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www.iac.sp.gov.br
EXPEDIENTE
N
esses 128 anos do Instituto Agro- Secretaria de Agricultura e Abastecimento
nômico (IAC), de Campinas, é im- Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios
portante ressaltar que sua história Instituto Agronômico
Governador do Estado
foi construída por pessoas competentes, Geraldo Alckmin
pesquisadores da mais alta qualidade, Secretário de Agricultura e Abastecimento
Arnaldo Jardim
que têm enfrentado o desafio de desen-
Secretário-Adjunto de Agricultura e Abastecimento
volver a agricultura paulista e brasileira. Rubens Naman Rizek Júnior
Em São Paulo, sob o comando do Go- Coordenador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios
Orlando Melo de Castro
vernador Geraldo Alckmin, trabalhamos
Diretor Técnico de Departamento do Instituto Agronômico
imbuídos da filosofia de procurar sempre Sérgio Augusto Morais Carbonell
harmonizar o econômico, o social e o am-
biental. A busca por maior produtividade
O AGRONÔMICO
e competitividade, com justiça social e (Instituto Agronômico)
sustentabilidade na agricultura é, sem Campinas, SP
1941-1;; 1949-2011 1-63
dúvida, um dos maiores e mais difíceis (Série Técnica Apta)
A partir do v. 52, n. 1, faz parte da Série Técnica Apta da SAA/APTA.
desafios de nosso século, não obstante, a A eventual citação de produtos e marcas comerciais não expressa,
agricultura paulista tem muito a mostrar. necessariamente, recomendação de seu uso pela Instituição.
Nossa espetacular performance, respon- É permitida a reprodução parcial, desde que citada a fonte. A reprodução
total depende de anuência expressa do Instituto Agronômico.
sável por São Paulo exibir uma das mais
avançadas áreas de pesquisa agrícolas O AGRONÔMCO
Boletim Técnico-Informativo do Instituto Agronômico
do mundo, se dá muito em função de Volume 64-66 – 2012-2014
Série Técnica APTA
todo o legado do IAC, sua excelência e ISSN 0365-2726
seus trabalhos premiados, que são mo- oagronomico@iac.sp.gov.br
Av. Barão de Itapura, 1.481 - Caixa Postal 28 - 13020-902 Campinas (SP)
Fone: (19) 2137-0600 - Fax: (19) 2137-0706
EDITORIAL
A
s ações de Transferência de Tec-
nologia no IAC ocorrem a partir
do entendimento de que o pro-
gresso técnico na agricultura é norte-
ado pela lógica de que o produtor rural
não é um receptor passivo de tecnolo-
gias. A transferência se dá a partir da
consideração de que o processo de
inovação é permeado por aprendizado
que, por sua vez, tem caráter cumula-
tivo. Em outras palavras, a inovação
na agricultura ocorre por meio da in-
teração entre os agentes que geram
conhecimento científico e tecnológico
e aqueles presentes do setor produtivo.
Portanto, a inovação acontece de forma sos e serviços amplamente adotados Esperamos que esse novo con-
coletiva e interativa, onde o conheci- em diversas regiões brasileiras graças teúdo de O Agronômico, consi-
mento científico e/ou tecnológico, ge- a um laborioso planejamento de trans- derado como uma ferramenta de
rado pela pesquisa, ou prático, oriundo ferência de tecnologia. Transferência de Tecnologia, seja
da vivência do produtor, circulam em O Agronômico apresenta, ainda, do agrado dos leitores e propicie
sistema complexo, onde os feedbacks a relação e uma breve descrição das o fomento à Inovação.
de todos os envolvidos são relevantes
cultivares IAC registradas no Minis-
para o resultado final.
tério da Agricultura e Abastecimento,
Nesse contexto, o IAC e sua Dire-
no período 2011-2014. Totalizando um
toria-geral tem buscado intensificar as
número de 84 cultivares.
ações de Transferência de Tecnologia, Sérgio Augusto Morais Carbonell
As páginas azuis trazem entrevis- Diretor geral
no sentido de cumprir sua missão ins-
titucional e fomentar cada vez mais a ta com o vereador André von Zuben,
inovação no setor produtivo. onde destacam-se informações sobre
Charleston Gonçalves
Adotando essa diretriz, a partir de a Comissão Permanente de Ciência e Luiza M. Capanema
2014, o Boletim Informativo O Agro- Tecnologia (CCT) e o papel do IAC nas Editores - O Agronômico
EDITORIAL
1 O Agronômico
V. 64-66│2014
PÁGINAS AZUAIS
2 Entrevista com
André von Zuben
TRAJETÓRIA DE PESQUISA,
6 DESENVOLVIMENTO E TRANSFERÊNCIA
DE TECNOLOGIA
O melhoramento genético
de feijoeiro no Instituto
Agronômico IAC (1932 a 2014)
CULTIVARES IAC
14 Cultivares IAC lançadas no
período de 2011-2014
PÓS-GRADUAÇÃO IAC
31 Inovação na formação de recursos
humanos em agricultura tropical e
subtropical
INFORMAÇÕES TÉCNICAS
32 Sistema de multiplicação MPB
e integração com o setor
sucroenergético
Programa de transferência de
56 tecnologias do maracujá-amarelo
do IAC
78 BALANÇO HIDRÍCO
Balanço hídrico (2012-2014)
PÁGINAS AZUIS
2
ência e Tecnologia? da criação do Conselho Municipal de
O Agronômico | v. 64-66 | 2014
EDITORIAL
PÁGINAS AZUIS
Ciência, Tecnologia e Inovação, e su- Além de um pacote de incentivos titular em um Conselho Municipal, de
geri uma emenda modificativa e aditi- fiscais que irá criar condições de for- acordo com a lei. Mas como vereador
va, ampliando a participação e repre- mar em Campinas um parque tecnoló- temos acesso a todos os conselhos,
sentatividade do Conselho. Propus ao gico de defesa e de aviação civil e dois cumprindo um papel de acompanha-
setor a elaboração do Plano Municipal projetos de lei de incentivos fiscais mento e fiscalização, que compete ao
de Ciência, Tecnologia e Inovação, para empresas de diversos setores, legislativo, colaborando assim para
que é conduzido pela Secretaria de principalmente das áreas de ciência e que algumas políticas públicas sejam
Desenvolvimento Econômico, Social tecnologia, turismo de negócios e lo- desenvolvidas efetivamente e de acor-
e Turismo da Prefeitura de Campinas, gística, e outro, que beneficia direta- do com os anseios da sociedade.
