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INTRODUÇÃO

A doença diarreica aguda (DDA) é causada por diferentes agentes etiológicos (bactérias,
vírus e parasitas), cuja manifestação predominante é o aumento do números de
evacuações, com fezes aquosas ou de pouca consistência. Em alguns casos, há presença
de muco e sangue, e podem ser acompanhadas de náusas, vómito, febre e dor
abdominal. No geral, é auto-limitada com duração de 2 á 14 dias, (FAZARRAG, 2004).
As formas variam desde leves até graves, com destrição e distúrbio elétricos,
principalmente quando associadas á destruição.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância
(UNICEF) afirma que 1,5 bilrões de episódios agudos morrem diaramente no mundo, 3
milhões de óbitos por ano, 85% dos óbitos são em crianças no primeiro ano de vida
devido á dificuldade de acesso à água potável e á ausência de saneamento básico,
(ANDRE, 2000).
Consiste que as doenças diarreicas agudas estão directamente relacionadas, sobretudo,
com as condições de abastecimento hídrico, saneamento básico e higiene, verificou-se
que, em 1999, foi responsável por 56% dos óbitos em menores de cinco anos ocorridos
no país. Além disso, a diarreia infecciosa afecta de forma dramática a saúde, gerando
sobrecarga considerável aos serviços hospitalares, sendo considerando este fato como
inaceitável por ser uma doença prevenível através da garantina de condições básicas de
vida.
CONCEITO
Doenças Diarreicas Agudas (DDA), enfermidade causada por vários agentes etiológicos
(bacterias, vírus e parasitas), cuja manifestação predominante é o aumento do número
de dejecções, com fezes aquosas ou de pouca consistência, (FAZARRAG, 2004).
Agente etiológico
Estas enfermidades são causadas por vários agentes etiológicos (bactérias, vírus e
bactérias). Frequentemente, as bactérias são a principal causa, afectando cerca de 80%
dos casos.
Segundo Porlawm (2005), a doença diarreica aguda pode ser de origem infecciosa e
não infecciosa. Para a saúde pública, a de importância é a infecciosa, devido a sua maior
frequência:
Infecciosa
Causada por Bactérias e suas toxinas: Staphylococus aureus, Campylobacter jejuni,
Escherichia coli enteroxigência, Escherichia coli enteropatogência, Escherichia coli
enteroinvasivas, Escherichia coli êntero-hemorrágica, salmonelas, Shingella
dysenteriae, Yersina enterocolítica, Vibrio cholerae e outras.
Por vírus: Astrovírus, calicivírus, adenovírus entérico, norovírus, rotavírus grupos A; B
e C e outros.
Por parasitas: Entaroema histolytica, Cryptosporidium, Balantidum coli, Galardia
lambia, Isospora belli, ascaris lombricoides, ancylostoma e outras.
Não infecciosas
Intolerância a lactose e glúten;
Ingestão de grandes quantidades de hexitóis (adoçantes);
Ingestão demasiada de alguns alimentos;
Sais mal absorvido (ex.: laxantes e antiácidos);
Ácidos biliares (após resseção ileal);
Gorduras não absorvidas;
Hormônios peptídios produzidos por tumores pancreáticos.
TRASMISSÃO
O modo de transmissão pode ocorrer pela via oral ou fecal-oral, sendo específico para
cada agente etiológico, podendo ocorrer de pessoa a pessoa (ex.: mãos contaminados) e
de animais para as pessoas, ao manipular os alimentos, os vectóres como as moscas,
formigas e baratas, podem contaminar os alimentos e utensílios.
Durante a ingestão de água e alimentos contaminados e contacto com objectos
contaminados (ex.: utensílios de cozinha, acessórios de banheiros, equipamentos
hospitalares);
Locais de uso colectivo, tais como escolas, creches, hospitais e penitenciárias
apresentam maior risco de transmissão, (VERRONESI, 1999).
PREVENÇÃO
Para Silvio Pampiglione (1984), as medidas de prevenção podem ser pessoais e
colectivas:
Pessoais: higiene em geral, sobretudo das mãos, proteção dos alimentos das moscas,
beber água fervida, filtrada ou desinfectada, lavar bem os alimentos comidos crus.
