% dos pacientes
apresentam esta sintomatologia ou mesmo algum sintoma. Vale
ressaltar que a síndrome de Dumping pode ser evitada com adequada
orientação alimentar e nutricional. As demais fases da digestão
continuam normais, o que inclui a ação da mastigação, enzimas
digestivas da saliva, do intestino, do pâncreas, a bile, etc. Há a
necessidade de suplementação de vitamina B12, principalmente
quando é realizada a gastrectomia total, pois o estômago é responsável
pela produção de uma substância (chamado de fator intrínseco) que se
liga à vitamina B12 para que ela seja absorvida no intestino. Sem isso, a
absorção pelo aparelho digestivo ficará prejudicada e sua deficiência
pode causar um tipo específico de anemia. A necessidade de
suplementação de ferro, cálcio e outras vitaminas depende de cada
caso. Tomando-se alguns cuidados básicos e sob orientação nutricional
adequada a pessoa que teve o estômago removido cirurgicamente
pode ter uma vida saudável e com qualidade alimentar após um
período inicial de adaptação.
TIPOS:
Gastrectomia Total: Exérese total do estômago e anastomose (união ou
comunicação de duas partes) do esôfago com o jejuno.
Gastrectomia parcial: Retirada parcial do estômago com anastomose
gastroduodenal ou gastrojejunal.

Pré-operatório:
 Instalação de SNG e lavagem gástrica quando prescrita;
 Todos os cuidados pré-operatório

Pós-operatório:
 Manter SNG aberta (ou de acordo com prescrição);
 Auscultar o abdome quanto ao retorno dos movimentos peristálticos
(informar ao médico);
 Durante a dieta manter o paciente em semi-fowler;
 Pode ocorrer esteatorréia resultado do rápido esvaziamento gástrico
CIRURGIAS DO TRATO DIGESTÓRIO
JEJUNOSTOMIA
É a comunicação cirúrgica do jejuno com o plano cutâneo da parede
abdominal.
INDICAÇÕES:
 Estenose e tumores esofagianos (com estômago inoperável);
 Gastrectomia total e descompressão digestória;
 Neoplasia gástrica inextirpável;
 Pancreatite aguda e traumática;
 Traumatismos do aparelho digestório.

FINALIDADE:

• Estabelecer uma via para administração da dieta (pode ser


temporária ou permanente).
ALIMENTAÇÃO

Temporária: Indicada quando o acesso ao trato digestivo está


prejudicado, para recuperação e manutenção do estado nutricional,
até que seja restabelecido o trânsito alimentar: estenose cáustica
envolvendo esôfago e estômago, e, eventualmente, em pacientes
com coma prolongado e passado de gastrectomia.

Definitiva: Como terapêutica paliativa em pacientes portadores de


neoplasia maligna irressecável do estômago. A jejunostomia
definitiva também está indicada em pacientes com a deglutição e o
apetite afetados, como nas doenças neurológicas:demência,seqüelas
de acidente vascular cerebral, onde o estômago não pode ser
utilizado ou não está disponível (passado de gastrectomia).
PRÉ-OPERATÓRIO:
 Cuidados gerais;
 Dieta líquida e mínima em resíduos;
 Enteróclise até que o retorno seja claro e limpo (contra indicado no
caso de abdome agudo )

PÓS-OPERATÓRIO:
 Manter a sonda aberta e anotar volume e aspecto da drenagem,
fechar após retorno do peristaltismo;
 Manter os frascos de alimento à altura do jejuno;
 As dietas devem ser administradas lenta e continuamente à
temperatura ambiente e agitada antes da administração;
 Atentar para diarreia e distensão abdominal;
 Pesar o paciente no mesmo horário.
ILEOSTOMIA
É a exteriorização cirúrgica do íleo (intestino delgado) na parede
abdominal formando um novo trajeto e local para a saída das fezes (que é
chamado de estoma).
Pode ser provisória ou definitiva.
INDICAÇÕES:
 Neoplasias;
 Colite isquêmica;
 Obstruções intestinais;
 Perfurações do cólon (retocolite ulcerativa e outros);
 Traumas (arma de fogo ou branca) e impalação;
 Fístulas e atresias anorretais.

COMPLICAÇÕES:
Prolapso, isquemia e necrose, distúrbios hidroeletrolíticos, infecção,
dermatite peri-estomal e alterações psicológicas que levam a problemas
PRÉ-OPERATÓRIO:
 Orientar para aceitação da modificação anatômica e adaptação à
nova forma de eliminação intestinal;
 Orientar o autocuidado e como manusear o dispositivo de
ileostomia;
 Prestar apoio emocional;
 Cuidados gerais do pré-operatório;
 Preparo intestinal conforma prescrição .

