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Na UTI é difícil realizar o exame físico na sua forma tradicional. Muitos dados colhidos
vem dos aparelhos de monitorização (monitor cardíaco, oxímetro, capnógrafo...) e
também do respirador (mecânica SR, interação paciente-máquina, auto-PEEP...). O
exame do paciente geralmente é realizado em associação a estas informações.
Alguns autores preferem realizar o exame físico do paciente separando por segmentos
numa ordem céfalo-caudal. Esta divisão também pode ser estendida para pacientes
com via aérea própria e com via aérea artificial (VAA), com ou sem ventilação
mecânica.
O exame físico do paciente começa pela observação do nível de consciência.
Inicialmente verificamos se o paciente está vigil ou não e se está calmo ou agitado. A
capacidade de interação é avaliada por meio da estimulação verbal (realização de
perguntas simples). Para os pacientes despertos ou os que despertam com facilidade e
que não estão com uma via aérea artificial, devemos realizar algumas perguntas
simples, como por ex.: O senhor (a) consegue me ouvir?, O senhor (a) consegue
movimentar os braços e as pernas?, Qual é o seu nome? E a sua idade?, O senhor (a)
sabe aonde está?, Sabe o motivo da sua internação?, Que dia é hoje?, Está sentindo
algum desconforto?... Os com VAA, mesmo despertos, não conseguirão falar mas
poderão responder através de gestos e movimentos dos membros.
Em UTI, a baixa responsividade pode estar associada aos efeitos de drogas, devemos
observar se há infusão de drogas depressoras do SNC e as suas doses, se houver
devemos proceder a avaliação utilizando uma escala de sedação (Escala de Ramsay,
por exemplo). Nos casos de coma, na ausência de sedação, devemos avaliar o
paciente utilizando uma escala própria (ex. Escala de Coma de Glasgow).
Nos pacientes com via aérea própria, a inspeção da face pode revelar alguns sinais de
insuficiência respiratória como: batimento de asa de nariz, cianose central e respiração
com frenolabial.
A coloração e a hidratação das mucosas, se ressecada e hipocorada, podem sinalizar
alterações na perfusão tecidual e no hematócrito. Pacientes impossibilitados de se
alimentarem por via oral normalmente recebem sonda naso ou oroenterais para infusão
de dietas. Nos casos de distensão abdominal por aumento do resíduo gástrico é
comum a colocação de uma sonda naso ou orogástrica para drenagem do excesso do
volume. A checagem da fixação destas sondas antes do manuseio destes pacientes
reduz o risco de desposicionamento das mesmas, portanto, reduz a possibilidade de
complicações como broncoaspirações de dietas e resíduos gástricos.
A palpação permite avaliar, através do tato, o frêmito vocal durante a verbalização dos
pacientes orientados sem VAA. Naqueles em VM podemos sentir a vibração das
secreções durante a movimentação gasosa. Quando há pneumotórax, podemos palpar
o pele para pesquisar enfisema subcutâneo.
A percussão da parede torácica produz um som e uma vibração palpável que auxilia a
avaliação dos tecidos pulmonares mais profundos. Pode ser útil nos casos de
pneumotórax, consolidação alveolar, tumor, atelectasia, derrame pleural...
3. Exame do abdome.
Para os pacientes que recebem ventilação mecânica, seja invasiva ou não, devemos
checar o respirador, o modo e os parâmetros ventilatórios, os limites dos alarmes, a
rede de gases, o circuito do respirador e se a ventilação está acontecendo
normalmente. Acompanhar a troca gasosa é essencial.
Existem diversos respiradores e modos ventilatórios novos que os fabricantes alegam
serem mais vantajosos para casos específicos de IRp. Mas, são poucos os modos
ventilatórios que realmente podem fazer alguma diferença mais significativa nas
situações de IRp. Mesmo assim, não existe restrição a qualquer modo, desde que se
consiga atingir a troca gasosa adequada e conforto ventilatório do paciente sem
produzir VILI (injúria pulmonar induzida pelo ventilador mecânico).