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Instituto Superior de Ciências de Saúde – ISCISA

TEMA: Morte fetal Intra


Uterina
DISCENTES
Catarina Wilson
DOCENTE:
Prof.Dr. Caetano
Maputo, Março de 2020
Introdução
A gravidez e o parto são experiências especiais na vida da
mulher e do seu parceiro, que envolve também suas
famílias e a comunidade. A gestação e o parto são
eventos que constituem uma experiência humana das
mais significativas, com potencial enriquecedor para
todos que dela participam. No entanto, eventos
inesperados podem ocorrer durante a gestação e no
parto, os quais poderão vir a determinar ameaça à vida
materna, podendo ocasionar em morte fetaI intra
uterina (TELLES, 2002).
Epidemiologia

De acordo com o National Center for Health Statistic, a taxa


de mortalidade fetal geral nos EUA do Norte é de 7,5/ 1000
nascimentos, oque corresponde aproximadamente a metade
da mortalidade perinatal.
Na Suécia a a taxa de mortalidade perinatal, em 1988, foi de
6,5/ 1000 nascimentos, sendo que 56% dessa cifra referia-se à
mortalidade fetal. Já em países em desenvolvimento, a
mortalidade perinatal é várias vezes maior que a de países
desenvolvidos.
Cont.

O resultado de estudo retospectivo realizado em Hospital do


Quénia estimou, por exemplo, uma taxa de mortalidade fetal
de 30,5/ 1000 nascimentos.
Outro estudo retospectivo, realizado em um Hostital Chileno,
no periodo de Janeiro de 1993 a 1994, encontrou taxa de
mortalidade fetal de 14/ 1000 nascimentos.
Já no Brasil, um estudo analisou todos nascimentos ocorridos
no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, no período de
Fevereiro de 1983 à Janeiro de 1988, e estimou uma taxa de
mortalidade fetal de 18,5/ 1000 nascimentos.
Morte fetal Intra Uterina
Conceito
Morte fetal Intra Uterina é a morte de um feto antes da
sua completa expulsão ou extração a partir de 20
semanas de gestação. Alguns autores, entretanto, relatam
morte fetal somente em períodos gestacionais mais
avançados, ou utilizam critérios que incluem o peso ou o
comprimento do feto. (OMS, 2002)
Cont.

A morte fetal Intra Uterina representa o insucesso do


processo gestacional, seja para a mulher e sua família, seja
para o profissional de saúde responsável por sua vigilância.
Além do inevitável ônus psicológico para a gestante, também
pode se associar a incremento da morbidade e mortalidade
materna, em decorrência de complicações como hemorragias,
coagulopatia e infecções (VARDANEGA et al.,2002).
Classificação
A morte fetal intra uterina pode ser classificada em
precoce, intermediária e tardia.
Morte fetal intra uterina precoce: é aquela que acontece
antes da 20ª semana gestacional (aborto);
Morte fetal intra uterina intermediária: é aquela que
acontece com idade gestacional entre a 20ª a 28ª semana
completas;
Morte fetal intra uterina tardia: aquela com idade
gestacional acima da 28ª semana ou com peso ao nascer
acima de 1000g.
Cont.

Há ainda aqueles autores que classificam a morte fetal em


precoce, quando ocorre entre 20 a 28 semanas, e tardia acima
de 28 semanas.
As mortes fetais também são classificadas, conforme a época
de acontecimento, em anteparto e intraparto.
Fatores associados às mortes fetais intra
uterina
Vários fatores de risco têm sido descritos para a morte
fetal Intra uterina na literatura mundial, sabendo-se que a
etiologia é multifatorial, envolvendo uma gama de fatores
interrelacionados,
que incluem tanto a condição sócio-econômica como
fatores culturais, biológicos e pertinentes à qualidade da
assistência à saúde (Ausência ou má qualidade da
assistência pré-natal e deficiência no acompanhamento
intraparto ).
Cont.
Em torno de 70% a 90% das mortes fetais ocorrem antes
do início do trabalho de parto.
Quando conhecidas, as causas determinadas de morte
fetal no período anteparto são divididas em maternas e
feto-anexiais.
Condições relacionadas ao processo de morte fetal
Intra Uterina divididas por grupos segundo sua
etiopatogenia

As condições relacionadas ao processo de morte foram


classificadas em 5 grupos segundo sua etiopatogenia:
(a) Condições maternas encontramos aquelas doenças
da mãe que ocorrem durante a gestação e que
contribuem direta ou indiretamente no processo de
óbito;
(b) Condições próprias do feto são aquelas que
ocorrem durante o período de gestação, inerentes ao
feto, e que acarretam óbito;
Cont.
(c) as condições relacionadas à placenta são
consideradas alterações específicas desse órgão, as quais
estão envolvidas no processo de morte;
(d) os fatores relacionados ao parto incluem as
intercorrências que ocorrem durante esse processo
causando morte;
(e) as doenças próprias da prematuridade são aquelas
responsáveis por óbitos no período perinatal.
Cont.

