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1.

INTRODUÇÃO

Puerpério, conhecido também como pós-parto, corresponde à fase na qual ocorrem


todas as manifestações involutivas e de recuperação materna após o nascimento do bebê
(REZENDE, 2014). A consolidação do processo de maternidade ocorre nesse período,
proporcionando significados e momentos diferenciados para cada mulher e sua família.
É considerado um período crítico e de transição, logo a mulher fica suscetível a algumas
intercorrências, tais como hemorragias, agravos em decorrência da lactação, depressão e
infecções puerperais, por exemplo (LIMA et al., 2014). A via de parto, vaginal ou
cesárea, pode determinar o andamento desse processo, assim como definir os critérios
diagnósticos de Infecção Puerperal para constituir a vigilância epidemiológica das
Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS).

As IRAS há muito representam um desafio para a saúde pública br, devido à alta
morbimortalidade, aumento do tempo e dos custos de internação, diminuição da
rotatividade dos leitos e grande repercussão no paciente, família e profissional de saúde.
De acordo com os dados do DataSUS, entre os anos de 2012 e 2015, houve aumento no
número de partos cesárea em todo o nordeste brasileiro e de quase 7% no estado do
Ceará (BRASIL, 2017). Na saúde suplementar, é possível verificar que 88% dos partos
são por cirurgia cesariana e isso pode ser visto, principalmente, em populações
economicamente privilegiadas, ao buscar redução da sensação de dor, interesse pelo
procedimento de laqueadura, conforto e interesses médicos, por exemplo
(ROMAGNOLO, 2018). Quanto à avaliação geral dos dados nacionais publicados pela
Pesquisa Nascer no Brasil do Inquérito Nacional sobre Parto e Nascimento, a taxa de
cirurgias cesáreas nos serviços públicos chega a 46%, nos dias atuais. Houve uma
tendência de estabilização e o Brasil pontuou queda de 1,5 pontos percentual em 2015
no número de partos cesárea (BRASIL, 2018).

Esse processo pode ser obtido como resultado de uma série de estratégias, como a
implementação da Rede Cegonha – iniciativa do governo federal para garantir o
atendimento de qualidade pelo Sistema Único de Saúde (SUS) de todas as mulheres –
qualificação das maternidades de alto risco, maior presença de enfermeiras obstétricas,
entre outros (BRASIL, 2017)

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1.1. Justificativo

A percepção sobre a infecção, prevenção e aprimoramento de conhecimento com


vista a servir melhor na área.

1.2. Problema

No Hospital do Palanca 2, justamente na maternidade, há problemática no que


toca a infecção puerperal, visto que até mesmo em alguns casos chega a ser
desconhecido pelas pacientes.

1.3. Limitação e Delimitação

A abordagem inclina-se concretamente a Infecção Purperal na maternidade do


Palanca 2 no 2º semestre de 2018.

2. OBJETIVOS

2.1. GERAL

 Avaliar prontuários de mulheres com infecção puerperal hospitalizadas em


maternidade.

2.2. ESPECÍFICOS

 Identificar a taxa de incidência de infecção puerperal em mulheres após cirurgia


cesariana;
 Caracterizar o perfil sociodemográfico, obstétrico e clínico das mulheres
acometidas por infecção puerperal após cirurgia cesariana;
 Verificar as indicações de cesáreas, tipos de infecção puerperal e factores de
risco nas mulheres acometidas com infecção puerperal após cirurgia cesariana.

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
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3.1. INFECÇÃO PUERPERAL: DEFINIÇÃO E FATORES ASSOCIADOS

No puerpério ocorre o total restabelecimento do organismo da mulher. Esse período


que, geralmente, dura seis semanas, é dividido em pós-parto imediato – do 1º ao 10º dia;
pós-parto tardio – 10º ao 45º dia e o pós-parto remoto – a partir do 45º dia. As
mudanças de ordem orgânica, anatómica e fisiológica se relacionam também com
questões psicossociais relacionadas à maternidade. (REZENDE, 2014)

Puerpério, também chamado resguardo ou quarentena, é o nome dado à fase pós-


parto em que a mulher experimenta modificações físicas e psíquicas. Este é o período de
tempo que decorre desde a dequitadura até que os órgãos reprodutores da mãe retornem
ao seu estado pré-gravídico. Nesta fase, a mulher é chamada de puérpera.

