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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE ANÁLISES CLÍNICAS

CURSO DE FARMÁCIA

Maria Isabela Sassá Benedete

INFECÇÕES POR NEISSERIA GONORRHOEAE E CHLAMYDIA TRACHOMATIS E SEU

IMPACTO NA FERTILIDADE FEMININA: UMA REVISÃO DE ESCOPO

FLORIANÓPOLIS

Maio/2021

Maria Isabela Sassá Benedete


INFECÇÕES POR NEISSERIA GONORRHOEAE E CHLAMYDIA TRACHOMATIS E SEU

IMPACTO NA FERTILIDADE FEMININA: UMA REVISÃO DE ESCOPO

Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Graduação em
Farmácia da Universidade Federal de Santa
Catarina como requisito parcial para a
conclusão da Disciplina de Trabalho de
Conclusão de Curso II

Orientador: Prof. Dr. Alexandre Sherlley


Casimiro Onofre
Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor,
através do Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária da UFSC.

Benedete, Maria Isabela Sassá


Infecções por Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia
trachomatis e seu impacto na fertilidade feminina: uma
revisão de escopo / Maria Isabela Sassá Benedete ;
orientador, Alexandre Sherlley Casimiro Onofre , 2021.
37 p.

Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) -


Universidade Federal de Santa Catarina, , Graduação em ,
Florianópolis, 2021.

Inclui referências.

1. Neisseria gonorrhoeae. 2. Chlamydia


trachomatis. 3. Infecções do Trato Reprodutivo (ITRs) .
4. Infertilidade. I. Onofre , Alexandre Sherlley Casimiro .
II. Universidade Federal de Santa Catarina. Graduação em .
III. Título.
RESUMO

A Clamídia e a Gonorréia são infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) que


atingem mulheres sexualmente ativas, sendo um grave problema de saúde pública. A idade
precoce de início sexual, o número de parceiros sexuais, a troca frequente de parceiros e a
baixa adesão ao uso de preservativos constituem fatores de risco tanto de infecção como de
reinfecção por Chlamydia trachomatis (CT) e Neisseria gonorrhoeae (NG). Ambas infectam
preferencialmente células do epitélio colunar da uretra, endocérvice, ânus e trato genital
superior e provocam neles lesões semelhantes.

A população sexualmente ativa apresenta cerca de 92 milhões de casos por Chlamydia


trachomatis e 62 milhões por Neisseria gonorrhoeae e a maioria ocorre principalmente em
jovens de países em desenvolvimento. Entre suas consequências estão a infertilidade
feminina e masculina, a transmissão de mãe para filho, determinando perdas gestacionais
ou doença congênita, e o aumento do risco para a infecção pelo HIV.

Palavras-chave: Gonorréia. Clamídia. Infecções sexualmente transmissíveis. Infertilidade.


ABSTRACT

Chlamydia and Gonorrhea are sexually transmitted infections that affect sexually
active women, being a serious public health problem. The early age of sexual initiation, the
number of sexual partners, the change of frequency of partners and low adherence to the
use of condoms that cause risk of both infection and reinfection by Chlamydia trachomatis
(CT) and Neisseria gonorrhoeae (NG). Both infect cells preferably from the columnar
epithelium of the urethra, endocervix, anus and upper genital tract and cause similar pairs in
them.

A sexually active population has about 92 million cases due to Chlamydia trachomatis and
62 million cases due to Neisseria gonorrhoeae and the majority occurs mainly in young
people from developing countries. Among its consequences are female and male infertility,
transmission from mother to child, causing pregnancy losses or congenital disease, and an
increased risk of HIV infection.

Keywords: Gonorrhea. Chlamydia. Sexually transmitted infections. Infertility.


LISTAS DE FIGURAS

Figura 1 – Órgãos reprodutores femininos...............................................................................9

Figura 2 – Estruturas internas do útero, ovário e de uma trompa

uterina...............................10

Figura 3 – Concentrações plasmáticas aproximadas de gonadotropinas e hormônios


ovarianos durante o ciclo sexual feminino normal.................................................................11

Figura 4 – Fertilização do
óvulo................................................................................................12

Figura 5 – IST em uma população...........................................................................................23

LISTAS DE QUADROS

Quadro 1 – Principais características das mulheres infectadas por Clamidia.........................22

LISTA DE ABREVIATURAS

CT - Chlamydia trachomatis

NG - Neisseria gonorrhoeae

ISTs - Infecções Sexualmente Transmissíveis

HIV - Vírus da Imunodeficiência Humana

ITRs - Infecções do Trato Reprodutivo


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO......................................................................................................8

2. JUSTIFICATIVA......................................................................................................8

3. OBJETIVOS............................................................................................................8

3.1. OBJETIVO GERAL....................................................................................................8

3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS........................................................................................8

4. METODOLOGIA....................................................................................................9

5. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA......................................................................................9

6. REFERÊNCIAS......................................................................................................32
1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho é uma revisão literária e tem como objetivo geral avaliar como
as Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) Chlamydia trachomatis (CT) e Neisseria
gonorrhoeae (NG) podem impactar na fertilidade feminina. As ISTs estão entre os temas
mais importantes no âmbito da Medicina. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS)
mostram que as IST são a segunda enfermidade que mais acomete as mulheres entre 15 e
44 anos, nos países em desenvolvimento.1 Com base na análise de adultos recém-infectados
por alguma ISTs, a OMS estimou que, entre as mulheres, a infecção ocorre mais cedo do que
nos homens e que a média de idade em que são acometidas é de 20 anos, ou seja, no
período da adolescência, e as jovens adultas. 5 As infecções por CT e NG são ISTs que afetam
a fertilidade feminina e, devido à evolução assintomática, o diagnóstico não é feito em até
80% dos casos, prejudicando o tratamento precoce da infecção.7-9

2. JUSTIFICATIVA

A Chlamydia trachomatis (CT) e Neisseria gonorrhoeae (NG) são doenças sexualmente


transmissíveis de alta frequência na população mundial e estão relacionados como um
grande problema para a reprodução humana, implicando na infertilidade feminina.

3. OBJETIVOS

3.1. OBJETIVO GERAL

O objetivo do estudo presente é realizar uma revisão bibliográfica acerca do assunto e


avaliar o potencial impacto da Chlamydia trachomatis (CT) e Neisseria gonorrhoeae (NG) na
fertilidade feminina 3.

3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Analisar a prevalência de Chlamydia trachomatis (CT). - Analisar a prevalência de


Neisseria gonorrhoeae (NG).
- Analisar o impacto dessa ISTs na fertilidade feminina.
- Analisar a relevância desse impacto.
4. METODOLOGIA

Realizou-se um estudo de fontes bibliográficas baseada em pesquisa nas bases de dados


Scielo, PubMed, sites de instituições governamentais e não governamentais no período de
agosto/2020 até maio/2021.

Foram utilizadas palavras chaves: Fisiologia do Sistema Reprodutor Feminino,


Fertilização, Infecções do Trato Reprodutivo, Gonorréia, Clamídia, Infertilidade, Doença
Inflamatória Pelvica.

5. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

5.1. FISIOLOGIA DO SISTEMA RESPRODUTOR FEMININO

5.1.2 Anatomia Fisiológica dos Órgãos Sexuais Femininos

As Figuras 1 e 2 mostram os principais órgãos do aparelho reprodutor feminino


humano, incluindo os ovários, as trompas de Falópio (também denominadas tubas
uterinas), o útero e a vagina. A reprodução começa com o desenvolvimento dos óvulos nos
ovários. No meio de cada ciclo sexual mensal, um só óvulo é expelido do folículo ovariano
para a cavidade abdominal próxima das aberturas fimbriadas das trompas de Falópio. Esse
óvulo, então, cursa por uma das trompas de Falópio até o útero; se tiver sido fertilizado por
espermatozóide, o óvulo se implanta no útero, onde se desenvolve em feto, na placenta e
nas membranas fetais e, por fim, em um bebê.17

Figura 1 - Órgãos reprodutores femininos. GUYTON, Arthur C. et al. Tratado de Fisiologia


Médica: Fisiologia Feminina Antes da Gravidez e Hormônios Femininos. In: GUYTON, Arthur
C. Tratado de Fisiologia Médica. University Of Mississippi Medicai Center Jackson,
Mississippi: Elsevier Editora Ltda, 2011. Cap. 81. p. 1041-1055.
Figura 2 - Estruturas internas do útero, ovário e de uma trompa uterina. (Redesenhada de
Guyton AC: Physiology of the Human Body, 6th ed. Philadelphia: Saunders College
Publishing, 1984.)

