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DEFINIÇÃO
Diarreia: perda excessiva de água e eletrólitos através das fezes, resultando em aumento do volume e frequência das
evacuações e diminuição da consistência das fezes, de forma diferente do padrão habitual ( não há um número de
evacuações por dia, é um padrão evacuatório diferente do habitual da pessoa)
Recém-nascido que são amamentados exclusivamente ao seio possuem fezes líquidas e evacuam várias vezes ao
dia, não sendo classificado como diarreia
EPIDEMIOLOGIA
CLASSIFICAÇÃO
Diarreia aguda: é normal a duração de até 14 dias. As crianças menores de 2 anos têm quadros mais
prolongados de diarreia, devido a imaturidade do sistema digestivo, imunodeficiência funcional
Diarreia persistente dura de mais de 14 dias a 1 mês: são crianças que após um episódio de diarreia aguda,
por algum fator do indivíduo, o enterócito acaba por não se regenerar (ex. anemia, desnutrição, má
alimentação)
Diarreia crônica: doenças infecciosas ou sistêmicas
Disenteria: pode ocorrer na diarreia aguda, persistente ou crônica
1. Diarreia aguda aquosa: diarreia que pode durar até 14 dias e determina perda de grande volume de fluidos e pode
causar desidratação. Pode ser causada por bactérias e vírus, na maioria dos casos. A desnutrição eventualmente pode ocorrer
se a alimentação não é fornecida de forma adequada e se episódios sucessivos acontecem.
2. Diarreia aguda com sangue (disenteria): é caracterizada pela presença de sangue nas fezes. Representa lesão na
mucosa intestinal. Pode associar-se com infecção sistêmica e outras complicações, incluindo desidratação. Bactérias do
gênero Shigella são as principais causadoras de disenteria.
3. Diarreia persistente: quando a diarreia aguda se estende por 14 dias ou mais. Pode provocar desnutrição e desidratação.
Pacientes que evoluem para diarreia persistente constituem um grupo com alto risco de complicações e elevada letalidade2,6.
Assim, doença diarreica aguda pode ser entendida como um episódio diarreico com as seguintes características: início
abrupto, etiologia presumivelmente infecciosa, potencialmente autolimitado, com duração inferior a 14 dias, aumento no
volume e/ou na frequência de evacuações com consequente aumento das perdas de água e eletrólitos 17. Apesar da definição
de diarreia aguda considerar o limite máximo de duração de 14 dias, a maioria dos casos resolve-se em até 7 dias.
A doença diarreica na maior parte das vezes representa uma infecção do tubo digestivo por vírus, bactérias ou
protozoários e tem evolução autolimitada, mas pode ter consequências graves como desidratação, desnutrição
energético-proteica e óbito. Nem sempre é possível identificar o agente causador do episódio diarreico.
DIARREIA AGUDA
ETIOLOGIA DA DIARREIA AGUDA DE ACORDO COM A FAIXA ETÁRIA
Lactentes (são menores de 2 anos): superalimentação (alimentos que a criança não está pronta para fazer uma
digestão correta produtos industrializados, frituras
GASTROENTEROLOGIA INFECCIOSA
Provocada por:
Causa mais comum de diarreia em menores de 2 anos, tanto em países em desenvolvimento quanto em
países desenvolvidos.
Possui 80 sorotipos.
A gravidade do quadro clínico é maior na primeira infecção e decresce progressivamente a partir das
demais.
Estima-se que todas as crianças até os 5 anos de idade já tenham sido infectadas por esse agente.
Sazonalidade: período de inverno (países temperados) e todo o ano em países tropicais.
