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ESCOLA PROFISSIONAL E ARTÍSTICA DA MARINHA GRANDE

UFCD – 3297 – Sistema HACCP


25 Horas

Gonçalo Neves
7 –elaboração de documentos e registos adequados
à natureza e dimensão da empresa, a fim de
O QUE SIGNIFICA HACCP? demonstrar a aplicação eficaz das medidas referidas
nos princípios anteriores.
HACCP – “Hazard Analysis Critical Control Points” mais
não significa, em Português, do que Análise de Perigos
HACCP – BREVE EXPLICAÇÃO
e Controlo de Pontos Críticos.
TEÓRICO / PRÁTICA
O HACCP consiste num sistema baseado na identifica-
ção e avaliação de perigos específicos e na implementa-
O responsável de um estabelecimento
ção de medidas para o seu controlo, focadas na preven-
deverá analisar todas as operações que
ção e não na análise do produto final, de forma a
compõem o processo produtivo, desde a
garantir a segurança dos alimentos.
recepção da ma- téria-prima até ao serviço
PRINCÍPIOS DE HACCP das refeições aos seus clientes. Deve
identificar as etapas de transformação dos
A legislação refere-se aos sete princípios do método de alimentos potencialmente perigosas e
HACCP, que são os seguintes: inseguras para a saúde, de forma a poder
1 – identificação de quaisquer perigos que devam ser evi- estabelecer controlos suficientes para
tados, eliminados ou reduzidos para níveis aceitáveis; minimizar os riscos de toxinfecções ali-
2 – identificação dos pontos críticos de controlo na fase mentares.
ou nas fases em que o controlo é essencial para evitar A aplicação da metodologia HACCP obriga
ou eliminar um perigo ou para o reduzir para níveis a um conhecimento profundo do produto,
aceitá- veis; do seu processo de fabrico e da sua
3 – estabelecimento de limites críticos em pontos de posterior utilização.
controlo, que separem a aceitabilidade da não
aceitabili- dade, com vista à prevenção, eliminação ou O QUE É NECESSÁRIO FAZER?
redução dos perigos identificados;
4 – estabelecimento e aplicação de processos eficazes de - Identificar possíveis perigos, aquilo que pode ser
vigilância em pontos críticos de controlo; noci- vo (1º Princípio do HACCP):
5 – estabelecimento de medidas correctivas quando . avaliar os perigos alimentares que podem existir no
a vigilância indicar que um ponto crítico não se estabelecimento;
encontra sob controlo; . identificar as áreas/etapas em que os mesmos podem
ocorrer.
6 – estabelecimento de processos a efectuar regular-
mente, para verificar se as medidas referidas nos - Identificar aqueles pontos que são críticos para assegu-
princí- pios 1 a 5 funcionam eficazmente; rar a segurança alimentar, isto é, em que podem ocorrer
os perigos alimentares (2º Princípio do HACCP).

Gonçalo Neves
POR ONDE COMEÇAR? QUE TIPO DE PERIGOS EXISTEM? COMO IDENTIFICAR
OS PERIGOS E AS ETAPAS EM QUE OCORREM?

POR ONDE COMEÇAR?

O primeiro passo consiste em formar uma equipa de trabalho que, em conjunto, identificará os potenciais perigos
alimentares que podem ocorrer no estabelecimento. Esta equipa poderá necessitar do apoio de técnicos com
conhecimentos específicos em Higiene e Segurança Alimentar e do suporte de alguns manuais, devendo ter o
conhecimento da legislação existente.
Esta equipa deverá analisar:
- os aspectos operacionais da empresa;
- as condições e os procedimentos de trabalho actualmente existentes;
- o nível de conhecimentos em Higiene e Segurança Ali- mentar dos colaboradores
- os potenciais perigos.

QUE TIPO DE PERIGOS EXISTEM?

Essencialmente existem três categorias de perigos ali- mentares: Físicos, Químicos, Biológicos/Microbiológicos.

FÍSICOS
Os alimentos podem ser contaminados com algum elemento estranho à sua composição, como por exemplo um
fragmento de vidro.

QUÍMICOS
Contaminação dos alimentos com produtos químicos, como produtos de limpeza, insecticidas ou lubrificantes de
máquinas.

BIOLÓGICOS/MICROBIOLÓGICOS
Contaminação dos alimentos devido à presença de pragas ou de microrganismos patogénicos, como por exemplo
salmonelas.

COMO IDENTIFICAR OS PERIGOS E AS ETAPAS EM QUE OCORREM?


Gonçalo Neves
Como posso identificar os potenciais perigos? Em que etapas poderão os mesmos ocorrer? Como decidir sobre o tipo
de controlo possível?

Para facilitar a identificação dos potenciais perigos, conhecer as etapas em que os mesmos poderão ocorrer, bem
como decidir o tipo de controlo possível, poderá ser útil desenhar um fluxograma (ou um percurso genérico dos
alimentos) que inclua as etapas do processamento de alimentos, desde a recepção das matérias-primas até ao
serviço ao cliente, e também traçar um plano de HACCP.