5.1.2 Sistema Hormonal Feminino

O sistema hormonal feminino, assim como o masculino, consiste em três hierarquias


de hormônios, a saber: O hormônio de liberação hipotalâmica, o hormônio liberador de
gonadotropinas (GnRH); os hormônios sexuais hipofisários anteriores, o hormônio
folículoestimulante (FSH) e o hormônio luteinizante (LH), ambos secretados em resposta à
liberação de GnRH do hipotálamo; os hormônios ovarianos, estrogênio e progesterona que
são secretados pelos ovários, em resposta aos dois hormônios sexuais femininos da hipófise
anterior.17

Esses diversos hormônios são secretados com intensidades drasticamente


diferentes, durante as diferentes partes do ciclo sexual feminino mensal. A Figura 3 mostra
as concentrações aproximadas nas variações dos hormônios gonadotrópicos hipofisários
anteriores FSH e LH (as duas curvas inferiores) e dos hormônios ovarianos estradiol
(estrogênio) e progesterona (as duas curvas superiores).17

A quantidade de GnRH liberada pelo hipotálamo aumenta e diminui de modo bem


menos drástico durante o ciclo sexual mensal. Esse hormônio é secretado em pulsos curtos,
em média uma vez a cada 90 minutos, como ocorre nos homens.17
Figura 3 - Concentrações plasmáticas aproximadas de gonadotropinas e hormônios
ovarianos durante o ciclo sexual feminino normal. FSH, hormônio folículo-estimulante; LH,
hormônio luteinizante. GUYTON, Arthur C. et al. Tratado de Fisiologia Médica: Fisiologia
Feminina Antes da Gravidez e Hormônios Femininos. In: GUYTON, Arthur C. Tratado de
Fisiologia Médica. University Of Mississippi Medicai Center Jackson, Mississippi: Elsevier
Editora Ltda, 2011. Cap. 81. p. 1041-1055.

5.2. FERTILIZAÇÃO

Depois que o homem ejacula sêmen na vagina da mulher durante a relação sexual,
alguns espermatozóides são transportados em 5 a 10 minutos na direção ascendente da
vagina e através do útero e das trompas de Falópio até as ampolas das trompas de Falópio
próximas às terminações ovarianas das trompas. Esse transporte dos espermatozóides é
auxiliado por contrações do útero e das trompas de Falópio, estimuladas por
prostaglandinas no líquido seminal masculino e também por ocitocina liberada pela hipófise
posterior da mulher durante o seu orgasmo. De cerca da metade dos bilhões de
espermatozóides depositados na vagina, alguns milhares conseguirão chegar a cada
ampola.18

A fertilização do óvulo ocorre normalmente na ampola de uma das trompas de


Falópio, pouco depois do espermatozóide e o óvulo entrarem na ampola. Entretanto, antes
que o espermatozóide consiga entrar no óvulo, ele precisa primeiro penetrar nas múltiplas
camadas de células da granulosa anexadas ao exterior do óvulo (a coroa radiada) e em
seguida se fixar e penetrar na zona pelúcida que circunda o óvulo.18

Uma vez que o espermatozóide tenha entrado no óvulo (que ainda se encontra no
estágio de desenvolvimento de oócito secundário), o oócito se divide mais uma vez
formando o óvulo maduro, mais um segundo corpo polar, que é expelido. O óvulo maduro
ainda carrega em seu núcleo (agora denominado pronúcleo feminino) 23 cromossomos. Um
desses cromossomos é o cromossomo feminino, conhecido como cromossomo X.18
Nesse ínterim, o espermatozóide fertilizador também passou por alterações. Ao
entrar no óvulo, sua cabeça incha formando o pronúcleo masculino, ilustrado na Figura 4-D.
Posteriormente, os 23 cromossomos sem pares do pronúcleo masculino e os 23
cromossomos sem pares do pronúcleo feminino alinham-se para formar o complemento
final de 46 cromossomos (23 pares) no ovo fertilizado.18

Figura 4 - Fertilização do óvulo. A, O óvulo maduro cercado pela coroa radiada. B, Dispersão
da coroa radiada. C, Entrada do espermatozóide. D, Formação dos pronúcleos masculino e
feminino. E, Reorganização do complemento total de cromossomos e início da divisão do
óvulo. (Modificada de Arey LB: Developmental Anatomy: A Textbook and Laboratory
Manual of Embryology, 7th ed. Philadelphia:WB Saunders, 1974.)

5.3. INFECÇÕES DO TRATO REPRODUTIVO (ITRs)

As infecções do trato reprodutivo (ITRs) são causadas por organismos normalmente


presentes no trato reprodutivo ou introduzidos de fora durante o contato sexual ou
procedimentos médicos. Essas categorias diferentes, mas sobrepostas, de ITR são chamadas
de infecções endógenas sexualmente transmissíveis (ISTs) e iatrogênicas, refletindo como
são adquiridas e disseminadas. Mais de 340 milhões de ISTs curáveis, e muitas mais
incuráveis, ocorrem a cada ano. Entre as mulheres, as ITRs não transmitidas sexualmente
são geralmente ainda mais comuns.1

As infecções do trato reprodutivo são infecções do trato genital. Eles afetam


mulheres e homens. Alguns ITRs (como sífilis e gonorreia) são transmitidos sexualmente,
mas muitos não são. Nas mulheres, o crescimento excessivo de microrganismos endógenos
normalmente encontrados na vagina pode causar ITR (infecção por fungos, vaginose
bacteriana). As intervenções médicas podem provocar infecção iatrogênica de várias
maneiras - organismos endógenos da vagina ou organismos sexualmente transmissíveis no
colo do útero podem ser empurrados durante um procedimento transcervical para o trato
genital superior e causar infecção grave do útero, trompas de Falópio e outros órgãos
pélvicos. Organismos de fora do corpo também podem ser introduzidos no trato genital
superior durante procedimentos médicos se o controle da infecção for deficiente. Nos
homens, as infecções sexualmente transmissíveis são muito mais comuns do que as
infecções endógenas ou iatrogênicas.1

5.4. GONORRÉIA

A gonorréia é uma infecção bacteriana freqüente, causada pela Neisseria


gonorrhoeae, um diplococo Gram-negativo de transmissão quase que exclusiva através de
contato sexual ou perinatal. Primariamente afeta membranas mucosas do trato genital
inferior, e mais raramente, as mucosas do reto, orofaringe e conjuntiva. A infecção genital
ascendente na mulher leva a uma complicação séria, a salpingite aguda, uma das principais
causas de infertilidade feminina. O controle da gonorréia tem sido difícil na maioria das
populações, e essa permanece um exemplo da influência que os fatores sociais,
comportamentais e demográficos exercem na epidemiologia de uma doença infecciosa. O
manejo da gonorréia e de outras infecções sexualmente transmissíveis requer tanto o
tratamento do paciente e de seu parceiro sexual como medidas de saúde pública para
interromper a transmissão da infecção e evitar complicações a longo prazo.3

5.4.1. Etiologia

O patógeno obrigatório N. gonorrhoeae infecta apenas humanos na natureza e mais


comumente se manifesta como uretrite em homens e cervicite em mulheres. 19 Os
patógenos obrigatórios referem-se a bactérias que devem manifestar doenças para facilitar
a transmissão de um hospedeiro para outro. Para sobreviver, essas bactérias devem infectar
um hospedeiro e não podem sobreviver fora de um hospedeiro. Infecções urogenitais
gonorreicas não diagnosticadas e/ou não tratadas podem ascender através do trato
urogenital superior e causar muitas complicações reprodutivas graves, mais comumente,
mas não exclusivamente, em mulheres, como endometrite, doença inflamatória pélvica,
infertilidade e/ou morbidade com risco de vida via gravidez ectópica.20,21

