Você está na página 1de 14

FLUXO DE GESTANTES QUE EVOLUÍRAM PARA PARTOS EUTÓCICOS NO

PERÍODO DE JANEIRO A JUNHO DE 2021 NA MATERNIDADE FREI DAMIÃO

FLOW OF PREGNANT WOMEN WHO TURNED TO EUTOCIC BIRTH IN THE


PERIOD FROM JANUARY TO JUNE 2021 AT THE FREI DAMIÃO MATERNITY
HOSPITAL

Luciana Carvalho Pinto1


Ytalo Bruno Barbosa Dantas2
Jacqueline Freire Calixto de Oliveira 3
Jordy Cristian Fernandes do Rêgo 4
Leonardo Vilar de Queiroz Carvalho5
Rodrigo Perna do Nascimento 6
RESUMO

Este artigo discute sobre a gravidez e os partos eutócitos partindo de uma análise baseada nos
dados coletados na Maternidade Frei Damião na cidade de João Pessoa, Paraíba. Objetivamos
quantificar o número de parto normal e relação ao parto cesáreo no período de janeiro à junho
de 2021 na Maternidade objeto do estudo. A gestação é um fenômeno fisiológico e, por isso,
sua evolução se dá, na maior parte dos casos, sem intercorrências. A Gravidez e parto –
Nessas duas etapas, o organismo passa por enormes mudanças que podem ser estressantes
tanto emocional como fisicamente. A medicina tem papel vital na proteção da saúde da mãe e
da criança. Porém, o suporte das terapias complementares não deve ser subestimado, mesmo
porque uma das principais recomendações feitas à futura mamãe é usar os remédios
necessários. O Brasil é o segundo país com a maior taxa de cesáreas do mundo, ultrapassando
55% dos partos e perdendo apenas para República Dominicana. Este dado contraria a
recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS). O artigo foi ancorado em dados
qualitativos e quantitativos partindo de uma pesquisa bibliográfica e exploratória.

1
Graduada em Fisioterapia pela Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba. Especialista pelo Centro
Universitário de João Pessoa – UNIPE. Fisioterapeuta da Maternidade Frei Damião;
2
Graduado em Fisioterapia pela Faculdade Internacional da Paraíba – FPB. Fisioterapeuta da Maternidade Frei
Damião;
3
Graduada em Fisioterapia pela Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba. Especialista pelo Centro Integrado
de Tecnologia e Pesquisa - CINTEP; em Saúde da Família. Fisioterapeuta da Maternidade Frei Damião;
⁴ Graduado em Fisioterapia pela Faculdade Mauricio de Nassau. Fisioterapeuta da Maternidade Frei Damião;
⁵ Graduado pela Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba. Especialista em Geriatria e Gerontologia e UTI
UNIPE. Fisioterapeuta da Maternidade Frei Damião e do Hospital Estadual de Emergência e Trauma Senador
Humberto Lucena- HEETSHL;
⁶ Graduado em Fisioterapia pela Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba. Especialista em Geriatria e
Gerontologia e UTI.

6
Palavras-chave: Gestação; parto normal; direitos da gestante; fisioterapia; parto humanizado.

ABSTRACT

This paper explores the pregnancy and eutocyte births based on an analysis based on data
collected at the Frei Damião Maternity - Hospital in the city of João Pessoa, Paraíba. We
aimed to quantify the number of normal births and the relation to cesarean durinhg the period
from January to June 2021 at the Maternity that was the object of the study. Pregnancy is a
physiological phenomenon and, therefore, its evolution occurs, in most cases, without
complications. Pregnancy and childbirth – In these two stages, the body goes through a lot of
big emotional and physical changes. Medicine plays a vital role in protecting the health of the
mother and child. The support of complementary therapies should not be underestimated,
even because one of the main recommendations made to the mother-to-be is to use the
necessary medicines. Brazil is the second country with the highest rate of cesarean sections in
the world, surpassing 55% of births and second only to the Dominican Republic. This data
contradicts the recommendation of the World Health Organization (WHO). The article was
based on qualitative and quantitative data based on a bibliographical and exploratory research.

Keywords: Pregnancy; normal birth; pregnant women's rights; physiotherapy; humanized


birth.

