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Universidade José do Rosário Vellano

Faculdade de Medicina - UNIFENAS

Pré-Natal de Risco Habitual

Henrique Trombini
Varginha - 2022
Consulta Pré Natal
Pré-Natal
“O objetivo do acompanhamento pré-natal é assegurar o
desenvolvimento da gestação, permitindo o parto de um
recém-nascido saudável, sem impacto para a saúde materna,
inclusive abordando aspectos psicossociais e as atividades
educativas e preventivas.”

Caderno de Atenção Básica, Vol 32 – Ministério da Saúde, 2012


Agenda das Consultas
“Refere-se ao conjunto de consultas ou visitas programadas da
gestante objetivando o acompanhamento da gestação e
obtenção de adequada preparação para o parto e puerpério.”

0-4 4-8 8-12 12-16 16-20 20-24 24-28 28-32 32-36 36-40
1 1 1 1 1 1 1 2 2 4
Mensais Quinzenais Semanais

Fonte: Tratado de Medicina da Família e Comunidade


Roteiro para
Consultas
Anamnese
1ª consulta

História obstétrica atual:


Aspectos psicossociais relacionado à gestação

“Como você se sente em relação a gestação?”

Tabela – Sintomas comuns à gravidez


Náuseas Constipação Sangramento Polaciúria

Vômitos Cefaleia Corrimento Edema


vaginal

Dor Síncope Disúria Varizes


abdominal
Histórico pessoal
1ª consulta

Tabela – História pregressa, geral e reprodutiva


História Clínica História História Obstétrica História Familiar
Ginecológica
Comorbidades Menarca Gestações prévias Doenças sistêmicas
Tratamentos Característica dos Partos prévios Doenças do
• Clínicos ciclos Via de parto aparelho
• Cirúrgicos Anticoncepção Intercorrências reprodutor
Hemotransfusões DSTs • Sangramentos
Alergias Outras doenças e • Abortamentos
Uso de drogas tratamentos • Natimortos
lícitas ou ilícitas prévios
Vacinação Data do último
colpocitológico
Estratificação do Risco Gestacional

Em todas as consultas deve se avaliar o risco obstétrico


e perinatal.
Idade Gestacional
Somar o número de dias desde a DUM até o dia atual.
Dividir por sete.
Ex: DUM em 19/12/2021
Dezembro 12+
Janeiro: 31 +
Fevereiro: 28 +
Março: 31 +
Abril: 30 +
Maio: 09 +
. .
141 / 7 = 20 semanas, 1 dia
Data Provável do Parto
Tabela - Regra de Nagele pela data da última menstruação
Janeiro, Fevereiro e Março Abril em Diante

Se exceder 30/31:

Somar 7 ao dia da DUM Somar 7 ao dia da DUM Somar 7 ao dia da DUM


Somar 9 ao mês da DUM Subtrair 3 ao mês da DUM Subtrair 3 ao mês da DUM
Somar 1 ao ano Somar 1 ao ano

Exemplo: Exemplo: Exemplo:


DUM: 01/01/2022 DUM: 09/05/2022 DUM: 30/05/2022
DPP: 08/10/2022 DPP: 16/02/2023 DPP: 06/02/2023
Orientações
1ª consulta

● Suplementação de ferro (40 – 60 mg/dia)


● Início no 2º trimestre, até o 3º - 6º mês do puerpério

● Suplementação de ácido fólico (400 – 600 mcg/dia)


● 2 meses antes de engravidar e nos 2 primeiros meses de gestação
Situações de Urgência
Situações de urgência e quando procurar o PS ou Maternidade:

• sangramento vaginal
• cefaleia
• escotomas visuais
• epigastralgia
• edema excessivo
• contrações regulares
• perda de líquido
• diminuição da movimentação fetal
• febre
• dor em “baixo ventre”
• dispneia e cansaço
Exame Físico
Geral
Antropometria
Aferição do Peso, Altura e Semana
Gestacional: IMC por IG
Ganho de peso: 10 – 15% do peso
corporal prévio

Obesidade e Sobrepeso
• Diabetes Gestacional
• HA
• Pré-eclâmpsia
• Parto distócico
• Cesareana
• TVP
• Complicações anestésicas

Baixo Peso
• Risco de trabalho de parto prematuro
Avaliação Cardiovascular
Medida da Pressão Arterial
“Os guidelines recomendam a medida da PA em todas as consultas de
pré-natal (grau de recomendação C).”