5.4.2. Epidemiologia

Um grande problema de saúde pública, N. gonorrhoeae é atualmente a segunda


causa mais comum de infecções bacterianas sexualmente transmissíveis em todo o
mundo.20 A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 106 milhões de novos casos
de gonorréia são documentados entre adultos anualmente em todo o mundo; muitas outras
infecções não são relatadas.22 Com mais de 500.000 casos observados anualmente nos
Estados Unidos, N. gonorrhoeae é a segunda doença sexualmente transmissível mais
comumente relatada nos Estados Unidos21,23, logo atrás da Chlamydia trachomatis.63

A infecção por gonorréia tem uma ligeira prevalência masculina secundária ao


aumento da probabilidade de que os homens manifestem sintomas urogenitais e também
devido ao aumento do diagnóstico entre os homens que fazem sexo com homens. 23 Na
última década, a incidência de ISTs gonorreais aumentou como resultado do aumento do
número de cepas resistentes a antibióticos.21,24

5.4.3. Fisiopatologia

A infecção por N. gonorrhoeae começa com a adesão dos gonococos às células


epiteliais, seguida de invasão celular local. A gonorréia tem múltiplas proteínas de superfície
que facilitam a adesão. N. gonorrhoeae utiliza os filamentos para iniciar a adesão às células
epiteliais. Apêndices semelhantes a pêlos, os filamentos cobrem a superfície bacteriana. Sua
capacidade de alongar e se retrair permite que as bactérias se liguem à distância e se
aproximem das células epiteliais, promovendo invasão celular. Os filamentos também
fornece motilidade e proteção.25 Outras proteínas de superfície envolvidas na fixação celular
incluem Opa, proteínas associadas à opacidade e LOS, lipooligossacarídeo. O tempo de
permanência se liga aos espermatozóides e provavelmente leva à transmissão de homens
para parceiros sexuais não infectados.21,26

A invasão do epitélio cervical envolve células bacterianas interagindo com receptores


do complemento da célula hospedeira tipo 3 (CR3). Esta comunicação é iniciada pela
vinculação do pili ao CR3.27 Isso causa um rearranjo extensivo da actina da célula
hospedeira, resultando em grandes projeções chamadas babados. 28 O ruffling então permite
que os gonococos entrem nas células hospedeiras em grandes vacúolos chamados
macropinossomos e, posteriormente, se multipliquem dentro das células infectadas.21,29

Neisseria gonorrhoeae induz infecção localizada no local anatômico da inoculação


tipicamente uretra, colo do útero, faringe ou ânus em adultos e na conjuntiva ocular ou
faringe de recém-nascidos, mas pode ocorrer disseminação. 22 Os gonococos são
classificados como sensíveis ao soro ou resistentes ao soro com base em sua sensibilidade à
morte por ativação do complemento; cepas resistentes ao soro têm o potencial de causar
infecção disseminada.30 N. gonorrhoeae desenvolveu vários mecanismos para combater os
sistemas imunológicos inatos e adaptativos das defesas imunológicas de seus organismos
hospedeiros.19,21
5.4.4. Histopatologia

A microscopia óptica de esfregaços Gram-negativos ou corados com azul de metileno


de amostras de muco uretral ou cervical de N. gonorrhoeae demonstrará neutrófilos com
diplococos intracelulares. A microscopia óptica tem alta sensibilidade e especificidade para
homens sintomáticos com descarga uretral; no entanto, a microscopia óptica tem uma
sensibilidade menor para o diagnóstico de gonorréia cervical, faríngea e retal. 19,21

5.4.5. História e Física

Em mulheres, N. gonorrhoeae infecta mais comumente o colo do útero, resultando


em cervicite. Quando pacientes do sexo feminino com infecções urogenitais gonocócicas
têm sintomas, elas podem se queixar de corrimento vaginal, disúria ou dor pélvica. 23,31 A
infecção gonorreica das glândulas de Bartholin adjacentes ao introito vaginal se manifesta
como inchaço labial de tecidos moles, formação de abscesso e dor. 32 Se a cervicite não for
detectada e não tratada, a infecção gonocócica ascendente pode resultar em envolvimento
do trato reprodutivo superior, como salpingite e doença inflamatória pélvica. A doença
inflamatória pélvica pode se manifestar com dor pélvica, infertilidade e aumentar o risco de
gravidez ectópica.23,33 Infecções gonocócicas que complicam a gravidez podem levar a
desfechos adversos da gravidez, como recém-nascidos de baixo peso e transmissão para
recémnascidos, resultando em infecções orofaríngeas ou conjuntivais.21,33

Embora muitas mulheres, mais de 50%, não manifestem sintomas de suas infecções
gonocócicas do colo do útero, a maioria dos homens, mais de 90%, manifestará gonorréia
urogenital sintomaticamente.19,31 As manifestações clínicas mais comuns da doença
gonocócica no sexo masculino incluem corrimento purulento peniano, disúria e desconforto
testicular.31 As complicações gonocócicas urogenitais masculinas incluem orquite,
epididimite, linfangite peniana, edema peniano e estenoses uretrais pós-infecciosas. A
prevalência de infecções gonocócicas retais e faríngeas tem aumentado entre as populações
de homens que fazem sexo com homens.21,34

Como a cervicite, a infecção gonocócica da faringe, do reto e da uretra feminina


geralmente se apresentam de forma assintomática ou com sintomas sutis. 23 Se não for
tratada, a infecção gonorreica do reto pode se manifestar com dor retal, sangramento,
corrimento e proctite.23 Pouco frequentemente, N. gonorrhoeae se manifesta
sistemicamente como febre/septicemia, tenossinovite, artrite e vasculite.21,33

5.4.6. Avaliação

Ensaios laboratoriais diagnósticos são essenciais para confirmar a suspeita clínica de


gonorréia. A confirmação laboratorial do diagnóstico de infecção por N. gonorrhoeae é feita
pela detecção direta do patógeno gonocócico em espécimes de swab urogenital, anorretal,
faríngeo ou conjuntival ou urina de primeira captura.21,33

Populações que se envolvem em relações sexuais anogenitais e/ou sexo oral


insertivo exigirão triagem para gonorréia do ânus e faringe, além de triagem urogenital. 34 A
confirmação da suspeita clínica de gonorréia é estabelecida pela detecção de N.
gonorrhoeae ou sua assinatura genética em amostras genitais ou extragenitais por
microscopia óptica de esfregaços corados, cultura ou testes de amplificação de ácido
nucleico (NAATs).19,21

O uso rotineiro de NAATs para rastrear pacientes assintomáticos de risco


demonstrou que infecções gonocócicas faríngeas e retais não são manifestações
incomuns.31 Os NAATs são geralmente mais de 95% sensíveis e específicos em swabs
uretrais e cervicais e urina de primeira captura de homens.21,31

O desenvolvimento de ensaios de ponto de atendimento comercialmente


disponíveis para a infecção por N. gonorrhoeae afetou o tempo de tratamento. No entanto,
embora esses ensaios no ponto de atendimento tenham poucos resultados falso-positivos,
ou seja, demonstrem altos níveis de especificidade, seus perfis de sensibilidade variam
amplamente, com taxas falso-negativas variando de 13% a mais de 90%. 35 A triagem
laboratorial repetida após o tratamento do paciente e do parceiro para infecção gonocócica
aumenta os esforços de erradicação. 35 Recentemente, o desenvolvimento de NAATs
multiplex permite a triagem de um extenso painel de ISTs além de N. gonorrhoeae. 21,33