(a) Condições relacionadas à mãe


Estados hipertensivos maternos
Diabetes mellitus (gestacional ou não)
Infecções hematogênicas ou ascendentes
Cardiopatias / Nefropatias maternas
Desnutrição materna
Doenças hematológicas maternas
Isoimunização Rh, e
Hábitos maternos (Tabagismo e Alcoolismo).
Cont.

(b) Condições relacionadas ao feto


Malformações congênitas
Hidropsia fetal
Gemelaridade
Neoplasias
Polidrâmnio e oligodrâmnio (com causa fetal)
Cont.

(c) Condições relacionadas à placenta e cordão


Anomalias de implantação da placenta
Descolamento prematuro de placenta
Malformações da placenta ou cordão
Neoplasias placentárias ou de cordão
Anomalias da posição e/ou tamanho do cordão
Rupturas de seios
(d) Condições relacionadas ao parto
Distócias (progressão / apresentação)
Amniorréxis prematura
Tocotraumatismo
Trabalho de parto prolongado
Hipertonia / Ruptura uterina
Cont.

(e) Patologias decorrentes da prematuridade


Distress respiratório
Enterocolite necrotizante
Encefalopatia hipóxica
Prematuridade sem causa aparente
Hemorragia intracraniana.
Diagnóstico

Clinico
Ecográfico
Raio X
Conduta

Explicar o problema à mulher e à sua família. Discutir com


eles as opções de conduta expectante ou activa.
Se decidir por uma conduta expectante:
Aconselhar a esperar pelo início espontâneo de trabalho de
parto durante as 2 à 4 semanas seguintes;
Tranquilizar a mulher, informando que em 90% dos casos o
feto é expulso espontâneamente durante o perído de
espera sem nenhuma complicação.
Cont.

Se o número de plaquetas estiver a diminuir ou se já tiverem


passado 4 semanas sem trabalho de parto espontâneo,
considere uma conduta activa. Por vezes é difícil determinar a
quanto tempo ocorreu a morte fetal. Quando isso acontece
tome a conduta activa.
Cont.

Se decidir por uma conduta activa


• Avaliar o colo (índice de Bishop):
• Se o colo estiver favorável (mole, fino, parcialmente
dilatado), induzir o TP usando oxitocina ou Misoprostol;
• Se o colo estiver não favorável (firme, espesso, fechado),
amadureça o colo usando Misoprostol.
Cont.

Nota: Não romper as membranas com risco de infecção.


Parto por Cesariana somente como último recurso (falha de
Indução).(Misau,Agosto 2011).
Normas de uso de Misoprostol (OMS 2012)

• 
Cont.

3º Trimestre de gestação
Se colo não Favorável, colocar Misiprostol 1 cp de 25mcg,
via vaginal, e repetir a dose, se necessário, após 6 horas.
Se não houver resposta, utiliza Misoprostol 2 cp de 25 mcg
via vaginal, de 6/6 horas até 4 doses.
• Não usar mais de 50 mcg e não exceder 4doses;
• Não administrar uma nova dose se já houver actividade
uterina;
• Não usar ocitocina dentro das 6 horas após o uso da última
dose do Misoprostol.
Cont.
Se estiverem presentes sinais de infecções (febre,
corrimento vaginal fétido), administrar Antibióticos:
Ampicilina 1g 6/6 horas ev
Gentamicina 80 mg 8/8 horas ev
Metronidazol 500 mg 8/8 horas ev
Cont.

• Se um teste de coagulação mostrar ausência de


formação de coágulos mole que se desfaça
facilmente suspeite de coagulopatia.
Complicações

Endometrite
Anexite
Pelveperitonite
Abscesso pélvico
Choque séptico
Morte materna
Conclusão

Em suma, muitos estudos feitos sobre Morte fetal Intra


Uterina mostraram que as causas mais prevalentes desta
problemática, principalmente em países em desenvolvimento,
continuam sendo a HTA e as Infecções, que são processos
possíveis de controle e / ou tratamento: a identificação e
tratamento precoces de Sífilis, Diabetes, Anemia e
Hipertensão podem reduzir os índices de morte fetal intra
uterina.
Cont.

• Os Programas de Prevenção primária, principalmente


quanto a assistência pré-natal, devem enfatizar a
necessidade do seguimento e tratamento de condições
patológicas que podem ocasionar a morte fetal. No entanto,
se a morte fetal ocorre, deve-se tentar identificar da melhor
maneira possível a sua causa, seja para eliminá-la ou para
orientar a mulher sobre o prognóstico de uma futura
gestação.

Obrigado

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