O puerpério inicia-se no momento em que cessa a interacção hormonal entre o ovo e o


organismo materno. Geralmente isto ocorre quando termina o descolamento da placenta,
logo depois do nascimento do bebé, embora possa também ocorrer com a placenta ainda
inserida, se houver morte do ovo e cessar a síntese de hormônios. (ANVISA, 2017)

Quanto à infecção puerperal, consiste como qualquer infecção do trato genital ocorrida
durante o puerpério. É descrita na literatura, em um contexto geral, para tratar de
processos infecciosos no pós-parto, não só por origem genital como relacionadas ao
útero, anexos e ferida operatória, mas também por origens extragenitais, no caso das
mastites, tromboflebite, complicações respiratórias e infecções urinárias (ARAUJO,
2012 apud. LIMA, 2014).

O quadro clínico apresentado é, dentre outras manifestações, febre puerperal,


consistindo em temperatura axilar maior ou igual a 38º C após 24 horas após o parto por
pelo menos 2 dias nos primeiros 10 dias (KARSNITZ, 2013). De acordo com a
ANVISA (2017), pode ter origem polimicrobiana na qual os agentes etiopatogênicos
são microorganismos de hábito anaeróbio e aeróbio da flora dos tractos geniturinário e
intestinal.

Vale lembrar da apojadura ou “descida do leite” que representa o período entre 48 a 72


horas pós-parto em que há início da produção de leite e que pode ser causa de aumento
da temperatura axilar (36,8ºC a 37,9ºC) nas primeiras 24 horas sem que haja,
necessariamente, alguma infecção, haja vista que as mamas aumentam de tamanho e
temperatura, tornando-se dolorosas por três ou quatro dias. Nesses casos, recomenda-se
verificar a temperatura oral da puérpera e considerar como febre a temperatura maior ou

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igual a 38ºC (ANVISA, 2017). Dentro da ginecologia e obstetrícia, as infecções
puerperais, que envolvem infecção de sítio cirúrgico e endometrites, por exemplo, são
as principais causas de morbidade materna e aumento do tempo de internação da
puérpera (CAVALCANTE, 2015).

A infecção puerperal possui índices que variam em torno de 1 a 10,2%, segundo Cruz et
al. (2013). Quando essas infecções pós-parto não levam a morte, podem gerar
complicações, como a doença inflamatória pélvica (DIP) e a infertilidade. Ademais, em
torno de 10% das mortes maternas no mundo são decorrentes da sepse, sendo
considerada a terceira causa direta de mortalidade nesta população, superada apenas
pelas complicações hemorrágicas e hipertensivas, respectivamente. Estima-se que a
infecção puerperal é responsável por pelo menos 75.000 mortes maternas durante o ano,
em países de baixa renda per-capita, principalmente (ANVISA, 2017).

Existem vários tipos de infecções puerperais, e dessas infecções propõe-se atentar para
o caso específico de infecção operatória, em virtude desta apresentar-se crescente
quantitativamente, mesmo existindo técnicas avançadas de esterilização e higienização
(NEME, 2005). A Infecção de Sítio Cirúrgico (ISC) ocorre em até 30 dias após a
realização do procedimento e pode se classificar nos seguintes Critérios Diagnósticos:
Infecção de Sítio Cirúrgico Incisional Superficial (ISC-IS); Infecção de Sítio Cirúrgico
Incisional Profunda (ISC-IP); Infecção de Órgão ou Cavidade (ISC-OC) (ANVISA,
2017).