5.4.7. Tratamento e Manejo

A terapia empírica para infecções gonocócicas é frequentemente administrada


durante a visita clínica inicial com base em fatores históricos, como relações sexuais com
uma pessoa com uma IST ou um exame clínico suspeito de uma IST, como gotejamento
peniano ou corrimento vaginal anormal. Em todo o mundo, o tratamento da IST N.
gonorrhoeae para infecções urogenitais em homens e mulheres, mais comumente consiste
em terapia dupla com uma dose única intramuscular ou intravenosa de 250 a 500 mg de
ceftriaxona em conjunto com uma dose oral única de 1 a 2 g de azitromicina por via
oral.21,22,24

No Canadá, um regime antimicrobiano alternativo é favorecido para o tratamento de


primeira linha de infecções urogenitais por N. gonorrhoeae, uma dose única de cefixima oral
800 mg emparelhada com uma dose única de azitromicina 1 g. 22 É importante notar que 2 g
de azitromicina oral e 800 mg de cefixima oral têm efeitos adversos gastrointestinais
notáveis, como vômitos.21,22
Para infecções gonocócicas complicadas, incluindo doença inflamatória pélvica (DIP),
epididimite e proctite, a terapia dupla com uma dose única intramuscular ou intravenosa de
250 a 500 mg de ceftriaxona é combinada com doxiciclina oral 100 mg duas vezes ao dia por
sete dias, em vez de uma dose única de 1 g de azitromicina, devido à eficácia da doxiciclina
contra C. trachomatis e eficácia documentada no tratamento da epididimite e proctite. 34 A
terapia diretamente observada, endossada pela Organização Mundial da Saúde, da terapia
gonocócica promove a adesão à terapia e limita as falhas do tratamento secundárias ao
abandono.21,36

A morbidade da gonorréia aumentou nos últimos 20 anos secundária à progressão


da resistência antimicrobiana.21,24

N. gonorrhoeae evoluiu a resistência antimicrobiana utilizada para o seu tratamento


desde o primeiro uso de sulfonamidas na década de 1930. Em algumas partes da Ásia e da
Europa, isolados gonocócicos exibindo concentrações inibitórias médias elevadas para
ceftriaxona foram identificados, e falhas no tratamento com ceftriaxona foram relatadas.
Quando há uma alta suspeita ou confirmação de resistência a N. gonorrhoeae à terapia
padrão com base nos resultados de cultura e sensibilidade, o tratamento da infecção
urogenital com uma dose única de gentamicina 240 mg IM com uma dose única de
azitromicina 1 g por via oral pode ser administrado.21,37

Em pacientes com alergia documentada com risco de vida a cefalosporinas ou alergia


a B-lactâmico, aztreonam em monoterapia pode ser utilizado para tratar infecções por N.
gonorrhoeae. Aztreonam 1g administrado por via intravenosa trata a gonorréia urogenital e
pode ter eficácia para infecção gonocócica faríngea e retal também ao utilizar uma dose de
2g.21,24

5.4.8. Diagnóstico Diferencial

Sintomas urogenitais induzidos por gonorréia podem ser observados com outras
infecções sexualmente transmissíveis, bem como doenças não sexualmente transmissíveis.
ISTs que podem causar disúria, corrimento peniano, corrimento vaginal anormal e dor
pélvica incluem Chlamydia trachomatis, Trichomonas vaginalis, Treponema pallidum,
Mycoplasma genitalium e vírus do herpes simplex.21,34

A infecção gonocócica aguda pode afetar vários sistemas de órgãos. Doenças


infecciosas e não infecciosas podem causar uretrite, cervicite, proctite, conjuntivite,
faringite e artrite. Etiologias autoimunes, neoplásicas, traumáticas e toxicológicas devem ser
consideradas ao avaliar pacientes com sintomas suspeitos de gonorréia. A própria infecção
gonocócica pode ter manifestações autoimunes, como artrite reativa em associação com
uretrite e conjuntivite.21,23
5.4.9. Complicações

Complicações da gonorréia resultam em morbidade substancial e consequências


socioeconômicas. Se as infecções por gonorréia não forem detectadas ou tratadas
adequadamente, elas podem induzir complicações graves com complicações de saúde
reprodutiva em mulheres, incluindo doença inflamatória pélvica, dor pélvica crônica,
infertilidade, aborto no primeiro trimestre e gravidez ectópica. 22 Pouco frequentemente, a
infecção gonocócica disseminada se manifestará como artrite séptica ou endocardite. A
infecção gonorreia pode causar síndrome de Fitz-Hugh-Curtis, inflamação da cápsula
hepática com aderências intra-abdominais resultantes, em mulheres e infertilidade
masculina.21

Complicações específicas para homens incluem epididimite, prostatite e proctite. 23


Complicações sistêmicas imunomediadas após a infecção por gonorréia podem resultar na
tríade de artrite reativa, uretrite e conjuntivite. 23 A infecção gonorreica pode complicar o
parto obstétrico infectando recém-nascidos por contato com os olhos com secreções
genitais durante o período puerperal e pode resultar em conjuntivite gonocócica que pode
progredir para cegueira. A infecção gonorreal aumenta o risco de transmissão sexual do
HIV-AIDS.21,23,31

O desenvolvimento de N. gonorrhoeae com resistência antimicrobiana é uma


complicação que tem implicações sociais. Geralmente, o desenvolvimento de resistência
antimicrobiana corresponde ao uso local, regional e nacional de antibióticos; populações em
países como a Holanda com menor uso de cefalosporinas, macrolídeos e fluoroquinolonas
têm uma menor incidência de resistência gonocócica do que nações de alto consumo de
antibióticos.21,37

Nos EUA, ao tratar indivíduos com suspeita ou confirmação de resistência à


cefalosporina, recomenda-se que os médicos consultem um consultor de doenças
infecciosas e relatem falha no tratamento ao Centers for Disease Control dentro de 24 horas
após a confirmação laboratorial do diagnóstico de N. gonorrhoeae resistente a
antimicrobianos.21,37 Como não é uma doença de notificação compulsória no Brasil, a sua
incidência exata por aqui é desconhecida.

5.4.10. Equipe de Saúde e Educação do Paciente

O controle de gonorréia em saúde pública depende de terapia antimicrobiana


adequada, em conjunto com intervenções de prevenção generalizadas e direcionadas, uso
de ensaios diagnósticos precisos, procedimentos de notificação de parceiros e vigilância
epidemiológica. A administração de antibióticos deve resolver casos individuais para
diminuir o risco de complicações e evitar a transmissão adicional da infecção. 19,21
Os pacientes devem se abster de atividade sexual por pelo menos 1 semana após o
início da antibioticoterapia. Os pacientes devem ser aconselhados sobre a necessidade de
confirmar microbiologicamente a cura de N. gonorrhoeae se forem tratados com terapia
alternativa se estiverem presentes comorbidades significativas, incluindo o HIV, ou se os
sintomas persistirem. O re-teste pode fornecer suscetibilidades a antibióticos que podem
evitar mais falhas no tratamento. Pacientes infectados com gonorréia também estão em
maior risco de contrair outras ISTs, incluindo HIV. Até 27% dos pacientes diagnosticados
com HIV têm diagnóstico de gonorréia dentro de 12 meses após o diagnóstico do HIV. 21,38

Todos os parceiros sexuais que tiveram contato sexual com o paciente nos últimos
60 dias devem ser testados quanto a gonorreia e outras ISTs e tratados caso os resultados
sejam positivos. Os parceiros sexuais com contatos nas últimas 2 semanas devem receber
tratamento presuntivo para gonorreia (tratamento epidemiológico).39

Terapia acelerada do parceiro (EPT, expedited partner therapy) significa dar aos
pacientes uma prescrição ou fármacos para serem entregues a seus parceiros. A EPT pode
aumentar a adesão dos parceiros e reduzir a falha terapêutica por reinfecção. Pode ser mais
adequado para os parceiros de mulheres com gonorreia ou infecção por clamídia.
Entretanto, é preferível uma consulta com um profissional de saúde para apurar história de
alergia a fármacos e para triar outras ISTs. 39

