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2- Introdução
O termo Infertilidade é usado para definir a dificuldade ou impossibilidade de um
casal obter gravidez por meios naturais no período de um ano tendo relações sexuais sem o
uso de nenhum método contraceptivo. Estima-se que a infertilidade atinge até 30% dos
casais em idade reprodutiva.
3- Justificativa
Diante da alta prevalência de infertilidade e do seu impacto negativo social, físico e
emocional, é necessária a abordagem de equipe multidisciplinar, para assistência integral
aos casais inférteis, possibilitando uma assistência de qualidade e a obtenção de melhores
resultados. O Serviço de Reprodução Humana (SRH) do Centro de Ensino e Pesquisa em
Reprodução Assistida (CEPRA) do Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB) proporciona
tratamentos com técnicas de reprodução assistida (RA) como inseminação intrauterina (IIU),
fertilização in vitro (FIV), congelamento de embrião, punção de epidídimo e congelamento
de sêmen para pacientes em tratamento de reprodução assistida.
Sabe-se que o principal fator prognóstico para a ocorrência de gestação espontânea
ou por meio de terapias em reprodução assistida é a idade da mulher. Desde o período
embrionário até a menopausa, as células reprodutivas femininas (oócitos) sofrem processo
de envelhecimento e atresia, de modo que, um embrião feminino de 6 meses apresenta em
torno de 8 milhões de células reprodutivas e, ao nascer, este número se reduz a 2 milhões.
Este processo de perda e envelhecimento oocitário é contínuo e fisiológico e, ao se
aproximar da menopausa, que acontece em média aos 51 anos de idade nas mulheres
brasileiras, a chance de engravidar é progressivamente menor, aproximando-se de zero
quase uma década antes deste evento1.
Assim, diante de um quadro de infertilidade, nem mesmo a fertilização in vitro (FIV) é
capaz de reverter o declínio da reserva ovariana e da qualidade oocitária, que são
dependentes da idade, em especial em mulheres a partir de 40 anos2.
Em um estudo publicado por Mutlu et al.3 a idade foi considerada o único fator
preditor para nascidos vivos em ciclos de fertilização in vitro. A contagem de folículos
antrais, com o limite de 5,5, foi o teste com maior acurácia em predizer a possibilidade de
7- Critérios de Exclusão
Serão excluídos dos tratamentos em reprodução assistida:
Pacientes ou casais com diagnóstico de doenças físicas ou psíquicas que
contraindiquem gravidez ou impeçam os cuidados com o nascituro;
Casais sorodiscordantes cujo parceiro tem sorologia positiva.
Os critérios acima valem tanto para a inscrição na fila de espera da IIU e da FIV
quanto para a realização do tratamento, quando forem convocados.
Com relação ao peso, aquelas que estiverem com IMC ≥ 30 kg/m² somente
realizarão a IIU ou a FIV após perderem peso e atingirem IMC < 30 kg/m².
A presença de quaisquer destes CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO impede a inserção da
paciente ou do casal infértil na lista de REGULAÇÃO no SISREG III do Complexo Regulador
em Saúde do Distrito Federal - CRDF ou no livro de REGULAÇÃO INTERNA no HMIB (até a
transferência definitiva de todos para o sistema de Regulação do CRDF) para receber
tratamento com o emprego de técnicas de reprodução humana assistida, IIU e/ou FIV.
Observação: Existindo dúvida na contagem folicular, o exame para contagem de
Folículos será repetido no CEPRA por dois observadores.
8- Conduta
Para identificar a causa ou as causas da infertilidade, as pacientes ou os casais
inférteis no Distrito Federal contam com uma rede de saúde organizada por níveis de
atenção, obedecendo o princípio da regionalização. Todo atendimento deve iniciar na
Atenção Primária. Após consulta na unidade Básica de Saúde, a paciente é encaminhada
para consulta na Atenção Secundária nos ambulatórios de ginecologia especializados em
Reprodução Humana, nas Policlínicas e nos Hospitais Regionais de referência para a região
de sua residência em panorama 1 e 2 segundo os critérios e fluxos estabelecidos pela Nota
Técnica N.º 11/2022 - SES/SAIS/CATES/DUAEC, de Brasília-DF, 26 de maio de 2022.
