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Boletim
Técnico
202
APICULTURA
Governador do Estado
José Serra
Secretário-Adjunto
Antônio Junqueira
Chefe de Gabinete
Antônio Vagner Pereira
APICULTURA
Parte 1
Clélia Maria Mardegan
Robson Raad
Ricardo de Oliveira Orsi
Alcides dos Santos Moreira
Parte 2
Osmar Cavassan
Clélia Maria Mardegan
ISSN 0100-4417
Boletim Técnico CATI Campinas (SP) n. 202
o
julho 2009
EDIÇÃO E PUBLICAÇÃO
CDD 638.1
APRESENTAÇÃO
Desde os mais remotos tempos, a abelha está presente na
história da humanidade, seja pelos preciosos produtos oferecidos,
seja pela disciplina e trabalho organizado, exemplos tomados de
empréstimo pelo homem. A Apicultura, ou a “Arte de Criar Abelhas”,
é uma das atividades mais antigas do mundo e tema abordado na
literatura brasileira por renomados autores, apaixonando todos os
que se interessam e se aprofundam em seu conhecimento.
i
Para oferecer o melhor aos apicultores paulistas, contamos
com a valiosa colaboração e coautoria de Ricardo Orsi (Noções de
controle de qualidade na casa do mel), Robson Raad (Formação do
apiário e Manejo das colmeias) e Osmar Cavassan (Flora apícola
no Estado de São Paulo).
Além disso, tomamos por base para esta edição o Boletim Téc-
nico 202 - Apicultura, de autoria do engenheiro agrônomo Alcides
Moreira, da Casa da Agricultura de Ibitinga, o primeiro a abordar o
tema no âmbito da CATI, ao qual agradecemos pela oportunidade de
revisão e atualização. Todos esses profissionais deixaram registra-
dos valiosos conhecimentos que, com esta nova edição, passamos
a dividir com o leitor.
Os autores
ii
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO............................................................................ i
1. INTRODUÇÃO............................................................................ 1
2. PRODUTOS E SERVIÇOS DAS ABELHAS............................... 2
2.1. Mel............................................................................................ 2
2.2. Própolis.................................................................................... 4
2.3. Geleia real................................................................................ 4
2.4. Cera.......................................................................................... 5
2.5. Pólen........................................................................................ 6
2.6. Veneno ou apitoxina................................................................. 6
2.7 Polinização............................................................................... 7
3. ESPÉCIES DE ABELHAS........................................................... 8
4. NOÇÕES DE MORFOLOGIA E ANATOMIA DAS ABELHAS..... 9
4.1. Cabeça................................................................................... 11
4.2. Tórax...................................................................................... 13
4.3. Abdômen................................................................................ 13
5. FUNCIONAMENTO DAS COLMEIAS....................................... 15
5.1. A rainha.................................................................................. 16
5.2. Os zangões............................................................................ 19
5.3. As operárias........................................................................... 19
6. AMBIENTE PARA A CRIAÇÃO DE ABELHAS.......................... 24
6.1. Flora apícola........................................................................... 25
6.2. Local de instalação do apiário ............................................... 28
7. SISTEMAS DE CRIAÇÃO − APICULTURA FIXA E
MIGRATÓRIA................................................................................ 29
8. FORMAÇÃO DO APIÁRIO ....................................................... 31
8.1. Coleta de enxames alojados em abrigos naturais................. 32
8.2.Captura de enxames de difícil acesso.................................... 34
8.3. Coleta de enxames viajantes................................................. 35
8.4. Coleta com caixas-armadilhas............................................... 36
iii
8.5. Divisão de enxames com introdução de rainhas
fecundadas.................................................................................... 38
8.5.1. Soltura do enxame ............................................................. 40
8.5.2. Vantagens desse método.................................................... 40
9. MANEJO DAS COLMEIAS....................................................... 41
9.1. Vistorias.................................................................................. 44
9.2. Aumento de melgueiras.......................................................... 48
9.3. Colheita de mel...................................................................... 49
9.4. Reforma de colmeias............................................................. 50
9.5. Alimentações artificiais........................................................... 50
9.5.1. Subsistência........................................................................ 51
9.5.2. Estimulante.......................................................................... 52
10. MORADA DAS ABELHAS....................................................... 53
10.1. Material para construção de uma colmeia Langstroth......... 54
10.2. Suporte e cobertura das colmeias........................................ 56
11. VESTIMENTA DO APICULTOR............................................... 57
12. EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS DO APICULTOR......... 59
12.1. Equipamentos...................................................................... 59