O Centers for Disease Control and Prevention defende o rastreamento de mulheres


grávidas e mulheres com fatores de risco de ISTs para a infecção por N. gonorrhoeae. Os
fatores de risco de IST incluem diagnósticos prévios de IST, etnia afro-americana não
latinoamericana, idade jovem, uso esparso de preservativo e parceiros sexuais
multitudinários.35 Uma equipe interprofissional composta por prestadores de cuidados
primários, epidemiologistas, especialistas em doenças infecciosas, enfermeiros comunitários
de saúde e farmacêuticos pode melhorar os resultados dos pacientes. 21

5.5. CLAMÍDIA

Chlamydia trachomatis é o micro-organismo sexualmente transmissível de maior


frequência nos países desenvolvidos, causa uma infecção ocular chamada "tracoma", que é
a principal causa infecciosa de cegueira em todo o mundo 40 e está relacionado como um dos
maiores problemas para a reprodução humana.10 A C. trachomatis é uma bactéria
intracelular obrigatória classificada como coco Gram-negativo, com genoma de
aproximadamente um milhão de pares de bases e com capacidade de codificar mais de 600
proteínas.11

O ciclo celular clamidial é totalmente distinto das demais bactérias. A endocitose pela
célula hospedeira permite a formação de um complexo de inclusão celular ligado à
membrana.11 A habilidade da clamídia em sofrer conversão da forma inativa para a forma
metabolicamente ativa, dentro da célula hospedeira, aumenta a dificuldade para a
eliminação desse micro-organismo pelo sistema imunológico.12

Mundialmente, a morbidade associada à infecção por C. trachomatis é bastante


pronunciada.12 Foi observado que 70 a 80% das infecções em mulheres são assintomáticas
e, portanto, não diagnosticadas e não tratadas.13 Algumas mulheres curam a infecção
adequadamente, sem o desenvolvimento de dano tecidual, enquanto outras desenvolvem
uma infecção persistente o que aumenta o risco de danos às tubas uterinas e infertilidade. 14

Nas mulheres, o colo do útero é o local anatômico mais comumente infectado. Isso
pode se manifestar como cervicite, uretrite, doença inflamatória pélvica, peri hepatite ou
proctite. As infecções por clamídia em mulheres, especialmente se não tratadas, aumentam
o risco de infertilidade e gravidez ectópica, levando a altos custos médicos. 41 Há também
riscos se uma mulher tiver uma infecção durante a gravidez. Além disso, bebês nascidos
vaginais de mães infectadas com Chlamydia trachomatis genital podem desenvolver
conjuntivite e/ou pneumonia. 40

Nos homens, a infecção por Chlamydia trachomatis pode levar a uretrite,


epididimite, prostatite, proctite ou artrite reativa. Tanto homens quanto mulheres
infectadas por C. trachomatis também podem apresentar conjuntivite, faringite e
linfogranuloma venéreo. O linfogranuloma venéreo (LGV), causado por sorovares distintos
de Chlamydia trachomatis, é uma doença menos comum caracterizada por linfonodos
aumentados ou proctocolite
grave.40,42

5.5.1. Etiologia

Chlamydia trachomatis faz parte do gênero chlamydophila. Essas bactérias são


Gramnegativas, anaeróbias e intracelulares obrigatórias que se replicam dentro de células
eucarióticas. C. trachomatis se diferencia em 18 sorovares (estirpes sorologicamente
variantes) com base em ensaios de tipagem baseados em anticorpos monoclonais. Esses
sorovares se correlacionam com várias condições médicas da seguinte maneira43:

Sorotipos A, B, Ba e C: O tracoma é uma doença ocular grave endêmica na África e na Ásia.


É caracterizada por conjuntivite crônica e tem o potencial de causar cegueira.

Sorotipos D-K: Infecções do trato genital, infecções neonatais.

Sorotipos L1-L3: Linfogranuloma venéreo (LGV), que se correlaciona com úlcera genital em
países tropicais. 40
5.5.2. Epidemiologia

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), a estimativa de novos


casos de infecção pela Chlamydia trachomatis em adultos era de 92 milhões em 1999,
sendo que 9,5 milhões ocorreram na América Latina e Caribe. Nas estimativas dos Centers
for Disease Control (CDC), nos Estados Unidos, existem mais casos novos diagnosticados de
infecção pela clamídia do que qualquer outra IST, incluindo sífilis, gonorréia, condiloma
acuminado, herpes e aids. Entre eles, é estimado que entre 3 e 4 milhões de casos novos de
clamídia ocorram a cada ano. 44

No Brasil, não há muitos dados que demonstrem a situação da infecção pela
Chlamydia trachomatis. Os dados publicados na literatura científica sobre prevalência dessa
infecção são estudos isolados, em populações específicas, em serviços determinados, mas
que mostram a importância dessa infecção silenciosa em nosso meio. 44

Estimativas da Coordenação Nacional de IST/AIDS apontam para a existência de


1.967.200 casos novos a cada ano. Nesses, a incidência em mulheres e homens sexualmente
ativos é de 3,5% (1.508.500 casos no- vos/ano) e 2,32% (478.700 casos novos/ano),
respectivamente. A baixa idade é um dos fatores de risco mais importantes entre os
relatados nos estudos realizados, idade inferior a 20 anos, ou a 25, dependendo da
população estudada.
44

De acordo com um estudo realizado numa cidade do interior do Estado do Rio de


Janeiro45, onde a taxa de positividade para clamídia no canal cervical de mulheres atendidas
em consultas ginecológicas foi de 18%, veja as principais características das mulheres
infectadas no Quadro 1.44

Quadro 1 - Principais características das mulheres infectadas por Clamidia. Técnica, Elfa
Vidas IST - J bras Doenças Sex Transm 12(3): 1-18,2000.
Pelo que já foi citado, fica evidente que mesmo em países desenvolvidos, como EUA,
as infecções por Chlamydia trachomatis ainda são inadequadamente controladas pelos
serviços de saúde, apesar da ênfase na prevenção. Conscientes da situação, o CDC e a
Associação Americana de Saúde Social passaram a indicar rastreamento de rotina para
todas as mulheres sexualmente ativas entre 15 e 25 anos.44

No Brasil, nos serviços públicos, são raros os locais que oferecem sistematicamente a
pesquisa desse patógeno. Nos serviços privados, normalmente só se pesquisa clamídia em
casos sintomáticos ou quando um dos parceiros sexuais relata a presença da bactéria.
Mesmo nessas situações, a pesquisa de Chlamydia trachomatis ainda não faz parte da rotina
da maioria dos ginecologistas, urologistas ou médicos que atendem IST. Muitos citam que o
exame é caro. Todavia, se for procurado na tabela de honorários sugerida pela Associação
Médica Brasileira, poderá encontrar-se o valor de 90 CH (coeficiente de honorários-CH).
Considerando um CH de R$ 0,30, uma pesquisa de clamídia por ELISA ou imunofluorescência
tem o valor de R$ 27,00.44

Infelizmente, o Brasil (serviços públicos, privados e sociedades médicas) carece de


normas enfáticas com orientações para o rastreamento de Chlamydia trachomatis.44

Seria importante um grande esforço envolvendo todos os seguimentos, no sentido


de se promover a pesquisa sistemática nos indivíduos potencialmente mais acometidos e,
sobretudo, em mulheres sexualmente ativas com idade entre 15 e 25 anos. Isso porque as
complicações e sequelas causadas por uma doença clamidiana podem assumir grandes
proporções orgânicas, sociais, emocionais e econômicas para a pessoa portadora, bem
como para o sistema de saúde, seja ele público ou privado. Tudo isso, sem contar com os
vários dias perdidos na jornada de trabalho, o que fatalmente afetará a produtividade, caso
o paciente tenha uma ocupação.44

Pelo diagrama exposto na Figura 5, é possível perceber o quanto pode ser difícil
controlar uma doença com poucos sintomas, como as causadas pela Chlamydia trachomatis.
Vários são os problemas a serem enfrentados. Desde a percepção de estar em risco para
uma IST, seus sinais e sintomas, até o correto tratamento do parceiro sexual. Observem que
o diagnóstico laboratorial é vital no enfrentamento dos danos causados pela clamídia. Óbvio
que não adianta diagnosticar e não disponibilizar, imediatamente, tratamento adequado.
Todavia, se o parceiro sexual for esquecido ou negligenciado, a cadeia de transmissão ainda
será forte.44
Figura 5 - IST em uma população. PASSOS, Mauro Romero Leal. Chlamydia trachomatis: A
Epidemia Silenciosa. Phoenix Produções Editoriais, São Paulo. Disponível em:
http://www.dst.uff.br/arquivos-pdf/clamidia.pdf. Acesso em: 13 abr. 2021.