que está sendo trabalhado como eixo mente as startups – empresas jovens 7. Quais Instituições de Campinas
estratégico para o desenvolvimento e de pequeno porte que desenvolvem participam desse trabalho?
econômico da cidade de Campinas. projetos promissores na área de pes- O Conselho Municipal de Ciência,
O futuro da Política de Ciência, quisa e tecnologia. Tecnologia e Inovação é composto por
Tecnologia e Inovação para Campinas 5. Criado em 2013, o Conselho representantes indicados pelos órgãos
está sendo discutido de forma inte- de Ciência, Tecnologia e Inovação e entidades a seguir discriminados:
grada envolvendo representantes da tem como objetivo a promoção de I - membro nato: indicado pela Secre-
Prefeitura de Campinas, sociedade atividades de ciência, tecnologia e taria Municipal de Desenvolvimento
civil e acadêmicos ligados ao setor e de inovação em Campinas, desenvol- Econômico, Social e de Turismo, que
tem como protagonistas os membros vendo parceiras com instituições de exercerá a Presidência do Conselho;
do Conselho Municipal de Ciência, pesquisas e universidades do muni- II - membros designados, tendo um
Tecnologia e Inovação, a Secretaria de cípio – certo? Pergunto: Quais ativi- titular e um suplente
Desenvolvimento Econômico, Social e dades devem ser promovidas? Quais a) 03 (três) representantes do Poder
Turismo da Prefeitura de Campinas e a já estão sendo realizadas? Executivo Municipal;
Comissão de Ciência e Tecnologia, da Tudo será planejado a partir do pla- b) 01 (um) representante da Universi-
Câmara de Campinas. no, que elabora diretrizes gerais, com dade Estadual de Campinas;
4. Esses trabalhos tiveram início em base em eixos estratégicos divididos c) 01 (um) representante da Pontifícia
2013, certo? Para quando são espera- em quatro temas: tripla hélice, go- Universidade Católica de Campinas;
dos os primeiros resultados efetivos? verno, mercado e sociedade. A partir d) 01 (um) representante do Instituto
Os primeiros resultados já come- dos direcionadores será feito os pro- Agronômico de Campinas (IAC);
çaram a aparecer. A cidade já tem jetos executivos para cada área, como e) 01 (um) representante do Centro
um Conselho consultivo, que está em marketing, atração de investimentos Nacional de Pesquisa em Energia e
plena atuação, e antes disso, já estava e retenção de empresas, formação, Materiais (CNPEM);
desenvolvendo alguns ações específi- capacitação e qualificação de mão de f) 01 (um) representante da Fundação
cas, como o Prêmio Startup Campinas, obra especializada, agência de desen- CPqD;
que seleciona os melhores planos de volvimento e inovação, entre outros. g) 01 (um) representante do Centro de
negócio da cidade com prêmios como 6. Quais atividades o senhor de- Tecnologia da Informação Renato Ar-
incubação, equipamentos eletrônicos, sempenha como membro do Conselho cher (CTI);
cursos, troféus e MBAs. Também im- de Ciência, Tecnologia e Inovação? h) 01 (um) representante do Instituto
plantou a 1ª Aceleradora Municipal do No Conselho, eu participo ativamen- de Tecnologia dos Alimentos (ITAL);
país, envolvendo investidores e em- te, como convidado, pois o legislativo
3
presas de base tecnológica. não pode ser nomeado como membro
O Agronômico | v. 64-66 | 2014
PÁGINAS
EDITORIAL
AZUiS
os principais representantes do setor meiro instituto de ciência e tecnologia gação e pesquisa. Sua finalidade princi-
em um seminário de imersão. Ao todo, de Campinas, pioneiro no país e tem pal é envolver a população, em especial
mais de 52 lideranças do segmento muito a contribuir com esse processo, crianças e jovens, em torno de temas e
participaram do evento que discutiu o além de ser um dos mais importantes atividades de ciência e tecnologia que
futuro das políticas de ciência, tecno- centros de pesquisa do país, que se são realizados no município.
logia e inovação para o município, bem destaca pela inovação no setor agrí- 14. Na avaliação do vereador,
como as metas a serem atingidas para cola. O instituto apresentou diversos quais as principais características
tornar o município referência mundial avanços no setor, principalmente es- que fazem de Campinas um Polo de
em inovação. tudos relacionados a cana-de-açúcar, Ciência, Tecnologia e Inovação?