12.2. Ferramentas......................................................................... 65
13. INIMIGOS E DOENÇAS.......................................................... 66
14. APICULTURA E AGROTÓXICOS........................................... 71
14.1. Algumas regras para o apicultor........................................... 72
14.2. Algumas regras para o agricultor......................................... 72
15. NOÇÕES DE CONTROLE DE QUALIDADE NA
CASA DO MEL.............................................................................. 73
LITERATURA CONSULTADA........................................................ 76
1. INTRODUÇÃO.......................................................................... 79
2. FLORA....................................................................................... 79
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA................................................... 120
iv
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Mel embalado e mel em favo........................................ 3
Figura 2 – Cera bruta..................................................................... 5
Figura 3 – Partes físicas da flor...................................................... 7
Figura 4 – Polinização e fecundação............................................. 8
Figura 5 – Parte física da abelha.................................................. 10
Figura 6 – Cabeça........................................................................ 12
Figura 7 – Indivíduos.................................................................... 23
Figura 8 – Ciclo evolutivo de abelhas........................................... 24
Figura 9 – Ciclo evolutivo de abelhas operárias........................... 24
Figura 10 – Pasto sujo: oferta de flores em abundância para
as abelhas..................................................................................... 27
Figura 11 – Mata nativa: aproveitamento das flores pelas
abelhas.......................................................................................... 28
Figura 12 – Local para instalação de apiário................................ 29
Figura 13 – Localização de um apiário......................................... 31
Figura 14 – Caixa-isca ou armadilha............................................ 37
Figura 15 – O primeiro passo para iniciar a revisão em um
apiário é fumigar............................................................................ 42
Figura 16 – Apicultores em início de manejo em apiário.
(Revisão da colmeia)..................................................................... 45
Figura 17 – Uso de fumaça para iniciar a revisão no apiário....... 46
Figura 18 – Retirada de quadro para observação de
postura da rainha.......................................................................... 46
Figura 19 – Distribuição uniforme de postura, indicando
rainha nova e boa florada. Notar, no canto à esquerda, ovos
que originam zangões; no restante do quadro, à direita, ovos
que dão origem às operárias......................................................... 47
Figura 20 – Postura em diferentes estágios de
desenvolvimento, de larvas a células operculadas até
próximo ao nascimento de abelhas operárias............................... 48
v
Figura 21 – Quadros ninho e melgueira....................................... 55
Figura 22 – Caixa padrão, medidas externas............................... 56
Figura 23 – Vestimenta completa do apicultor (macacão,
máscara, luvas e botas) e fumigador............................................ 58
Figura 24 – Fumigador................................................................. 61
Figura 25 – Mesa desoperculadora.............................................. 62
Figura 26 – Incrustador elétrico.................................................... 62
Figura 27 – Centrífuga......................................................................
63......................................................................................................
Figura 28 – Decantadores de mel................................................ 63
Figura 29 – Tela de transporte...................................................... 63
Figura 30 – Tela excluidora........................................................... 64
Figura 31 – Tipos de alimentadores artificiais.............................. 64
Figura 32 – Formão ou espátula.................................................. 65
Figura 33 – Garfo desoperculador................................................ 66
ANEXO
vi
LISTA DE TABELAS
vii
APICULTURA
1. INTRODUÇÃO
Qualquer pessoa pode ser apicultor, desde que não seja alérgica
ao veneno das abelhas, tenha capacidade física e habilidade.
1
Engenheira Agrônoma MSc – CATI Regional Lins/SAA
2
Consultor em apicultura e produtor de rainhas – robsonraad@yahoo.com.br
3
Prof. Dr. Docente do Departamento de Produção Animal/Núcleo de Ensino, Pesqui-
sa e Extensão em Apicultura Racional (Néctar)/Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia (FMVZ) – Unesp/Botucatu (SP)
4
Engenheiro Agrônomo – Casa da Agricultura de Ibitinga/CATI Regional Jabo-
ticabal/SAA
1
2. PRODUTOS E SERVIÇOS DAS ABELHAS
2.1. Mel
2
A umidade não deve ser superior a 18%, índice indicado pela
legislação. Acima desse valor, o mel pode sofrer processo de fermen-
tação, sendo contraindicado para o consumo. O mel também pode
cristalizar, pois, de acordo com sua composição floral ou quando
exposto a baixas temperaturas, a glicose une-se, formando peque-
nos cristais, alterando seu estado de viscoso para pastoso ou para
granulado fino, conferindo ao produto consistência diferenciada, mas
mantendo inalteradas suas qualidades.