5.5.3. Fisiopatologia

A clamídia é única entre as bactérias, que possui um ciclo infeccioso e duas formas
de desenvolvimento. Estes incluem a forma infecciosa chamada de corpo elementar (EB) e
de corpo reticulado (RB). O EB é metabolicamente inativo e é absorvido pelas células
hospedeiras. Dentro da célula hospedeira, o EB se diferenciará no RB metabolicamente
ativo. O RB usará fontes de energia e aminoácidos do hospedeiro para replicar e formar
novos EB, que podem infectar células adicionais. C. trachomatis tem como alvo as células
epiteliais escamocolunares da endocervix e do trato genital superior em mulheres, e a
conjuntiva, uretra e reto em homens e mulheres.40

A bactéria é transmitida através do contato direto com o tecido infectado, incluindo


sexo vaginal, anal ou oral, e pode até ser passada de uma mãe infectada para o recém-
nascido durante o parto.40

5.5.4. Histopatologia

Inclusões intracitoplasmáticas típicas e clamídias livres são identificáveis em


raspagens de células coradas por Giemsa do olho. Raspamentos conjuntivais corados são
positivos em 90% dos lactentes com conjuntivite neonatal e 50% dos adultos com
conjuntivite de inclusão. Técnicas citológicas podem ser usadas para avaliar raspagens
endocervicais, mas a sensibilidade e especificidade são baixas.40,46
5.5.5. História e Física

C. trachomatis pode levar a muitas infecções urogenitais, incluindo cervicite, doença


inflamatória pélvica, uretrite, epididimite, prostatite e linfogranuloma venéreo. As infecções
extragenitais causadas por C. trachomatis incluem conjuntivite, peri-hepatite, faringite,
artrite reativa e proctite. 40

Mais frequentemente, os pacientes permanecem reservatórios assintomáticos da


doença. Na minoria dos pacientes que se tornam sintomáticos, os sinais clínicos dependem
da localização da infecção. Abaixo estão os sinais e sintomas comuns associados a infecções
urogenitais por C. trachomatis.40

Cervicite: Aproximadamente 70% das mulheres serão assintomáticas ou apresentarão


sintomas leves, como corrimento vaginal, sangramento, dor abdominal e disúria. 47 Apenas
uma minoria das mulheres tem a apresentação clássica de cervicite mucopurulenta com
corrimento e sangramento endocervical facilmente induzido. Algumas mulheres podem se
queixar de sangramento pós-coito ou sangramento intermenstrual. 40

Doença inflamatória pélvica: ocorre quando C. trachomatis ascende ao trato reprodutivo


superior. Mais comumente, esses pacientes terão dor abdominal ou pélvica com ou sem
sinais e sintomas de cervicite. Outros sintomas incluem náuseas, vômitos, febres, calafrios,
dor lombar, dor com relação sexual, disúria ou sangramento pós-coito.40,48

Uretrite: É mais comumente vista em homens. Existem diferenças clínicas sutis entre a
uretrite gonocócica e a uretrite clamídia, mas não é possível fazer uma distinção confiável
sem teste. Apresenta-se de disúria e corrimento uretral, que é tipicamente branca, cinza ou
às vezes clara. Mulheres com uretrite podem se queixar de frequência ou disúria e podem
confundir seus sintomas com uma infecção do trato urinário. A análise de urina revelará
piúria, mas nem a cultura bacteriana nem a coloração de gram revelarão organismos. 40

Peri-hepatite: Também chamada de síndrome de Fitz-Hugh-Curtis, esta síndrome ocorre


quando a infecção por clamídia leva à inflamação da cápsula hepática e das superfícies
peritoneais próximas. Esta síndrome é mais comumente vista em pacientes com uma
doença inflamatória pélvica e está associada ao quadrante superior direito ou dor pleurítica.
Ao contrário de outras condições que podem afetar o fígado ou causar dor no quadrante
superior direito, anormalidades nas enzimas hepáticas geralmente não são encontradas. 40

Epididimite: Tipicamente, os homens apresentam dor e sensibilidade testicular unilateral,


possível hidrocele, inchaço palpável do epidídimo e febre.40

Proctite: A infecção retal por clamídia pode ser assintomática se causada por sorotipos
genitais D a K. No entanto, se os sorotipos LGV L1-L3 são a causa da proctite, os pacientes
podem se queixar de dor retal, corrimento e sangramento no cenário da relação anal
receptiva. Os pacientes também podem apresentar febre ou mal-estar. Isso é visto quase
exclusivamente em homens que fazem sexo com homens; no entanto, a relação anal não é
incomum na relação heterossexual.40

Prostatite: Os sintomas incluem disúria, disfunção urinária, dor pélvica e dor com
ejaculação. Secreções expressas da próstata podem mostrar aumento de leucócitos à
microscopia.40

Artrite Reativa: Aproximadamente 1% dos homens que têm uretrite por infecção por
clamídia também desenvolvem artrite reativa, e um terço terá a tríade da artrite reativa
(anteriormente conhecida como síndrome de Reiter). 49 A tríade consiste em artrite, uretrite
e uveíte.40

Conjuntivite: A inoculação direta com secreções genitais infectadas com os sorotipos de


Chlamydia trachomatis genital pode levar à infecção conjuntival. Os sintomas geralmente
incluem conjuntivite não purulenta. A conjuntiva pode ter uma aparência de
paralelepípedos. A conjuntivite é a manifestação mais comum da infecção por clamídia em
recém-nascidos.40

Pneumonia: Bebês nascidos de mães que têm uma infecção cervical por Chlamydia
trachomatis podem desenvolver pneumonia 5-30% das vezes.50 O reconhecimento
geralmente ocorre entre 4 e 12 semanas de idade, embora quase todos os bebês tenham
sintomas antes das oito semanas. Congestão nasal e tosse são comuns, e alguns bebês
podem ter secreções nasais espessas.51 Os bebês geralmente não têm febre ou apenas febre
mínima, podem ter taquipneia e podem ter uma tosse paroxística característica, “staccato
cough” (inspiração entre cada tosse). Em bebês prematuros, feitiços apneicos podem ser
vistos. As regras podem ser ouvidas na ausculta dos pulmões, mas a chiado é incomum. 40

Faringite: Embora não seja considerada uma causa significativa de faringite, C. trachomatis
pode ser detectada na faringe com testes amplificados por ácido nucleico. 40

Linfogranuloma Venereo: Os pacientes apresentarão úlceras genitais indolores. As úlceras


geralmente têm uma aparência pequena e estrelada. O desenvolvimento de linfadenopatia
inguinal geralmente segue o aparecimento de úlceras.40

5.5.6. Avaliação

Entre as infecções por C. trachomatis, o tracoma é o único diagnosticável por


motivos clínicos. Outras infecções por clamídia estão associadas a síndromes clínicas
específicas, mas requerem confirmação laboratorial. O padrão ouro para o diagnóstico de
infecções por clamídia urogenital é o teste de amplificação de ácido nucleico (NAAT). Este
teste é executado nos swabs vaginais para mulheres ou urina de primeira captura para
homens. O teste também pode ser realizado em swabs endocervicais ou uretrais. Os
esfregaços devem ter um fio ou eixo de plástico; a ponta deve ser dacron ou rayon ou uma
citoescova. Outros materiais podem inibir Chlamydia trachomatis. Métodos alternativos de
teste incluem cultura, teste rápido, sorologia, detecção de antígenos e sondas genéticas. Se
não houver testes disponíveis, o tratamento é recomendado com base na apresentação
clínica.40

Quando um paciente apresenta suspeita de infecção por clamídia, um exame para


outras ISTs deve ser realizado. Um hemograma completo é essencial se houver suspeita de
DIP (doença inflamatória pélvica). Pode-se considerar o teste para HIV, gonorréia e sífilis. O
parceiro sexual deve ser testado para clamídia. Deve-se fazer um teste de gravidez, pois é
uma contraindicação à terapia com doxiciclina.40

A citologia é frequentemente usada em pacientes com conjuntivite e tracoma ocular.


