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SEMIOLOGIA DERMATOLÓGICA

LESÕES ELEMENTARES

O exame clínico dermatológico deve ser realizado em ambiente iluminado, de preferência luz solar. O exame físico
precede a anamnese, que é guiada pelos achados dermatológicos. Especial atenção deve ser dada ao histórico
medicamentoso do paciente, devido a sua importância vital ao diagnóstico das reações tegumentares adversas às
drogas.

Anamnese detalhada é imperiosa quanto aos alimentos, hábitos pessoais, profissão, exposição a fatores ambientais,
particularmente nas dermatoses profissionais ou alérgicas como a dermatite de contato.

Lesões elementares

Podemos definir como padrões de alteração no tegumento cujo reconhecimento permite a construção de hipóteses
diagnósticas.

Exame dermatológico objetivo: Inspeção, palpação, digitopressão, compressão.

- Inspeção: ambiente iluminado, se houver muitas lesões ficar a pelo menos 1m de distância do paciente para poder
analisar melhor

- Palpação: mobilidade, dor, elasticidade, pinçamento para avaliar consistência e espessura

- Digitopressão: ponta de dedos ou lâmina, faz interrupção do fluxo sanguíneo local para diferenciação do tipo de lesão

- Compressão: verificar principalmente edema

As lesões elementares podem ser divididas em primárias e secundárias. As primárias não apresentam outra causa, e as
secundárias vêm por perda de substâncias.

Lesões por modificações na cor

- Mancha ou mácula é toda alteração da cor da pele, sem relevo, independente da sua causa ou mecanismos: mancha
hipocrômica, acrômica, hipercrômica, vasculossanguíneas, pigmentares.

- Vasculossanguineas: Eritema, mancha vermelha por vasodilatação na pele, quando ocorre na mucosa é chamada de
enantema.

- Cianose: Coloração azulada, manifesta-se quando a concentração de hemoglobina reduzida na pele. Cianema:
coloração azulada nas mucosas.

- Púrpura: Lesão de coloração vermelha a vermelho-violácea, devido ao extravasamento de hemácias quando é menor
de 1cm. Não desaparece à digito-pressão.
- Equimose: Mancha devido ao extravasamento de sangue quando ultrapassa 1cm. Rompimento de vasos de pequeno
calibre.

- Hematoma: Derrame de sangue na pele ou tecidos subjacentes, difere-se da equimose por haver alteração de
espessura. Pode infectar e haver presença de sinais flogísticos, e o conteúdo hemorrágico pode tornar-se purulento.

Lesões elementares sólidas

São decorrentes de acúmulo de células em determinado local ou espessamento cutâneo.

- Pápula: lesão sólida, circunscrita, elevada, menor que 1cm em tamanho.

- Nódulo: Lesão sólida, circunscrita, saliente ou não que mede de 1 a 3 cm de tamanho.

Coleções líquidas

- Vesícula: Elevação circunscrita de até 1 cm com conteúdo claro.

- Pústula: Elevação circunscrita de até 1cm contendo pus.


Vesícula Pústula

- Bolha: Elevação circunscrita com conteúdo líquido >1cm.

- Abcesso: Formação circunscrita, de tamanho variável com conteúdo purulento na pele ou tecidos subjacentes.

Bolha Abcesso

- Urtica: Elevação efêmera, irregular, de tamanho e cor variável do branco-róseo ao vermelho pruriginosa, resulta do
extravasamento de plasma com formação de edema dérmico. Quanto mais coça, mais dá vontade de coçar.

- Angioedema: Área de edema circunscrito, que pode ocorrer no subcutâneo causando tumefação.

- Verruga: São proliferações benignas da pele, causadas pelo papilomavírus humano (HPV). A infecção ocorre nas
camadas mais superficiais da pele ou mucosa, ativando o crescimento anormal das células da epiderme. Lesão
vegetante. Apresentam-se como pequenas pápulas acastanhadas ou amareladas, de no máximo 5 mm, cuja principal
característica é apresentar uma superfície plana e lisa. Surgem com maior frequência na face e dorso das mãos de
adolescentes.

- Condiloma: As lesões de pele, em geral, lembram verrugas e podem aparecer em número e tamanhos variáveis. Essas
lesões localizam-se, geralmente, na extremidade do pênis (glande), mas também podem comprometer o púbis e o corpo
do pênis e a região perianal nos homens. Apresentam-se como lesões vegetantes, úmidas, isoladas ou agrupadas, que
lembram o aspecto de couve-flor (condiloma acuminado). Podem acometer a mucosa genital feminina e masculina.
Causadas por alguns subtipos de HPV considerados de alto risco para câncer genital, principalmente o do colo do útero.
Verruga Condiloma

- Placa: Lesão elevada, de superfície geralmente plana, >1cm, pode apresentar superfície descamativa, crostosa ou
queratinizada, pode ser formada pela confluência de pápulas.

- Verrugas plantares: Muitas vezes confundidas com calos, o peso que o corpo exerce sobre elas faz com que cresçam
para dentro, o que provoca dor ao andar. A presença de um anel periférico espessado com pequenos pontos escuros no
centro da lesão lembra a imagem de um olho de peixe, como é popularmente chamado.

- Verruga vulgar: São os tipos mais comuns. Em geral as lesões são pápulas irregulares, endurecidas e ásperas. Podem se
apresentar como lesões isoladas ou agrupadas, em número variável. Encontram-se com frequência em áreas sujeitas a
maior trauma, como mãos, dedos, cotovelos, joelhos e ao redor das unhas (verrugas periungueais).