Pesquisa de edema
• Membros inferiores (pré tibial, pré maleolar)
• Região sacral
• Face, membros superiores

Identificação de Veias Varicosas


Síndromes Hipertensivas
Tabela – Classificação das Síndromes Hipertensivas na Gestação
HA Gestacional “Caracterizada pela ocorrência de HA após a 20ª semana sem a presença de
proteinúria. Define ‑se HA na gestação como a presença de PAS ≥140 mmHg
e/ou PAD ≥90 mmHg, considerando ‑se o 5º ruído de Korotkoff, confirmada
por outra medida realizada com intervalo de 4 horas.”
HA Crônica “A HA crônica e definida pela detecção de HA precedendo a gestação ou
antes de 20 semanas.”

Pré- Eclâmpsia “Definida pela presença de HA apó a 20ª semana associada a proteinúria
significativa (> 300 mg/24h). Na ausência de proteinúria significativa, o
diagnostico pode ser baseado na presença de cefaleia, turvação visual, dor
abdominal, plaquetopenia (menos que 100.000/mm³), elevação de enzimas
hepáticas (o dobro do basal), comprometimento renal (acima de 1,1 mg/dl ou
o dobro do basal), edema pulmonar, distúrbios visuais ou cerebrais,
escotomas ou convulsão.”

Eclâmpsia “A eclâmpsia é definida como a presença de convulsões do tipo grande mal


em uma gestante com PE.”

Fonte: VII Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial – Sociedade Brasileira de Cardiologia – 2016
Síndromes Hipertensivas
Tabela – Sumário dos Distúrbios Hipertensivos da Gestação
Hipertensão Hipertensão Pré-Eclâmpsia Eclâmpsia
Crônica Gestacional
Início após a
20ª semana
X ✔ ✔ ✔
Proteinúria
X* X ✔/X**
Convulsões
X ✔

* Exceto se dano renal prévio à gestação


* * Cefaleia, turvação visual, dor abdominal, plaquetopenia (menos que
100.000/mm³), elevação de enzimas hepáticas (o dobro do basal),
comprometimento renal (acima de 1,1 mg/dl ou o dobro do basal), edema
pulmonar, distúrbios visuais ou cerebrais, escotomas.
Exame Físico
do
Aparelho Reprodutor
Avaliação inicial
1ª consulta

Exame das mamas


• Inspeção estática e dinâmica: Simetria, alterações do contorno, abaulamento ou
espessamento da pele, coloração, textura, circulação venosa, tipo de mamilo.
• Palpação de mamas, região supraclavicular e axilar: Em busca de alterações de
textura, nódulos, abaulamentos, entre outros.

Alterações Fisiológicas
• 5a semana: mamas doloridas
• 8a semana: glândulas secundárias na aréola primária - Tubérculos de Montgomery
• 16a semana: rede de Haller - aumento da vascularização
• 20a semana: Sinal de Hunter - hiperpigmentação dos mamilos
Avaliação inicial
1ª consulta

Citologia oncótica
• Conforme calendário geral (Ministério da Saúde: 2016)
• Mulheres à partir de 25 anos até 65 anos completos
• Frequência anual, mas se dois exames consecutivos negativos: 3 anos de intervalo
Exame especular
Conforme necessidade

Realizado conforme a necessidade, orientados pela história e queixas da


gestante:
• Detecção de anormalidades anatômicas
• Avaliação da cérvice uterina
• Diagnóstico de DSTs

Sinal de Jacquemier ou Chadwick


Coloração violácea da mucosa vulvar, meato uretral e vestíbulo

Toque bimanual
• Sensibilidade à movimentação uterina
e anexos
• Volume uterino
(regularidade e compatibilidade
com a amenorreia)
Palpação Obstétrica
3º Trimestre
Técnica:
1. Delimite o fundo do útero com a borda cubital de ambas as
mãos e reconheça a parte fetal que o ocupa;

2. Deslize as mãos do fundo uterino até o polo inferior do útero,


procurando sentir o dorso e as pequenas partes do feto;

3. Explore a mobilidade do polo, que se apresenta no estreito


superior pélvico;
Palpação Obstétrica
3º Trimestre
Manobras de Leopold-Zweifel
1ª manobra 2ª manobra 3ª manobra 4ª manobra
Situação Posição Apresentação (de) Flexão
Verifica a se o maior Na situação Na situação Determina se o polo
eixo do feto está longitudinal, longitudinal, cefálico fetal que se
longitudinal, determina o lado em determina o polo apresenta no estreito
transverso ou oblíquo que se encontra o fetal que se superior da pelve
em relação ao eixo dorso fetal, se à apresenta no estreito materna encontra-se
longitudinal materno direita ou à esquerda superior da pelve fletido ou defletido
da gestante materna
Altura uterina
Determinada pela medida (em cm) da distância entre a borda
superior da sínfise púbica e o fundo uterino

