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Inspeção Geral das Pescas

Formação de Inspetores de Pesca

Modulo Segurança Alimentar


Tema - Sistema HACCP – Análise de Perigos e
Controlo de Pontos Críticos

Formador: Maria Ivone Lopes


Engª Tecnóloga de Pescado

Praia, Novembro de 2020


Conteúdo
1. Segurança alimentar e qualidade
1.1 Conceitos e definições
1.2 O que é Qualidade
1.3 A qualidade nos alimentos
2. Sistema HACCP- Análise de Perigos e Controlo de Pontos Críticos
2. 1 Conceito
2.2 Historial do HACCP
2.3 Tipos de perigos
2.4 Princípios do HACCP
2.5 Pré requisitos de implementação do HACCP
2.6 Etapas de implementação do HACCP
2.7 Benefícios do HACCP
3. Exemplos de Fluxograma de produção de produtos de pesca
1. Segurança alimentar e qualidade
1.1 Conceitos e definições
 Segurança Alimentar – Conjunto de regras práticas que têm
por objetivo proteger a saúde e prevenir doença, evitando a
deterioração dos alimentos e prevenindo qualquer possível risco
para a saúde pública

Conceito de que os alimentos não causarão danos ao consumidor


quando são preparados e/ou consumidos de acordo com a sua
utilização prevista (ISO 22000:2005)
1.1 Conceitos e definições (continuação)

Cadeia alimentar – sequencias de etapas e operações envolvidas na


produção, processamento, distribuição, armazenagem e manuseamento
de um género alimentício e seus ingredientes, desde a produção primária
até ao consumo
Contaminação - qualquer propriedade biológica, física ou química que
possa tornar um alimento prejudicial para o consumo humano
Fluxograma – apresentação esquemática e sistémica da sequência e
interações das etapas
Medida de controlo – (segurança alimentar) ação ou atividade que pode
ser utilizada para prevenir ou eliminar um perigo para a segurança
alimentar
Monitorizar – Conduzir uma sequencia planeada de observações e
medições para avaliar se as medidas de controlo estão a funcionar como
previsto
1.1 Conceitos e definições (continuação)

PPR -Programa pré-requisito – (segurança alimentar) atividades e


condições que são necessárias para manter um ambiente higiénico ao
longo da cadeia alimentar apropriado à produção, ao manuseamento e ao
fornecimento de produtos acabados seguros e géneros alimentícios
seguros para o consumo humano.
(ex.: Boas Praticas de Higiene - BPH)

PCC - Ponto Critico de controlo - (segurança alimentar) etapa na qual


pode ser aplicada uma medida de controlo e é essencial para prevenir ou
eliminar um perigo para a segurança alimentar ou reduzi-lo um nível
aceitável
Limite crítico –critério que separa a aceitabilidade da não aceitabilidade .
Os limites criticos são estabelecidos para determinar se um PCC
permanece sob controlo
1.2 O QUE É A QUALIDADE
Qualidade é um conceito subjetivo, ela está relacionada com as perceções de cada pessoa
Alguns fatores que podem influenciar:
- As expetativas do consumidor
- Ter valor associado
- Produto estar de acordo com as exigências do cliente
- O facto de o produto ter algo que outros produtos idênticos não têm
- A relação custo/beneficio

Os produtos alimentares, para serem considerados de qualidade devem estar de acordo


com os padrões de identidade e qualidade estabelecidos pela legislação do país e com as
expetativas do consumidor
1.3 A qualidade dos alimentos

A boa qualidade sanitária dos alimentos é de extrema importância, porque


alimentos contaminados, estragados ou fora de prazo de validade podem causar
doenças ao consumidor.