O resultado do seminário será um mandioca e seringueiras, entre outros. Centros de Pesquisa, universidades,
documento oficial e publicado em um Outra questão é o valor histórico do empresas de tecnologia, formação de
livro. A ideia é que o livro seja referên- IAC para Campinas, fundado em 1887 recursos humanos. Também é a déci-
cia para a política de Ciência e Tecno- pelo imperador D. Pedro II. ma cidade mais rica do Brasil, respon-
logia até 2025. 13. Muitos dos produtos e serviços sável por pelo menos 15% de toda a
10. As instituições de pesquisas usados pela população foram desen- produção científica nacional, sendo o
de Campinas foram ouvidas? volvidos em Campinas, são dezenas terceiro maior polo de pesquisa e de-
Sim, tanto na Comissão de Ciên- deles. Exemplos: a garrafa de cerve- senvolvimento brasileiro. O segmento
cia e Tecnologia da Câmara quanto ja, desenvolvida pelo ITAL, o feijão mostra força e aproveita-se ainda da
no “Planejamento Estratégico”, onde carioca, o mais consumido no Brasil, logística privilegiada da região, corta-
todas as instituições de pesquisas é do IAC, o cartão telefônico, do CPqD da pelas principais rodovias do Estado,
foram convidadas e enviaram seus e tantos outros. Na opinião do senhor mão de obra especializada e a projeção
representantes para participarem das o que pode ser feito para que a popu- do Aeroporto de Viracopos, que dará
discussões e do seminário. lação tenha conhecimento dessa “pa- sequência a essa tendência de cresci-
11. Como foi a participação do ternidade” campineira e valorize mais mento.
Instituto Agronômico? as instituições? 15. Quais as perspectivas para o
O IAC esteve na Comissão de Ciên- O fortalecimento da imagem como futuro na área de C&T em Campinas?
cia e Tecnologia da Câmara Municipal Polo de Ciência, Tecnologia e Inovação São promissoras. Além do potencial
de Campinas, é membro atuante do é um eixo estratégico que faz parte do do setor, a Prefeitura e a Câmara estão
Conselho Municipal de Ciência e Tec- plano. O próximo passo será o deta- atuando em parceria com todo o ecos-
nologia e Inovação e está trabalhando lhamento em um projeto executivo. sistema para potencializar estas carac-
em conjunto com os demais partici- Assim que concluído o plano, que deve terísticas. Q
pantes para transformar Campinas em ser lançado até o final deste ano, serão
referência mundial na Ciência, Tecno- feitos os projetos executivos, inclusi-
logia e Inovação. Referência que o Ins- ve o que diz respeito a comunicação
tituto Agronômico já é para o país. e marketing. A própria Semana Mu-
12. Como o senhor avalia a contri- nicipal de Ciência e Tecnologia é uma
buição do Instituto Agronômico para estratégia, já que o evento contempla
colocar a região de Campinas como várias atividades abertas ao público,
polo de C,T&I? juntamente com a colaboração de en-
O Instituto Agronômico é o pri- tidades e instituições de ensino, divul-
O melhoramento genético
de feijoeiro no Instituto
Agronômico IAC (1932 a 2014)
O
s trabalhos com melhora- realizados foi recomendada como cul-
mento genético em feijoeiro tivar em 1971 com o nome de Cario-
no Brasil, foram iniciados no quinha. Na sequência vários trabalhos
Instituto Agronômico (IAC), em 1932, conjuntos foram realizados pelo IAC e
através de avaliações sobre a capaci- Coordenadoria de Assistência Técnica
dade produtiva da espécie, porte de Integral (CATI), órgão também ligado
planta e resistência a doenças, para a Secretaria de Agricultura e Abasteci-
posterior utilização na obtenção de mento do Estado de São Paulo, com a
linhagens. finalidade de demonstrar aos agricul-
Neste período, centenas de linha- tores que a cultivar era mais produtiva
gens foram analisadas quanto às carac- que as demais em uso. Os resultados
terísticas mencionadas, selecionando- obtidos nesse trabalho promoveram
-se plantas em populações derivadas de uma revolução no comércio de feijão
cruzamentos artificiais. Como resultado no Brasil, pois a cultivar modificou a
deste trabalho pioneiro observou-se que tradição do consumo de feijões dos ti-
as linhagens de tegumento preto eram pos rosinha, roxinho, manteiga e jalo
mais produtivas que os demais tipos e viabilizou o agronegócio do feijão no
por apresentarem tolerância a seca e Brasil. Este tipo de grão, 43 anos do
principalmente, ao patógeno agente da seu lançamento, é ainda cultivado.
ferrugem, que se caracterizava na época A partir do lançamento da cultivar
como a principal doença que ocorria na Carioquinha o Programa de Melhora-
cultura. Constatou-se também que as mento Genético de Feijoeiro do IAC
Alisson Fernando Chiorato1 sementes de cor preta apresentavam desenvolveu inúmeras populações
Sérgio Augusto Morais Carbonell1 baixa aceitação comercial, o que não segregantes que apresentavam tegu-
acontecia com cultivares de tegumento mento carioca visando o lançamento
tipo rosinha, roxinho, bolinha e, princi- de genótipos mais adaptados que a
palmente os tipos manteiga (feijões de ‘Carioquinha’. Neste sentido, no início
origem Andina) que dominavam o mer- da década de 80 foi lançada a cultivar
cado consumidor antes dos anos 70. IAC Carioca que apresentou potencial
Em meados de 1970, pesquisado- produtivo maior e resistência a raça fi-
1 Instituto Agronômico, Centro de Grãos e Fibras,
res do Instituto Agronômico em uma siológica 65 do patógeno da antracno-
afchiorato@iac.sp.gov.br. propriedade em Palmital-SP, identi- se (Colletotrichum lindemuthianum).
ficaram uma planta de maior capa- Essa nova cultivar, nessa época, mos-
cidade produtiva, cuja coloração do trou-se a mais agressiva e dissemina-
grão era creme com listras marrom. da nas principais regiões produtoras
O proprietário da fazenda a chamava de feijão no Brasil.
de carioquinha, devido a uma raça de Em continuidade ao melhoramen-
suínos que também possuía listras to genético voltado para resistência a
6 O Agronômico | v. 64-66 | 2014
pelo corpo. Após vários experimentos doenças, em especial, antracnose, no
TRAJETÓRIA DE PESQUISA,
DESENVOLVIMENTO E
TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA
9
uredosporos registrado é de 55 dias.