As culturas geralmente não são feitas para clamídia, pois o organismo é difícil de crescer em
laboratório. No entanto, em pacientes com envolvimento anal e retal, as culturas são ideais,
pois outros testes são difíceis de interpretar.40

A Força-Tarefa de Serviços Preventivos dos Estados Unidos (USPSTF) recomenda a


triagem regular para clamídia em todas as mulheres sexualmente ativas, porque, se não
tratada, a infecção está associada à DIP, infertilidade e dor pélvica crônica. No sexo
masculino, o teste de leucócitos esterase na urina pode ser feito e é diagnóstico para
gonorréia ou clamídia na ausência de uma Infecção de Trato Urinário (ITU). 40

5.5.7. Tratamento e Manejo

O objetivo do tratamento é a prevenção de complicações associadas à infecção (por


exemplo, IDP, infertilidade), diminuir o risco de transmissão e a resolução dos sintomas. O
tratamento para a infecção não complicada por clamídia urogenital é com azitromicina. A
doxiciclina é uma alternativa, mas a azitromicina é preferida, pois é uma terapia de dose
única. Outras alternativas incluem eritromicina, levofloxacina e ofloxacina. 40

Infecção por clamídia e infecções gonocócicas geralmente coexistem. Em homens, o


co-tratamento para infecção gonocócica urogenital deve ocorrer com base na detecção do
organismo na NAAT ou coloração de Gram. Nas mulheres, a coloração de Gram é menos útil
devido à possibilidade de colonização normal das espécies de Neisseria dentro da flora
vaginal. Portanto, o co-tratamento deve depender de uma avaliação do risco individual do
paciente e das taxas de prevalência locais.40

Os pacientes devem ter parceiros identificados e testados. Eles também devem ser
aconselhados sobre comportamentos de alto risco, evitar atividade sexual por uma semana
após o início da terapia e devem considerar o teste para HIV.40
A verificação da cura deve ocorrer três semanas após o término do tratamento, e o
reteste deve ser realizado três meses após o tratamento. Se os sintomas persistirem após o
tratamento, considere a coinfecção com uma bactéria secundária ou a reinfecção.A cultura
de acompanhamento não é recomendada na maioria das pessoas, mas pode ser
considerada em uma mulher grávida.40,52-54

5.5.8. Diagnóstico Diferencial

Como a Chlamydia trachomatis pode levar a um amplo espectro de doenças ou


manifestações clínicas, o diagnóstico diferencial de várias queixas também é amplo. Deve-se
considerar outras etiologias que podem afetar cada área corporal ou sistemas de órgãos e
podem se manifestar de forma semelhante.40

Disúria: Gonorréia, Herpes genital, Infecção do trato urinário.

Dor abdominal: Apendicite, Colecistite, Obstipação.

Dor pélvica: Endometriose, Cistos ovarianos, Adenomiose.

Corrimento vaginal: Vaginose bacteriana, Trichomonas vaginalis, Gonorréia, Candidíase


vaginal, Corpo estranho, Infecção por Mycoplasma genitalium, Infecção por uraplasma.

Corrimento Retal: Doença inflamatória intestinal, Gonorréia.

Conjuntivite: Infecção viral, Alergia, Infecção gonocócica.

Sangramento Pós-Coito ou Intermenstrual: Câncer do colo do útero, Pólipo cervical ou


endometrial, Ectrópio cervical, Leiomioma, Gravidez.

Ulceração genital: Herpes simplex, Sífilis, Cancroma, Granuloma inguinal.40

5.5.9. Tratamento

Para Clamídia Genital Descomplicada, as recomendações da Organização Mundial da


Saúde (OMS) para o tratamento são as seguintes: Azitromicina 1000 mg por via oral em
dose única ou Doxiciclina 100 mg por via oral duas vezes ao dia durante sete dias, ou uma
destas alternativas: tetraciclina 500 mg por via oral quatro vezes ao dia durante sete dias,
eritromicina 500 mg por via oral duas vezes ao dia durante 7 dias ou ofloxacina 200-400 mg
por via oral duas vezes ao dia durante 7 dias. Para Infecção anorretal por clamídia, a
recomendação da OMS é doxiciclina oral 100 mg duas vezes ao dia durante 7 dias sobre
azitromicina oral 1 g em dose única. Para Infecção por clamídia na gravidez, a OMS
recomenda o seguinte para o tratamento: Azitromicina recomendada em vez de
eritromicina, amoxicilina e eritromicina; Azitromicina 1 g por via oral em dose única ou
Amoxicilina 500 mg por via oral três vezes ao dia durante 7 dias ou Eritromicina 500 mg por
via oral duas vezes ao dia durante 7 dias.40

A OMS recomenda o seguinte para o tratamento do linfogranuloma venéreo (LGV):


Em adultos e adolescentes com linfogranuloma venéreo, as diretrizes sugerem doxiciclina
100 mg por via oral duas vezes ao dia durante 21 dias sobre azitromicina 1 g por via oral
semanalmente durante 3 semanas. Boas práticas ditam o tratamento do LGV,
particularmente para homens que fazem sexo com homens e para pessoas com infecção
pelo HIV.40

Quando contraindicações à doxiciclina estão presentes, a azitromicina deve ser a


escolha terapêutica. Quando não há outras opções de tratamento disponíveis, a
eritromicina 500 mg por via oral quatro vezes ao dia durante 21 dias é uma alternativa. A
doxiciclina não deve ser usada na gravidez.40

Para doença infantil: a eritromicina oral é o tratamento preferido tanto para


conjuntivite quanto para pneumonia no recém-nascido. A azitromicina é uma alternativa
aceitável. Recomenda-se que os bebês que falham em um curso inicial de eritromicina
recuem com outro curso de quatorze dias de eritromicina. Eritromicina 50 mg/kg por via
oral em 4 doses divididas por 14 dias ou Azitromicina 20 mg/kg por via oral diariamente por
3 dias.40

Em recém-nascidos em tratamento para infecção clamídia, tanto a azitromicina


quanto a eritromicina estão associadas a um risco de estenose pilórica hipertrófica infantil.
Esta é particularmente uma preocupação para bebês com duas semanas de idade ou
menos. Pais e médicos devem observar de perto os bebês quanto a quaisquer sinais de
obstrução intestinal.40

5.5.10. Prognóstico

O tratamento antibiótico tem uma taxa de eficácia de 95% para terapia de primeira
viagem. O prognóstico é excelente com o início imediato do tratamento precoce e com a
conclusão de todo o curso dos antibióticos. Embora falhas no tratamento com terapias
primárias sejam bastante raras, pode ocorrer recaídas. A reinfecção é comum e geralmente
está relacionada ao não tratamento de parceiros sexuais infectados ou à aquisição de um
novo parceiro. A morte é rara, mas pode ser causada pela progressão para salpingite e
abscesso tubo-ovário com ruptura e peritonite. A morbidade mais significativa ocorre com
infecção repetitiva por clamídias, o que leva a cicatrizes das trompas de Falópio e
subsequente esterilidade.40
5.5.9. Complicações