A qualidade dos alimentos compreende três aspetos fundamentais – o


microbiológico, o nutricional e o sensorial.
O sensorial é o que normalmente tem mais influencia no consumidor no
momento de escolha do produto alimentar
Quando o alimento é de boa qualidade as suas características sensoriais são
agradáveis e próprias do produto como: cor, consistência, cheiro e sabor.
2. HACCP – Análise de Perigos e Controlo dos Pontos Críticos

2.1 Conceitos

HACCP- Sistema que identifica, avalia e controla os perigos significativos

para a segurança sanitária dos alimentos. (Codex Alimentarius 2001)

É uma abordagem preventiva e sistemática de:


- Identificação dos perigos associados à produção e distribuição de um
produto, avaliação da sua severidade e a probabilidade de ocorrência
- Definição de meios necessários para controlar esses perigos
- Garantia de que os meios de controlo são implementados de forma eficaz

É um sistema dinamico, aplicavel a toda a cadeia de produção


2. HACCP – Análise de Perigos e Controlo dos Pontos Críticos
2.2 Historial do HACCP

Desenvolvido conjuntamente pela empresa Pillsbury e a NASA


em 1959 para a produção de alimentos saudaveis para as
missões espaciais.

1971 - Primeira apresentação do Conceito HACCP ao publico


americano, na conferência nacional sobre proteção dos alimentos

1973 - Food and Drug Administration (FDA) recomenda o HACCP


como base regulamentar para as conservas pouco ácidas
(pescado).
1980 - HACCP é adotado pela OMS como parte integrante do
Codex Alimentarius

1985 - Academia Nacional das Ciências dos USA (NAS)


recomenda a adoção do HACCP por todas as agencias de
regulação e sua aplicação pelos produtores, como conceito

1989 – 1992 - O Comite Nacional Americano dos Criterios


Microbiologicos dos Alimentos desenvolve e normalisa o
sistema HACCP em sete principios

1991 - A União Europeia recomenda na sua regulamentação


(Regulamentos 852; 853; 854) a aplicação do HACCP nas
cadeias de produção halieutica.
1993 - Elaboração e adoção pelo Codex Alimentarius das
diretrizes para aplicação do HACCP
• Com a criação da Organização Mundial do Comércio e dos acordos
sobre as normas SPS e OTC , o HACCP tornou-se o sistema de
referencia internacional para a segurança dos alimentos

1997- Entrada em vigor, em Dezembro de 1997, da nova


regulamentatção americana sobre os produtos halieuticos,
baseado na abordagem HACCP.
2.3 Tipos de perigos

Perigo - É tudo aquilo que pode prejudicar a saúde do


consumidor ou a qualidade do produto

Perigo para segurança alimentar – agente biológico, químico ou


físico num alimento ou na condição de alimento com o potencial
de causar efeito adverso para a saúde

Físicos
• Tipos de perigos Químicos
Biológicos
• Perigos Físicos – Presença de objetos estranhos ao produto
Exemplos
• Perigos químicos
Exemplos
• Perigos Biológicos
Exemplos
2.4 OS SETE PRINCIPIOS DO HACCP

1. Identificacão dos perigos e medidas de controlo – Elaborar o


fluxograma do processo e identificar quaisquer perigos que devam ser evitados,
eliminados ou reduzidos para níveis aceitáveis

2. Determinação dos pontos criticos de controlo - Identificar os pontos


críticos de controlo (PCC) na fase ou fases em que o controlo é essencial para evitar
ou eliminar um risco ou para reduzir para níveis aceitáveis

3. Estabelecimento dos limites críticos para cada medida associada


a cada PCC - Estabelecer limites críticos em pontos críticos de controlo, que
separem a aceitabilidade da não aceitabilidade com vista à prevenção,
eliminação ou redução dos riscos identificados
2.4 OS SETE PRINCIPIOS DO HACCP (continuação)

4. Monitorização/controlo de cada PCC

Estabelecer e aplicar processos eficazes de vigilância em pontos críticos de controlo

5. Estabelecer medidas corretivas para cada caso de limite em desvio - Estabelecer medidas corretivas quando a
vigilância indicar que um ponto crítico não se encontra sob controlo

7. Criar sistema de registo para todos os controlos efetuados - Elaborar documentos e registar de forma adequada à natureza e dimensão

das empresas a fim de se demonstrar a eficaz aplicação das medidas referidas nos princípios de 1 a 6
2.4 OS SETE PRINCIPIOS DO HACCP (continuação)