Posicionamento
1. Gestante em posição supina, com 90o de flexão do quadril e
joelho, expondo o períneo;
2. Gestante em uma superfície plana, com os membros em
extensão e bexiga vazia.
Altura uterina
Parâmetros:
Até a 6ª semana: sem alteração no tamanho
Na 8ª semana: tamanho é o dobro do normal
Na 10ª semana: três vezes o habitual
Na 12ª semana: palpável na sínfise púbica
Na 16ª semana: entre a sínfise e cicatriz
umbilical
Na 20ª semana: à altura da cicatriz umbilical
Na 38ª semana: ao nível do apêndice xifóide
Na 40ª semana: menor que na 38ª semana
Altura uterina
Medidas persistentes abaixo do P10
• Erro de cálculo da idade gestacional?
• Oligodrâmnio
• Crescimento fetal restrito
• Morte fetal?

Medidas persistentes acima do P90


• Erro de cálculo da idade gestacional?
• Gestação gemelar, Mola hidatiforme
• Polidrâmnio, Macrossomia
• Miomatose e Obesidade
Ausculta de BFCs
Ritmo regular,
FC: 120 a 160 bpm

1 minuto, ou
15 segundos x 4

Sonar Doppler
12ª semana em diante

Estetoscópio de Pinard
20ª semana em diante
Ausculta de BFCs

Efeito Poseiro:
No 3o trimestre, bradicardia fetal com a mãe em
decúbito dorsal.
Conduta: lateralizar a paciente

Alarme:
Frequência inadequada, persistindo por 10 minutos de
observação
Conduta: Encaminhar ao Centro Obstétrico
Exames complementares
Cuidados Pré Natais
1o Trimestre 2o Trimestre 3o Trimestre
ABO/RH
Hemograma Hemograma
Coombs indireto (RH -) Coombs indireto (RH -) Coombs indireto (RH -)
Glicemia de jejum TOTG 75g Glicemia de jejum
VDRL ou teste rápido VDRL
Anti HIV ou teste rápido Anti HIV
Toxoplasmose IgG IgM Se IgG não reagente
HbsAg HbsAg
EAS + Urocultura EAS + Urocultura
US Obstétrico US Obstétrico US Obstétrico
Citopatológico Swab vaginal/perianal
Hemograma
Frequência: 1º e 3º trimestre

“A anemia durante a gestação pode estar associada a um risco aumentado de


baixo peso ao nascer, mortalidade perinatal e trabalho de parto prematuro.

Os fatores de risco para anemia na gestação são:

• Dieta com pouco ferro, vitaminas ou minerais;


• Perda de sangue decorrente de cirurgia ou lesão;
• Doença grave ou de longo prazo (como câncer, diabetes, doença nos rins,
artrite reumatoide, Aids, doença inflamatória do intestino, doença no
fígado, insuficiência cardíaca e doença na tireoide);
• Infecções de longo prazo;
• Histórico familiar de anemia herdada, como talassemia e anemia
falciforme.”
Hemograma
Frequência: 1º e 3º trimestre

Hb >= 11 mg/dl Hb: 10,9 e 8 mg/dl Hb <= 8 mg/dl


Classificação Adequada Anemia leve a Anemia Grave
moderada
Conduta Dose profilática: Dose terapêutica: PN alto risco
Fe elementar 60 Fe elementar 120 - 240
mg/dia (1 drágea) mg/dia (2-4 drágeas)
a partir da 20a
semana (ou 2o Repetir o exame em 30
trimestre) a 60 dias

Se boa resposta,
reduzir à dose
terapêutica e manter
até 6 meses após o
parto
Tipagem ABO/RH
COOMBS indireto
Doença hemolítica perinatal

“Caracteriza-se pela hemólise fetal, com suas múltiplas e graves repercussões


sobre a vitalidade do feto. “

Tem como pré-requisito a transfusão de sangue com fator Rh positivo para a


mulher com fator Rh negativo. A incompatibilidade sanguínea materno-fetal,
leva a formação de anticorpos maternos, que atravessam a barreira
placentária e agem contra antígenos eritrocitários fetais.