3
2.2. Própolis
4
Para sua produção, podem-se aproveitar os períodos entre
floradas e as regiões canavieiras.
2.4. Cera
5
2.5. Pólen
6
2.7. Polinização
7
Figura 4 – Polinização e fecundação. Fonte: Informe Agropecuário, 1983.
3. ESPÉCIES DE ABELHAS
8
sendo mais fortes e vigorosas do que as abelhas-europeias, em
pouco tempo aconteceu a africanização (hibridação) total das
abelhas até então existentes no Brasil.
9
Figura 5 – Parte física da abelha. Fonte: Wiese, H. (1995)
Cabeça:
A1 – Antenas A2 – Olhos compostos
A3 – Olhos simples (ocelos) A4 – Boca e língua
Tórax:
B1 – Protórax B2 – Metatórax
B3 – Mesotórax B4 – Perna anterior
B5 – Perna mediana B6 – Corbícula
B7 – Asa anterior B8 – Asa posterior
B9 – Pernas posteriores (patas)
Abdômen:
C1 – Segmentos abdominais C2 – Glândulas cerígenas
C3 – Ferrão C4 – Glândula de cheiro
10
4.1. Cabeça
11
não prejudicam frutos maduros. A língua ou prosbócide assemelha-se
a um canal cujas bordas se reúnem para formar um tubo de sucção
e lambedor, e, dependendo do seu comprimento, pode apresen-
tar maior desempenho em determinadas floradas. Portanto, com
melhoramento genético, podem-se conseguir linhagens altamente
adaptáveis para determinadas culturas.
Figura 6 – Cabeça.
Fonte: Wiese, H. (1995)
1 – Ocelos
2 – Olhos compostos
3 – Antenas
12
4.2. Tórax
4.3. Abdômen
13
reto e ânus). Podem-se considerar os tubos de Malpighi como os
rins dos mamíferos e os papilos retais como complementos.
14
ao ferroar seus inimigos. O odor exalado funciona como alarme,
instigando as demais abelhas ao ataque.
d) Glândulas de Dufor – são acopladas ao ferrão e, acionadas
pela rainha, produzem substância básica que serve para aderir
os ovos no fundo dos alvéolos, protegendo-os quanto a possíveis
prejuízos ao seu desenvolvimento.
15
5.1. A rainha
16
pela rainha, que tem o nome de “substância de rainha”, a qual man-
tém as operárias tranquilas para a execução das tarefas normais da
colmeia. As operárias que fazem a limpeza da rainha têm por hábito
dar e receber pela “boca” alimentos de outras operárias. Com isso,
transferem a todas as abelhas da colmeia a substância de rainha.
Essa substância inibe uma possível tendência de postura das ope-
rárias e, ao mesmo tempo, dá notícia a todas as abelhas de que na
colmeia existe uma rainha fértil, sadia e capaz de liderar e ordenar
toda a vida da colônia.
17
A rainha jovem é fecundada durante o voo, numa distância de
mais ou menos 500 metros da colmeia. Ela acasala-se habitualmente
com diversos zangões, conhecendo-se casos em que uma rainha
foi fecundada por 17 zangões. Os espermatozoides são recolhidos
em uma espécie de bolsa, chamada espermateca, onde ficarão
guardados durante toda a vida da rainha e serão usados à medida
da necessidade. Poderá ainda realizar outros voos nupciais, se julgar
que não está fecundada suficientemente.
18
passa a controlar a vida da família. Se a rainha velha estiver fraca,
sem boa capacidade de postura, as operárias matam-na e a nova
abelha mestra torna-se a nova rainha.