6. Estabelecer procedimentos de verificação - Estabelecer processos, a

efetuar regularmente, para verificar que as medidas referidas nos princípios

de 1 a 5 funcionem eficazmente

7. Criar sistema de registo para todos os controlos efetuados - Elaborar

documentos e registar de forma adequada à natureza e dimensão das

empresas a fim de se demonstrar a eficaz aplicação das medidas referidas

nos princípios de 1 a 6
2.5 Pré-requisitos para Implementação do HACCP
Para implementar é necessário criar/ haver algumas condições como:

- Empenho da administração;

- Preparação do estabelecimento de forma a cumprir as normas de higiene;

- Formação do pessoal dirigente e dos manipuladores de alimentos em normas de higiene

alimentar e sistemas de autocontrolo

- Cumprimento das normas de Boas Praticas de Higiene (BPH) e de Fabrico (BPF)

- Conhecimento das caracteristicas dos produtos e dos métodos de fabrico


2.6 Etapas de implementação do HACCP
O HACCP deve ser implementado seguindo as 12 etapas por ordem.
Estas etapas são recomendadas no documento editado conjuntamente pela
FAO e OMS, com base nos principios gerais de higiene alimentar do Codex
Alimentarius CAC/1-1969, Ver. 4 -2003

1. Definir o âmbito do Plano HACCP – deve ser definido claramente à


partida – qual produto e tipo de perigos a considerar.
O limite do plano ( se é até à saída do estabelecimento, no ponto de venda
ou no momento de consumo)

Não é aconselhavel que a equipa tenha mais de seis elementos e deve ter

uma formação inicial em HACCP


2.6 Etapas de implementação do HACCP (continuação)

2. Constituição da equipa HACCP – a equipa deve integrar um responsável (pessoa com

experiencia global e visão de conjunto) e especialistas (pessoas com conhecimentos técnicos em

microbiologia, tecnologia alimentar, embalagem, quimica, HACCP e conhecimentos praticos de

produção e contolo de qualidade)

3. Descrição do Produto – Deve-se fazer uma descrição do produto indicando a sua composição,

estrutura e características fisico/ quimicas, validade, tratamento, condições de armazenamento e

distribuição e instruções de utilização do produto.

4. Descrição da utilisação prevista - identificação dos potenciais consumidores, utilização prevista

que os consumidores farão do produto.


2.6 Etapas de implementação do HACCP (continuação)
5. Elaboração do fluxograma de fabrico – O fluxograma deve incluir todos os passos do processo em

sequencia e devem fornecer uma base para avaliar a possibilidade de ocorrência, de aumento ou de

introdução de perigos para segurança alimentar. Os fluxogramas devem ser claros, exatos e

suficientemente detalhados e devem incluir, conforme caso:

a) a sequência e interação de todas as etapas da operação;

b) a entrada das matérias-primas, ingredientes e produtos intermédios no fluxo;

c) a saída ou retirada dos produtos acabados, produtos intermédios, subprodutos e resíduos;

d) Condições de transporte de sólidos e líquidos

e) Planta da área de fabrico com disposição dos equipamentos


2.6 ETAPAS DE IMPLEMENTAÇÃO DO HACCP (continuação)

6. Verificação no local do diagram de fluxo e esquema do estabelecimento - Após

elaboração, o fluxograma deve ser confirmado no local, para se fazer as alterações

caso necessario.

7. Identificação de perigos associados a cada passo (Principio 1) - A equipa de

HACCP deve indicar todos os perigos que é possivel prever que possam ocorrer em

cada fase e depois fazer uma análise deses perigos para identificar, quais são os

perigos cuja eliminação ou redução para níveis aceitáveis é indispensável.

Identificados os perigos deve-se estabelecer as medidas de control, tendo em conta as

fontes e os pontos de contaminação


2.6 Etapas de implementação do HACCP (continuação)

8. Estabelecimento dos limites criticos (Principio 3) - O limite crítico separa

a aceitabilidade da inaceitabilidade em termos de segurança sanitaria do

produto. Os critérios normalmente utilizados são: temperatura, tempo,

humidade, potencial hidrogenionico(pH), atividade da água (Aw),etc.