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3.2. A História da febre puerperal
Para ilustrar com simplicidade alguns aspectos importantes da investigação
científica, consideremos os estudos de Semmelweis sobre a febre de parto. Ignaz
Semmelweis, um médico de origem húngara, realizou esses estudos de 1844 a 1848 no
Hospital Geral de Viena. Enquanto membro da equipa médica da Primeira Divisão de
Maternidade do hospital, Semmelweis estava preocupado por saber que uma grande
proporção das mulheres que davam à luz nessa divisão contraía uma doença grave,
frequentemente fatal, conhecida por febre puerpéria ou febre de parto. Em 1844, nada
menos que 260 das 3157 mães da Primeira Divisão, ou seja, 8.2%, morreram da doença;
em 1845 a taxa de mortalidade foi de 6.8%, e em 1846 de 11.4%. Estes valores eram
ainda mais alarmantes pelo fato de na Segunda Divisão de Maternidade do mesmo
hospital — que era adjacente à Primeira e acomodava quase o mesmo número de
mulheres — a proporção de mortes por febre de parto ser muito mais baixa: 2.3, 2.0 e
2.7 por cento para os mesmos anos. Num livro escrito posteriormente sobre as causas e
a prevenção da febre de parto, Semmelweis descreveu os seus esforços para resolver
este enigma terrível. (MEHOUDAR, 2012)

Semmelweis começou por considerar várias explicações que então eram


correntes. Rejeitou algumas delas à partida por serem incompatíveis com fatos bem
estabelecidos, e sujeitou as outras a testes específicos. (MEHOUDAR, 2012)

Um ponto de vista amplamente aceite atribuía a propagação da febre puerpéria a


"influências epidêmicas", que eram vagamente descritas como "mudanças atmosférico-
cósmico-telúricas" que alastravam por distritos inteiros e causavam a febre de parto nas
mulheres que davam à luz. Mas como, raciocinou Semmelweis, podiam essas
influências ter atingido a Primeira Divisão durante anos mas poupado a Segunda? E
como poderia este ponto de vista ser reconciliado com o fato de a febre assolar o
hospital enquanto dificilmente ocorria um caso na cidade de Viena ou nas suas
imediações? Uma epidemia genuína, como a cólera, não seria tão seletiva. Por fim,
Semmelweis fez notar que algumas das mulheres admitidas na Primeira Divisão, por
viverem longe de casa, começavam com dores de parto pelo caminho e acabavam por
dar à luz na rua. No entanto, apesar dessas condições adversas, a taxa de mortalidade
por febre de parto nestes casos de "nascimento de rua" era inferior à da Primeira
Divisão. (MEHOUDAR, 2012)

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Segundo outro ponto de vista, a sobrelotação era a causa da mortalidade na
Primeira Divisão. Mas Semmelweis indicou que na verdade a lotação era superior na
Segunda Divisão, o que em parte se devia ao esforço desesperado das pacientes para
evitar a colocação na célebre Primeira Divisão. Semmelweis também rejeitou duas
conjecturas semelhantes que eram correntes, fazendo notar que não existiam diferenças
entre as duas divisões no que dizia respeito à dieta ou ao tratamento geral das pacientes.
(SOUZA et al., 2013).

Em 1846, uma comissão que fora designada para investigar o assunto atribuíra a
predominância da doença na Primeira Divisão aos danos resultantes de exames
descuidados dos estudantes de medicina, que recebiam a sua preparação de obstetrícia
na Primeira Divisão. Para refutar esta idéia, Semmelweis fez notar que a) os danos que
resultam naturalmente do processo de nascimento são muito mais profundos dos que o
que podem ser causados por exames descuidados; b) as parteiras que recebiam a sua
preparação na Segunda Divisão examinavam as suas pacientes da mesma maneira, mas
sem os mesmos efeitos de doença; c), quando, em resposta ao relatório da comissão, se
reduziu para metade o número de estudantes de medicina e os seus exames às mulheres
foram reduzidos ao mínimo, depois de um breve declínio a mortalidade atingiu os níveis
mais elevados de sempre. (Yıldırım, G 2013).