PÓS-OPERATÓRIO:
 Cuidados gerais do pós- operatório;
 Cuidados com a bolsa coletora, observar e anotar aspecto das
eliminações;
 Após retorno do peristaltismo, oferecer dieta fracionada, líquida e
sem resíduo, para evitar excitação do peristaltismo (deve-se evitar
alimentos muito quentes e muito frios);

COLOSTOMIA
É um procedimento cirúrgico que consiste em fazer-se uma abertura
na parede abdominal (estoma), temporária ou permanente, e ligar
nela uma terminação do intestino, pela qual as fezes e gases passam a
ser eliminados. A este estoma acopla-se uma bolsa adesiva, coletora
dos produtos intestinais.

INDICAÇÕES:
 A colostomia geralmente tem de ser feita quando há obstruções
transitórias ou permanentes do cólon terminal ;
 neoplasias;
 corpos estranhos introduzidos reto;
 amputação do reto ou para desviar o fluxo fecal durante alguma
terapêutica;
 lesões extensas ao redor do ânus ou como paliativo nos casos
de neoplasia obstrutiva inoperável.
A colostomia é identificada através da porção do intestino grosso que
é exteriorizada, sendo que a consistência da evacuação varia de
acordo com a região em que o intestino sofreu interrupção. São
basicamente quatro tipos de colostomia:
• Colostomia ascendente: o estoma é feito na alça ascendente do
intestino grosso, no lado direito do abdômen. Neste caso, as fezes
apresentam consistência semi-líquida.
• Colostomia transversa: o estoma é feito no intestino grosso
transverso e as fezes apresentam consistência pastosa.
• Colostomia descendente: o estoma é realizado na alça
descendente, no lado esquerdo do abdômen e as fezes apresentam
consistência semi-sólida.
• Colostomia sigmoide: o estoma é realizado no cólon sigmoide e,
neste caso, as fezes são firmes e sólidas.
PRÉ-OPERATÓRIO:

 Cuidados gerais do pré-operatório;


 Orientar o paciente quanto à autoimagem e cuidados com a
colostomia (higienização, troca de bolsa coletora);
 Dieta líquida, pobre em resíduos, jejum (CPM)
 Preparo intestinal (CPM);

PÓS-OPERATÓRIO:
 Dieta líquida ao retorno do peristaltismo;
 No 1º DPO encorajar o paciente para deambulação e autocuidado;
 Orientar os cuidados com a pele (lavar ao redor do estoma com água e
sabão) e adaptação correta da bolsa de colostomia;
 Observar funcionamento da colostomia, registrando aspecto das
eliminações;
 Orientações para alta (para o paciente e familiares,) quanto aos
cuidados com irrigação do estoma.
Quais são os cuidados que o paciente colostomizado deve
observar?
• Evitar carregar peso em excesso, que crie maior pressão intra-
abdominal.
• Evitar exercícios ou atividades que exijam grande esforço.
• Evitar o uso de cintas que possam comprimir o estoma.
• Evitar alimentos ou bebidas que produzam muitos gases.
• Mastigar bem os alimentos.
• Manter a pele em volta do estoma sempre limpa e depilada.
• Não usar, sobre a pele que circunda o estoma, substâncias
agressivas, como álcool. A limpeza da pele ao redor
da colostomia deve ser feita com água e sabão neutro.
• Não esfregar com força e não usar esponjas ásperas.
• Cuidar para que insetos, em especial as moscas, não pousem
na colostomia ou na pele ao redor.
OBSERVAÇÕES:
 Medir o estoma para determinar o tamanho correto da bolsa;
 A abertura da bolsa deve ser cerca de 0,3 cm maior que o estoma;
 Existe variedade de bolsas e a maioria são descartáveis e
resistentes a odores;
 Cobrir o estoma durante a limpeza;
 A irrigação tem a finalidade de esvaziar o cólon de gazes, muco e
fezes, para que o paciente possa participar de suas atividades
sociais e profissionais sem temores com a drenagem fecal;
 Aconselhar à higiene corporal antes de colocar o dispositivo limpo;
 Lavagens frequentes na área (sabão neutro) remove resíduos
enzimáticos do transbordamento fecal;
 Encorajar o paciente para retorno de atividade sexual habitual.
COMPLICAÇÕES DA COLOSTOMIA:
 Prolapso do estoma;
 Retração do estoma;
 Irritação da pele peri-estoma;
 Infecções;
 Necrose do coto.
COLECTOMIA
É a ressecção total ou parcial do cólon (intestino grosso).
O reto pode ou não ser preservado, quando o reto é retirado o termo
passa a ser proctocolectomia.