9. Estabelecimento dos meios de monitorização dos limites criticos

(Principio 4) - Atraves dos procedimentos de monitorização deverá ser

possível detetar a perda de controlo de um PCC


2.6 Etapas de implementação do HACCP (continuação)

10. Estabelecimento das medidas corretivas (Principio 5) - É


preciso identificar medidas no caso de haver algum desvio do
limite critico, de forma a eliminar o desvio e assegurar que os
parametros do PCC estão novamente sob controlo.

Estabelecem-se também ações corretivas, para eliminar as


causas do desvio e evitar a repetição do mesmo.
2.6 Etapas de implementação do HACCP (continuação)

11. Verificação dos procedimentos (Principio 6) – Permitem


determinar se o sistema está de acordo com o plano HACCP
defenido e se o plano inicialmente elaborado é adequado para o
produto e processo e se é eficaz no controlo dos perigos.

Procedimentos de verificação incluem: auditorias ao Sistema de


autocontrolo; confirmação que os PCCs estão sob controlo; analises
laboratoriais dos produtos; revisão de ações corretivas, etc.
2.6 Etapas de implementação do HACCP (continuação)

12. Implementação dum sistema documental (Principio 7) – As


folhas de registo servem para comprovar a aplicação do sistema
de controlo.

(registos de: controlo de temperatura, controlo na receção de


materiais; controlo de higienização; controlo de desinfestação;
controlos laboratoriais; etc.)
2.7 Benefícios do HACCP

 Regulamentos baseados em ciência sólida


 Conformidade jurídica
 Redução da incidência de doenças causadas por alimentos
 Redução da incidência da presença de patogénicos
 Melhoria no controlo do processo para os processadores
 Diminuição de desperdícios
 Confiança do cliente
 Requisitos do fornecedor
 Competitividade - Acesso a mercados internacionais
Fluxograma de produção de filete de peixe congelado

Receção de peixe fresco Evisceração Lavagem Filetagem

gelo água

Lavagem Embalagem Rotulagem Congelação Armazenagem

água embalagem

Expedição
EXEMPLO DE ÁRVORE DE DECISÃO PARA IDENTIFICAR PCCs
(Responder As perguntas em sequência)

Q1
Existem medidas preventivas de controlo?

Modificar etapa,
Sim Não processo ou produto

Controlo é necessário
nesta etapa
Sim

Não Não PCC Stop (*)

Etapa concebida especificamente para eliminar ou


Sim
Reduzir risco para nível aceitável?

Não

Perigo identificado pode ultrapassar os niveis


aceitáveis?
Q3

Sim Não Não é PCC Stop (*)

A etapa posterior elimina o perigo


identificado ou reduz a probabilidade de
Q4 ocorrência para um nível aceitável?

Sim Não PONTO CRÍTICO CONTROLO

Não PCC Stop (*)

(*) Avançar para o próximo Perigo identificado no processo descrito .


Níveis aceitáveis e inaceitáveis precisam ser definidos dentro do objetivo
geral na identificação do PCCs do Plano HACCP.
Fluxograma de produção de filete de peixe congelado
PCC PC PC PC
Receção de peixe fresco Evisceração Lavagem Filetagem

gelo - controlo água – controlo


PC PC PC PCC PCC
Lavagem Embalagem Rotulagem Congelação Armazenagem

água embalagem - controlo


PC
Expedição
PCC- Ponto de Controlo Crítico
PC - Ponto de Controlo
Exercício 1
Complete as frases seguintes:
1) Quando falamos em _____________ _______________ referimo-
nos a um conjunto de regras práticas que têm por objectivo proteger a
saúde e prevenir a doença, evitando a deterioração
dosalimentoseprevenindoqualquerpossívelriscoparaasaúdepública. 2)
Dizemos que um alimento está ________________ quando contem
uma substância de origem biológica, ____________ ou química, que o
possa tornar ____________ para o consumo humano.

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