1 INTRODUÇÃO

A gravidez na vida da mulher se torna um momento único, onde se desenvolve no


interior de seu útero um bebê havendo diversas modificações em seu corpo e em seu
psicológico. São cerca de 8 meses de duração. (VIEIRA; FLECK, 2013; CARVALHO et al.,
2017).
Na gravidez existem diversos sintomas podendo variar entre as mulheres, inúmeras
vezes eles podem ser intensos sendo necessários o uso de medicação. Os principais sintomas
da gravidez são: ausência de menstruação, aumento dos seios, sono, náuseas e vômitos,
tontura, azia, fraqueza, salivação excessiva, dor lombar, dor de cabeça e aumento da produção
de urina, entre outros. Para seu diagnóstico é necessário a realização de alguns exames como
testes de farmácias, beta HCG e US.
O encerramento da gestação se dá no parto. Temos dois tipos de partos: O normal ou
eutócito, que ocorre de forma espontânea. Esse acontece por contrações uterinas a qual
expulsa o bebê pela vagina. A cesárea: através de procedimento cirúrgico para a retirada do
bebê, essa forma é indicada quando se tem algum problema de saúde.
Grande parte das mulheres mencionam que ao realizarem o parto cesáreo não ficam
confortáveis com o pós-cirúrgico pois sentem fortes dores, recuperação lenta, além do risco
cirúrgico e da anestesia. (VELHO et al, 2012, p.463). Porém se vem especulando que o parto
cesáreo se tornou moda no Brasil, mas ultimamente podemos contar com os meios de
comunicação e relatos de celebridades para mostrar os benefícios de um parto vaginal. É
muito amor envolvido além do contado imediato entre mãe e recém-nascido não podendo
faltar que ambos têm maior segurança. (FAÚNDES; CECATTI, 1991, p.165)
O parto humanizado tem como objetivo respeitar a individualidade de cada puérpera,
atendendo suas necessidades (OLIVEIRA et al, 2002, p.668). No Brasil, o Ministério da
Saúde, desde o ano 2000 vem buscando recuperar a participação ativa da gestante durante o
processo do parto (BAVARESCO et al, 2011, p.3260) estimulando as maternidades através
do programa de “Humanização no pré-natal e Nascimento” (RETT et al, 2008, p.362)
garantindo que a puérpera use seu corpo no processo do parto como instrumento essencial
tendo assim uma maior consciência corporal (BIO, 2007, p.5).
O fisioterapeuta é um dos profissionais preparados a contribuir no atendimento a
puérpera devido ao seu conhecimento dos movimentos do corpo humano (CANESIN;
AMARAL, 2010, p.430). O fisioterapeuta instrui a gestante com orientações
cardiorrespiratória e físicas, dispõe de técnicas não farmacológica para alívio da dor,
prestando suporte físico e emocional diminuindo o medo e a ansiedade, tornando assim um
parto mais tranquilo. (BAVARESCO et al, 2011, p.3260).
Nesse contexto, a pesquisa busca ressaltar quais os fatores influenciaram para o parto
cesárea, se as gestantes estavam orientadas com relação à importância do parto normal, bem
como destacar a importância da fisioterapia na sala de parto. Para tanto, buscamos quantificar
o número de parto normal e relação ao parto cesáreo no período janeiro à junho de 2021 na
Maternidade Frei Damião.

2 METODOLOGIA

O artigo foi ancorado em dados qualitativos e quantitativos partindo de uma pesquisa


bibliográfica e exploratória. Foram analisados artigos publicados em periódicos localizados
no portal da Scielo, SUS e OMS, bem como outras revistas eletrônicas relacionadas à área de
conhecimento. A pesquisa também se caracteriza como exploratória tendo como base os
dados coletados na Maternidade Frei Damião no período de janeiro a junho de 2021. Foram
analisadas 84 admissões de gestantes nas salas de partos do 1º e 3º andar da referida
instituição.