Foram sugeridas várias explicações psicológicas. Numa delas indicava-se que a


Primeira Divisão estava organizada de tal forma que o padre que ia dar a extrema unção
às mulheres prestes a morrer tinha que passar por cinco alas antes de chegar à
enfermaria: supôs-se que a presença do padre, precedida pelo som da campainha do seu
ajudante, tinha um efeito aterrorizante e debilitante nas pacientes, o que as tornava mais
propensas a contrair a febre de parto. Na Segunda Divisão, este fator adverso estava
ausente, já que o padre tinha acesso direto à enfermaria. Semmelweis decidiu testar esta
conjectura. Convenceu o padre a seguir outro caminho e a prescindir do som da
campainha, de forma a chegar à enfermaria silenciosamente e sem ser observado. No
entanto, a mortalidade não diminuiu na Primeira Divisão. (Yıldırım, G 2013).

Semmelweis teve uma nova ideia, sugerida pela observação de que na Primeira
Divisão as mulheres davam à luz deitada de costas, enquanto que na Segunda Divisão
davam à luz de lado. Embora tenha pensado que isso era improvável, decidiu, "como
um náufrago que se agarra a uma palha", testar se esta diferença de procedimento era

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importante. Introduziu o uso da posição lateral na Primeira Divisão, mas mais uma vez a
mortalidade manteve-se. (Yıldırım, G 2013).

Por fim, no início de 1847 um acidente deu a Semmelweis a pista decisiva para a
sua solução do problema. Um seu colega, Kolletschka, foi ferido no dedo com o bisturi
de um estudante com quem realizava uma autópsia, e faleceu após uma doença
agonizante durante a qual apresentou os sintomas que Semmelweis observara nas
vítimas da febre de parto. Embora o papel dos micro-organismos nas infecções ainda
não tivesse sido reconhecido nessa altura, Semmelweis compreendeu que a "matéria
cadavérica" que o bisturi do estudante introduzira na corrente sanguínea de Kolletschka
tinha causado a doença fatal. E as semelhanças entre a evolução da doença de
Kolletschka e a das mulheres da sua clínica conduziram Semmelweis à conclusão de
que as suas pacientes tinham morrido do mesmo tipo de envenenamento de sangue: ele,
os seus colegas e os estudantes de medicina tinham transportado o material infeccioso,
porque ele e os seus associados costumavam vir diretamente da realização de
dissecações na sala de autópsias para examinar as mulheres grávidas, lavando as suas
mãos apenas superficialmente, o que fazia com estas mantivessem o odor pútrido
característico. (SOUZA et al., 2013)

Mais uma vez Semmelweis submeteu a sua ideia a um teste. Raciocinou que, se
tinha razão, a febre de parto poderia ser prevenida através da destruição química da
material infeccioso que aderia às mãos. Por isso, ordenou que todos os estudantes de
medicina lavassem as mãos numa solução clorada antes de examinarem as mulheres. A
mortalidade por febre de parto começou logo a diminuir, e no ano de 1848 caiu para
1.27% na Primeira Divisão, enquanto que na Segunda essa mortalidade era de 1.33%.
(SOUZA et al., 2013).