10 O Agronômico | v. 64-66 | 2014 Figura 1. Produção de sementes de feijão, cultivares do IAC, 2005 a 2013.
TRAJETÓRIA DE PESQUISA,
INFORMAÇÕES TÉCNICAS
DESENVOLVIMENTO E
TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA
totalizou uma área de 2.976 hectares sendo que, por meio de avaliações re-
semeados com cultivares de feijão do alizadas a resistência genética ao pató-
IAC. Em relação a esse total, e consi- geno promove uma redução ao redor de
derando que cada hectare produz em 30% no custo de produção do agricul-
média 1.800 kg de sementes de feijão tor rural. Para a cultivar IAC Imperador,
beneficiada, foram produzidos cerca além das características citadas acima,
de 1.873.500 kg de sementes, sendo a produtividade média obtida de apro-
suficientes para semear uma área de ximadamente 50 sacos de 60 kg por
89.286 hectares, considerando que em hectare, aliado a sua precocidade, tem
média são utilizados 60 kg de semen- permitido colheitas de 75 dias, a contar
tes para cada hectare. da semeadura a colheita, vem sendo
O resultado destacado acima reflete bem procurada por agricultores de vá-
um processo efetivo de difusão e ado- rias regiões do Brasil. A cada ano tem
ção das tecnologias geradas no âmbito aumentado a procura por essa cultivar
do Programa de Melhoramento Gené- desde seu lançamento em 2012. Ou-
tico de Feijoeiro do IAC, pois grande tras características como a resistência
parte da semente obtida pelas empre- ao fungo de solo causador da murcha
sas foram utilizadas para a semeadura de Fusarium (Fusarium oxysporum),
de novos campos de produção, o que tal como conseguido na cultivar IAC
permite deduzir que a participação em Milênio, tem permitido também maior
área na agricultura brasileira das culti- aceitabilidade da cultivar por parte dos
vares do IAC seja maior do que o valor agricultores.
mostrado acima. Salienta-se também
que os dados apresentados referem-se
ao processo legal de comercialização
de sementes de feijão, não estando
computado a utilização de sementes
salvas pelos agricultores. No Brasil
apenas 19% das lavouras comerciais
de feijão utilizam sementes certificadas
(ANUÁRIO ABRASEM, 2014).
A aceitabilidade das cultivares de
feijão do IAC devem-se basicamente a
qualidade de grão apresentada por aten-
der as exigências do mercado brasileiro,
como também, a resistência genética
demonstrada para o patógeno da antrac-
11
nose (Colletotrichum lindemuthianum),
O Agronômico | v. 64-66 | 2014
TRAJETÓRIA DE PESQUISA,
INFORMAÇÕES TÉCNICAS
DESENVOLVIMENTO E
TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA
Tabela 1. Trajetória de P&D do Programa de Melhoramento Genético do Feijoeiro Instituto Agronômico (IAC),
1932-2014.
Atividades de pesquisa e
Período e principais fatos Produto
desenvolvimento (P&D)
1932 Início das pesquisas com Avaliações sobre a capacidade Identificação de linhagens de tegumento preto
o feijoeiro no IAC produtiva da espécie, porte de eram mais produtivas que os demais tipos de
planta e resistência a doenças, tegumento por apresentarem tolerância a seca e
para posterior utilização na principalmente, ao patógeno da ferrugem
obtenção de linhagens
Década de Identificação de planta Demonstração aos agricultores Recomendação de cultivar com nome de
1970 de maior capacidade que a nova cultivar era mais Carioquinha (1971)
produtiva com coloração produtiva que as demais em uso
do grão creme com naquele período
listras marrom
Década de Lançamento da cultivar Desenvolvimento de inúmeras IAC Carioca: potencial produtivo maior do que
1980 IAC Carioca populações segregantes com a ‘Carioquinha’ e resistente à raça fisiológica
tegumento carioca visando o 65 do patógeno da antracnose (Colletotrichum
lançamento de genótipos mais lindemuthianum)
adaptados do que a Carioquinha
Década de Lançamento das Busca por resistência a doenças, IAC Carioca Aruã: tolerância ao escurecimento
1990 cultivares IAC Carioca em especial, a antracnose; do grão; IAC Carioca Pyatã e IAC Carioca Akytã:
Aruã, IAC Carioca Pyatã, Busca de melhorias nos índices resistência genética a doença da mancha angula e
IAC Carioca Akytã e IAC de produtividade resistência a antracnose;
Carioca Eté. IAC Carioca: resistência genética a antracnose,
mancha angular e tolerância ao vírus do mosaico
dourado e potencial produtivo superior as cultivares
lançadas anteriormente
Década de Lançamento das Busca de melhorias nos índices IAC Carioca Tybatã: qualidade de grão, maior
2000 cultivares IAC Carioca de produtividade e variedades potencial produtivo, resistência a antracnose,
Tybatã, IAC Votuporanga, adequadas a colheita mecânica; mancha angular e tolerância ao vírus do mosaico
IAC Apuã, IAC Ybaté e Busca por melhor qualidade dourado; IAC Votuporanga, IAC Apuã e IAC Ybaté:
IAC Alvorada tecnológica de grãos maior potencial produtivo;
IAC Alvorada: excelente produtividade e porte ereto
de planta para colheita mecânica
2010 - 2014 Lançamento das Busca por melhor qualidade IAC Formoso: produtividade superior e menor
cultivares IAC Formoso, tecnológica de grãos, tempo de cozimento do grão;
IAC Imperador e IAC produtividade e resistência as IAC Imperador: precocidade nas fases de
Milênio doenças da antracnose e murcha semeadura e colheita; IAC Milênio: Resistência ao
de Fusarium. Fusarium oxysporum, qualidade de grão, porte para
colheita mecânica e alta produtividade.