Colectivas: sensibilizar as pessoas sobre higiene da água, dos alimentos, construção e
manutenção higiénica das latrinas. Ensinar os pais no tratamento precoce das diarreias
(soro de redratação oral), evitando desidratação.
FISIOPATOLOGIA
Dependendo do agente, as manifestações podem ser decorrentes de mecanismo
secretório provocada por toxinas ou pela colonização e multiplicação do agente na
parede intestinal, levando a lesão epitelia e, ate mesmo, a bactériemia ou septicemia.
Alguns agentes podem produzir toxinas e, ao mesmotempo, invasão e ulceração do
epitélio. Os vírus produzem diarreia autolimitada, só havendo complicações quando o
estado nutricional esta comprometido.
QUADRO CLÍNICO
Manifestações predominantes é o aumento do número de dejecções, com fezes aquosas
ou de pouca resistência. Frequentemente, é acompanhada de vómito, febre e dor
abdominal. Em alguns casos, há presença de muco e sangue. No geral, é auto limitada,
com duração entre 2 a 14 dias. As formas variam desde leve, moderada e graves, com
desidratação e distúrbios electrónicos, principalmente quando associadas à destruição
(SILVIO PAMPIGLIONE, 1984).
Segundo, Secretaria de Vigilância em Saúde (2010), os episódios de diarreia aguda, de
uma maneira geral, podem ser divididos em dois grandes grupos: diarreias aquosas e
diarreias sanguinolenta:
A diarreia aquosa é caracterizada pela perda de grande quantidade de água durante a
evacuação, promovendo uma alteração na consistência das fezes, podendo estabelecer
rapidamente um quadro de desidratação.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico laboratorial é feito por meio de exames parasitológico de fezes, culturas
de bactérias e pesquisas de vírus. O diagnóstico laboratorial é importante na vigilância
de surtos para crientar as medidas de controlo.
Pesquisa de bactérias
O exame a ser realizado é a cultura de fezes (comproculturas). Para isso utiliza-se,
principalmente, a técnica de swab retal ou fecal em meio de transporte Cary-Blair.
Pesquisa de víros
Indicar que o paciente colete em torno de 5 gramas de fezes in nature e coloque a
amostra em um frasco colector de fezes sem formol, com tampa rosqueada. É
importante que o frasco seja identificado com nome completo do paciente e seja
acondicionado em saco plástico. Conservar em geladeira por até 5 dias; após esse tempo
conservar em freezer.
Quando o paciente é criança, coleta-se material de fralda:
 Material sólido, colectar com espátula e colocar no frasco colector;
 Material líquido, scondicionar a fralda em saco plástico e encaminhar ao
laboratório.
De preferência, escolher as fezes antes da administração de qualquer medicamento, uma
vez que alguns prejudicam a pesquisa dos parasitos em geral.
Ãs fezes devem ser colectadas antes da administração de antibiótico ao paciente.
Evitar colectar amostras fecais contidas nas roupas dos pacientes, na auperficie de
camas ou no chão.
TRATAMENTO
Segundo programa anual do MINSA (2007), o tratamento da doença diarreica aguda
consiste em quatro medidas:
1. Correcção da desidratação e do desequilíbrio eletrónico;
2. Combate à desnutrição;
3. Uso adequado de medicamentos;
4. Prevenção das complicações;
Correcção da desidratação e do desequilíbrio electrolítico
A hidratação por meio do sal de reidratação oral (SRO) vem contribuindo
significativamente para a diminuição da mortalidade por diarreias. O esquema de
tratamento independente do diagnóstico etiológico.
Reidratar ou evitar a desidratação classificar a desidratação e escolher o plano de
tratamento preconizado.
Planos de tratamento
Plano A: destina-se a paciente com diarreia e sem sinais de desidratação.
O tratamento é domiciliar, com a utilização de solução de sinais de reidratação oral
(SRO); líquidos disponiveis no domicílio (chás, cozimento de farinha de arroz, água de
coco soro caseiro, etc.).
Tais líquidos devem ser usados após cada episódio de evacuação ou vômito, de acordo
com as indicações a seguir:
 Menores de 2 anos: 50ml;
 Maiores de 2 anos: 100 a 200ml;
 Adultos: a quantidade que aceitarem.