Propagação via fecal-oral, surtos são comuns em creches uma criança com rotavírus infecta a turma
inteira
Período de incubação: 48-72h
Quadro clínico: Febre, vômitos, seguidos de diarreia abundante e sinais de desidratação é muito
comum a criança pequena iniciar o quadro apenas com febre e vomito, sem diarreia (esta pode iniciar 24
a 72 h depois do inicio dos primeiros sintomas). Pode ocorrer um quadro de apenas febre e vomito
Diagnóstico: é clínico (devido a faixa etária). Mas na dúvida pesquisa de Rotavírus em amostra fecal
(sensibilidade e especificidade 90%)
Tratamento: Prevenção e tratamento da desidratação medidas de suporte são o principal tratamento
o Nitazoxanida diminui tempo de doença, não previne formas graves
Vacina: Monovalente (SUS) X Pentavalente (privada) – como são 80 tipos a criança continua podendo
pegar rotavírus
O rotavírus é a principal causa de mortalidade em menores de 5 anos, pois nesta faixa etária pode causar um
quadro de desidratação grave
O rotavírus é a principal causa de gastroenterite viral. Sempre pensar em crianças menores de 2 anos, que
frequentam a escola, com vomito, febre
GASTROENTERITE BACTERIANA
E. coli enterotoxigenica e enterohemorragica são as mais comuns e mais prevalentes no Brasil
Sempre que o paciente apresentar diarreia com sangue e muco (disenteria), deve-se pensar em Shigella
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
Na grande maioria dos casos de gastroenterite aguda, não tem necessidade de exames complementares.
Casos selecionados: evolução grave, comprometimento do estado geral, crianças imunodeprimidas, surtos
em creches e berçários (para saber quem é o agente causador), desinteria.
o Hemograma leucocitose (bem alta)
o Eletrólitos – potássio, sódio, cloro
o Creatinina, ureia (casos que são associados a SHU)
o EPF 3 amostras excluir causa parasitária
o Pesquisa de rotavírus nas fezes
o Coprocultura de fezes e pesquisa de leucócitos fecais principalmente casos de disenteria
TRATAMENTO
O objetivo do tratamento da diarreia aguda é a prevenção da desidratação quanto menor a criança
mais grave pode ser o quadro de desidratação, pois a criança tem volume sanguíneo circulante menor. A
criança por perder muito volume pode entrar em choque hipovolêmico
O foco do tratamento é água
ANTIBIÓTICOS
A maioria das gastroenterites é de origem viral, por isso não necessidade de utilizar antibiótico
Reservado aos casos de disenteria (sangue e muco) e que, após a reidratação, o paciente mantém
comprometido o estado geral.
Disenteria – usar ATB com cobertura de Shigella (microrganismo causador de 60% dos casos em nosso
meio)
Ácido Nalidíxico 5 d e Sulfametoxazol - Trimetropin 40 mg/kg/dia 5 d (índices elevados de resistência no
Brasil) não é primeira escolha
Ciprofloxacino 3 d *Primeira escolha 30mg/kg/dia (diluir comprimido)
Ceftriaxona 3 d (injetável)
Diarreia por Shigella – Azitromicina 5d (quando houver certeza que for Shigella)
Os antimicrobianos podem aumentar o risco de SHU e por isso, deve ser restrito as formas graves da
doença por isso não é orientado usar sempre o ATB
PROBIÓTICOS
ANTIEMÉTICOS
OMS e MS não recomendam o uso de antieméticos no tratamento da GEA. Consideram que os vômitos
tendem a desaparecer concomitante com a correção da desidratação.
ESPGHAN e diretriz ibero-latinoamericana – uso ondansetrona para pacientes com GEA e vômitos
persistentes (com comprometimento do estado geral)
ANTIPERISTÁLTICOS E DROGAS ANTISSECRETORAS
Nenhuma das drogas tem protocolo de uso rotineiro, nem indicação pela OMS e MS.
Antiperistálticos (Loperamida - Imosec) – aumentam a gravidade da doença principalmente em diarreia
invasiva.
Drogas antissecretoras (Racecadotrila - Tiorfan) – orientado pela ESPGHAN e diretriz Ibero-latinoamericana;
reduz a duração da diarreia e o volume das fezes. Dose: 1,5 mg/kg 8/8h até durar a diarreia.