5.2. Os zangões
5.3. As operárias
19
nascem de ovos fertilizados, idênticos aos ovos que dão nascimento
às rainhas, mas, em razão da alimentação diferenciada que rece-
bem durante a fase de larva, não se desenvolvem completamente.
As operárias são a casta mais numerosa de uma colônia, cerca de
40 mil a 50 mil indivíduos em uma colmeia forte e vigorosa. Exe-
cutam todas as tarefas pesadas da colônia, internas ou externas,
necessárias à vida e à sobrevivência da família. Vivem entre 32 e 45
dias e seu comportamento típico é o trabalho constante. As tarefas
que executam variam com a idade e com o funcionamento de suas
glândulas.
20
se tornam, então, capazes de produzir geleia real, usando como
matéria-prima uma alimentação normal de mel, pólen e água, e co-
meçam a alimentar as larvas continuamente. Elas trabalham como
nutrizes durante uns dez dias.
21
do néctar, para transformá-lo em mel. Os órgãos do tato e do olfato
permitem que as operárias localizem as flores a grandes distâncias e
identifiquem as espécies mais ricas em pólen e néctar, possibilitando-
-lhes a execução de um trabalho eficiente como campeiras. São tarefas
que as operárias executarão, incessantemente, até o seu último dia
de vida. Elas morrem trabalhando e quase sempre longe da colmeia,
evitando, com isso, que as demais operárias tenham o trabalho de
remover cadáveres para fora de sua morada.
22
O
Total
Ovo Larva P upa
(dias)
Rainha 3 6 7 16
Operária 3 6 12 21
23
Figura 8 – Ciclo evolutivo de abelhas. Fonte: Wiese, H. (1974)
24
6.1. Flora apícola
25
ação econômico de 1,5km; flores dispersas dificultam o trabalho
das campeiras e não dão muito rendimento;
• predominância de flores das espécies mais ricas em néctar; nem
todas as plantas produzem flores ricas e as abelhas detectam isso;
observando atentamente, o apicultor notará a preferência por certas
plantas mais ricas em néctar;
• quantidade de néctar produzida pelas flores; algumas plantas só
secretam néctar de manhã, outras à tarde, e outras, como o eu-
calipto, o dia todo;
• ocorrência de ventos frios e neblina, que diminuem o tempo de
trabalho das abelhas que não saem da colmeia quando a tempe-
ratura está abaixo de 5ºC;
• existência de lavouras de cana-de-açúcar, que não favorecem a
produção de mel (o mel produzido a partir da cana é qualificado
como “melato”, logo não pode ser misturado ao mel floral ou rotu-
lado como mel de origem floral), no entanto, tal lavoura propicia
fartura de alimento aos enxames, podendo reverter aos apicultores
no fortalecimento de enxames, na produção de geleia real, entre
outros.
• pulverizações frequentes nas lavouras de algodão, laranja e outras,
durante a florada, o que ocasiona a morte de muitas abelhas;
• roçadas ou queimadas de pastagens na época da floração;
• existência de plantas prejudiciais, cujas flores são tóxicas para as
abelhas, como espatódea (Spathodea campanulata P. Beauv.) e
barbatimão (Stryphnodendron adstringens Mart).
26
da por vegetação diversa, algumas são espécies nativas, exóticas,
mas também pode ser formada por plantas cultivadas e infestantes
presentes em determinada região. Informações adicionais sobre a
flora apícola do Estado de São Paulo podem ser encontradas no
Anexo desta publicação.
27
Figura 11 – Mata nativa: aproveitamento das flores pelas abelhas.
28
Os terrenos gramados, com algumas árvores esparsas, próximos
de um capão de mato ou capoeira servindo de quebra-vento, são os
mais indicados. Pode, também, ser feita cerca-viva, de boa altura,
para agir como quebra-vento, proteger o apiário e dar tranquilidade
às abelhas.
29
para seu crescimento, produção de mel e cera, estocagem de mel
e pólen, podendo até abandonar a área e ir para outro local com
melhores condições de sobrevivência. Nesse tipo de apicultura há
a necessidade de fornecimento de alimento artificial durante as
épocas de floradas fracas. Se não for providenciada essa medida,
as colmeias ficam fracas e com população pequena.
30
água para refrescar e manter a temperatura adequada ao enxame.