- Erosões: São áreas abertas da pele, consequentes à perda de parte ou de toda a epiderme. Erosões podem ser traumas
ou correr em várias doenças cutâneas inflamatórias infecciosas.
- Escara: Área de necrose tecidual em geral de cor negra, que evolui para a úlcera quando eliminada.

- Úlceras: Causadas pela perda da epiderme e as vezes de parte da derme. As causas incluem dermatite por estase
venosa, trauma físico com ou sem comprometimento vascular (causado por úlcera de decúbito ou doença arterial
periférica), infecções e vasculites.

- Crostas (cascas): Formadas por soro, sangue ou pus dessecados. Podem ocorrer em doenças cutâneas inflamatórias ou
infecciosas (como impetigo).

- Escamas: Lamínulas epidérmicas, de dimensões variáveis desprendendo-se fácil e continuamente. O processo


patológico que conduz à formação das escamas é um distúrbio da queratinização ao nível da camada córnea.

- Queratose: Espessamento da pele por aumento da camada córnea, tornando-se áspera e com a superfície amarelada.
- Fissura: Fenda linear, estreita e profunda. Formada quando a pele ou mucosa torna-se quebradiça ou macerada.

- Cicatriz: É o nome dado ao processo natural de cura de um ferimento, por acidente, doença ou cirurgia. Seu tamanho e
intensidade variam de acordo com o tempo em que a pessoa ficou ferida e o tipo de pele do indivíduo. Inicialmente as
cicatrizes são grossas e de cor avermelhada, desbotando com o passar do tempo. O tempo para ter um aspecto melhor
de uma cicatriz é em média de 3 meses. O local lesionado volta a ser como era antes do ferimento. Cicatriz hipertrófica:
ocorre uma perda de tecido ou a sutura da pele ocorreu de fora inadequada. Queloide: geralmente é uma tendência
individual, se caracterizando pelo aparecimento de um excesso cicatricial fora da área de excisão.

MELANODERMIAS

Aumento do pigmento na pele.

- Efélides: Sardas. Mais comum em pessoas de pele clara, com fototipo baixo e cabelos ruivos ou loiros. Surgem após a
exposição solar e é comum que regridam. São hereditárias, o padrão e herança é autossômico dominante. É frequente
na população caucasiana, mas 4% dos casos ocorrem em chineses. Nota-se um aumento da melanina na camada basal,
sem aumento dos melanócitos.

As efélides são lesões benignas e não precisam de tratamento, mas podem ser tratadas com aplicações de ácidos ou
laser.

- Nevo de Ota: Não é hereditário e geralmente está presente ao nascimento, podendo, no entanto, surgir no início da
infância ou até mesmo na puberdade. Mais frequente no sexo feminino. Apresenta melanócitos dérmicos, dispersos
entre as fibras de colágeno. Não há alterações de fibras elásticas ou colágenas. Geralmente unilateral, se apresenta em
área inervada pelo 1º e 2º ramo do trigêmeo, com borda irregular, azulada e com pontos acastanhados. Também não há
necessidade de tratamento, apenas caso gere incômodo estético no paciente.

- Nevo de Becker: É uma hipomelanose benigna, adquirida e mais frequente em indivíduos do sexo masculino.
Geralmente inicia-se na puberdade. Sua patogênese ainda é desconhecida, mas é considerado com um hamartoma.
Placa hiperpigmentada, com borda irregular, pilosa e acomete principalmente membro superior.

- Melasma: Hipermelanose adquirida, crônica e recorrente que ocorre exclusivamente em áreas expostas ao sol. A causa
precisa do melasma ainda não é conhecida, no entanto vários fatores desencadeantes são descritos como: gravidez,
terapias hormonais, ACO, predisposição genética e exposição solar. Caracteriza-se pelo aparecimento de placas
hiperpigmentadas, irregulares que ocorrem mais comumente na face e em mulheres mais jovens com fototipos de IV a
IV. Tratamentos com hormônios como estrógenos e progesterona, ACO, disfunção da tireoide, cosméticos e drogas
anticonvulsivantes são fatores agravantes do melasma. ACO e gravidez são classificados descritos como fatores
desencadeantes, mas muitas vezes, após sua interrupção, não ocorre desaparecimento. O estresse também já foi
relacionado como agente envolvido na patogenia do melasma, graças a sua capacidade de estimular o hormônio
estimulador de melanócitos.
- Notalgia parestésica: Distúrbio neurocutâneo crônico que tem como principal manifestação clínica a presença de
prurido e mácula pigmentada no dorso, geralmente unilateral e com localização sub ou interescapular. Podemos
observar também outras manifestações como dor, queimação e parestesia. A fisiopatologia não é totalmente conhecida,
mas considera-se que há neuropatia sensorial causada por danos nos nervos espinhais.

- Fitofotodermatose: Dermatose causada por plantas que contém derivados furocumarinicos. Maioria dos casos ocorre
após contato com limão taiti, mas existem outros vegetais que possuem psoralênicos: limão, tangerina, lima da pérsea,
figo, erva doce, salsa. Entre 24 a 72 horas (pico) observa-se após a exposição a essas substâncias eritema, seguido de
edema e formação de vesículas que podem tornar-se coalescentes formando bolhas. Essa reação é dolorosa e não
pruriginosa.

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