Gonçalo Neves
HIGIENE ALIMENTAR E rencia de intoxicações alimentares, e definindo-se
APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DE me- todologias de controlo para as diferentes etapas do
HACCP pro- cesso produtivo, independentemente dos pratos
especí- ficos a confeccionar. A proposta consiste em
estabelecer pontos de controlo críticos para as
INTRODUÇÃO
matérias-primas, para os procedimentos culinários
comuns a vários pra- tos, para o comportamento
Um estabelecimento de Restauração e de Bebidas, individual dos funcionários, para as condições
tal como um estabelecimento de Hotelaria, com serviço estruturais dos locais onde se efectu- am as operações
de alimentação e de bebidas, é também considerado culinárias, etc.
uma empresa alimentar. No entanto, é para todos
evidente que, dentro do sector alimentar, estes PERCURSOS GENÉRICOS DOS
estabelecimentos apresentam características ALIMENTOS / FLUXOGRAMAS
específicas que os distin- guem das outras empresas
alimentares, nomeadamen- te: Como já referimos, os restaurantes (bem como os esta-
- confeccionam uma grande variedade de pratos, geral- belecimentos de hotelaria, enquanto prestadores de ser-
mente num curto espaço de tempo e em simultâneo, viços de alimentação e bebidas), apesar de serem
e maioritariamente para consumo imediato; empre- sas alimentares, apresentam uma
- usam uma multiplicidade de matérias-primas; particularidade que os distingue das restantes
- sujeitam os alimentos a uma elevada manipulação du- empresas: confeccionam uma grande variedade de
rante a sua confecção. pratos e produtos, geralmente em simultâneo e num
Por todos estes motivos, e apoiados no Regulamento curto espaço de tempo, para consumo imediato. Estes
nº 852/2004, concretamente na flexibilização da apli- factores dificultam a implementação de um sistema
cação dos princípios HACCP, entendemos que a HACCP clássico, razão pela qual sugerimos a
implementação de um sistema de segurança alimentar implementação do sistema HACCP segundo o modelo
baseado nos princípios de HACCP deve ser cujo percurso vai ser detalhado através do Fluxograma
alicerçada em blocos, etapas ou processos e não em desenhado.
pratos confec- cionados. Por outras palavras, a Esta abordagem dos princípios do HACCP, tal como já
abordagem incide nas etapas do processo – Recepção a apresentámos anteriormente, desenvolve-se por
das matérias-primas, Armazenagem, Preparação de blocos ou etapas, permitindo identificar em cada uma
alimentos, Confecção e Serviço –, identificando-se os pon- tos que têm de ser controlados para prevenir a
em cada uma os potenciais perigos, os pontos a ocorrên- cia de toxinfecções alimentares.
controlar para prevenir a ocor-
Habitualmente, num estabelecimento, podemos dividir
em três grandes grupos o fluxo dos alimentos:

Gonçalo Neves
1.RECEPÇÃO - ARMAZENAGEM -
PRE- PARAÇÃO - SERVIÇO Estamos perante um conjunto de procedimentos mais

No primeiro grupo, estamos perante processos nos


quais não ocorre nenhum tratamento pelo calor, ou
seja, não há cozedura. Podemos ainda dizer, de outra
forma, que este tipo de alimentos, se devidamente
conserva- dos, não se encontram na “zona de perigo”
de desenvol- vimento dos microrganismos (50C a
650C). Como vimos anteriormente, a grande maioria
dos microrganismos desenvolvem-se entre os 50C e
os 650C.

Exemplos de alimentos que podem estar dentro


deste grupo: alimentos prontos a comer, produtos de
charcu- taria, produtos de pastelaria, sandes, saladas.

2. RECEPÇÃO - ARMAZENAGEM - CON-


FECÇÃO - SERVIÇO

Neste segundo grupo, consideramos as refeições


que são confeccionadas e servidas de seguida ao
cliente. Neste tipo de preparação, os alimentos são
cozinhados de forma a destruírem os microrganismos
patogénicos (prejudiciais). Considera-se que estes
produtos apenas passam uma vez pela “zona de
perigo” de desenvolvi- mento dos microrganismos
(5ºC a 65ºC).

Exemplos de alimentos que podem estar neste


grupo: tripas à moda do Porto, peixe assado, prego no
prato, en- tre tantos outros.

3. RECEPÇÃO - ARMAZENAGEM -
PRE- PARAÇÃO -
ACONDICIONAMENTO
CONFECÇÃO - ARREFECIMENTO -
CONSERVAÇÃO - REAQUECIMENTO -
SERVIÇO
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complexos.
Neste grupo, encontramos preparações dissociadas de
alimentos ou a preparação de alimentos de véspera
e com muita antecedência, e que, por isso, podem
passar mais de uma vez pela “zona de perigo” de
desenvolvi- mento dos microrganismos (50C a 650C).
Nestes casos, há inclusivamente a hipótese de os
mesmos poderem vir a ser recontaminados após a
sua confecção.

Como exemplo de pratos confeccionados, poderíamos


indicar quase todos. A grande diferença deste
grupo consiste nos procedimentos.
Mesmo assim, referimos alguns exemplos:
bacalhau com natas e arroz de pato, entre tantos
outros.

Assim, apresentamos um plano de HACCP


sustentado num fluxograma genérico, onde estão
representadas to- das as etapas pelas quais os
produtos passam desde a sua aquisição ou recepção
até ao seu consumo: Recep- ção, Armazenagem,
Preparação, Confecção, Serviço.

Em cada etapa apresentamos um esquema


detalhado das operações, especificando os passos
entre a prepa- ração e o serviço, de forma a abranger
várias operações culinárias.
O percurso dos alimentos deve ser o mais linear
pos- sível, isto é, seguir segundo uma linha directa
desde a recepção ao serviço (sistema de marcha em
frente). Sa- bemos que nem sempre isto é possível
devido à falta de espaço. Há situações em que os
alimentos, saindo da preparação e da confecção,
voltam a ser armazenados nas câmaras refrigeradas
até ao momento de serem ser- vidos ou cozinhados.
Exemplos:
- uma salada de vegetais servida ao cliente logo
após a preparação ou que é armazenada no frigorífico
e servida mais tarde;