Denominação Ano de
N. RNC* Localizacão de semeadura
da cultivar registro
13
*RNC: Registro Nacional de Cultivares.
Fonte: Organizado pelo autores.
O Agronômico | v. 64-66 | 2014
CULTIVARES IAC
15
disponível em www.wordle.net. O Wordle contabiliza a frequência de palavras, destacando as mais repetidas pelo tamanho da
letra. As cores e ordenação são aleatórias.
O Agronômico | v. 64-66 | 2014
INFORMAÇÕES
CULTIVARES
TÉCNICAS
IAC
16
esferoide, folhas: brevi-peciolada, bacterianas (cancro cítrico, CVC, HBL)
O Agronômico | v. 64-66 | 2014
deltoide, elíptica e tendo frutos elip- e declínio.
INFORMAÇÕES
CULTIVARES
TÉCNICAS
IAC
Laranja Azeda São Paulo IAC 244 lo, com exceção de áreas de ocorrên-
Forma esferoide e hábito de cres- cia de morte súbita dos citros. Possui
cimento aberto. Árvores grandes com tolerância à tristeza e à gomose, porém
densidade de folhagem média e su- é suscetível a exocorte, xiloporose, de-
perfície do tronco liso. Folhas do tipo clínio, galha lenhosa, morte súbita dos
simples, de cor verde, com forma elíp- citros e aos nematoides Pratylenchus e
tica e margem crenada. São brevipe- Tylenchulus.
cioladas, com pecíolo apresentando
Limão-Cravo IAC 863
largura média e forma deltoide. Apre-
sentam odor típico de laranja Azeda, Árvore vigorosa, de porte médio,
devido ao óleo, o qual pode ser ex- com crescimento aberto e ramos pen-
traído para fins medicinais, culinários dentes, com espinhos pequenos e em
ou cosméticos. Frutos de tamanho pequeno número. Alta produtividade e
médio com massa média de 140 gra- precocidade. Frutos de tamanho mé-
mas e coloração alaranjada. Cultivar dio, de formato globoso, com 6 a 15
pode ser utilizada como porta-enxer- sementes e suco ácido. Compatível
to para o limão verdadeiro em todo o com as principais cultivares de copa
Estado de São Paulo, bem como para de citros. É utilizada em todo o Estado
produção de frutas para doces e con- de São Paulo, com exceção de áreas de
feitarias. É resistente à gomose e sus- ocorrência de morte súbita dos citros.
cetível à tristeza, quando usada como Possui tolerância à tristeza e à gomo-
porta-enxerto para várias espécies de se, porém é suscetível a exocorte, xilo-
citros, à exceção de limão verdadeiro. porose, declínio, galha lenhosa, morte
Apresenta plantas com forma esferoi- súbita dos citros e aos nematoides
de e hábito de crescimento aberto. Pratylenchus e Tylenchulus.
17
produção de frutos de boa qualidade. É e pouco férteis. Muito resistente à seca
utilizada em todo o Estado de São Pau- e tolerante à salinidade e adapta-se O Agronômico | v. 64-66 | 2014
INFORMAÇÕES
CULTIVARES
TÉCNICAS
IAC
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Hábito de crescimento levemente múltipla às doenças, sendo elas: an-
decumbente, alta, diâmetro do colmo tracnose, ferrugem, mancha angular,
O Agronômico | v. 64-66 | 2014
CULTIVARES IAC
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e estrutura de margem crespa, com li- de coloração amarelo claro em tom
nha média e nervura pouco aparentes. único, sem brilho, textura áspera, com O Agronômico | v. 64-66 | 2014
INFORMAÇÕES
CULTIVARES
TÉCNICAS
IAC
Laranja IAC 420 Seleta do Rio pequeno a médio, com massa média
Plantas com vigor médio e produ- de 86 gramas, casca cor alaranjada
viva, suco abundante e ligeiramente
ção média. Frutos de tamanho médio,
ácido, três a quatro sementes por uni-
forma esferoide, de cor laranja intensa,
dade. Cultivar com floradas espontâ-
casca levemente rugosa e albedo es-
neas, não é indicada para a região sul
pesso e massa média de 118 gramas.
e sudoeste do Estado de São Paulo. É
Frutos com 51% de rendimento. Culti-
resistente à exocorte, sorose e xilopo-
var adaptada às diferentes regiões do
rose e apresenta tolerância à tristeza
Estado de São Paulo, exceto regiões
dos citros, sendo suscetível ao gree-
com clima que apresenta maior déficit
ning. Atende ao mercado de fruta fres-
hídrico durante o inverno. É tolerante ca. Possui alto potencial produtivo.
ao vírus da tristeza e à clorose varie-
gada dos citros, sendo suscetível ao Laranja IAC 491 Natal Murcha
vírus da leprose e ao greening. Pos-
sui ciclo de maturação precoce com Mutação da cultivar Natal. Possui
grande potencial para serem utilizados porte médio, grande produtividade por
como fruto de mesa ou para o proces- volume de copa. Permanente enrola-
samento como suco pasteurizado. mento das folhas. Apresenta tolerância
ao vírus da tristeza, ao cancro cítrico
Laranja IAC 104 Pineaple e à seca. É suscetível ao vírus da le-
prose e ao greening. Cultivar adaptada
Plantas de porte alto, produz frutos às diferentes regiões do Estado de São
com tamanho médio, forma esferoide, Paulo. Ciclo de maturação tardio, sen-
de cor laranja-forte e massa média de do seus frutos utilizados na indústria e
132 gramas. Fruto com maturação na no mercado de frutas fresca.