É importante ressaltar que os refrigerantes não devem ser utilizados, pois além de
ineficazes como hidratantes, podem agravar a diarreia.
Plano B: destina-se a paciente com diarreia e com sinais de desidratação.
Todos os pacientes desidratados, mas com capacidade de ingerir líquido, devem ser
tratados com solução de SRO.
Não é necessário determinar o volume exato a ser administrado, mas recomenda-se que
seja contínuo, conforme a sede do paciente, até a completa recuperação de estado de
hidratação.
Para crianças, a orintação é de 100ml/kg, administrado um período não superior a 4
horas. Os lactentes amamentados devem continuar recebendo o leite materno.
O paciente com desidratação deverá permanecer na unidade de saúde até a reidratação
completa e retomar ao sserviço para reavaliação, após 24 a 48 horas ou imediatamente,
em caso de piorar.
Plano C: destina-se a paciente com diarreia e desidratação grave.
O uso de sonda Naso gástrica (SNG) é indicado apenas em casos de perda de peso após
as 2 primeiras horas de tratamento oral, de vômito persistentes, de distensão abdominal
com ruídos hidroaéreos presentes ou de dificuldade de injestão. Nesses casos,
administrar 20 a 30ml/kg/hora de SRO.
Só se indica hidratação parental (venosa) quando houver alteração da consciência,
vómitos persistentes, mesmo com uso de sonda Naso gástrica.
Se o paciente apresentar sinais e sintómas de desidratação grave, com ou sem choque
(palidez acentuada, pulso radial filiforme ou ausente, hipotenção arterial, depressão do
sensório), a sua reidratação deve ser iniciada imediatamente por via endovenosa,
conforme o esquema a seguir
 Adultos
Via venosa periférica – 2 veias de bom calibre (scalp 19): administrar volumes iguais de
NaCL a 0,9% e Ringer Lactado de, aproximadamente, 10% do peso do paciente, em
cerca de 2 horas.
Reavaliar o paciente; se persistirem os sinais de choque, repetir a prescrição; caso
contrário, iniciar balanço hídrico com as mesmas soluções.
Suspender a hidratação endovenosa quando o paciente estiver hidratado, com boa
tolerância ao SRO e sem vômitos.
 Crianças
Até que se instale a reidratação endovenosa, deve-se administrar a solução de SRO por
meio de sonda Naso gástrica ou conta-gotas.
A reidratação endovenosa deverá seguir os esquemas dos Quadro 8 e 9 (vide anexo). A
indicação de antimicrobianos deve ocorrer só quando o benefício é inquestionável,
pois a diarreia aguda, grande parte das vezes, tem curso autolimitado.
Para as diarreias bacterianas podem ser utilizadas algunas antimicrobianos, como
aritromicina, anzitromicina, sulfametazol, trimetopim, metronidazol.
Não há tratamento etiológico para doenças diarreica causada por vírus, apenas
tratamento de suporte, como correção da desidratação e do desequilíbrio electrolítico e
tratamento de outros sintomas apresentados, como náuseas e vômitos.
Quando há identificação de parasitas, utilizam-se medicamentos como Mebendazol,
Albendazol e, no caso de protozoários de G. Lamblia ou E. Hystolitica, é recomendado
Metronidazol.
COMPLICAÇÕES
Em geral, são decorrentes da desidratação e do desequilíbrio hidroeletrolítico. Quando
não são tratadas adequada e precocemente, podem levar ao óbito, por choque
hipovolêmico ou hipo potassemia.
Nos casos crônicos ou com episódios repetidos, acarretam desnutrição crônica, com
retardo do desenvolvimento ponderoestetural em crianças.
Prevenção das complicações
Prevenir as complicações significa tratar convencionalmentea desidratação (com o uso
de terapia de reidratação oral ou venosa), ter uma dieta adequada e usar os
antimicrobianos, quando indicados.
Ainda assim, algumas complicações podem acontecer. É importante intervir
prontamente nas complicações. Os procedimentos adequados irão depender do
conhecimento da fisiopatogenia e das complicações de cada agente etiológico.

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