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RECEPÇÃO DE MATÉRIAS-
- uma carne que, após ser preparada, é imediatamente
PRIMAS
cozinhada ou que é armazenada no frio e mais tarde
co- zinhada;
Uma das etapas de grande importância no desenvolvi-
- um prato cozinhado servido quente ou arrefecido, mento de todo o processo produtivo de um
con- servado no frigorífico e mais tarde servido frio ao estabeleci- mento é a recepção das matérias-primas.
clien- te, ou que é reaquecido e servido quente. É preciso ter sempre muito presente que alimentos
que não se en- contrem em boas condições antes de
Nos capítulos seguintes deste código, vamos tentar cozinhados não se transformam em alimentos
alertar para os perigos associados a estas diferentes eta- seguros e inócuos para os clientes depois de
pas, para algumas medidas de prevenção, para cozinhados. Por este motivo, apre- sentam-se de
algumas observações visuais que se podem e devem seguida alguns cuidados a ter em atenção durante a
fazer para controlar as operações culinárias e, ainda, recepção de matérias-primas no estabeleci- mento.
para algumas medidas correctivas.
Todos os produtos à chegada ao estabelecimento
FLUXOGRAMA devem ser examinados.
PERCURSO GENÉRICO
No acto da recepção é necessário verificar:
- as condições de higiene do transporte das
mercado- rias;

RECEPÇÃO - se os alimentos foram transportados à temperatura


correcta (É muito importante não interromper a cadeia
de frio: um aumento de temperatura pode ser o
suficien- te para provocar o desenvolvimento de
ARMAZENAGEM microrganismos indesejáveis nos alimentos. Por
exemplo, se os produtos congelados chegam já em fase
de descongelação, devem ser devolvidos de imediato
PREPARAÇÃO ao fornecedor.);
- os produtos refrigerados, em especial os lacticínios,
ACONDICIONAMENTO
produtos de charcutaria e os produtos frescos como a

CONFECÇÃO carne, o peixe, as frutas e os legumes;


-o estado das embalagens (se estão sujas e/ou
CONSERVAÇÃO danifi- cadas, pois podem provocar a alteração dos
produtos e inclusive toxinfecções);
SERVIÇO - informações contidas na etiqueta de rotulagem;
- a data de durabilidade dos produtos, de forma a não
se adquirirem produtos fora do prazo;
- as quantidades e as características do produto
entre- gues com a nota de encomenda.

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Todas as observações feitas no acto da recepção das directamen- te no fornecedor, o transporte só poderá ser
mercadorias devem ser registadas. Normalmente assegurado
são usadas fichas de registo das matérias-primas.
As facturas ou guias de transporte podem substituir as
fichas de registo desde que se acrescentem os
elemen- tos em falta.

As embalagens exteriores não devem ser transportadas


para o interior das instalações, pois, por vezes, são
porta- dores de grandes quantidades de poeiras,
sujidades, mi- crorganismos e, eventualmente,
pequenos animais que irão contaminar o interior do
estabelecimento.
O local de recepção das matérias-primas deve apresen-
tar-se sempre em perfeito estado de limpeza e arruma-
ção. As aberturas para o exterior devem ser mantidas
fe- chadas (excepto nos momentos de recepção) e os
locais de passagem desimpedidos.

De forma a facilitar a rápida arrumação após a


recep- ção dos produtos, o estabelecimento deverá,
sempre que possível, estabelecer o horário para a
recepção dos mes- mos e dá-lo a conhecer aos
fornecedores.
É necessário que cada estabelecimento defina os
crité- rios de qualidade para os produtos a adquirir,
quer no que se refere às características dos
produtos/preço, quer em relação às condições de
higiene das instalações dos fornecedores, quer ainda
relativamente às condições de transporte /
armazenagem dos produtos (como por exemplo,
assegurar a temperatura de conservação), e as
comunique aos seus fornecedores.
Cada estabelecimento deverá ter uma lista dos seus
fornecedores da qual constem os produtos que
habitu- almente lhes são encomendados.
Após a recepção da mercadoria e da sua verificação, to-
dos os produtos devem ser rapidamente arrumados
nos respectivos locais.
Sempre que as compras forem efectuadas

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pelo restaurante se este possuir equipamento com
as condições de transporte/armazenagem que
assegurem a manutenção de todas as características
dos produtos transportados, nomeadamente carros
isotérmicos, sacos
/ caixas isotérmicas, caixas de esferovite, etc.
Esta realidade será traduzida através do fluxograma
se- guinte:

AQUISIÇÃO
TRANSPORTE
RECEPÇÃO

ARMAZENAGEM

PREPARAÇÃO
ACONDICIONAMENTO

CONFECÇÃO
CONSERVAÇÃO
SERVIÇO

CARACTERÍSTICAS DOS PRODUTOS


ALIMENTARES

Para facilitar o controlo na recepção das matérias-


pri- mas, apresentam-se, de seguida, algumas
características que os produtos alimentares não
deverão apresentar, pois evidenciam que os
mesmos não se encontram em condições de serem
utilizados.