“Assunto: Critérios de regulação para a realização de consultas em Ginecologia na rede
pública de saúde do DF.” 14
. Nestes ambulatórios se inicia a investigação para definir a(s)
causa(s) para a infertilidade e podem ser realizados tratamentos de menor complexidade, se
for adequado ao caso.
Havendo necessidade, a atenção secundária, representada pelos Ambulatórios dos
Hospitais Regionais, encaminha inserindo a paciente em panorama 3 no SISREG III para o
Ambulatório da Reprodução Humana Alta Complexidade no HMIB segundo os critérios e
fluxos estabelecidos pela Nota Técnica N.º 11/2022 - SES/SAIS/CATES/DUAEC, de
Brasília- DF, 26 de maio de 2022. “Assunto: Critérios de regulação para a realização de
consultas em Ginecologia na rede pública de saúde do DF.” 14 para continuar a
investigação ou ser inserida na Lista de Regulação em panorama 3 para tratamento com
8.3.1 Fármaco(s)
Elencamos a seguir os fármacos padronizados na SES-DF que podem ser
utilizados nos tratamentos de reprodução humana assistida e seus respectivos códigos da
REME-DF.
25196 - alfafolitropina solução injetável 300 UI aplicador preenchido 0,5 mL;
90231 - urofolitropina altamente purificada injetável 75 UI frasco-ampola;
21045 - alfacoriogonadotropina solução injetável 250 mcg caneta ou seringa
9- Benefícios Esperados
Melhoria na qualidade da assistência às mulheres com infertilidade, impactando em
sua qualidade de vida e satisfação com o sistema de saúde, bem como redução de gastos
através da sistematização do diagnóstico e tratamento.
10- Monitorização
Após avaliação dos critérios de inclusão, exclusão, dos exames, consultas e
pareceres necessários, não havendo nenhuma situação ou condição que impeça o
emprego das técnicas de reprodução humana assistida (IIU ou FIV) ou gravidez, a
paciente ou o casal infértil considerado apto e após avalição basal, inicia o tratamento com
medicamento e dose indicado para o EOC considerando idade da paciente, fator de
infertilidade e quantidade de folículos antrais.
Considerando que no EOC o crescimento folicular esperado é de 1 a 2 mm por dia,
o primeiro retorno é programado e agendado para antes de o maior folículo atingir 15 mm
quinto ou no máximo sétimo dia para avaliação da evolução da resposta ao EOC e ajuste
da dose e ou associação de outro medicamento se necessário, para evitar pico endógeno
de hormônio luteinizante (LH) e consequentemente ovulação não desejada ou não
programada. A partir do primeiro retorno, os subsequentes poderão ser diários ou em dias
alternados até o dia do gatilho (pico exógeno de LH), quando o(s) folículo(s) deve(m) estar
medindo entre 18 e 20 mm. Nesta data a paciente recebe o medicamento em dose
individualizada quando será definida a data e horário para a inseminação ou coleta dos
óvulos. A duração do EOC depende da resposta de cada paciente aos medicamentos
administrados, período que pode variar de 8 a 17 dias.
Em se tratando de FIV, no dia da captação de óvulos, também se define o dia da
transferência do embrião (TE) e inicia-se a suplementação hormonal.
Realizado a inseminação ou a transferência embrionária, inicia-se ou mantém-se a
suplementação hormonal até o resultado do teste de gravidez, solicitado para ser realizado
em 15 dias após a IIU ou a TE.
Sendo o teste de gravidez positivo, mantém-se a suplementação hormonal e
solicita exame de imagem, ultrassonografia transvaginal, para ser realizada 7 dias após
visando a localização do saco gestacional, e em 15 dias para comprovação da evolução
da gravidez com detecção de batimentos cardíacos do embrião, quando é então
2. Baker VL, Luke B, Brown MB, Alvero R, Frattarelli JL, Usadi R, Grainger DA,
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