O caminhão deve viajar em baixa velocidade, com cuidados nas cur-
vas, nos buracos e nas lombadas, como se estivesse transportando
louça. A apicultura migratória está se tornando o sistema preferido
pelos apicultores comerciais do Estado de São Paulo, pois com ela
se obtêm maiores produções e sanidade das colmeias.
8. FORMAÇÃO DO APIÁRIO
31
8.1. Coleta de enxames alojados em abrigos naturais
32
enxame, expondo-se os favos com crias e alimento. Quando o acesso
aos favos estiver aberto, inicia-se a operação de remoção cortando
os favos e inspecionando-os. Os de alimento, como mel, devem ser
colocados em recipiente fechado, os de cria devem ser recortados
com o uso de uma faca ou tábua de corte utilizada como gabarito a
fim de se moldarem ao formato do caixilho. É preciso ficar atento à
posição dos favos no local de origem, pois eles devem ser amarrados
na mesma posição. Nunca inverter ou girar para outra posição, ou
seja, o lado de cima deve ficar para cima. Como a tábua de corte é
um pouco menor que o caixilho, o espaço de trabalho terá melhores
condições e o favo não irá ficar torto.
33
Após a captura, para o transporte do enxame, colocar sobre o
ninho a tela de transporte, que deve ser amarrada sobre o mesmo. O
alvado deve ser vedado com espuma, que não deixa frestas por onde
as abelhas possam escapar. O melhor horário para essa operação
de transporte é à noite, quando as abelhas já estão recolhidas.
34
jovens saem do porão e se lançam à tarefa de campo, na tentativa
de suprir de alimentos sua família.
35
saco de tela. No primeiro caso, basta levar o material até o enxame
que está pousado e simplesmente derrubar o enxame dentro do
ninho. As abelhas adotam rapidamente o quadro com crias, existin-
do grande chance de acerto para o enxame permanecer na nova
morada.
36
Figura 14 – Caixa-isca ou armadilha.
37
Se a região dispuser de enxameações durante todo o ano, é inte-
ressante fazer as caixas-iscas com caixotes de tomate e preservá-las,
pois essa prática poderá ajudar a repovoar as caixas vazias, como
também reforçar seus enxames, além de reduzir muito a competição
no local.
38
Na véspera da chegada das novas rainhas, de preferência no
período da tarde, quando o trabalho se torna mais fácil, devem-se
levar ao apiário a ser dividido os dez ninhos, as dez telas excluidoras,
dez telas de transporte e dez tampas. Esse material será utilizado,
um para cada uma das dez novas colmeias a serem formadas. No
apiário deve ser colocado um de cada: um ninho, uma tela excluido-
ra, uma tela de transporte e uma tampa, à frente de cada uma das
dez colmeias para, então, dar início ao processo de divisão. Voltar
à primeira e recomeçar o trabalho.
39
12 – Com a tampa que acompanhou a nova colmeia, tampar a
colmeia que ficou, sendo constituída de uma tampa na parte
inferior, o sobreninho e sobre este a tela de transporte.
13 – Amarrar o conjunto que deverá estar assim constituído: uma
tampa no fundo, uma tela de transporte em cima com o ninho
no meio com dez quadros (cinco de cera alveolada e cinco que
foram retirados da colmeia anterior).
14 – Repetir a operação em todas as dez colmeias.
40
obrigando as operárias a tomarem essa posição para acobertar
as crias que foram colocadas umas sobre as outras. Não será
preciso se preocupar com o número necessário de abelhas de
cada idade em uma divisão. Caso esse número não esteja cor-
retamente distribuído, a nova rainha poderá ficar com limitações
para alavancar sua postura, pois, faltando uma classe, todas
as tarefas da colmeia ficarão parcialmente comprometidas. A
rainha terá de esperar a reposição dessa classe para só depois
deslanchar a postura.
2 – Ao fazer a divisão, aguardar no próprio apiário o escurecer para
fazer a remoção. Assegurar que a divisão levará muitas nutrizes,
desoperculando parte do mel superior, ou seja, desarrumando o
mel que está na parte superior dos quadros transferidos para o
ninho novo. As nutrizes irão subir para organizar o mel e ficarão
lá com as crias novas.