Gonçalo Neves
CARACTERÍSTICAS QUE OS PRODUTOS - pescado:
. cefalópodes frescos flácidos e com cheiro
NÃO DEVEM APRESENTAR
desagradável, não característico;
. peixe fresco sem brilho, olhos afundados, escamas
- produtos embalados em vácuo com ar no seu interior
pouco aderentes, boca e guelras escurecidas,
ou com a embalagem descolada do produto;
consistência mole, ventre flácido, untuoso ao tacto e de
- produtos congelados em fase de descongelação; cheiro desagradável, não característico;
- produtos com alteração das suas características - bivalves com conchas leves, ocas e com cheiro
organolépticas próprias (cor, cheiro, sabor, textura, desagradável, não característico.
brilho...); Os moluscos bivalves vivos devem ser provenientes de
- produtos que apresentem sinais de parasitas, como um centro de depuração. As embalagens devem
por exemplo larvas, gorgulho, moscas, baratas, manter- se fechadas e não podem ser reimergidas em
lesmas: água. O documento de registo que acompanha o
- frutas contaminadas com bolores e/ou larvas produto deve conter:
(quando se recebem frutas em estado de maturação .marca de identificação;
avançada, tem de ser ter atenção ao fim a que se .nome comum e cientifico da espécie;
destinam); .data da embalagem (dia/mês).
- produtos hortícolas com folhas velhas, raízes podres,
excesso de terra ou molhados;
ARMAZENAGEM
- ovos partidos ou sujos;
- produtos congelados com manchas escuras ou
As condições de armazenagem dos produtos dependem
com queimaduras provocadas pelo frio, bem como
do tipo de produto, bem como das suas características.
com mui- ta geada;
Há produtos que podem ser armazenados à temperatura
- bacalhau seco salgado mole, com excesso de
ambiente, outros que têm de ser armazenados em am-
humidade, apresentando manchas cinzentas ou
bientes refrigerados, ou mesmo congelados. De uma for-
vermelhas;
ma geral, devem ser mantidas as condições de limpeza e
- produtos de charcutaria:
ventilação, bem como de controlo de temperatura para
enchidos com
assegurar as boas condições de higiene do local.
bolores;
fiambre descolorado, com manchas
acastanhadas/esverdeadas; Todos os estabelecimentos devem dispor de um espaço
destinado à armazenagem de produtos alimentares. É
- queijo com bolores não característicos do tipo de
evidente que o espaço necessário depende do volume
queijo;
de alimentos armazenados. Os locais de armazenagem
- carne:
devem apresentar-se sempre em perfeito estado de lim-
. carne com consistência mole, viscosa, de cor
peza e arrumação.
escurecida ou alterada e cheiro desagradável, não
característico;
O armazém deve ser organizado por grupos de produ-
. aves com muitas penas, mal preparadas, com
tos, devendo os alimentares estar separados dos não
manchas, com alterações de cor, com odor
alimentares. Todos os produtos devem estar ordenados
desagradável, não característico;
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e arrumados. Cada local deverá estar devidamente de protecção contra insectos e roedores, como por
iden- tificado. exem- plo um electrocutor de insectos junto das
entradas, re- des mosquiteiras nas janelas (se
Não se devem colocar produtos e/ou embalagens existirem), etc. Todas as portas dos armazéns devem
direc- tamente no chão, mas sim em estrados, que estar sempre fechadas (excepto quando se está a
devem ser de material não absorvente e retirar ou a repor produtos e durante a limpeza),
imputrescível. Deverão existir estantes ou armários evitando-se desta forma a entrada de animais
para facilitar a correcta ar- rumação dos produtos. (insectos e roedores, entre outros), a acumu- lação de
poeiras e sujidade e a circulação de pessoas es- tranhas
Já foi referido, mas é importante reforçar, que a ao serviço.
armaze- nagem do material de limpeza e dos produtos
químicos deve ser feita num local separado dos CÂMARAS DE REFRIGERAÇÃO
produtos alimen- tares, ou num armário próprio
devidamente fechado e identificado. Todos os alimentos perecíveis, ou seja os que se alteram
Nunca se devem guardar produtos alimentares dentro com facilidade, devem ser armazenados e mantidos em
de embalagens de produtos não alimentares e vice-ver- ambiente refrigerado a cerca de 4 a 50C.
sa.
A temperatura é um dos factores mais importantes para
Caso se utilize uma embalagem vazia de um a conservação dos alimentos (é importante relembrar que
produto alimentar para colocar outro que seja os microrganismos só se desenvolvem a determinadas
compatível, deve retirar-se o rótulo do primitivo e temperaturas). Deve existir um termómetro na câmara
colocar um novo rótulo com a indicação do que frigorífica, que permita verificar a temperatura da mesma
contém. e assegurar o seu bom funcionamento.
Alguns dos alimentos refrigerados têm um prazo de va-
Os produtos que não estejam em condições de ser lidade que deve ser respeitado e verificado.
utilizados devem ser destruídos. No caso de irem
ser devolvidos ao fornecedor, devem ser colocados De preferência, devem existir câmaras diferentes para os
num local devidamente assinalado e com uma
diferentes tipos de produtos.
etiqueta ”Produtos a devolver / destruir”.
O peixe e a carne crua devem ser armazenados numa
câmara frigorífica diferente daquela onde se colocam os
Um ponto importante na gestão e controlo de produtos já cozinhados ou semi-preparados.
produtos armazenados consiste na rotação de stocks. Quando existir um só frigorífico, para prevenir a conta-
Os primeiros produtos a serem armazenados deverão minação cruzada é preciso colocar os alimentos da se-
ser os primeiros a serem consumidos (primeiro a guinte forma:
entrar - primeiro a sair (PEPS), respeitando sempre a - os alimentos cozinhados devem ser armazenados na
data de durabilidade mínima indicada no rótulo. Este parte superior;
é um princípio a utilizar em todos os produtos - as carnes, os peixes e os legumes crus na parte infe-
armazenados, independentemente do local onde são rior.
guardados. Desta forma, evita-se que o sangue e os líquidos de des-
congelação, bem como partículas de terra caiam sobre
Nas zonas de armazém devem existir meios eficazes os alimentos prontos a ser servidos, evitando-se assim
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também as consequências que daí podem surgir. Relembre-se que:

CÂMARAS DE CONSERVAÇÃO DOS - alimentos armazenados incorrectamente não podem


PRODUTOS CONGELADOS voltar a ser “alimentos seguros”, independentemente
da forma como venham a ser cozinhados;
Regularmente, é necessário verificar se as câmaras - é importante esclarecer que os produtos frescos só
de conservação dos produtos congelados funcionam podem ser congelados em equipamentos apropriados
à temperatura correcta, para garantir que os alimentos para esse fim (tais como túneis de congelação ou
se mantêm congelados. congeladores com células de congelação); os
Aplicam-se a estas os mesmos critérios que às câmaras equipamentos domésticos e os de conservação de
de refrigeração. congelados não permitem uma boa congelação, pois
Todos os alimentos congelados têm um prazo de não têm capacidade para provocar uma diminuição
durabi- lidade neste estado, ou seja, o tempo no qual se rápida da temperatura do produto a congelar;
mantêm próprios para o consumo humano. Este prazo - os alimentos descongelados não se podem voltar a
deve ser verificado. congelar;
Todos os produtos conservados na câmara de
conser- vação de congelados devem estar embalados - no caso de avaria do equipamento de frio, devem reti-
adequadamente, para que não sofram alterações ou rar-se todos os produtos para outro aparelho e proceder
contamina- ções físicas, químicas ou biológicas. à sua reparação.

