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DIARREIA AGUDA

E DESIDRATAÇÃO
NA INFÂNCIA
Professora Laura Araujo
Pediatria e Puericultura
DIARREIA AGUDA
DEFINIÇÃO
Diarreia aguda é a eliminação
anormal de fezes amolecidas ou
líquidas com uma frequência igual
ou maior a três vezes por dia e
duração de até 14 dias.

Tratado de Pediatria, 4.a ed. 2017, 726-31.


EPIDEMIOLOGIA

01 02 03 04
2,5 bilhões de 50% na taxa Brasil para Morbidade
casos de 1,6% 2011 constante
< 5 anos mortalidade

VACINAÇÃO

ROTAVÍRUS
ETIOLOGIA

Classificação Tempo Etiologia Exemplos


Aguda 14 dias Infecciosa GECA viral ou bacteriana
Não infecciosa Erros alimentares, medicamentos
Persistente 14 - 30 dias Parasitoses Giardíase
Crônica > 30 dias DII Crohn, RCU
Neoplasias Digestório, linfomas
Alergias alimentares Leite de vaca e ovo
Intolerâncias Glúten

Adaptada Tratado de Pediatria, 4.a ed. 2018, 726-37: Diarreia Aguda e Crônica.
AGENTES ETIOLÓGICOS GECA

VÍRUS: rotavírus, PARASITAS: Entamoeba


norovírus, adenovírus, histolytica, Giardia
astrovírus lamblia

BACTÉRIAS: E. coli, FUNGOS: Candida


Shigella spp, Salmonella albicans
spp, Vibrio cholerae
TRANSMISSÃO

Current Opinion in Virology 2017, 22:1–6


FISIOPATOLOGIA

● Osmótica: aumento
Mecanismos de defesa: osmolaridade lúmen
Desequilíbrio entre os acidez gástrica, muco,
processos de absorção e microbioma, ● Secretora: estímulo
secreção de água e peristaltismo e sistema dos mediadores
eletrólitos no intestino imunológico local secreção
DIAGNÓSTICO: CLÍNICO

ANAMNESE

EXAME
FÍSICO
● Início, evolução, dieta, uso de medicamentos

● Fezes: frequência, aspecto, odor, consistência, presença de


muco, pus ou sangue (disenteria) • Completo

● Sintomas associados: náuseas, vômitos, mal estar, cólicas, • Observar estado nutricional
febre, prostração, inapetência e de hidratação

● Introdução de alimentos, alergias, cirurgias abdominais • Sinais de toxemia


DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

INDICAÇÕES EXAMES

● Evolução grave, ● Hemograma, ionograma, gasometria

● atípica ● Fezes: pesquisa de vírus, leucócitos,


sangue, substância redutora e cultura
● Imunossuprimidos

Diarreia aguda: diagnóstico e tratamento. Guia Prático de Atualização da SBP, 2017.


TRATAMENTO

Evitar Reidratação Medicamentoso


desidratação
TRATAMENTO MEDICAMENTOSO

• Antieméticos - controversos
• Probióticos - benéficos
• Zinco - recomendado
• Antiperistálticos - proscritos
• Antibióticos – graves/disenteria
PREVENÇÃO

• AME 6 meses
• Alimentação adequada
• Água tratada e saneamento básico
• Imunizações
DESIDRATAÇÃO
DEFINIÇÃO
Déficit de água e eletrólitos
corpóreos que ocorre,
principalmente, por ocasião de
perda desses elementos em
quantidade superior à ingestão.

Tratado de Pediatria, 4.a ed. 2017, 175-8.


CLÍNICA SEM COM DESIDRATAÇÃO
DESIDRATAÇÃO DESIDRATAÇÃO GRAVE
Estado geral bom irritação torpor
Sede normal aumentada bebe mal ou incapaz
Mucosas úmidas secas muito secas
Pele turgor normal pastoso pele fria e palidez
Olhos lacrimejamento choro sem lágrimas enoftalmia
Fontanela normal deprimida muito deprimida
Pulso normal fino e rápido muito fino
FC normal aumentada muito aumentada
Enchimento <3s 3a5s >5s
capilar
Diurese normal diminuída oligúria
FR normal aumentada hiperpneia
Plano terapêutico Plano A Plano B Plano C
CRIANÇA SEM DESIDRATAÇÃO: PLANO A

• Manter/corrigir dieta
• Aumentar oferta de líquidos (evitar refrigerantes e
sucos)
• Oferecer soro reidratação oral (SRO) após cada
evacuação e/ou vômito
• Orientações:
Idade (anos) Ingesta líquido (mL)
• piora na diarreia/disenteria
• vômitos incoercíveis <2 50 - 100
• muita sede
• recusa de alimentos 2 - 10 100 - 200
• sangue nas fezes
> 10 livre
• diminuição da diurese
DESIDRATAÇÃO MODERADA: PLANO B

1. Em UBS, onde deverão permanecer até reidratação


completa e reinício da alimentação
2. Pesar a criança
3. Manter LM
4. Terapia de Reidratação Oral (TRO):
• quantidade dependerá da sede do paciente Se desaparecerem os sinais de
• 50 a 100 mL/kg em 4-6 horas desidratação PLANO A.
• reavaliar o estado de hidratação
Se evoluir para desidratação grave,
seguir para PLANO C.
DESIDRATAÇÃO GRAVE: PLANO C

● Hidratação endovenosa: choque hipovolêmico, coma,


convulsão, sonolência, íleo paralítico, falha da TRO
• Duas fases: rápida (expansão) e manutenção

§ Avaliar continuamente.
1. 20 ml/kg SF 0.9%
2. Peso calórico: § Iniciar TRO quando puder beber (2 a 3 h), mantendo
• até 10 kg – 100 kcal x peso (kg) a reidratação venosa.
• 10 a 20 kg – 10000 kcal / 50 x (peso - 10) § Interromper reidratação endovenosa somente
• > 20 kg – 1500 kcal /20 x (peso - 20) quando o paciente puder ingerir SRO em quantidade
suficiente para se manter hidratado.
§ Observar por pelo menos seis horas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
• Diarreia aguda ainda provoca morbidade
• Etiologia principal é viral
• Transmissibilidade por falta de higiene e saneamento
• Diagnóstico clínico
• Preocupação com a desidratação
• Níveis de depleção correspondem a planos de tratamento

• A: TRO domiciliar

• B: TRO em UBS

• C: reidratação endovenosa em UPA/hospital terciário


REFERÊNCIAS
• Graaf et al. Sustained fecal-oral human to human transmission
following a zoonotic event. Current Opinion in Virology. 2017;
22:1-6.
• Guia prático de atualização SBP: Diarreia Aguda Diagnóstico e
Tratamento, 2017.
• Ministério da Saúde: Manejo do Paciente com Diarreia.
• Tratado de Pediatria, 4ed. 2018: 726-31. Capítulo 4 Diarreia
Aguda.
• Tratado de Pediatria, 4ed. 2018: 175-8. Capítulo 8 Desidratação.

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