Para apoiar mais a sua ideia ou a sua hipótese, como vamos também dizer,
Semmelweis fez notar que ela explicava o fato de a mortalidade na Segunda Divisão ser
inferior: as pacientes eram aí atendidas por parteiras, cuja preparação não incluía o
ensino anatômico por dissecação de cadáveres. (SOUZA et al., 2013)

A hipótese também explicava a mortalidade mais baixa entre os "nascimentos de


rua": as mulheres que chegavam já com os seus bebês quase nunca eram examinadas
depois de serem admitidas, e tenham por isso mais hipóteses de escapar à infecção.
(SOUZA et al., 2013).
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Outras experiências clínicas depressa levaram Semmelweis a aprofundar a sua
hipótese. Numa ocasião, por exemplo, ele e os seus associados, depois de terem
desinfectado cuidadosamente as mãos examinaram primeiro uma mulher grávida que
tinha um câncer cervical ulcerado; de seguida examinaram outras doze mulheres que
estavam no mesmo quarto depois de só terem lavado as mãos normalmente, sem
desinfecção renovada. Onze das doze mulheres morreram com febre de parto.
Semmelweis concluiu que a febre de parto pode ser causada não apenas por matéria de
cadáveres, mas também por "matéria pútrida derivada de organismos vivos".

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3.3. Principais factores de risco

 Tempo de ruptura de membranas amnióticas ≥ 18h.


 Presença de qualquer infecção, em especial do trato geniturinário.
 Realização de procedimentos invasivos prévios, tais como procedimentos
de medicina fetal e circlagem.
 Toques vaginais, sobretudo após ruptura de membranas amnióticas.
 Comorbidades maternas: obesidade, diabetes, anemia, imunossupressão.
 Presença de restos ovulares.
 Episiotomia.
 Extracção manual da placenta.
 Laceração perineal de grau 3 e 4.
 Hemorragia pós-parto.
 Tricotomia com lâmina.
 Baixo nível socioeconómico.

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 Má condição de higiene.
 Alimentação inadequada.
 Falta de acesso a serviços de saúde.
 Pré-natal não realizado ou realizado de forma precária.

O parto vaginal apresentar menor risco de infecção puerperal, e quando comparadas as


taxas de mortalidade materna, o parto cesariana apresenta três vezes mais chances do
que quando comparado ao parto normal no entanto, a origem da infecção pode ser
exógena relacionada ao procedimento propriamente dito e condições locais de higiene,
ou endógena, relacionada à própria flora genital da paciente. O Brasil é um dos países
com maiores números de partos cesarianos no mundo.

3.3.1. Grupos de risco

Grupo de Risco Características clínicas Muito alto (40 a 85%) Operação cesariana após
parto e amniorrexe de 6 a 12h, com múltiplos exames vaginais em mulheres indigentes.
Alto (10 a 40%) Operação cesariana após parto e amniorrexe de >6h ou cesárea eletiva
em mulheres indigentes. Operação cesariana após parto e amniorrexe de qualquer
duração em mulheres não indigentes. Moderado (3 a 10%) Operação cesariana eletiva
em mulheres não indigentes. Parto vaginal e amniorrexe prolongados ou com grande
traumatismo. Baixo (1 a 3%) Parto vaginal não complicado. (Rezende, 2015)

3.4. Diagnóstico
O diagnóstico é realizado entre as primeiras 24 horas até os 10 primeiros dias após o
parto, baseado nos achados clínicos de temperatura acima de 38°C e dor.
(WALVEKAR, 2005)

Os testes laboratoriais de hemograma e hemocultura, análise da urina e cultura, exames


de imagens, como raio-X e ultrassonografia, costumam ser solicitados. (WALVEKAR,
2005)

Em alguns casos, como a endometrite refractária aos antibióticos, a culturas


endometriais devem ser feitas. (WALVEKAR, 2005)

3.5. Tratamento
O tratamento é realizado com antibióticos, geralmente a penicilina, e as práticas de
higiene modernas tornam a sepse por Streptococcus pyogenes uma complicação rara.

Entre os antibióticos, a Clindamicina e gentamicina, com ou sem ampicilina


considerados o padrão-ouro para o tratamento, sendo os mais empregados.