“Ocorre, neste caso, uma reação antígeno-anticorpo que promove a hemólise


eritrocitária. Isso representa, em maior ou menor grau, o principal
determinante das diversas manifestações clínicas da doença (anemia,
hipóxia).”
Tipagem ABO/RH
Frequência: 1º trimestre

Tabela – Conduta de acordo com RH dos pais


Gestante RH positivo Gestante RH negativo

Parceiro RH negativo Parceiro RH positivo


ou
Não é possível
determinar

Encerra a investigação Encerra a investigação Acompanhar com


Coombs Indireto
COOMBS indireto
Frequência: conforme necessidade

Tabela – Conduta de acordo com resultado do COOMBS indireto


COOMBS indireto Positivo Negativo
Significado Gestante sensibilizada Gestante não sensibilizada
Conduta PN de alto risco À partir de 24 – 28 semanas:
COOMBS indireto de 4/4 semanas;
Procedimentos Imunoglobulina anti-D pós parto, se o RN for
Rh positivo e coombs direto for negativo,
adicionais após abortamento, gestação ectópica,
gestação molar, sangramento vaginal ou
após procedimentos invasivos (biópsia de
vilo,
amniocentese, cordocentese), se mãe Rh (-)
e pai Rh (+).
Glicemia de Jejum
Frequência: 1º e 3º trimestre

“Diabetes Gestacional: Trata-se de uma intolerância a carboidratos de


gravidade variável, que se iniciou durante a gestação atual, sem ter
previamente preenchido os critérios diagnósticos para Diabetes Mellitus
franco.”

“Na primeira consulta pré-natal, deve ser solicitada glicemia de jejum, com o principal
objetivo de detectar o diabetes preexistente.”

“Se o valor encontrado for ≥ 126 mg/dL, será feito o diagnóstico de DM diagnosticado
na gestação.”

“Se a glicemia plasmática em jejum for ≥ 92 mg/dL e < 126 mg/dL, será feito o
diagnóstico de DMG. Em ambos os casos, deve-se confirmar o resultado com uma
segunda dosagem da glicemia de jejum.”

Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2019-2020


TOTG após 75g de glicose
Frequência: 2º trimestre

“Caso a glicemia antes da 20ª semana seja < 92 mg/dL, a gestante deve rea
lizar um novo TOTG no segundo trimestre, entre a 24a e 28a semanas de
gestação.”

Fonte: Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2019-2020


Urinálise
Frequência: 1º e 3º trimestre

Tabela – Alterações no exame sumário de urina


Glicosúria Proteinúria Bacteriúria
Urocultura
Frequência: 1º e 3º trimestre

Infecção Urinária:
Complicação clínica mais frequente na gestação (17% a 20%)

Risco:
Está associada à rotura prematura de membranas, ao aborto, ao trabalho de
parto prematuro, à corioamnionite, ao baixo peso ao nascer, à infecção
neonatal, além de ser uma das principais causas de septicemia na gravidez.

Micro-organismos
Aqueles da flora perineal normal, principalmente a Escherichia coli, que
responde por 80% a 90% das infecções.
Outros gram-negativos (como Klebsiella, Enterobacter e Proteus) respondem
pela maioria dos outros casos, além do enterococo e do estreptococo do
grupo B.”
Urocultura
Frequência: 1º e 3º trimestre

Bacteriúria Cistite aguda Pielonefrite


assintomática
Acometimento Trato urinário Ureter, pelve e
inferior – uretra e parênquima renal
bexiga urinária
Sintomatologia Ausente Sintomas Sintomas sépticos
irritativos
Urinálise ≥ 100.000 UFC/mL, Leucocitúria, Hematúria
Tratamento Cefalexina, 500m, 4x/dia, 7 dias
(gestante) Cefuroxima 250 mg, 3x/dia, 7 dias
Nitrofurantoína 100 mg, 4x/dia, 7 dias
Toxoplasmose
Frequência: 1º trimestre e conforme necessidade

“A toxoplasmose é uma zoonose causada pelo Toxoplasma


gondii e adquire especial relevância quando atinge a gestante,
visto o elevado risco de acometimento fetal.