3 – Atenção: é aconselhável alimentar os enxames que irão ser
divididos para se obter um enxame mais populoso, ou dividir en-
xames que já são grandes para garantir um retorno seguro. Uma
colmeia dividida ao meio, com alimentação artificial pós-divisão
ou florada constante, dobrará de tamanho em torno de 30 dias.
41
das, trajando vestimentas próprias para a função e que oferecem
proteção suficiente.
42
Tabela 2 – Calendário apícola.
Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dez embro
Vistorias Dependendo da atividade, deverão ser realiz adas semanal, quinz enal ou mensalmente.
Colheita de mel X X X X X X X
Aumento de
X X X X X
melgueiras
Reforma de
X X X X
colmeias
Alimentação
X X X X X
artificial
Captura de
X X X X X X
enxames
Divisão de
X X X X
colmeias
Substituição de
X X X X
rainhas
43
9.1. Vistorias
44
cipalmente, se a rainha está viva, forte e ágil. Imediatamente após
essas verificações, coloca-se tudo no lugar e fecha-se a colmeia.
Figura 16 – Apicultores
em início de manejo em
apiário.
(Revisão da colmeia).
45
Figura 17 – Uso de fumaça para iniciar a revisão no apiário.
46
Figura 19 – Distribuição uniforme de postura, indicando rainha nova e boa florada.
Notar, no canto à esquerda, ovos que originam zangões; no restante do quadro, à
direita, ovos que dão origem às operárias.
47
Figura 20 – Diferentes estágios de desenvolvimento, de larvas a células operculadas
até próximo ao nascimento de abelhas operárias.
48
9.3. Colheita de mel
49
de migração colhem mais mel por ano, pois mantêm suas colmeias
mais populosas. A diferença de produção entre o apicultor que faz
migração e o que adota a apicultura fixa é resultado do conhecimento
perfeito das floradas regionais e da técnica de manejo empregada.
À medida que o apicultor vai melhorando suas técnicas de trabalho e
seu manejo, a produtividade do apiário tende a aumentar. Podem-se
aceitar como boas produções de 30 a 50 quilogramas de mel por ano
e rendimentos de até 70% das colmeias de um apiário em produção.
Entretanto, essa produtividade pode ser ainda aumentada com
melhores técnicas e maior conhecimento da vida das abelhas.
50
começam logo a produção de mel. Para minimizar os prejuízos cau-
sados às abelhas pela ausência de alimentos, há opção de alimentá-
-las nos períodos menos favorecidos. A alimentação artificial pode
ser administrada em alimentadores individuais ou coletivos. Cada
modelo tem uma série de vantagens e desvantagens e cabe ao api-
cultor analisar e escolher qual o mais adaptado para sua realidade.
9.5.1. Subsistência
51
Para o fornecimento do xarope, pode-se fazer um bom alimen-
tador com vidros de tampa metálica rosqueada, na qual são feitos
três furos pequenos, usando-se, para isso, prego 12x12. Esses
vidros são encaixados de boca para baixo, em suporte apropriado,
no alvado das colmeias, de modo que somente as abelhas dentro
da caixa tenham acesso ao alimento. Esse alimentador individual é
chamado alimentador Boardman e, ao usá-lo, é preciso estar atento
às formigas, que podem, também, se alimentar do xarope. Nesse
caso, deve-se usar qualquer proteção contra formigas.
9.5.2. Estimulante
52
mentar no mínimo 60 dias, tomando como precaução a substituição
da rainha no início da alimentação.
53
como modelo oficial em mais de cem países, incluindo o Brasil, por
recomendação da Confederação Brasileira de Apicultura.
54
• Ninho ou incubadora da colmeia – é a parte reservada à postura
de ovos pela rainha e o crescimento das larvas.
• Melgueira(s) ou sobrecaixa(s) – são caixas de madeira, sem
tampa e fundo, colocadas sobre o ninho e servem para armaze-
nar mel e pólen. Observação: a espessura das tábuas do ninho
e melgueiras deve ser de 2,5cm, servindo como isolante de calor
ou frio do ambiente.
• Tampa – colocada na parte superior da colmeia, devendo ser de
material resistente e com boa vedação e não deixar frestas que
possam ser utilizadas pelos inimigos e pelas abelhas como pas-
sagem; suas medidas externas são de 51cm de comprimento e
44cm de largura.