meia-estação e com grande potencial
para serem utilizados na produção de Laranja IAC 129 Homossassa
suco. Tolerante ao vírus da tristeza e
Produção precoce no campo,
suscetível ao vírus da leprose e ao
plantas produtivas. Possui frutos
greening. Adaptada às diferentes regi-
com tamanho médio, bem coloridos
ões do Estado de São Paulo, exceto re-
quando maduros e casca levemente
giões com clima que apresenta maior
rugosa. Apresenta tolerância à tris-
déficit hídrico durante o inverno. teza e à clorose variegada dos citros.
É suscetível ao vírus da leprose e
Laranja IAC 2005 Pêra EEL
ao greening. Possui ciclo de matu-
Porte médio, galhos mais ou me- ração médio e frutos com potencial
25
nos eretos e folhas acuminadas. Frutos para serem utilizados na produção
possuem maturação tardia, tamanho de suco. O Agronômico | v. 64-66 | 2014
CULTIVARES IAC
botrione. Apresenta boa adaptação nos produtivo, podendo ser utilizada para
Estados do Paraná, São Paulo, Goiás, o mercado de mini hortaliças. Ideal
Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. para os mercados interno e externo.
Milho IAC 8077 Quiabo IAC Guiné
Grãos tipo semi-dentado de cor Fruto verde homogêneo com bri-
alaranjado e florescimento masculino lho e formato “quinado”. Possui eleva-
e feminino de 63 dias. Altura de plan- da produtividade nos dois primeiros
ta com 2,35 metros, altura de espiga meses de colheitas. Seus frutos são
1,25 metros, peso de 1000 sementes tolerantes ao armazenamento. Apre-
de 317 gramas e peso hectolítico de sentam ainda pilosidade delicada e
80 Kg/100L. Possui boa adaptação em podem ser utilizados para o mercado
regiões alta e baixa dos Estados do Pa- de mini hortaliças. Ideal para os mer-
raná, São Paulo e Goiás em plantio de cados interno e externo.
verão e de safrinha. Em Minas Gerais
recomendado para o plantio de verão e Quiabo IAC Mali
em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul Fruto verde homogêneo com brilho
para o plantio de safrinha. Tolerante à e formato “quinado”. Possui maior to-
seca e ao herbicida com principio ativo lerância à injúria pelo frio, por 12 dias
Tembotrione. e mais tolerante ao armazenamento
com ou sem refrigeração. Apresenta
Trigo IAC 388 Arpoador elevada produção e pode ser utilizada
Cultivar de ciclo precoce, apresen- para o mercado de mini hortaliças. É
ta como características principais a adequada para os mercados interno e
tolerância ao crestamento, resistên- externo.
cia ao oídio e à bruzone. Possui ele-
vada produtividade e, é indicada para Quiabo IAC Midori
a semeadura nos sistemas de cultivo Cultivar altamente produtiva com
irrigado e de sequeiro. boa capacidade de armazenamento.
Apresenta frutos de formato roliço
Quiabo IAC Dacar com coloração verde intenso com bri-
Fruto de cor verde intenso com lho e aparência de frescor. Ótima para
brilho e formato “quinado”. Com apa- o mercado interno.
rência de frescor e pilosidade delicada.
Possui ótima capacidade de armazena- Quiabo IAC Mori
mento, sendo mais tolerante com ou Cultivar com boa capacidade de
sem refrigeração, por 10 dias. Apre- armazenamento, e elevada produção.
senta menor perda de massa à tempe- Seus frutos roliços são de coloração
ratura ambiente. Possui alto potencial verde com brilho. Possui resistência do
O Agronômico | v. 64-66 | 2014 29
CULTIVARES IAC
fruto às manchas pelo contato manual com diâmetro > 45 mm. Possui boas
na colheita. É ideal para o mercado in- qualidades para consumo de mesa na
terno. forma de salada, purê e fritas (18,2% de
matéria seca). Sua forma oblonga com
Quiabo IAC Nissei polpa creme é ideal para o consumo “in
Cultivar altamente produtiva, com natura”.
menor perda de massa no armazena-
mento sem refrigeração e maior tole- Algodão IAC PV 1
rância ao armazenamento com ou sem Plantas de coloração vermelha (fo-
refrigeração. Possui resistência do fru- lhas, caule, brácteas e maças), com
to às manchas pelo contato manual na altura média, folha palmada e formato
colheita. É ideal para o mercado inter- da maça ovalada. Maturação da fibra
no. Formato do fruto tipo roliço, de cor
de 86,60, comprimento de 28,7 mm e
verde com brilho.
índice de fibras curtas de 4,6. Sua por-
Batata IAC Ibituaçu centagem de fibras é de 40,6%. Apre-
senta resistência aos nematoides das
Ciclo vegetativo de 113 dias e tem- espécies Meloidogyne e Rotylenchu-
po para formato dos tubérculos de lus, à mancha angular, alternaria e ra-
119 dias. Broto cilíndrico largo de co- mulose. Também é resistente à tripes
loração vermelho-púrpura. Tolerante e ao bicudo, pelo mecanismo de não
às doenças viróticas regulamentadas
preferência. Indicada para produção de
e resistente às doenças de folhagem
algodão orgânico e sistema de plantio
(requeima e pinta preta). Apresenta
consorciado com cultivares de colora-
excelente qualidade de fritura, dado o
ção normal, a fim de que a resistência
formato (oval cheio) e alto teor de ma-
possa se manifestar.
téria seca (23,5%), para confecção de
rodelas fritas (chips). Destinada a agri-
cultores de pequeno e médio porte.