3 GESTAÇÃO

No período gestacional ocorrem diversas transformações no corpo da mulher para dar


a estabilidade necessária ao bebê (VIEIRA; FLECK, 2013; CARVALHO et al., 2017). Dentre
essas mudanças, está o ganho de peso que promove sobrecarga no assoalho pélvico, além de
dores lombares, incontinência urinária, dificuldade para respirar, entre outros (MARQUES;
SANCHES, 1994; KISNER; COLBY, 2009; DELANCEY, 2010). Por isso, fisioterapeutas
obstétricos são imprescindíveis no acompanhamento das gestantes, buscando sempre a
melhoria da saúde e qualidade de vida da mãe (COIMBRA; SOUZA; DELFINO, 2016).
A mudança física mais notória é o ganho de peso corporal na região abdominal devido
ao crescimento do bebê, promovendo assim uma sobrecarga e disfunções no assoalho pélvico,
podendo causar enfraquecimento e alterações no sistema urinário, circulatório, respiratório e
hormonal da gestante (PERUZZI; BATISTA, 2018; ALMEIDA; CANDIDO; NETTO, 2020).
Além disso, o aumento do peso causa em quase 50% das gestantes dores lombares e pélvicas
(RAMOS, ALMEIDA, 2012).
Além do aumento do peso, no período gestacional ocorre redução do espaço da
bexiga, podendo causar incontinência urinária (DELANCEY, 2010), como também uma
sobrecarga lombar, promovendo um quadro álgico significativo (KISNER; COLBY, 2009) e
alteração da posição do diafragma, causando dificuldade para respirar e fazer atividades que
requerem esforço (MARQUES; SANCHES, 1994). Uma pesquisa realizada por Brandão,
Gasparetto, Pivetta (2008), com gestantes, observaram que as mães que participam de um
programa de atenção fisioterapêutica obtiveram diminuição no número de câimbras, dispnéia,
constipação, vitalidade e compensações posturais.
Por isso, os fisioterapeutas obstétricos são necessários para acompanhar as gestantes,
uma vez que avalia a saúde da mãe antes, durante e até depois da gestação, promovendo um
melhor desempenho cardiovascular em associação com fortalecimento muscular visando
diminuição de dores (OLIVEIRA; BARROS, ARAUJO, 2010). E, devido a isso, a fisioterapia
está cada vez mais incentivada como um recurso terapêutico na melhoria da saúde e da
qualidade de vida da gestante (COIMBRA; SOUZA; DELFINO, 2016).
4 PARTO