INDICAÇÕES:
Neoplasias, traumas (arma de fogo e branca), colite ulcerosa,
isquemia mesentérica, megacólon.

PRÉ-OPERATÓRIO:
 Cuidados gerais do pré-operatório;
 Enemas diários sob prescrição,
 Estimular ingestão hídrica;
 Anotar volume e aspecto das evacuações.
PÓS-OPERATÓRIO:
 Manter SNG aberta;
 Anotar volume e aspecto da drenagem;
 Cuidados gerais, observações;
 Higiene e conforto.

COMPLICAÇÕES:
Infecções, deiscência da linha de anastomose.
FISTULECTOMIA
É a excisão do trajeto da fístula.

Fístula anal: A fístula anorretal é um trajeto anormal, como se fosse um


túnel, desde o ânus ou reto até a pele próxima ao ânus, ainda que,
ocasionalmente, ele possa ir até outro órgão (p.ex. vagina). Consiste
numa uma infecção local dolorosa com secreção permanente.

Causas: hábito intestinal irregular com eliminações ressecadas, trauma,


infecções.

PRÉ-OPERATÓRIO:
 Cuidados gerais

PÓS-OPERATÓRIO:
 Manter paciente em decúbito lateral, dieta laxativa (pastosa ou
semi-pastosa conforme prescrição), curativo local com observações.
HEMORROIDECTOMIA
É a ressecção das dilatações varicosas anorretais.
Hemorroida é a dilatação varicosa das veias anorretais devido à
pressão venosa persistentemente elevada no plexo hemorroidário.

PRÉ-OPERATÓRIO:
 Cuidados gerais e preparo da área.

PÓS-OPERATÓRIO:
 Cuidados gerais;
 Manter paciente em decúbito lateral;
 Observar ocorrência de sangramento;
 Retirar tampão (CPM);
 Dieta laxativa, pastosa ou semi-pastosa;
 Observar função intestinal, anotando aspecto das evacuações.
GASTROSTOMIA
A Gastrostomia é uma intervenção cirúrgica que proporciona uma
ligação direta entre o exterior e o estômago, desfazendo o trajeto
natural da digestão, boca, laringe e então estômago. O objetivo da
Gastrostomia é justamente impedir que os alimentos fluam pela via
normal em função de patologia ou disfunção anatômica, ou mesmo
para que seja minimizado o risco de infecção após procedimentos
cirúrgicos.

INDICAÇÕES:
 Pacientes com grave disfagia;
 Pacientes inconscientes, comatosos e debilitados;
 Refluxo gastresofágico intenso com complicações;
 Risco de pneumonia por aspiração.
OBJETIVO:
Usado para nutrição prolongada e administração de alimentos e
líquidos.
TIPOS DE GASTROSTOMIA:

As gastrostomias podem ser classificadas em operatórias e


percutâneas. Operatória é aquela realizada no centro cirúrgico, com
aceso a cavidade abdominal por via laparoscópica ou laparotômica e
raramente sob anestesia local sendo na maioria das vezes sob
anestesia geral. A percutânea também deve ser realizada
preferencialmente no centro cirúrgico, o cateter é colocado sob
orientação endoscópica não necessitando, portanto, de laparotomia e
são realizadas na maioria das vezes sob anestesia local.
TIPOS DE GASTROSTOMIA:
• STAM- temporária e permanente
• JANEWAY- permanente
• GASTROSTOMIA ENDOSCÓPICA PERCUTÂNEA –temporária (trocad
e acordo coma validade ou intercorrência).
PRÉ-OPERATÓRIO:
 É importante, antes da realização da gastrostomia, que o paciente
esteja sob um jejum de cerca de 8 a 12 horas para reduzir os riscos
de aspiração e das complicações conseqüentes ao extravasamento
do conteúdo gástrico na cavidade peritoneal;
 Em alguns pacientes podem ser necessárias a aspiração e a
lavagem gástrica;
 Explicar ao paciente sobre o procedimento e oferecer apoio
emocional.
PÓS-OPERATÓRIO:
 Manter sonda aberta e observar condições, aspecto e volume das
drenagens;
 Observar a pele diariamente: sinais de irritação ou escoriação, em
virtude da ação enzimática do suco gástrico que vaza ao redor da
sonda;
 Na presença de peristaltismo administrar 30 a 60 ml de água ou
glicose 10% de cada vez
 Após administração da dieta ou líquido lavar a sonda e manter a
sonda fechada;
 Orientar o paciente para o auto cuidado

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