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Os antibióticos são aplicados até que o estado febril passe e a mulher não apresentem
mais os sintomas por um período de 48 horas. (WALVEKAR, 2005)

Nos casos onde a febre persiste por mais tempo, outras condições podem estar
associadas, como abscessos e tromboflebite pélvicos (especialmente se nenhum abcesso
estiver visível nos exames),necessitando de exames complementares e um tratamento
específico. (WALVEKAR, 2005)

O tratamento deve ser iniciado o mais rápido possível para evitar complicações
como a sepse, que pode levar a morte. (MELLO, KNUPP, 2008).

3.6. Prevenção

Trata-se de uma infecção, então medidas preventivas são baseadas em minimizar os


factores de riscos associados. Lavar as mãos correctamente é uma delas. (MELLO,
KNUPP, 2008).

O parto deve ser realizado com as medidas de segurança com as normas previstas que
incluem rotinas técnicas de limpeza, desinfecção e esterilização, quando aplicável, das
superfícies, instalações, equipamentos e produtos para a saúde. (MELLO, KNUPP,
2008).

O parto vaginal deve ser realizado com medidas de assepsia adequadas.

Nas cesarianas, são indicados antibióticos profilácticos, antes da cirurgia, que podem
reduzir até 75% dos casos de infecção. (MELLO, KNUPP, 2008).

3.7. Cuidados à puérpera

Mortalidade Materna é definida como a morte de uma mulher durante a gestação ou


dentro do período de 42 dias após o término da gravidez, devido a qualquer causa
relacionada ou agravada pela gravidez (SOUZA et al., 2013). A MM é uma das mais
graves violações dos direitos humanos entre as mulheres e constitui-se em um forte
indicador da realidade socioeconómica de um país e da qualidade de vida de sua
população (BRASIL, 2007). No Brasil as altas taxas de mortalidade materna são um

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desafio para os serviços de saúde e a sociedade, configurando-se como um grave
problema de saúde pública que atinge desigualmente as classes sociais menos
favoráveis (MELLO, KNUPP, 2008).

Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde, ocorreram mais de 500.000


mortes maternas em 2005, mais de 95% ocorreram em países em desenvolvimento, o
que revela grandes desigualdades nas condições políticas, económicas e sociais sendo
que dados mostraram que 23% das mortes devem a doenças hipertensivas e 8%das
causas são as hemorragias. Embora isso seja um tema de grande relevância na discussão
sobre assistência à gravidez, parto e puerpério, ainda há pouca produção científica
acerca dessas morbidades. Recentemente, a Organização Mundial da saúde (OMS)
desenvolveu um conjunto uniforme de critérios de identificação dos casos, baseados nas
três abordagens conhecidas, com marcadores clínicos, laboratoriais e de manejo, para
assim poder diminuir o índice de morte materna (MORSE et al, 2011; SOUZA et.al,
2013).

3.8. Sinais e sintomas

Os sinais e sintomas geralmente incluem febre superior a 38,0 °C (100 4 °F<), calafrios,
dor no abdómen inferior, e possivelmente mau odor do corrimento vaginal.
Normalmente ocorre entre as primeiras 24 horas e os primeiros dez dias após o parto.

3.9. Factores predisponentes

Operação cesariana;

 Parto e amniorrexe prolongados;

 Numerosos toques vaginais;

 Baixo nível sócio-econômico;

 Lacerações do canal de parto. No Brasil, a infecção puerperal é a 3ª causa de


mortalidade materna, sendo responsável por 6,3% dos óbitos. (Ministério da Saúde,
2006) (Rezende, 2015 / Zugaib, 2012)

3.10. Complicações

Abscesso pélvico Em torno de 1 a 2% das pacientes podem evoluir com a formação de


abscesso abdominal. (Freitas, 2011)

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Tromboflebite pélvica séptica Caracteriza-se pela formação de trombos nos vasos
pélvicos em decorrência de infecção. (Freitas, 2011) Costuma ser o ponto de partida da
pioemia, determinando abscessos renais, pulmonares e de outros órgãos. (Rezende,
2015)