Entre os agravos anatômicos e funcionais decorrentes da


toxoplasmose congênita podem ser descritos restrição de
crescimento intrauterino, morte fetal, prematuridade e/ou
manifestações clínicas e sequelas como microftalmia, lesões
oculares, microcefalia, hidrocefalia, calcificações cerebrais,
pneumonite, hepatoesplenomegalia, erupção cutânea e retardo
mental.”
Toxoplasmose
Frequência: 1º trimestre e conforme necessidade

Tabela - Possível painel de resultados imunológicos e conduta


IgM - IgM +
Susceptível Infecção aguda?
Falso positivo?
IgG -
Aconselhar IgA disponível: IgA indisponível:
Rastreio - IgA +: Doença aguda - Espiramicina
trimestral? - IgA -: Falso positivo - PN alto risco
- Repetir IgG em 3 sem
Infecção Infecção aguda? ou
Passada Infecção passada?
IgG + (mas recente)
Imune Teste avidez IgG disponível, e Teste avidez IgG
IG < 12 semanas: indisponível, ou IG > 12
- Alta avidez: Imune semanas:
- Baixa avidez: recente - Espiramicina
- PN de Alto Risco
HBSAg
Frequência: 1º e 3º trimestre

“O rastreamento para hepatite B deve ser oferecido para todas


as mulheres grávidas, a fim de oferecer vacinação para as
mulheres susceptíveis e intervenções no pós-parto para as
mulheres infectadas, de modo a diminuir o risco de transmissão
materno-fetal.”

“Para isso, o antígeno de superfície da hepatite B (HBsAg) deve


ser solicitado nos exames pré-concepcionais, na primeira
consulta de pré-natal, e ser repetido no terceiro trimestre.”
HBSAg
Frequência: 1º e 3º trimestre

“Se for HBsAg reagente, solicite HBeAg e transaminases. A


gestante com HBsAg reagente e com HBeAg reagente deve ser
encaminhada ao serviço de referência para gestação de
alto-risco;”

“Toda gestante HBsAg não reagente (...) deve receber a vacina


para hepatite B. Devemos coletar o anti-HbsAg em gestantes que
não sabem se tomaram a vacina.

As gestantes com vacinação incompleta devem completar o


esquema vacinal já iniciado.”
Rastreamento do GBS
Frequência: somente no 3º trimestre

Estreptococos beta-hemolítico do grupo B:


(streptococcus agalactiae)

“O estreptococo do grupo B pode colonizar o trato gastrointestinal, a vagina


ou a uretra, de forma assintomática (...). A infecção é transmitida pela mãe
durante a passagem pelo canal de parto.”

“Apenas 1:2000 recém-nascidos têm a infecção pelo estreptococo do grupo B


geralmente evidenciada como doença respiratória, sépsis ou meningite na
primeira semana de vida.”
Rastreamento do GBS
Frequência: somente no 3º trimestre

Estreptococos beta-hemolítico do grupo B:


(streptococcus agalactiae)

“A coleta para cultura de estreptococo do grupo B é recomendada de forma


sistemática para todas as gestantes entre 35 e 37 semanas de gestação, para
determinar a colonização pelo estreptococo do grupo B no trato genital e
intestinal (CDC, Estados Unidos) (grau de recomendação B).”

“Recomendação:

Neste momento, não se tem elementos suficientes para recomendar a


realização sistemática da coleta de estreptococo do grupo B em gestantes e
o uso de antibiótico intraparto.”
Ministério da Saúde
VDRL
Frequência: 1º e 3º trimestre

“A sífilis é uma doença infecciosa sistêmica, de evolução crônica, sujeita a


surtos de agudização e períodos de latência. É causada pelo Treponema
pallidum, uma espiroqueta de transmissão sexual ou vertical que pode causar
respectivamente a forma adquirida ou congênita da doença.”

“A sífilis na gestação requer intervenção imediata, para que se reduza ao


máximo a possibilidade de transmissão vertical.”

“As manifestações clínicas variam desde o abortamento espontâneo à morte


perinatal, ocorrendo em cerca de 40% das gestantes infectadas não tratadas.”
VDRL
Frequência: 1º e 3º trimestre

“Sífilis primária - cancro duro


Tal lesão pode estar localizada internamente na vagina e no colo uterino e
não ser percebida pela mulher.

Sífilis secundária
Erupções cutâneas eritematosas generalizadas, de característica
exantemática (roséolas sifilíticas), pápulas palmo-plantares
eritemato-descamativas, alopecia e placas úmidas na região vulvar e perineal
(condiloma plano).