A doença inflamatória pélvica confere um risco de gravidez ectópica em mulheres


em idade fértil. A inflamação e a cicatrização do trato genital superior também podem
afetar a fertilidade ou levar à dor pélvica crônica. A infecção por clamídia na gravidez
também pode aumentar o risco de ruptura de membranas pré-trabalho (PROM), ruptura
prematura de membranas pré-trabalho (PPROM) e parto prematuro.40,55

5.5.10. Equipe de Saúde e Educação do Paciente

A infecção assintomática por Chlamydia trachomatis é muito comum, enquanto as


consequências de uma infecção não diagnosticada ou não tratada podem ser de longo
alcance. É por essas razões que a triagem é recomendada. Recomenda-se que todas as
mulheres grávidas sejam rastreadas para C. trachomatis. Todas as mulheres sexualmente
ativas com menos de 25 anos devem ser rastreadas anualmente. Mulheres com mais de 25
anos devem ser rastreadas se tiverem fatores de risco para infecções sexualmente
transmissíveis. Os fatores de risco incluem parceiros sexuais com múltiplos parceiros
simultâneos, parceiros sexuais novos ou múltiplos, uso inconsistente de preservativos se o
relacionamento não for monogâmico, troca de sexo por dinheiro ou drogas ou IST
anteriores/coexistentes. Homens que fazem sexo com homens também devem ser
rastreados para infecção por clamídia. Em indivíduos com HIV, a triagem deve ser feita na
apresentação inicial e anualmente.40

Nos Estados Unidos, C. trachomatis é considerada uma infecção de notificação


obrigatória. Aplicam-se leis locais e estaduais sobre notificação de doenças. Parceiros
sexuais devem ser notificados, examinados e tratados se uma IST for encontrada no
paciente índice. A terapia acelerada com parceiros também pode estar disponível em
determinados ambientes. A terapia acelerada com parceiros permite que os profissionais
prescrevam antibióticos para contatos sexuais sem estabelecer uma relação médico-
paciente.40

Os pacientes devem ser instruídos sobre as consequências potencialmente graves


das infecções por clamídia e a importância do rastreamento. Os pacientes também devem
ser instruídos de que a triagem muitas vezes pode ser realizada de forma não invasiva com
amostras de urina.40

Nos Estados Unidos e em outros países desenvolvidos, a prevenção de infecções e


complicações genitais sexualmente transmissíveis se concentra principalmente no
rastreamento e tratamento de mulheres sexualmente ativas não grávidas com idade igual
ou inferior a 25 anos anualmente. Recomenda-se o rastreamento para mulheres grávidas, e
o rastreamento e o tratamento de mulheres com mais de 25 anos de idade são
recomendações se houver fatores de risco identificáveis, como parceiros sexuais novos ou
múltiplos. A triagem de homens jovens em ambientes de alto risco (infecções sexualmente
transmissíveis e clínicas de adolescentes, instalações correcionais) deve ser uma
consideração se os recursos permitirem. NAAT urinária ou endocervical são os testes de
triagem recomendados. O parceiro deve ser rastreado e tratado ao mesmo tempo. 40

Profissionais de saúde e profissionais de enfermagem devem educar os pacientes


sobre a importância de usar preservativo durante o sexo, praticar sexo seguro ou abster-se
de atividade sexual para prevenir a clamídia.Os farmacêuticos devem verificar a dosagem e
a seleção do agente para terapia antimicrobiana, verificar se há interações medicamentosas
e relatar quaisquer preocupações ao prescritor.40

O prognóstico é excelente com o início imediato do tratamento precoce e, com a


conclusão de todo o curso dos antibióticos, o tratamento com antibióticos é 95% eficaz para
a terapia pela primeira vez. Nenhuma vacina está atualmente disponível para tracoma ou
infecções genitais clamídiais. A equipe de saúde, incluindo clínicos, enfermeiros e
farmacêuticos, deve trabalhar em conjunto para educar o paciente sobre métodos para
evitar a exposição e a importância de concluir o tratamento. Essa abordagem resultará em
diminuição da incidência e melhorará os resultados.40

5.6. INFERTILIDADE

Embora os homens sejam tão propensos à infertilidade quanto as mulheres, com


frequência, suas parceiras são mais estigmatizadas e culpadas quando os casais não
conseguem procriar.15 Nos países de baixa renda, muitos casos de infertilidade são causados
por infecções sexualmente transmissíveis e outras infecções, bem como complicações do
aborto inseguro. Nos países mais pobres, a infertilidade primária involuntária (incapacidade
de gerar filhos) é muitas vezes baixa comparada à infertilidade secundária involuntária
(incapacidade de gerar outro filho após ter gerado pelo menos um).16

A comunidade de pesquisa estabeleceu uma taxa de fecundabilidade várias vezes, o


que ajudou a estabelecer taxas normais de gravidez para auxiliar no diagnóstico de
infertilidade. O maior estudo identificou que 85% das mulheres engravidariam dentro de 12
meses. Com base nos achados deste estudo, a fecundabilidade é de 25% nos primeiros três
meses de relações sexuais desprotegidas e depois diminuiu para 15% nos nove meses
restantes.56 Esta pesquisa ajudou a American Society of Reproductive Medicine (ASRM) a
estabelecer quando um casal deve passar por uma avaliação de infertilidade. O ASRM
recomenda iniciar uma avaliação para infertilidade após não conseguir engravidar dentro de
12 meses após relações sexuais desprotegidas ou inseminação terapêutica de doadores em
mulheres com menos de 35 anos ou dentro de 6 meses em mulheres com mais de 35
anos.56,57 As aderências pélvicas e tubárias, juntamente com anormalidades uterinas e
tubárias, são responsáveis por uma grande parte da infertilidade feminina. Processos
infecciosos dentro do abdômen são a principal causa de aderências pélvicas/tubais; o
processo infeccioso mais comum para afetar a infertilidade é a doença inflamatória pélvica
(DIP). O microrganismo que acarreta o maior risco de infertilidade em associação com DIP é
Chlamydia trachomatis. Uma em cada 4 mulheres com infertilidade do fator tubário terá
anticorpos positivos contra a clamídia, que são inversamente proporcionais às taxas de
gravidez.59 O número de episódios de IDP e a gravidade desempenham um papel na
probabilidade de infertilidade. Um estudo demonstrou que as taxas de gravidez após a IDP
foram de 89% após 1 episódio, 77% após dois episódios e 46% após três episódios. 60 Em
termos de gravidade da IDP de leve, moderada e grave, as taxas de nascidos vivos foram de
90%, 82% e 57%, respectivamente.56,61

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a clamídia e a gonorreia são


responsáveis por cerca de 25% dos casos de infertilidade. As duas Infecções Sexualmente
Transmissíveis (IST) podem levar ao desenvolvimento da doença inflamatória pélvica (DIP),
complicação que causa alterações tubárias nas mulheres e infecções na uretra nos homens
– fatores de risco para uma gestação natural. 62

5.7. DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA (DIP)

No caso da mulher, quando a paciente apresenta bactérias no colo do útero, como


clamídia e gonorreia, esses microorganismos podem subir para o corpo do útero, trompas e
até mesmo ovários, caracterizando a doença inflamatória pélvica cujos sintomas podem
incluir: corrimento, dor pélvica, febre, mal-estar e até septicemia.62

Essa ascensão pode ocorrer de forma espontânea, ou após manipulação no


consultório médico. Durante a inserção de DIU, uma biópsia de endométrio ou curetagem,
por exemplo. Isso leva à doença inflamatória pélvica, ou seja, infecção do endométrio,
trompas uterinas, ovários e estruturas contíguas. A trompa uterina é o local onde ocorre o
encontro do espermatozoide com o óvulo. Dessa forma, quando as trompas não estão
funcionando adequadamente, a paciente pode evoluir para infertilidade. A inflamação
dessas estruturas pode acarretar obstrução ou acúmulo de líquido dentro das tubas
uterinas, chamado de hidrossalpinge. Ocasionalmente pode até ocorrer a fertilização na
trompa, porém o embrião não é transportado adequadamente para dentro do útero. É o
caso da gravidez ectópica, considerada de risco para a mulher.62
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