O parto é evento que já passou por grandes transformações ao longo do tempo. Silva
(2009) diz que antigamente não existia técnicas que minimizavam a dor do parto e muito
menos exercícios que favoreciam essa atividade. O que de fato acontecia era que as mulheres
se isolavam para parir, geralmente sem nenhuma assistência ou cuidado, apenas seguiam seus
instintos.
Quando começavam a sentir dores deduziam que o momento do parto tinha chegado.
Segundo Largura (2000) a assistência ao parto somente teve início quando as próprias
mulheres começaram a se ajudar nesse processo, com a participação de seus familiares e
parteiras, que foram acumulando experiência de geração para geração, utilizando essas
mesmas para ajudar nesse momento tão esperado e importante na vida das mulheres.
Moraes (2006) afirma que embora a institucionalização do parto e os avanços
tecnológicos tenham proporcionado melhor controle dos riscos maternos-fetais. Houve
incorporações de grandes números de intervenções desnecessárias, culminando inclusive com
um aumento progressivo no número de cesarianas. A partir do momento em que os médicos
começaram a participar do processo do parto, a mulher deixou de ser a pessoa mais
importante e ativa daquele evento. Com isso, o parto passou a ser visto apenas como um ato
cirúrgico e a parturiente determinante passou a ser apenas a ´´paciente´´.
Os médicos passaram a realizar cada vez mais procedimentos invasivos e
intervencionistas, justificando requerer um menor tempo e uma maior praticidade. Após
muitos anos nessa situação, entraram em campo, as enfermeiras obstetras com o intuito de
colocar em prática o parto humanizado, tentando mudar o significado de medo e dor
relacionado ao parto normal, consequentemente diminuído os elevados números de nascidos
por cesarianas que poderiam simplesmente ter um nascimento de um modo natural, menos
doloroso e mais saudável (MORAIS, et., AL 2006).
O parto para ser considerado normal, deve ocorrer ser intercorrências ou
procedimentos desnecessários nos períodos de trabalho de parto, parto e pós-parto e deve-se
conter uma constante atenção voltada para o bem-estar, segurança e direito da parturiente e do
bebê. Adjetiva-se o parto como humanizado quando se presta uma assistência holística onde
se dispensa a este momento a ternura, o carinho e a dignidade que o evento necessita
(COREN,2009).
Frello e Carraro (2010) ressaltam que no parto humanizado faz-se necessário dar
liberdade as escolhas da parturiente, presta um atendimento focado em suas necessidades,
aliviar seus anseios, esclarecer as suas dúvidas, e para que exista uma relação de confiança
entre a parturiente e a equipe de estar baseada no diálogo, na afetividade e no prazer em servir
o outro na atenção dispensada; não se preocupar apenas em crenças e mitos, acompanhando
essas escolhas, intervindo o mínimo possível para que possa se desenvolver um processo
natural e tranquilo. Brasil (2001) preconiza que a mulher pode sentar-se, deambular e deitar
durante o trabalho de parto, sem que a mesma seja obrigada a permanecer no leito, e que de
acordo com a posição de parir, sejam apoiadas e encorajadas na sua escolha, salvo algumas
exceções, onde a parturiente deve manter-se deitada no leito.
O trabalho de parto possui alguns estágios. A 1ª fase — do início do trabalho de parto
até a dilatação total do colo (cerca de 10 cm) — compreende 2 períodos, latente e ativo.
Durante o período latente, as contrações irregulares tornam-se progressivamente mais bem
coordenadas, o desconforto é mínimo e o colo se apaga e dilata até 4 cm. O período latente é
variável, sendo difícil precisar o tempo de duração, variando, em média, 8 horas em nulíparas
e 5 horas em multíparas; a duração é considerada anormal se for > 20 horas em nulíparas e >
12 horas em multíparas.
Durante a fase ativa, o colo se torna plenamente dilatado e a apresentação fetal
insinua-se na pelve média. Em média, a fase ativa dura de 5 a 7 horas em nulíparas e de 2 a 4
horas em multíparas. Tradicionalmente, deve-se esperar que a cérvice se dilate 1,2 cm/hora
em nulíparas e 1,5 cm/hora em multíparas. Entretanto, dados recentes sugerem que a
progressão mais lenta da dilatação cervical de 4 a 6 cm pode ser normal (1 ). O exame pélvico
é feito a cada 2 a 3 horas a fim de se avaliar o progresso do trabalho de parto. A falta de
progresso da dilatação e a descida da apresentação podem indicar distocia (desproporção
cefalopélvica). Permanecer em pé e deambular encurta o primeiro estágio do trabalho de parto
em > 1 hora e reduz a taxa de parto cesárea (1). Se as membranas não se romperem de modo
espontâneo, alguns médicos usam rotineiramente amniotomia (ruptura artificial das
membranas) durante a fase ativa. Como resultado, o trabalho de parto pode evoluir mais
rápido e o líquido amniótico meconial pode ser detectado precocemente.
Nesse período, a amniotomia pode ser necessária para monitorar o feto e confirmar o
seu bem-estar. Deve-se evitar amniotomia em mulheres com HIV ou hepatites B ou C, para
que o feto não seja exposto a tais organismos. Durante a 1ª fase do trabalho de parto, deve-se
verificar a frequência cardíaca materna e a pressão arterial e frequência cardíaca fetais
continuamente por monitoramento eletrônico ou por ausculta intermitente, geralmente com
um dispositivo de ultrassom portátil com Doppler (ver monitoramento fetal).
As mulheres podem começar a sentir necessidade de fazer força para baixo, enquanto
a insinuação fetal descende na pelve. Entretanto, devem ser desencorajadas a fazer força até
que o colo esteja dilatado por completo para que não esgarcem o colo ou desperdicem
energia. A 2ª fase vai da dilatação total do colo até o desprendimento do feto. Dura até 2 horas
em nulíparas (em média 50 minutos) e 1 hora em multíparas (em média 20 minutos). Esse
processo pode durar outra hora ou mais se for conduzido com o uso de analgesia (epidural) ou
sedação intensa com opioide. Para o parto espontâneo, a mulher deve suplementar as
contrações uterinas por meio da força de expulsão.
Na 2ª fase, as mulheres devem ser examinadas constantemente e os batimentos
cardíacos fetais devem ser checados de modo contínuo ou após cada contração. As contrações
uterinas podem ser monitoradas pela palpação ou eletronicamente. Durante o 2º estágio do
trabalho de parto, a massagem do períneo com lubrificantes e compressas quentes podem
amolecer e distender o períneo, reduzindo assim a taxa de lesões perineais de 3º e 4º graus
(2 ). Essas técnicas são amplamente utilizadas por parteiras e outros profissionais. Deve-se
tomar precauções para reduzir o risco de infecção durante a massagem do períneo.
Durante o 2º estágio (em comparação com o 1º estágio), a posição da mãe não afeta a
duração ou o modo do parto, nem o desfecho materno ou neonatal nos partos sem anestesia
peridural (3 ). Além disso, a técnica de empurrar (espontânea versus direcionada e tardia
versus imediata) não afeta o modo do parto nem o desfecho materno ou neonatal. O uso de
anestesia peridural atrasa a expulsão e pode prolongar o 2º estágio em uma hora. A 3ª fase do
parto começa após a retirada do lactente e termina com a retirada da placenta. Essa fase
geralmente dura apenas poucos minutos, mas pode durar até 30 minutos.