Sífilis terciária
Alterações em órgãos e aparelhos, como o sistema cardiovascular e nervoso
(Neurossífilis). A lesão característica é a goma ou tubérculo sifilítico, que pode
ocorrer na pele, nos ossos, no cérebro e no coração, entre outros órgãos.”
VDRL
Frequência: 1º e 3º trimestre

Classificação Característica

Primária Lesão genital


Secundária Lesões dermatológicas
Terciária Lesões disseminadas
Latente recente Assintomática, adquirida há menos de 1 ano

Latente tardia Assintomática, adquirida há mais de 1 ano

Latente ignorada Assintomática, adquirida em momento


indeterminado
VDRL
Frequência: 1º e 3º trimestre

Valores de referência:
• Positivo: 1/8 (1/16, 1/32, 1/64, etc..)
• Negativo, ou baixos títulos como 1/2 e 1/4 (cicatriz sorológica)

Classificação Penicilina G Benzatina Aplicação


Primária
1.200.000 U em cada
Secundária nádega 1 vez
Latente recente (total: 2.400.000 U)

Latente tardia
1.200.000 U em cada 1 vez por semana
Latente ignorada nádega durante 3 semanas
Terciária (total: 2.400.000 U)
VDRL
Frequência: 1º e 3º trimestre

Cura sorológica:
• Queda dos títulos em 2 diluições
• Ex: de 1/8 para 1/2, ou de 1/128 para 1/32

Repetir o VDRL:
• Acompanhar por 12 meses após o tratamento
• Mensalmente durante a gestação
• Trimestralmente após o parto

Re-tratamento:
• Se aumento da titulação em 2 diluições em relação ao último exame
• Ex: de 1/2 para 1/8
• Possíveis causas: Reinfecção (parceiro não tratado ou novo parceiro),
neurossífilis ou manifestações tardias por tratamento inadequado
VDRL
Frequência: 1º e 3º trimestre

Reação de Jarisch Herxheimer

Após a dose terapêutica inicial na doença


recente:
• Exacerbação das lesões cutâneas,
• Febre com outros sintomas gerais
(adinamia, artralgias, mialgia).

“Esta reação tem involução espontânea em


12 a 48 horas, exigindo apenas cuidado
sintomático.

Não justifica a interrupção do tratamento e


não significa alergia à droga.”
Anti-HIV I e II
Frequência: 1º e 3º trimestre

“Quando a mulher inicia o pré-natal sem ter realizado exames


pré-gestacionais, o teste antiHIV deve ser oferecido na primeira consulta de
pré-natal e ser repetido no início do terceiro trimestre gestacional, após
consentimento e aconselhamento pré e pós-teste.”

“Toda gestante infectada pelo HIV deve receber Tarv durante a gestação.”
“O primeiro estudo clínico que utilizou terapia antirretroviral (ARV) com o objetivo de reduzir as
taxas de transmissão vertical do HIV foi o Protocolo 076, do Pediatrics Aids Clinical Trial Group
(PACTG 076). Este foi um estudo randomizado, com placebo controlado, que utilizou um
protocolo constituído de zidovudina (AZT) oral a partir da 14ª semana, com AZT endovenoso (EV)
4 horas antes do parto e AZT por solução oral para o recém-nascido durante 6 semanas. Esta
intervenção reduziu a taxa de transmissão vertical do HIV em 67,5%. As taxas de transmissão
vertical foram de 25% no grupo placebo e de 8,3% no grupo que recebeu a intervenção com
AZT”
Cuidados Pré Natais

• Ultrassonografia Obstétrica e Morfológica:


− Realização precoce no 1o trimestre:
− Mais precisão na datação da gestação
− Detecta gestação múltipla
− Reduz taxa de indução de parto na gestação pré-termo
Vacinação
Cuidados Pré Natais
• Antitetânica ou dTPA
− Mulheres não vacinadas (2 doses de dT e 1 dose de dTpa
a partir da 20ª semana)
− Reforço a cada gestação: dTpa a partir da 20ª semana

• Hepatite B:
− Indicação: Mulheres não vacinadas
− 3 doses (D0, D30 e D180)

• Influenza (vírus inativado)


− Dose única
Obrigado!
Referências Bibliográficas
1. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Cadernos de Atenção Básica -
Atenção ao Pré-Natal de Baixo Risco. 1a ed. Brasília: Editora do
Ministério da Saúde, 2012.

2. GUSSO, G.; LOPES, J. M. C. Tratado de medicina de família e


comunidade: princípios, formação e prática. 2a ed. Porto
Alegre: Artmed, 2012.

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