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SÍNDROMES HIPERTENSIVAS NA GESTAÇÃO 23/04/2020 revisão:
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1. AUTORES
Francisco Edson de Lucena Feitosa
Jordana Parente Paiva
Elfie Tomaz Figueiredo
Gentil Barreira de Aguiar Filho
2. INTRODUÇÃO
As sindromes hipertensivas na gestação estão entre as principais causas de morbimortalidade
materna e neonatal.
3. FORMAS CLÍNICAS
3.1 Hipertensão gestacional: hipertensão sem proteinúria, após 20 semanas de gravidez, cujos
níveis tensionais retornam ao normal 6 a 12 semanas pós-parto.
3.2 Hipertensão arterial crônica: hipertensão prévia à gestação ou antes de 20 semanas sem a
presença de proteinúria.
3.3 Pré-eclâmpsia sem gravidade: hipertensão com proteinúria após 20 semanas de gestação e
ausência dos critérios de gravidade para pré-eclâmpsia (PE).
3.4 Pré-eclâmpsia grave: hipertensão após 20 semanas com a presença de algum critério de
gravidade com ou sem proteinúria. (tabelas 1 e 2).
4. PROFILAXIA
4.1 Ácido acetilsalicílico (AAS):
100 mg/dia, à noite, a partir de 12 semanas. Iniciar idealmente até 16 semanas e manter
até 36 semanas.
Indicações:
Cálculo do risco ≥ 1/100 (fluxograma 1)
Na impossibilidade de realizar o cálculo através da Calculadora de Risco (método de
escolha), está indicado profilaxia na presença de 01 critério de alto risco ou 02 critérios
de moderado risco. (tabela 3)
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4.2 Cálcio:
A reposição com 1000-1500mg/dia só é recomendada em pacientes com dietas pobres em
cálcio (< 600mg/dia).
Obs.: Reposição de vitamina C ou E, dieta restrita em sódio e repouso não são recomendados como
profilaxia.
6. PRÉ-ECLÂMPSIA SUPERAJUNTADA:
Fazer corticoide até 36 semanas e 6 dias
Se estabilização clínica (PA controlada e ausência de lesão de órgão alvo), resolução com
37 semanas.
Não adiar o parto se: PA não controlada, eclâmpsia, HELLP, CIVD, DPP ou EAP.
8. PRÉ-ECLÂMPSIA GRAVE
Internação da paciente e estabilização do quadro clínico.
Cateterismo venoso e vesical.
Avaliação da vitalidade fetal: ultrassonografia obstétrica com doppler
Corticoide até 36 semanas e 6 dias
Não realizar expansão volêmica e restringir fluídos de manutenção a 80ml/h
8.1 Controle rígido dos picos pressóricos (PAS ≥ 160 mmHg e/ou PAD ≥ 110 mmHg persistentes
após 15 minutos ou mais)
Ataque (manter PAS < 140 e PAD < 90 mmHg):
1ª escolha: Nifedipina: 20mg, 1 comprimido VO, a cada 20min, se, PAS≥160mmHg e/ou
PAD≥110mmHg. Fazer no máximo 3 doses.
OBS.: Não há contraindicação, se a paciente estiver em jejum, em ingerir o comprimido
com um pouco de água. Em caso de pacientes torporosas, ou apresentando vômitos, fazer
hidralazina para controle dos picos.
Persistindo os picos após 20 min da terceira dose de Nifedipina, administrar droga de
segunda escolha.
2ª escolha: Hidralazina: 5 mg EV em bolus, lentamente, durante um a dois minutos,
repetida a cada 20 minutos (diluir 1 ampola (20 mg) + 20 ml de água destilada; e aplicar
5 ml) (até 20mg). A queda na pressão sanguínea começa dentro de 10 a 30 minutos e
dura de duas a quatro horas.
Manutenção:
Iniciar após 24h de observação dos níveis pressóricos em pacientes com menos de 37
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semanas e PAS 135- 160mmHg e PAD 85- 110mmHg
- 1ª escolha: Nifedipina: 10-20mg VO a cada 8-12h (máximo de 60 mg/dia)
- 2ª escolha: Metildopa 250mg, 2 - 4 vezes ao dia, máximo de 2g/dia.
9. ECLÂMPSIA
Internação da paciente com assistência intensiva
Garantir permeabilidade das vias aéreas; aspiração de secreções; oxigênio sob cateter
nasal (5L/min)
Cateterismo venoso e vesical com controle horário da diurese.
Contenção da paciente no leito e proteção da língua durante a convulsão (cânula de
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Guedel).
Avaliação laboratorial (urgência): hemoglobina, hematócrito, contagem de plaquetas,
relação proteína/creatinina urinárias, TGO, creatinina, LDH.
Hidralazina parenteral e sulfato de magnésio conforme posologia descrita em Pré-
eclâmpsia grave.