VERIFICAÇÃO DO EQUIPAMENTO
DE FRIO

Diariamente, devem registar-se as temperaturas


dos equipamentos de frio numa ficha própria. Cada
equipamento deve estar identificado. Os registos
devem ser feitos pelo menos duas vezes por dia, no
início e no final da laboração.
Os registos de temperatura do equipamento de frio
são importantes, pois permitem:
- avaliar o estado de funcionamento dos equipamentos;
- detectar anomalias;
- evitar a deterioração de mercadorias armazenadas
em equipamentos que deixem de funcionar
adequadamente.
Para facilitar os registos e a identificação dos
equipamentos de frio, deve colocar-se do lado
exterior de cada um a sua identificação (por exemplo:
frig. 1/2/3…ou frig. do peixe, dos lacticínios….).

Gonçalo Neves
Gonçalo Neves
RESUMINDO: ACÇÕES CORRECTIVAS:

. Eliminar todos os produtos cujas embalagens se


POTENCIAIS PERIGOS: encon- trem abertas, roídas ou com fezes de animais
. Rejeitar os produtos sempre que se verifiquem
. Contaminação biológica / microbiológica (crescimen- anoma- lias significativas nas temperaturas dos
to microbiano) equipamentos de frio (+30C)
. Contaminação química (ex: detergentes, desinfectan- . Efectuar manutenção/reparação ou substituição
tes) do equipamento avariado
. Contaminação física (ex: estilhaços de vidro) . Eliminar os produtos fora de prazo de validade

FICHAS DE REGISTO
PONTOS DE CONTROLO:
Temperatura do equipamento de frio (exemplos R3 ou
. Datas de validade R4).
. Características de frescura dos alimentos
. Temperaturas de armazenagem dos produtos perecí-
veis
. Pragas

LIMITES CRÍTICOS:

. Ausência de produtos fora do prazo de validade


. Ausência de manchas, podridão e odor estranhos ao
produto
. Temperaturas de conservação dos produtos em am-
biente refrigerado
. Inexistência de sinais de pragas

CONTROLO:

. Controlo visual e olfactivo


. Verificação da temperatura dos equipamentos de frio
. Verificação da existência de fezes ou de outros indícios
da presença de pragas

Gonçalo Neves
PREPARAÇÃO DOS ALIMENTOS E tos cozinhados e pré – cozinhados, quer por contacto
INGREDIENTES

A etapa de preparação dos alimentos engloba


tarefas muito importantes e diversificadas, como a
escolha e a lavagem dos legumes e das frutas, a
limpeza e o arranjo da carne (retirar excesso de
gorduras, cortar), amanhar o peixe, descongelar
produtos, etc.
Nesta etapa, é importante saber o que se vai confeccio-
nar com os produtos que estão a ser preparados. Por
exemplo, é importante saber se os mesmos irão ser con-
sumidos crus ou cozinhados. Quando os produtos são
cozinhados, a temperatura pode destruir os
microrga- nismos. No entanto, os alimentos que irão
ser consu- midos crus podem ser mais perigosos para
a saúde dos clientes, pelo que é necessário ter um
maior cuidado na sua preparação. Outro exemplo:
quando se preparam lacticínios, enchidos ou vegetais,
é preciso controlar fac- tores como a higiene do local
de preparação, dos seus equipamentos (por exemplo,
máquina de cortar fiambre) e utensílios (por exemplo,
tábuas de corte). É necessário também ter atenção ao
intervalo de tempo em que os mesmos estão
expostos à temperatura ambiente.

ORGANIZAÇÃO DOS LOCAIS

Os manuais recomendam que exista uma zona para


a preparação de carnes, uma para a de peixes, uma
para a de vegetais e, se possível, ainda outra para a de
sobre- mesas. Como, na maioria dos estabelecimentos
tradicio- nais, um dos maiores problemas é a falta de
espaço, não é possível, habitualmente, existirem
zonas separadas. Assim, sempre que se utilize a
mesma zona, bancada, cuba, tábua de corte, é
obrigatório efectuar a limpeza e desinfecção do
material de trabalho e das superfícies entre as
diferentes preparações.
Como forma de evitar as contaminações de alimen-
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directo quer indirecto com o pessoal ou com positivo
matérias primas num estádio anterior de
preparação, o serviço deve ser organizado de forma a
seguir o sistema de “mar- cha em frente”, isto é, não
permitindo que os alimentos prontos a servir se
cruzem com os alimentos que estão a chegar para
serem preparados, descascados ou lavados.

PREPARAÇÃO DE ALIMENTOS CRUS

Os alimentos crus devem ser manipulados, sempre


que possível, em zonas diferentes daquelas onde se
manipu- lam os alimentos cozinhados. Nos casos em
que a dispo- sição do local não o permita, as operações
devem ser se- paradas no espaço e no tempo por uma
fase de limpeza e desinfecção das estruturas e
equipamentos existentes. As frutas e os legumes,
frequentemente, contêm resí- duos de terra, que
podem ser um factor de contamina- ção para os
equipamentos, para os utensílios ou mesmo para os
próprios alimentos, através das mãos dos mani-
puladores. As frutas e os legumes devem ser
escolhidos, isto é, devem ser retirados os que estão
impróprios para consumo.
As frutas e os legumes para consumo em cru devem
ser previamente lavados e desinfectados. A
desinfecção des- tes produtos deve ser feita com um
produto apropriado, na dose prescrita e pelo tempo
indicado para o efeito. A lavagem dos frutos e
legumes é muito importante, mes- mo daqueles que
posteriormente vão ser descascados, cortados e
cozinhados (ver ficha de lavagem e desinfec- ção F3
em anexo).
Na preparação dos alimentos, também se deve ter
um cuidado especial ao abrir as embalagens, para
que não caiam inadvertidamente bocados destas no
produto. Caso se quebre uma embalagem de vidro,
o produto deve ser imediatamente rejeitado.