4.1 Parto normal

O processo de nascimento, conhecido como trabalho de parto ou apenas parto, em


geral, começa ao redor da 40ª semana de gravidez. Tem três estágio distintos: o primeiro,
quando o útero contrai e o colo do útero dilata; o segundo, quando o bebê passa pelo canal; e
o terceiro quando a placenta é eliminada. Muito pode ser feito para tornar o processo mais
confortável, desde medidas para aliviar a dor até a presença do companheiro para dar um
apoio psicológico. Técnicas como massagem, relaxamento, musicoteraoia entre outras podem
ajudar.
4.2 Parto cesáreo

Em uma cesariana, o bebê nasce por uma incisão feita no abdome da mãe e n~~ao pela
vagina. A operação é realizada quando as circunstâncias a tornam mais segura para mão e
bebê do que um parto vaginal. É dada anestesia geral ou uma anestesia intradural, ou epidural,
injetada no fundo das costas para adormecer o corpo abaixo da cintura. É feita uma incisão na
parte inferior do abdome, e o bebê e a placenta saem em poucos minutos. A mãe fica no
hospital cerca de três dias.

4.3 Parto humanizado

Mulheres em trabalho de parto devem ser tratadas com respeito, ter acesso às
informações baseadas em evidências e serem incluídas na tomada de decisões. Para isso, os
profissionais que as atendem deverão estabelecer uma relação de confiança com as mesmas,
perguntando-lhes sobre seus desejos e expectativas. Devem estar conscientes da importância
de sua atitude, do tom de voz e das próprias palavras usadas, bem como a forma como os
cuidados são prestados. Devem ter apoio contínuo e individualizado; devem ter
acompanhantes de sua escolha durante e após o trabalho de parto e parto (Diretrizes Nacionais
de Assistência ao Parto Normal, 2017).

5 VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA

A violência obstétrica (VO) envolve diversos tipos de danos ou violência durante o


cuidado obstétrico dirigido à mulher ou ao recém-nascido, feita sem o consentimento da
mulher ou desrespeitando sua autonomia, podendo ser tanto fisicamente, quanto
psicologicamente e até verbalmente. Além disso, procedimentos e intervenções que são feitas
desnecessariamente, como cesáreas, episiotomias, inserção de clister, tricotomia e
administração de ocitocina (RATTNER, 2009; SILVA et al., 2015).
A Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1996, publicou um manual “Boas
práticas de atenção ao parto e ao nascimento”, ao qual, na categoria B, citou práticas que são
claramente prejudiciais ou ineficazes, que devem ser eliminadas do uso rotineiro obstétrico,
dentre elas estão: uso de enema e tricotomia, infusão intravenosa no trabalho de parto,
cateterização venosa profilática, uso de posição supina no trabalho de parto, exame retal,
lavagem e revisão uterina após o parto, administração de ocitócitos antes do parto, entre
outros. Além disso, o Ministério da Saúde (MS), em 2016, mostrou que 55,4% das cesarianas
foram feitas fora do contexto, causando a VO.
Em um estudo feito por Almeida et al. (2017), no município de Caxias (Maranhão),
foram analisados 20 profissionais de saúde e foi observado que 70% destes achavam que não
cometiam ou nunca cometeram nenhum tipo de VO, apenas 15% admitiram ter praticado
algum tipo de VO e 80% admitiram já ter presenciado colegas de profissão cometendo algum
tipo de VO. Além disso, 10% apenas ouviu sobre o tema, mas não teve interesse em
aprofundar e 30% nunca ouviu falar sobre a VO.
Dessa forma, é preciso adotar medidas preventivas para que esse tipo de violência não
ocorra, como ações contra o excesso dessas intervenções médicas desnecessárias,
instrumentalização de outros profissionais nos partos, promoção da autonomia da mãe e
parteiras auxiliando na elaboração do plano do parto (TESSER et al., 2015; OLIVEIRA;
PENNA, 2017).