• Fundo – parte inferior da colmeia, evitando frestas que sirvam
como passagem pelas abelhas ou inimigos naturais; suas medidas
externas são de 60cm de comprimento e 41cm de largura.
• Quadros ou caixilhos – são guarnições de madeira, que servem
de suporte aos favos de cera para deposição de mel, cera e crias.
As caixas devem ser pintadas por fora com tinta plástica, reco-
mendando-se cores claras, como azul, bege ou amarelo.
55
10.2. Suporte e cobertura das colmeias
56
11. VESTIMENTA DO APICULTOR
57
empresas especializadas na fabricação de EPIs (equipamentos de
proteção individual) para apicultores, que compõem-se de calça
e jaleco com máscara. As pernas do macacão devem ter elástico
na barra;
• botas claras – devem ser de meio cano pelo menos, de cor branca
ou bem clara; as pernas do macacão (com elástico) são apertadas
por cima do cano da bota.
58
12. EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS DO APICULTOR
12.1. Equipamentos
59
• Mesa desoperculadora – Utilizada para receber e apoiar os qua-
dros a serem desoperculados e recolher as aparas de cera.
60
Figura 24 – Fumigador.
61
Figura 25 – Mesa desoperculadora.
62
Figura 27 – Centrífuga. Figura 28 – Decantador.
63
Figura 30 – Tela excluidora.
64
12.2. Ferramentas
65
Figura 33 – Garfo desoperculador.
66
Tabela 4 – Pragas que atacam as abelhas.
67
Tabela 4A – Pragas que atacam as abelhas.
68
Praga Patologia Agente Característica Efeito Contágio Controle
Pequeno ácaro
parasita das
traqueias; elimina
Acarapis toxinas e impede o Evitar
Contaminação
Woodi e fluxo normal pilhagem.
direta por outras
Tyrophagos de ar. Diminuição drástica
Acariose abelhas ou
dim idiatus da população. Evitar uso de
material
(não existe Causa dificuldade material
contaminado.
no Brasil) para respirar e para contaminado.
movimentar as asas.
continua...
69
...continuação.
70
Agente
D o en ça Sintoma Transmissão Consequência Controle
Patogênico
A infecção ocorre nos
primeiros dias larvais,
matando-as antes da
operculação.
Substituir rainhas
Steptococcus
Cria pútrida Alimento pelas Declínio da fracas por
pluton ou Bacilus Larva afetada adquire
europeia nutrizes. população. linhagens mais
sp. (bactérias) coloração de amarelo-parda
resistentes.
para marrom-escuro.
71
14.1. Algumas regras para o apicultor
72
15. NOÇÕES DE CONTROLE DE QUALIDADE NA CASA DO MEL
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• Desinfecção: é a eliminação de qualquer contaminante no pro-
cesso de extração de mel. Isso se consegue por meio de limpeza
do ambiente e dos equipamentos e da higiene do manipulador.
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Outra preocupação é quanto à qualidade da água. Nesse caso, o
serviço de abastecimento de água do município deve fornecer laudo
da qualidade.
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Além desses cuidados, as áreas no entorno da Casa do Mel têm
de estar sempre limpas, pois de nada adianta manter o ambiente
interno limpo, se o externo é depósito de sujeira ou possui mato
alto. Para o apicultor, todas essas recomendações podem parecer
um grande problema no início, entretanto, ele deve se preocupar
constantemente com o produto que vende e estar atento a todos
os detalhes durante a extração do mel. O apicultor jamais deve se
sentir confiante o suficiente durante a extração do mel, pois é a partir
disso que se poderá oferecer um produto de qualidade e evitar a
possibilidade de erros. E é sempre bom lembrar que para conquistar
a confiança do consumidor são necessários muitos anos, mas para
perder essa confiança, bastam alguns poucos minutos.
LITERATURA CONSULTADA
COUTO, R.H.N. e COUTO, L.A. Apicultura: Manejo e Produto.
2.ed. Jaboticabal: Funesp, 2002. 191p.
WIESE, H. Nova apicultura. Associação Catarinense de Apicultores,
1974. 533p.
_________ . Novo manual de apicultura. Guaíba: Agropecuária,
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monhangaba: Associação Modelo de Apicultura. 1994.
ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE APICULTORES, CRIADORES DE
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GOVERNO DE
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TÉCNICA INTEGRAL
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