Depois de preparados, os produtos, se não forem logo


utilizados, deverão ser acondicionados em frio
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(até 50C). Os alimentos devem permanecer à tempera-
também ser descongelados no microondas.
tura ambiente apenas o tempo necessário à sua
(A descongelação com água só se deve fazer
prepa- ração.
excepcio- nalmente quando os produtos estiverem
Todos os alimentos conservados no frigorífico
embalados. No entanto, nunca se deve mergulhar os
devem estar devidamente acondicionados, isto é,
produtos em água quente, mas sim colocá-los sob
tapados, iden- tificados e datados, de forma a reduzir o
água corrente, potável, no máximo a 200C).
risco de conta- minação cruzada e facilitando que se
Os produtos em processo de descongelação dentro
consumam primei- ro os alimentos adquiridos há
do frigorífico deverão estar adequadamente tapados e
mais tempo (PEPS).
ser colocados nas prateleiras inferiores do mesmo, de
forma a não pingarem para cima de outros produtos (o
É necessário evitar todo o contacto entre alimentos crus
que po- deria provocar contaminações cruzadas).
e confeccionados, quer seja nas tábuas de corte, quer
É muito importante evitar que o produto, durante e
seja nas bancadas de trabalho ou outras superfícies e
após a fase de descongelação, esteja em contacto com o
utensílios.
líqui- do, o suco – exsudado – que se liberta do
Nunca se podem utilizar os mesmos equipamentos,
mesmo. Este líquido, ou suco, não pode ser utilizado.
utensílios e superfícies para cortar alimentos crus e co-
zinhados, sem que antes tenham sido lavados e
Todos os recipientes e utensílios envolvidos no proces-
desin- fectados.
so de descongelação devem ser limpos e desinfectados
Todo o material que esteja em contacto com
o mais rapidamente possível.
produtos crus ou potencialmente contaminados deve
Deve manter-se o rótulo do produto junto do mesmo du-
ser limpo e desinfectado após a sua utilização.
rante a fase de descongelação.
Os produtos devem ser totalmente descongelados
Os recipientes de lixo que existam nos locais de
antes de qualquer tratamento posterior, excepto os
mani- pulação de alimentos têm de estar sempre
legumes, produtos em pequenas porções e produtos
fechados e devem ter tampa accionada por pedal.
específicos (por exemplo, produtos para fritar ou
Devem estar re- vestidos com um saco de plástico. A
cozer).
zona que circunscre- ve estes recipientes de lixo tem de
Depois de descongelados, os produtos devem ser utili-
estar sempre limpa. Sempre que estes recipientes
zados dentro de 24 horas e, durante esse tempo, devem
estiverem cheios, devem ser despejados.
ser conservados no frigorífico.

Todas estas recomendações são fundamentais


Não voltar a congelar produtos que sofreram, total
para prevenir as contaminações cruzadas.
ou parcialmente, um processo de descongelação.

DESCONGELAÇÃO Relembrar: durante a preparação dos alimentos,


os manipuladores devem lavar as mãos com
Uma das possíveis fases de preparação dos produtos frequência.
ali- mentares é a descongelação.
Os produtos devem ser descongelados em ambiente
refrigerado e nunca à temperatura ambiente. Poderão

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RESUMINDO: . Executar correctamente as medidas preventivas
. Eliminar os produtos que não sejam
POTENCIAIS PERIGOS: confeccionados nas 24 horas após a descongelação

. Contaminação biológica FICHAS DE REGISTO


. Contaminação química
. Contaminação física Não se aplica

PONTOS DE CONTROLO: CONFECÇÃO / PREPARAÇÃO DE


REFEIÇÕES
. Contacto entre produtos em diferentes estados de pre-
paração Nesta etapa, englobam-se várias operações, desde o co-
. Higiene de superfícies e utensílios zinhar dos alimentos ao seu posterior arrefecimento
. Desinfecção de vegetais e fruta e armazenagem no frigorífico, para serem servidos
. Higiene das mãos mais tarde, bem como ao respectivo reaquecimento.
. Condições de descongelação dos produtos
Sabemos que o melhor método para alcançarmos a des-
LIMITES CRÍTICOS: truição dos microrganismos presentes nos alimentos
é submetê-los a elevadas temperaturas durante um
inter- valo de tempo suficiente. Por este motivo, é
. Ausência de produtos descongelados há mais de 24
fundamen- tal cozinhar bem os alimentos, sendo esta
ho- ras
a etapa mais importante para garantir a segurança dos
. Ausência de práticas de contaminação cruzada
mesmos. Mui- tos manuais técnicos referem a
relevância de controlar a temperatura dos alimentos no
CONTROLO:
seu centro térmico e reco- mendam que se realizem
medições com um termómetro para assegurar que se
. Observação visual atingiu uma temperatura superior a 65ºC. (A maioria
. Controlo do tempo de exposição à temperatura am- das bactérias multiplicam-se muito rapidamente à
biente temperatura compreendida entre os 5ºC e os 65ºC; a
. Observação visual do processo de descongelação partir de 65ºC, a maior parte das bactérias que não
. Verificação da temperatura do equipamento de frio formam esporos é destruída.) Por questões de
segurança, sugerimos como temperatura máxima de re-
ACÇÕES CORRECTIVAS: frigeração 5ºC e como temperatura mínima de conser-
vação de produtos quentes 65ºC.
. Rejeitar a matéria-prima que tenha entrado em contac- Na hora de muito trabalho, é de todo impensável
to com produtos químicos ou pragas alguém medir a temperatura dos produtos que estão a
. Executar correctamente as tarefas ser con- feccionados. Assegurar que os alimentos estão
. Prolongar a descongelação separando a matéria-prima bem co- zinhados é uma prática de todos os
em porções mais pequenas profissionais de co- zinha, que, habitualmente, observam
os seus cozinhados
Gonçalo Neves
para ver se já estão prontos a serem servidos. Para este
De acordo com o que se apresentou anteriormente,
efeito, verificam algumas características, como a
os pratos frios e ou os alimentos que os compõem
presen- ça ou não de sangue, a textura do alimento
devem ser conservados no frio a uma temperatura
ao ser es- petado, etc. Durante a confecção, com o
máxima de 5ºC.
recurso a estas observações, os profissionais realizam o
A loiça e os utensílios, depois de serem retirados da
seu controlo e actuam em consequência (aplicam as
má- quina de lavar loiça, devem arrefecer
acções correctivas necessárias).
suficientemente antes de serem utilizados em
Para provar os alimentos em confecção, devem utilizar-
refeições frias.
se utensílios próprios e nunca os dedos. Estes utensílios
devem ser sempre lavados depois de efectuada a prova
dos alimentos.
ARREFECIMENTO RÁPIDO DE
ALIMEN- TOS
Alguns produtos não podem, por razões culinárias, ser
Quando um alimento cozinhado não for
tratados a temperaturas superiores a 65ºC, pelo que de-
imediatamente servido, deve-se arrefecê-lo rapidamente
vem ser servidos imediatamente após a sua confecção.
e guardá-lo em ambiente refrigerado. Dado que não
se devem colocar alimentos quentes no frigorífico,
PRATOS COZINHADOS E SERVIDOS
vamos referir algumas formas de os arrefecer o mais
FRIOS
rapidamente possível:

Os pratos servidos frios devem ser conservados a uma


- Reduzir a quantidade dos alimentos a arrefecer,
temperatura igual ou inferior a 5ºC, e os pratos
por exemplo, dividindo-os em porções.
quen- tes ou reaquecidos a uma temperatura
Esta recomendação prende-se com o facto de
suficientemente quente, superior a 65ºC.
sabemos que um maior volume de alimento demora
Os alimentos nunca devem permanecer, inutilmente, à
mais tempo a arrefecer do que um menor. Por outro
temperatura ambiente mais do que uns minutos.
lado, constata-se também que alimentos com uma
maior densidade man- têm a temperatura durante um
Após a confecção do produto a quente, toda a manipu-
maior período de tempo (uma porção de tripas à moda
lação deve ser reduzida ao mínimo imprescindível,
do Porto ou uma feijoada demoram mais tempo a
para evitar uma contaminação posterior dos produtos
arrefecer do que a mesma por- ção de uma canja de
cozi- nhados.
galinha, que tem menor densida- de).
Os pratos frios não sofrem mais tratamentos
térmicos na cozinha. Por isso, é muito importante
- Mudar de recipiente
vigiar uma boa higiene pessoal, principalmente das
Para facilitar o arrefecimento de um alimento cozinha-
mãos, e uma boa limpeza e desinfecção de todos os
do, é preferível transferi-lo para outro recipiente
equipamentos e uten- sílios. Não se deve manipular os
diferen- te daquele em que foi confeccionado, pois
produtos crus e, em se- guida, os produtos cozinhados
geralmente os recipientes utilizados para se cozinhar
sem lavagem intermédia das mãos e dos utensílios,
são metálicos e os metais são bons condutores de
caso contrário poderemos es- tar a provocar
calor. Um tacho ou uma panela de inox quente
contaminações cruzadas.
manterá um alimento quen- te durante mais tempo do
que uma caixa plástica em que o coloquemos.
Gonçalo Neves
O formato do recipiente também influencia a veloci-

Gonçalo Neves
dade do processo de arrefecimento dos alimentos. Os
biente refrigerado, é necessário reaquecê-los a uma
re- cipientes rasos (por exemplo, tabuleiros, tachos)
tem- peratura superior a 65ºC antes de os servir. Esta
permi- tem que o calor do alimento se disperse com
opera- ção é muito importante.
uma maior rapidez do que um recipiente fundo como
(Por exemplo, se temos de reaquecer um estufado ou
as panelas.
uma jardineira ou caldeirada, sabemos que este
prato está a uma temperatura superior a 65C se o
- Utilizar banho de água gelada
mesmo se encontra a borbulhar.)
Se colocarmos os recipientes que contêm alimentos
quentes num banho com água gelada, aceleramos a
Os alimentos só devem ser reaquecidos uma vez
transferência de calor entre ambos, o que permite dimi-
depois de cozinhados.
nuir rapidamente a temperatura do alimento.
(Antes de servidos, os pratos preparados com
antece- dência devem ser reaquecidos a pelo menos
- Colocar os alimentos num abatedor de temperatura
75ºC para garantir a destruição de formas
Existem no mercado aparelhos que provocam a dimi-
vegetativas eventual- mente presentes de Clostridium
nuição rápida da temperatura dos alimentos em apenas
perfingens.)
alguns minutos e que se costumam designar por abate-
dores de temperatura.
TRATAMENTO DE SOBRAS DE
CONFECÇÃO DE VÉSPERA ALIMENTOS