6 FISIOTERAPEUTA NA SALA DE PARTO

O fisioterapeuta que atua na sala de parto possui um papel de extrema importância,


assim como todos os profissionais, para fazer com que o parto ocorra com êxito (OLIVEIRA,
2001; ROGÉRIO, 2013). O fisioterapeuta pode atuar acompanhando o casal e os orientando e
respondendo a possíveis dúvidas obtidas, além de solucionar e prevenir possíveis
intercorrências como problemas posturais e até circulatórios (OLIVEIRA, 2011).
O profissional fisioterapeuta na assistência de um parto de baixo risco, busca valorizar
a mãe no processo, fazendo-a utilizar ativamente do próprio corpo, uma vez que a mobilidade
corporal no parto depende de fatores fisiológicos e psicológicos, sendo essencial a orientação
profissional para fortalecer e alongar o assoalho pélvico, evitando complicações (BIO;
BITTAR; ZUGAIB, 2006; ROCHA; MARTINS; MOREIRA, 2011). Trabalhando no estágio
inicial do parto, o fisioterapeuta obstétrico acelera o processo de dilatação através de posturas
específicas, prepara o períneo e estimula o relaxamento da muscular pélvica para diminuir
tensões musculares (STHEPENSON; O’CONNOR, 2004; CANESIN; AMARAL, 2010).
Ademais, um dos papéis principais é atender o recém-nascido, utilizando de técnicas
respiratórias, auxiliando o bebê a manter uma função respiratória normal, sempre buscando
melhorar a ventilação alveolar e ter uma boa relação entre ventilação e perfusão (ALMEIDA;
GUINSBURG, 2013; RODRIGUES, 2015). Além disso, quando o bebê é prematuro, o
fisioterapeuta atua diretamente na promoção da reabilitação da musculatura respiratória,
buscando sempre uma boa sincronia entre a bomba respiratória e o sistema mecânico
(BARBAS et al., 2014). Dessa forma, o fisioterapeuta é responsável por disponibilizar uma
assistência ventilatória ao neonato, priorizando a utilização de técnicas pouco ou não
invasivas, como tentar amadurecer o pulmão do bebê antes do nascimento por métodos de
ventilação mecânica ou medicamentosa na gestante (SANTOS, 2019).
Com isso, é inegável a necessidade de profissionais bem capacitados na hora do parto,
e o fisioterapeuta vem com o preparo necessário para esse tipo de procedimento, trazendo
mais segurança e conforto para a mãe, uma vez que entende e respeita os limites de cada
paciente, além de estar preparado para qualquer intercorrência que o recém-nascido venha a
ter (FREITAS et al., 2017).

7 RESULTADOS

COL
Número de Gestantes no INÍCIO do plantão 1905
F2F332

COL
Número de Gestantes no FINAL do plantão 2065 8,4%
G2G332

COL
Número de Gestantes na SALA DE PARTO 82
L2L332

COL
Número de Parturientes que evoluÍram para o Parto EUTÓCICO 42
R2R332

COL
Número de Parturientes que evoluÍram para o Parto CESÁREO 47 11,9%
S2S332
GRÁFICO 1
2100
2065
2050