Não há necessidade de tentar reduzir ou abolir rapidamente a convulsão eclâmptica com
benzodiazepínicos, pois além da convulsão ser autolimitada, perdemos o controle clínico
após o uso desta medicação, no que concerne ao grau de consciência da paciente, como
também aumentamos o risco de depressão respiratória materna e fetal e de parada
respiratória materna.
Episódio convulsivo após Sulfato de Magnésio - Repetir dose de ataque e aumentar dose
de manutenção (2g/h).
Se houver manutenção do quadro, apesar das medidas anteriores, inicia-se Fenitoína
conforme esquema:
50-70kg – 1g (04 ampolas) – 750mg (3 ampolas) em 100 ml SF 0,9%, em 30 min. 250mg
em SF 0,9%, nas próximas 2h.
< 50kg – 750mg (03 ampolas) – 500mg (02 ampolas) em 100 ml de SF 0,9%, EV, em 30
min. 250mg (01 ampola) em SF 0,9%, nas próximas 2h.
>70kg – 1,5g – 1g (04 ampolas) em 100 ml SF 0,9%, EV, em 30 min. e 500mg (02
ampolas) em SF 0,9%, nas próximas 2h.
OBS1: A Fenitoína não pode ser diluída em solução glicosada pois precipita.
OBS2: Se quadro convulsivo se mantiver apesar da fenitoína, deve ser encaminhada para
anestesia geral com suporte de UTI no pós-parto.
Tratamento das complicações clínicas, como o Edema Agudo de Pulmão, se presente.
Interromper a gestação após estabilização do quadro clínico em qualquer idade
gestacional.
Manter o tratamento até 48 a 72 horas após o parto.
11.2 Se paciente hipertensa crônica retornar anti-hipertensivo de uso anterior à gestação (se não
houver contraindicação na amamentação).
Obs. 1: Deve ser observado que a ordem de introdução dos anti-hipertensivos é a descrita acima
em cada cenário clínico e com as dosagens informadas abaixo.
Obs. 2: A alfametildopa não deve ser opção de escolha para terapia anti-hipertensiva de
manutenção no pós-parto.
Obs. 3: Pacientes com sintomas de iminência de eclâmpsia devem ser resulfatadas.
Obs.4: Pacientes com sintomas de urgência hipertensiva (precordialgia, edema agudo hipertensivo,
insuficiência renal aguda, sinais de localização neurológica, cefaleia refratária) devem ser
encaminhadas à UTI para uso de drogas hipotensoras injetáveis e monitorização intensiva.
Obs. 5: Pacientes com indicação de UTI deverão realizar ECG, função renal, gasometria e eletrólitos.
12. REFERÊNCIAS
1. Ames, M. M.; Rueda, J.J.; Caughey, A.B. Ambulatory management of chronic hypertension
in pregnancy. Clin. Obstet. Gynecol., v.55, n.3, p.744-755, 2012.
2. Chronic Hypetension in Pregnancy. American College of Obstetricians and Gynecologists -
Practice Bulletin, Nº 203. Vol 133, Nº 1, Janeiro, 2019.
3. El-Sayed, Y.Y., Borders, A. E. Emergent fterapy for Acute-Onset, Severe Hypertension
During Pregnancy and the Postpartum Period. American College of Obstetricians and
Gynecologists - Practice Guideline. Vol. 129, Nº4, Abril, 2017.
4. Gestational Hypertension and Preeclâmpsia. American College of Obstetricians and
Gynecologists - Practice Bulletin, Nº 202. Vol 133, Nº 1, Janeiro, 2019.
5. Hypertension in pregnancy. American College of Obstetricians and Gynecologists - Practice
Guideline, 2013.
6. Lefevre, M.L. Low-Dose Aspirin Use for Prevention of Morbidity and Mortality From
Preeclâmpsia: U.S. Preventive Services Task Force Recommendation Statement. Ann Intern
Med., v.161, n. 11, p. 819 – 827, 2014.
7. Low-dose aspirin use during Pregnancy. American College of Obstetricians and
Gynecologists – Committee Opinion, Nº 743. Vol 132, Nº 1, Julho, 2018.
8. Mol, B.W.J.; Roberts, C.T.; ftangaratinam, L.A.M.; Groot, C.J.M.; Hofmeyr, G.J. Pre-
eclâmpsia. Lancet, v.387: 999-1011, Marc, 2016.
9. NICE guideline. Hypertension in pregnancy: diagnosis and management. Published: 25 June
2019. Disponível em: www.nice. org.uk/guidance/ng133. Acesso: 01/07/2019
10. Roberge, S., Bujold, E., Nicolaides, K.H. Aspirin for the prevention of preterm and term
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preeclâmpsia: systematic review and metaanalysis. American Journal of Obstetrics and
Gynecology. Novembro, 2017.