O termo “sobras” aplica-se aos alimentos que foram


Deve evitar-se a confecção dos alimentos de véspera.
con- feccionados em excesso e que não chegaram a
No entanto, quando for necessário, é preciso tomar
ser ser- vidos, ou seja, que sobraram. É preciso ter
algumas medidas de precaução, nomeadamente:
em atenção o facto de que as sobras não são restos –
- após a confecção, os produtos devem ser rapidamente
esta última de- signação aplica-se ao que resta dos
arrefecidos até uma temperatura máxima de 5ºC, deven-
pratos ou travessas dos clientes e que tem de ser
do ser colocados em recipientes tapados e acondiciona-
obrigatoriamente rejeitado (isto é, deitado fora).
dos no frigorífico;
- os recipientes deverão ter a identificação dos
O tratamento das sobras é um assunto delicado.
produtos que contêm e a data de confecção;
Os alimentos que não tenham sido servidos aos clientes
- os alimentos designados por alimentos de alto
podem ser reaproveitados. Para isso, tem de se assegu-
risco (como por exemplo, carne picada ou produtos
rar a cadeia de frio: por exemplo, não podem ter estado
que con- tenham ovo cru) deverão ser preparados para
durante muito tempo próximo de equipamentos que li-
consumo com o mínimo de antecedência possível.
bertem calor, nem à temperatura ambiente.
O acondicionamento das sobras deve-se fazer libertan-
do-as de molhos e acompanhamentos.
REAQUECIMENTO DE ALIMENTOS As sobras, quando quentes, devem ser rapidamente ar-
refecidas até uma temperatura de 5ºC, sendo, de segui-
Quando se preparam alimentos com antecedência e se da, acondicionadas a esta temperatura, em
procede ao seu arrefecimento e armazenagem em am- recipientes devidamente cobertos.

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As sobras não devem ser reaproveitadas em conjunto persistente.
com novos produtos.
Quando se guardam sobras, deve-se colocar um letreiro 2. Testes rápidos colorimétricos
a indicar o que contém e a data de produção. O óleo não pode ser aquecido a uma temperatura
superior a 180ºC, pelo que a fritadeira deverá ter
Todas as sobras que já tenham sido conservadas e incorporado um termóstato que controle a
tenham estado à temperatura ambiente, se não foram temperatura do óleo.
utilizadas terão de ser rejeitadas. O óleo de fritura deverá ser renovado regularmente.
É aconselhável filtrá-lo diariamente, de forma a retirar
Os alimentos de alto risco, como produtos com ovo cru todas as partículas sólidas.
e/ou com picados, pelas suas características, Por motivos de segurança, primeiro deve-se deixá-lo
encontram- se por vezes na origem de toxinfeções arrefecer.
alimentares, pelo que não deverão ser conservados Recomenda-se a recolha dos óleos saturados em
para posteriores utilizações. recipientes apropriados para reciclagem, evitando-se,
deste modo, o seu escoamento para a rede de esgoto.
ÓLEOS DE FRITURA

Devem utilizar-se óleos de boa qualidade, resistentes a


altas temperaturas. Os óleos de fritura degradam-se RESUMINDO:
por acção do calor e do período de tempo a que se
encontram expostos a determinada temperatura. Cada POTENCIAIS PERIGOS:
tipo de óleo tem uma temperatura crítica a partir da
qual a degradação começa a ser mais rápida. Sabendo . Contaminação biológica/ microbiológica
que a temperatura de fritura não deve ultrapassar os . Sobrevivência de patogénicos
180ºC, pode- se avaliar a aptidão de um determinado
óleo para fritar através da sua temperatura crítica. As PONTOS DE CONTROLO:
gorduras mais apropriadas para a fritura são o óleo
de palma, o óleo de bagaço de azeitona, o óleo de
. Qualidade e temperatura dos óleos de fritura
amendoim, o azeite e a banha, pois suportam
. Estado de cozedura dos alimentos
temperaturas superiores a 180ºC.

A qualidade do óleo deve ser controlada


frequentemente, com base nos itens que se seguem:

1.Características de alteração da
gordura
Odor – queimado, irritante e penetrante
Cor – escura e turva
Forte formação de fumos a 170ºC
Formação de espuma em grande quantidade e

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. Temperatura de banhos-maria e estufas
seja na residência seja no local de trabalho.
. Higiene das mãos
O tempo intermédio entre a confecção e o serviço ao
Higiene de superfícies e utensílios
cliente deve ser o menor possível.
A cadeia de frio ou de calor, no serviço de pratos frios ou
LIMITES CRÍTICOS: quentes, respectivamente, não deve ser interrompida.
No “serviço” tradicional, quer na mesa, quer no quarto,
. Presença, em produtos considerados cozinhados, de este tipo de perigo raramente se verifica, pois os
sangue e sucos que denotam que o produto está cru alimen- tos são confeccionados e servidos no
. Utilização simultânea da mesma superfície e dos mes- momento.
mos utensílios para produtos cozinhados e crus (em di- No entanto, cada vez se diversifica mais o tipo e a orga-
ferente estado de preparação) nização do serviço ao cliente, pelo que é necessária
. Ausência de sinais de aquecimento correcto uma grande atenção a esta matéria, em que o grande
(líquido sem estar a borbulhar) perigo é constituído pelas contaminações dos pratos
preparados; estas podem resultar de um processo de
CONTROLO: contaminação cruzada, ser provocadas pelos
empregados ou mesmo pelos clientes.
. Observação visual do estado de cozedura dos alimen- Esta situação é mais frequente nos serviços de self-
tos ser- vice, buffets e banquetes, em que os alimentos
. Verificação da temperatura do equipamento de frio poderão estar expostos durante algumas horas. Nestas
e do banho-maria situações, os alimentos devem ser repostos
frequentemente e os alimentos novos, quentes ou
ACÇÕES CORRECTIVAS: frios, não podem ser colo- cados sobre os existentes.
Nos serviços, aliás em grande expansão, de take-away
Continuar a cozinhar e de entregas ao domicílio, há que ter muito cuidado
com as embalagens de transporte. Os materiais de
FICHAS DE REGISTO: acondicio- namento e embalagem não devem constituir
uma fonte de contaminação dos alimentos, pelo que
deverão estar identificados com a simbologia
. Resultados dos testes ao óleo de fritura (exemplo: R5
própria.
ou R6)
. Temperatura do banho-maria (R7)

SERVIÇO AOS CLIENTES /


DISTRIBUIÇÃO

Após a preparação das refeições, estas podem ser apre-


sentadas ao cliente final de diferentes formas, sendo
elas serviço na mesa, self-service, buffet, room service,
take- away ou mesmo o consumo fora do
estabelecimento,

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