30
produtora de tubérculos graúdos (87%)
O Agronômico | v. 64-66 | 2014
PÓS-GRADUAÇÃO IAC
O
conhecimento e a competên-
cia do Instituto Agronômico
(IAC) criaram ao longo dos
anos a necessidade de atender uma
demanda crescente de formação de
recursos humanos. Por esse motivo, a
instituição criou, em 1999, o curso de
Pós-Graduação em Agricultura Tropical
e Subtropical (PG-IAC).
Essa ação marcou mais uma vez o
pioneirismo do Instituto que, como ins-
tituição de pesquisa não pertencente ao
sistema universitário, foi o primeiro na
Secretaria da Agricultura do Estado de
Foto: Martinho Caires
O
s programas de melhoramen- Registra-se também sua utilização
to de cana-de-açúcar com em vários países produtores de ca-
frequência, quantidade e quali- na-de-açúcar na América Central. Na
dade têm disponibilizado seus produtos sequência são apresentados depoi-
biológicos - as variedades. No Programa mentos, informações e alguns re-
Cana do Instituto Agronômico (IAC), o sultados, indicados diretamente por
processo de Pesquisa e Desenvolvimen- aqueles que são a causa principal do
to (P&D) desse importante insumo tec- desenvolvimento do produto MPB, ou
nológico é conduzido em média durante seja, o protagonista produtor agríco-
doze anos, o que implica em um amplo la. Assim sendo, criam-se perspectivas
período de caracterização. Dentro dessa de implantação de modelos simples que
dinâmica é essencial haver sistemas sin- permitam integração, agregação e efeti-
cronizados de multiplicação que permi- va adoção das inovações originadas da
tam a chegada rapidamente dos pacotes pesquisa do Programa Cana IAC.
varietais aos setores de produção, usi-
nas, associações de produtores e forne-
cedores independentes. O sistema deve
associar qualidade fitossanitária, baixo Projeto de
Mauro Alexandre Xavier1
Marcos Guimarães de Andrade Landell2
consumo de material de propagação
vegetativa e, se possível, representar MPB e o Setor
Luis Gustavo Teixeira3
Paulo de Araújo Rodrigues3
Gustavo Leonel Nassif3
inovação. Nesse conceito abre-se opor-
tunidade para o setor resgatar os bene- Sucroenergético:
Antonio Carlos de Oliveira Junior3 fícios da formação de viveiros e corrigir
Kenjiro Mine3 eventuais distorções técnicas decorren- Usina São Martinho
tes em parte da baixa adoção de novas
variedades. Esse diagnóstico é claro e A usina está localizada no muníci-
notório, principalmente, no último gran- pio de Pradópolis na região de Ribeirão
de período de expansão da cana-de- Preto. O grupo São Martinho possui
-açúcar registrado no Brasil, ou seja, os quatro usinas e está entre os maiores
1 Instituto Agronômico, Centro de Cana, últimos 10 anos. Fruto dessa demanda, processadores do Brasil, com capaci-
mxavier@iac.sp.gov.br.
o Programa Cana IAC apresentou ao se- dade aproximada de moagem de 22
2 Instituto Agronômico, Centro de Cana,
mlandell@iac.sp.gov.br. tor sucroenergético, em 2012 o sistema milhões de toneladas de cana. Na sa-
3 Produtores rurais e representantes de empresas Mudas Pré-Brotadas, (MPB) descrito no fra 2013/2014, a São Martinho bateu o
parceiros na rede de experimentação do Programa documento IAC 109 e resumido na se- recorde mundial de processamento de
de Cana do Instituto Agronômico.
quência de etapas (Figura1). cana de uma só unidade superando 9
Esse sistema tem sido usado, im- milhões de toneladas.
plementado e desenvolvido por dife- A crescente demanda por um novo
rentes “atores” da cadeia de produção sistema de plantio de canaviais que
A B
C D
E F
Figura 1. Sequência de etapas do Sistema MPB: corte do minirrebolo (a), tratamento químico (b), caixa
33
de brotação (c), aclimatação 1 (d), aclimatação 2 (e), MPB finalizado (f).
O Agronômico | v. 64-66 | 2014
INFORMAÇÕES TÉCNICAS
B C
34
Figura 2. Visão geral da estrutura (a), bandejas e tubetes (b) e suporte (c).
O Agronômico | v. 64-66 | 2014
INFORMAÇÕES TÉCNICAS
cana soca. Utilizamos mais varieda- número de perfilhos por metro, maior
des e novamente tivemos um desem- uniformidade entre eles e também nas
penho excelente, praticamente sem touceiras, resultando em maior produ-
perder mudas. ção por hectare (Tabela 1). Na colhei-
Essas duas experiências junto com ta, em maio de 2014, os resultados fo-
as informações levantadas pelo IAC, ram mantidos, embora não tenhamos
encorajaram-na a planejar não só o re- conseguido aplicar testes estatísticos
plantio, mas o plantio de cana de ano e em razão das condições da colheita.
meio com o sistema MPB. Ainda tínha- Antes disso, em fevereiro e março
mos muitas dúvidas, mas o que cha- de 2014, seguimos nosso plano plan-
mava mais a atenção era fazer o plantio tando cerca de 10 ha com mais três va-
nas áreas comerciais sem irrigação. riedades. Por enquanto, só temos ava-
Iniciamos essa nova fase, que foi liações no nível de falhas e perfilhos
concebida em três etapas: em primei- em que o sistema MPB segue superior
ro lugar garantir o estabelecimento do ao plantio mecanizado tradicional.