2000

1950
1905
1900

1850

1800
COL F2F332 COL G2G332
Número de Gestantes no INÍCIO do plantão Número de Gestantes no
FINAL do plantão

GRÁFICO 2
82
80
60 42 47
40
20
0
COL R2R332

COL S2S332
COL L2L332

Número de Gestantes na SALA DE Número de Parturientes que Número de Par-


PARTO evoluÍram para o Parto EUTÓCICO turientes que
evoluÍram para o
Parto CESÁREO

8 CONCLUSÃO

Podemos concluir que diante de um senário atual no crescimento substancial do parto


cesárea com relação ao parto normal no Brasil (OMS), podemos observar que a
MATERNIDADE FREI DAMIÃO vem assistindo e amparando a gestante para evolução para
o parto normal e humanizado. Priorizando a presença do fisioterapeuta nessa hora memorável.
Conforme mostra os gráficos 1 e 2, das 84 gestantes que foram admitidas na sala de parto
durante seis meses, 47 evoluíram para cirurgia cesariana, enquanto 42 para parto eutócico.
Com isso observamos um aumento de apenas 11,9% a mais para cirurgia cesariana.

REFERÊNCIAS

AASHEIM V. et al. Perineal techniques during the second stage of labour for reducing
perineal trauma. Cochrane Database Syst Rev 6:CD006672, 2017. doi:
10.1002/14651858.CD006672. Disponível em:
https://www.cochrane.org/CD006672/PREG_perineal-techniques-during-second-stage-
labour-reducing-perineal-trauma. Acesso em 21 set. 2021.

ALMEIDA, L. L.; CANDIDO, T. de S.; NETTO, A. de O. Conhecimento sobre a


incontinência urinária e Fisioterapia em Gestantes: Revisão De Literatura. Revista
InterSaúde, [S.l.], v. 1, n. 2, p. 48-60, apr. 2020. ISSN 2674-869X. Disponível em:
<http://revista.fundacaojau.edu.br:8078/journal/index.php/revista_intersaude/article/view/
123>. Acesso em: 21 sep. 2021.

ALMEIDA, M. M. et al. Violência obstétrica institucional no parto: percepção de


profissionais da saúde. Revista de Enfermagem UFPE [on line]. v. 11, n. 9, p. 3346-3353,
2017. Disponível em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/view/
110232/22159. Acesso em: 21 st. 2021.

BRANDÃO, A. C. S.; GASPARETTO, A.; PIVETTA, H. M. F. A fisioterapia na atenção


básica: atuação com gestantes em caráter coletivo. Fisioterapia Brasil. v. 9, n.2, p. 86-92,
2008. Disponível em: https://portalatlanticaeditora.com.br/index.php/fisioterapiabrasil/
article/view/1618. Acesso em: 21 set. 2021.

CARVALHO, M. E. C. C., et al. Lombalgia na gestação. (2017). Revista Brasileira de


Anestesiologia. v.67, n.3, p. 266-270, 2017. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rba/a/BFHtt6tKVr8crcVxShwCxDz/?format=pdf&lang=pt. Acesso
em: 21 set. 2021.

COIMBRA, F. R.; SOUZA, B. C. de; DELFINO, M. M. Fisioterapia no suporte a


parturientes. Revista Científica da FEPI-Revista Científica Universitas. V. 3, n. 2, 2016.
Disponível em: http://revista.fepi.br/revista/index.php/revista/article/view/481/354. Acesso
em: 21 set. 2021.

DELANCEY, J. O.L. Why do women have stress urinary incontinence? Neurourology and


urodynamics, v. 29, n. S1, p. S13-S17, 2010.doi: 10.1002/nau.20888. Disponível em:
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/20419794/. Acesso em: 21 set. 2021.
Gupta, J. K., Sood, A., Hofmeyr, G. J., & Vogel, J. P. Position in the second stage of labour
for women without epidural anaesthesia. The Cochrane database of systematic
reviews. DOI:. 10.1002/14651858.CD002006.pub4. Disponível em:
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28539008/. Acesso em: 21 set. 2021.

KISNER, C.; COLBY, L. A. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 6ed. Editora


Manole, 2015.

LAWRENCE,  A.; LEWIS  L.; HOFMEYR,  G.J.; STYLES,  C. Maternal positions and


mobility during first stage labour. Cochrane Database of Systematic Reviews. 2013, Issue
8. Art. No.: CD003934. DOI: 10.1002/14651858.CD003934.pub3. Disponível em:
https://www.cochranelibrary.com/cdsr/doi/10.1002/14651858.CD003934.pub3/full. Acesso
em: 21 set. 2021.