Paciente acima de 6 anos, em bom estado geral: fazer hidratação correta, zinco, probióticos pode-se
utilizar Tiorfan para diminuir a duração da diarreia
Nunca utilizar Tiorfan em menores de 6 anos
Sempre hidratar quando usar o Tiorfan
DESIDRATAÇÃO
Foco é água
Reidratação oral com Soro de Reidratação oral (SRO) sache no posto de saúde
SRO Ministério da Saúde:
o Trata a desidratação da criança. Tem maior osmolaridade (maior concentração de sódio)
o Tem uso reservado nos postos e em ambiente hospitalar
o Osmolaridade 245 mOsm/L
o Concentração de sódio (75 mEq/L)
o Concentração de glicose (75 mmol/L)
50 a 100 ml/kg de SRO, no período de 4 a 6 horas.
Deve ser oferecida em quantidades pequenas, várias vezes.
Criança amamentada ao seio deverão continuar recebendo
o LM junto com o SRO. Não amamentados recebem apenas
o SRO.
Se o paciente vomitar, o volume deverá ser reduzido e a
frequência aumentada.
Deverão permanecer na unidade de saúde até reidratação
completa
Reavaliação com frequência, caso término do volume
inicial e sinais de desidratação persistirem, repete o volume
inicial.
A fase de reidratação termina, quando desaparecem os
sinais de desidratação.
Na alta: SRO após cada evacuação liquida, nas próximas
48h.
Reavaliação 24-48h, orientar os pais sinais de piora
procurar atendimento imediatamente.
GASTRÓCLISE: lembrar que hidratação endovenosa não é
primeira opção na desidratação moderada
o Administração de SRO através de uma sonda
nasogástrica, de modo contínuo e gradual.
o Indicações: perda de peso após as duas primeiras horas de tratamento adequado com SRO
(nesse caso a perda fecal é maior que a quantidade de líquidos ingeridos); vômitos
persistentes (quatro ou mais em um período de 1h); distensão abdominal acentuada;
dificuldade de ingestão do SRO
o 20 a 30 ml/kg/h até reidratação.
Hidratação endovenosa
1. Fase de expansão rápida (criança está em choque hipovolêmico):
o Menores 5 anos: SF0.9% 20 ml/kg correr em 30 min, ou seja, rapidamente. Se conseguir 2
acessos venosos é melhor SFO (soro fisiológico)
o RN e cardiopatas graves – SFO 10 ml/kg.
o Maiores 5 anos: SF0.9% 30 ml/kg correr em 30 min OU Ringer lactato 70 ml/kg correr em
2h30min
o Repetir a fase de expansão rápida até a criança estiver hidratada pode-se fazer quantas
vezes necessário
o Choques refratários drogas vasoativas
2. Fase de manutenção e reposição:
o A fase de manutenção é para cobrir as necessidades hídricas diárias.
o A fase de reposição é para compensar as perdas anormais decorrentes de diarreia e
vômitos.
o O volume administrado é a soma da fase de manutenção e da fase de reposição.
o O paciente deve ser alimentado conforme aceitação e receber o SRO, conforme tolerância
oral.
o A quantidade administrada endovenosa deverá ser reduzida progressivamente à medida
que for aumentando a ingesta dos alimentos e do SRO.
Volume de manutenção:
Utiliza-se uma solução 1:4 Para cada 100 ml de líquidos teremos SG5% (soro glicosado) 80 ml +
SF0,9% 20 ml.
Acrescenta-se KCl 10% 2ml ou KCl 19% 1ml, para cada 100 ml de manutenção
Volume de reposição:
o Não é possível avaliar as perdas, pelo número de evacuações.
o No primeiro dia, acrescenta-se ao volume de manutenção 50 ml/kg/dia de perdas.
EX.
PACIENTE 5 KG COM DESIDRATAÇÃO GRAVE:
1. Fase de reposição rápida (push):
20 ml/kg – SF0.9% 100 ml correr em 30 min.