Fascite necrosante Representa uma forma rara de infecção, acometendo 1,8 mulher em
cada mil cesáreas. Com mortalidade entre 25 e 60% dos casos. (Zugaib, 2012)
Endometrite É a infecção puerperal da genitália mais frequente e surge na área de
implantação da placenta, incidindo em 1 a 3% após partos vaginais. (Rezende, 2015)

Choque septicémico Precede o choque a septicemia, cujos sintomas são calafrios,


elevação da temperatura a 40ºC, taquicardia (120 a 140 bpm) e mau estado geral.
(Rezende, 2015)

4. METODOLOGIA
4.1. Tipo de estudo

Será realizado um estudo observacional retrospectivo quantitativo.

4.2. Local de estudo

O estudo será realizado no Hospital do Palanca 2, na Maternidade do mesmo hospital,


Município do Kilamba Kiaxi, Província de Luanda.

4.3. População/universo e ano

A colecta foi realizada no 2º semestre de 2018. A captação dos prontuários das


puérperas foi realizada através de consulta aos registros de infecção de sítio cirúrgico
em cirurgia cesariana.

4.3. Amostra

Amostra será de X pacientes seleccionados pela amostragem probabilística.


4.4. Procedimento ético

O estudo será aprovado pelo departamento Clinico do Instituto Superior Politécnico


Deolinda Rodrigues.

4.5. Procedimento de colecta de dados

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Os dados serão recolhidos por ir a busca de dados nos processos dos pacientes passados,
serão introduzidos em uma base de dados da Microsoft, Excel, onde serão apresentados
em tabelas. Estudo retrospectivo e documental. Para Vieira e Hossne (2001) o estudo
retrospectivo é um tipo de estudo observacional que avalia o indivíduo do efeito para a
causa. É baseado em dados e informações já colectados em períodos passados. A
pesquisa documental é aquela realizada a partir de documentos, contemporâneos ou
retrospectivos, considerados cientificamente autênticos; tem sido largamente utilizada
nas ciências sociais, na investigação histórica, a fim de descrever/comparar fatos
sociais, estabelecendo suas características ou tendências (GERHARDT; SILVEIRA,
2009).

4.6. Análise dos dados

Dentre o levantamento de problemas foi identificado: risco de hemorragia, e a partir daí


foram identificados os seguintes diagnósticos de Enfermagem: Risco de sangramento
relacionado a complicações pós-parto. Com base nos diagnósticos foram estabelecidos
cuidados específicos de acordo com as necessidades da paciente. Com a implementação
das actividades previamente estabelecidas foi observada uma significativa melhora
psicopatológica.

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5. CRONOGRAMA DAS ACTIVIDADES

Actividade Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov.

Tema X

Tutor X X

Colecta de
X X X X X
dados
Análise de
X X
dados
Apresentaçã
X
o

6. USTO/ORÇAMENTO

Designação Custo
Transporte 30.000,00

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Impressão 12.000,00
Alimentação 25.0000,00
Diversos 35.000,00
Total 102.000,00

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MEHOUDAR, Anna (2012). Da gravidez aos cuidados com o bebé: um manual para
pais e profissionais

Anderson, BL (April 2014). «Infecção Puerperal: beyond Semmelweis.». Obstetrics and


gynecology.

Ataman, AD; Vatanoğlu-Lutz, EE; Yıldırım, G (2013). «Medicine in stamps-Ignaz


Semmelweis and Puerperal Fever.». Journal of the Turkish German Gynecological
Association.

HIRALAL Konar (2014). DC Dutta's Textbook of Obstetrics. [S.l.]: JP Medical Ltd.


p. 432. Cópia arquivada em 8 de dezembro de 2015

WALVEKAR, Vandana (2005). Manual de infecção prenatal. New Delhi: Jaypee Bros.
Magner, Lois N. (1992). A história a Medicina. New York: Dekker.

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