LEMOS, A.; AMORIM, M. R; ANDRADE, A.D. de; SOUZA, A.I.; CABRAL FILHO, J.E.;
CORREIA, J.B. Pushing/bearing down methods for the second stage of labour. Cochrane
Database Syst Rev. 2015 Oct 9;(10):CD009124. doi: 10.1002/14651858.CD009124.pub2.
Update in: Cochrane Database Syst Rev. 2017 Mar 26;3:CD009124. PMID: 26451755.

MARQUES, A. P.; SANCHES, E. L. Origem e evolução da Fisioterapia: aspectos históricos e


legais. Fisioterapia e Pesquisa, [S. l.], v. 1, n. 1, p. 5-10, 1994. DOI:
10.1590/fpusp.v1i1.75027. Disponível em:
https://www.revistas.usp.br/fpusp/article/view/75027. Acesso em: 21 set. 2021.

OLIVEIRA, C. F. P.; BARROS, D. J. M.; ARAUJO, F. A. B. A incidência de dores


musculoesqueléticas na gestação. São Paulo. 2010.

OLIVEIRA, V. J.; PENNA, C. M. de M. Discussing obstetric violence through the voices of


women and health professionals. Texto & Contexto-Enfermagem, v. 26, n. 02. 2017.
Disponível em: https://www.scielo.br/j/tce/a/nPqfV5Jt6NRFq86tnDFFgnb/?lang=en#. Acesso
em: 21 set. 2021.

PERUZZI, J.; BATISTA, P. A. Fisioterapia nas disfunções do assoalho pélvico e na


sexualidade durante o período gestacional. Revista Fisioterapia Brasil, v. 19, n. 2, p. 177-
182, 2018. Disponível em: https://portalatlanticaeditora.com.br/index.php/fisioterapiabrasil/
article/view/866. Acesso em: 21 set. 2021.

RAMOS, A. V. B.; ALMEIDA, C. S. de. A gestação no segundo trimestre de usuárias da


clínica de saúde da mulher e o papel da fisioterapia. Movimento & saúde. Revista inspirar. v.
4, n. 21, p.1-5, 2012. Disponível em:
https://www.inspirar.com.br/wp-content/uploads/2013/01/gestacao-segundo-trimestre-artigo-
297.pdf. Acesso em: 21 set. 2021.

RATTNER, D. Humanização na atenção a nascimentos e partos: ponderações sobre políticas


públicas. Interface - Comunicação, Saúde, Educação [online]. v. 13, suppl 1, p. 759-768,
2009. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S1414-32832009000500027>. Acesso em: 21
set. 2021.

SILVA, M.G.; MARCELINO, M.C.; RODRIGUES, L.S.P.; TORO, R.C.; SHIMO, A.K.K.
Violência obstétrica na visão de enfermeiras obstetras. Rev Rene, Ceará, v.15, n.4, p.820-828,
2014. DOI: 10.15253/2175-6783.2014000400020. Disponível em:
http://www.periodicos.ufc.br/rene/article/view/1121/1079. Acesso em: 21 set. 2021.

TESSER, C. D.; KNOBEL, R.; ANDREZZO, H. F. de A.; DINIZ, S. G. Violência obstétrica


e prevenção quaternária: o que é e o que fazer. Revista Brasileira de Medicina de Família e
Comunidade, Rio de Janeiro, v. 10, n. 35, p. 1–12, 2015. DOI: 10.5712/rbmfc10(35)1013.
Disponível em: https://www.rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/1013. Acesso em: 21 set. 2021.

VIEIRA, T. M. da C.; FLECK, C. S. A influência do método pilates na dor Lombar crônica:


uma revisão integrativa. Disciplinarum Scientia, Santa Maria, v. 14, n. 2, p. 285-292, 2013.
Disponível em:https://periodicos.ufn.edu.br/index.php/disciplinarumS/article/viewFile/
1056/1000#:~:text=Conclui%2Dse%20que%20o%20m%C3%A9todo,como%20mant
%C3%A9m%20ativo%20e%20engajado. Acesso em: 21 set. 2021.

Você também pode gostar