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CONSTIPAÇÃO INTESTINAL

Prof. Mara Alves

COMO SE CARACTERIZA O HÁBITO INTESTINAL?


● pseudoconstipação
○ lactente em aleitamento materno com evacuações macias < 3x/semana
● disquezia
○ critérios de diagnóstico para disquezia infantil
■ deve incluir em um bebê < 9 meses de idade:
● pelo menos 10 minutos de esforço e choro antes de passagem
bem ou mal sucedida de fezes moles
● nenhum outro problema de saúde

FISIOLOGIA DA DEFECAÇÃO

POR QUE EU DEVO ESTUDAR CONSTIPAÇÃO NA FACULDADE?


● alta prevalência + alta morbidade + elevados custos
1. uma revisão sistemática e meta-análise de 2018 relatou que a prevalência
mundial de constipação funcional em crianças é de 9,5% (IC de 95% 7,5-
12,1%)
2. a prevalência de constipação intestinal no primeiro ano de vida é de 2,9% e
aumenta para 10,1% no segundo ano de vida, sem diferença entre meninos e
meninas
3. um estudo de coorte do Brasil relatou prevalência de constipação intestinal de
27% aos 24 meses
4. é distribuída igualmente entre as diferentes classes sociais, sem relação com
o tamanho da família, posição ordinal da criança na família ou idade dos pais
5. meninos apresentaram maiores taxas de incontinência fecal do que meninas.
6. durante a adolescência, passa a ser mais prevalente no sexo feminino
7. Nos antecedentes familiares, constata-se maior frequência de constipação nas
mães (cerca de 40%) do que nos pais (cerca de 10%)

POR QUE É TÃO FREQUENTE?

DEFINIÇÕES E ETIOLOGIA
Definição
● < 3 evacuações/semana
● > 1 episódio de incontinência fecal/semana
● presença de fezes volumosas no reto ou palpáveis no abdome
● eliminação de fezes volumosas que obstruem o vaso sanitário
● comportamento retentivo
● defecação dolorosa/desconfortável

Sinais de alerta
● retardo na eliminação de mecônio
● distensão abdominal
● déficit de crescimento
● posição anormal do ânus
● idade de início precoce
● ausência de comportamento de retenção
● ausência e escape fecal
● ampola retal vazia
● presença de sintomas extra-intestinais
● febre, vômitos, diarreia com sangue
● falta de resposta ao tratamento convencional
● história familiar de D; de Hirschsprung

Causas orgânicas: primárias


● anatômicas
○ ânus imperfurado
○ estenose anal
○ ânus anteriorizado
○ massa pélvica (teratoma sacral)
● anormalidades de músculos ou nervos intestinais
○ doença de Hirschsprung
○ displasias neuronal intestinal
○ miopatias viscerais

Causas orgânicas: secundárias


● metabólicas e endócrinas
○ hipotireoidismo
○ hipercalcemia
○ hipocalemia
○ diabetes mellitus
● condições neurológicas
○ anormalidades da medula espinhal congênito ou adquirido (trauma)
○ neurofibromatose
○ encefalopatia crônica
● efeito colateral de drogas
○ opiáceos
○ fenobarbital
○ antiácidos
○ antidepressivos

Funcional simples: multicausal


● alimentação
● atividade física/inatividade
● disbiose intestinal
● treinamento esfincteriano
● evento desencadeador
○ evacuação dolorosa → retenção → dor → retenção

Manutenção
● ansiedade da criança/mãe/família
● ganhos da criança
● desenvolvimento de comportamento retentivo

CCF DE DIFÍCIL MANEJO

Adolescentes
● trânsito colônico lento
● disfunção do assoalho pélvico
○ obstrução de saída
● sensibilidade anorretal diminuída

QUADRO CLÍNICO

ANAMNESE
● queixa
○ tempo
○ características das fezes
○ sintomas associados
○ uso de medicamentos laxativos
● momento da eliminação de mecônio
● antecedentes familiares
○ atopia
○ constipação
● alimentação
○ LM
○ hábito alimentar
○ líquidos
● treinamento esfincteriano
○ pré-escolar
● uso de medicamentos
● sintomas intestinais (dor à evacuação, escape fecal) e extraintestinais (ITU)
● fatores emocionais

EXAME FÍSICO
● estado geral e desenvolvimento pondoestatural
● exame neurológico e da região lombossacra
● exame da região anal e toque retal
● busca ativa por achados característicos de doenças específicas
● massa fecal palpável no abdome
● distensão abdominal
● fissura anal
● fezes impactadas na ampola retal

DIAGNÓSTICO

Critérios de Roma IV
EXAMES COMPLEMENTARES

Funcional
1. iniciar tto
2. observar resposta

Orgânica
1. rx simples
a. abdome
b. coluna lombo-sacra
2. enema opaco
3. avaliação de trânsito
a. rx, cintilografia
4. manometria anorretal
5. defecografia
6. biópsia retal
7. anti-TTG IgA, TSH, T4, ionograma

TRATAMENTO
1. desimpactação
a. PEG ou enemas
2. manutenção
a. osmóticos: PEG, lactulose, leite de magnésia
b. emolientes: óleo mineral
c. estimulantes
3. educação e recondicionamento
4. promoção de saúde
5. seguimento

● probióticos e prebióticos
○ uso como rotina não está recomendado
● terapia comportamental
○ terapias com protocolos bem estabelecidos não são recomendadas
○ alterações comportamentais → desmistificação, explicações e ajuda para o
desfralde (em crianças maiores de 4 anos)
● fibras
○ sem evidências
● fluidos
○ sem evidências para aumento de consumo de água ou outros fluidos como tto

1. manutenção
a. pelo menos 2 meses
2. sintomas resolvidos por pelo menos 1 mês
3. diminuição gradual
4. crianças em desfralde
a. manter até controle esfincteriano adquirido

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