canavial plantado com mudas pré-bro- Este breve relato serve para emba-
tadas de ano e meio sem irrigação. Em sar nossos comentários e expectati-
segundo lugar, aprender a produzir vas em relação à técnica de MPB. Em
mudas em escala com alta qualidade e primeiro lugar, temos uma redução
baixo custo e, finalmente, desenvolver considerável no volume de mudas uti-
ou adaptar equipamentos e máquinas lizado, facilitando o manejo de viveiros
para o plantio dessas mudas nas áreas e disponibilizando mais matéria-prima
comerciais. Nesse momento, além do para a indústria. Em segundo lugar,
permanente contato com a equipe do podemos garantir com mais facilidade
IAC, convidamos o engenheiro-agrô- um material genético livre de doenças,
nomo Pedro Faria para colaborar com pragas e até mesmo plantas daninhas.
nosso time neste desenvolvimento. Manipulamos todas as plantas. Em
Em março de 2013 transplantamos terceiro lugar, temos um aproveita-
nossa primeira área comercial de MPB mento espacial muito melhor uma vez
com 1,5 ha. Novamente tivemos uma que as plantas guardam a mesma dis-
agradável surpresa. Embora tenham tância na linha de plantio e talvez este
ficado mais de 20 dias sem chuva seja o ponto mais relevante. A cana é
após o plantio, as mudas não morre- uma planta de touceiras e nós insis-
ram e ao contrário estabeleceram um tentemente a colocamos em sulcos
canavial sem falhas. Aproximadamente ou linhas. Nos plantios tradicionais,
doze meses depois, fizemos a primeira quando utilizamos entre 15 a 20 ge-
biometria e os resultados foram muito mas viáveis por metro, assistimos a
positivos quando comparados ao plan- uma competição não apenas entre os
36 O Agronômico | v. 64-66 | 2014
tio mecanizado convencional. Maior perfilhos, mas também entre as tou-
INFORMAÇÕES TÉCNICAS
ceiras de cana para se estabelecerem. Tabela 1. Parâmetros avaliados em estudo biométrico comparativo sobre mu-
Competição por água, nutrientes, luz das pré-brotadas (MPB) e plantio convencional mecanizado de cana-de-açúcar.
e espaço exigem um gasto de energia
que não se traduz necessariamente em Parâmetros avaliados MPB Conv. mec.
produção de maior volume de açúcar
por hectare. No MPB, as touceiras se- número de colmos/metro 12,06 ± 1,47 A 9,34 ± 1,10 B
guramente poderão expressar melhor diâmetro de colmos (cm) 2,83 ± 0,09 B 2,92 ± 0,05 A
seu potencial de produção. comprimento de colmos (cm) 264,8 ± 8,91 A 254,5 ± 14,18 B
Ainda será preciso muito trabalho falha (>50cm) 0,00 ± 0,00 B 12,84 ± 11,45 A
para dinamizar a produção das mudas
colmos/touceira 5,70 ± 1,06 4,80 ± 2,15
em biofábricas que garantam qualidade 1
produtividade (TCH) 133,6 ± 15,18 A 104,0 ± 13,57 B
genética com baixo custo. Também te-
remos de acertar o sistema de plantio, Médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P * 0,05).
não apenas na mecanização da opera- 1
Produtividade estimada em toneladas de colmos por hectare (TCH), segundo a fórmula estabe-
ção de transplantio, mas possivelmente lecida pelo IAC, em que TCH = [(Diâmetro²) x Comprimento X Números de colmos x 0,007854]/
Espaçamento
com mudanças no preparo de solo que
deverá ser mais delicado para receber a
muda. Também teremos de fazer ajus-
tes na questão de fertilização, controle
tem dado grande contribuição para
de pragas, plantas daninhas e mesmo
o desenvolvimento socioeconômico
na janela de plantio. Enfim, muito ain-
para no município de Jandaia e região.
da precisa ser feito para viabilizar este
A partir de março de 2009 foram
novo sistema de plantio em escala co-
retomadas as atividades relacionadas
mercial sem o uso de irrigação. Mesmo
à produção de viveiros.
assim, apesar da pequena experiência
Com isso reestruturou-se toda a
até agora, acreditamos que o sistema
área do tratamento térmico. Nessa
MPB poderá representar uma ruptura
época trabalhava-se somente com o
positiva no cenário sucroenergético,
sistema gema-gema (minirrebolos) e
aumentando a produtividade e a pro-
obtinha-se uma taxa de reprodução de
dução de cana, trazendo a necessária
1 x 20 hectares.
redução nos custos de produção.
Essa prática permitiu promover
Destilaria Nova União S/A – uma mudança no plantel varietal da
empresa. Houve uma aposta em no-
DENUSA
vas variedades e uma retomada de
A Destilaria Nova União S.A (De- multiplicação de materiais que haviam
nusa) está localizada no município sido lançados há pouco tempo, mas
de Jandaia, GO. Gera mais de 1.200 estavam parados em seus blocos de
empregos diretos durante a safra e multiplicação antigos, como a IAC91-
O Agronômico | v. 64-66 | 2014 37
INFORMAÇÕES TÉCNICAS
A B
38
Figura 3. Canteiros horizontais de brotação das gemas (a) e substrato utilizado (b).
O Agronômico | v. 64-66 | 2014
INFORMAÇÕES TÉCNICAS
A B
A
neste potencial, estão sendo inseridos Aprendizado
investimentos em casas de vegetação,
Foi no convívio do dia a dia que
área dos viveiros e mão de obra, o que
aprendi um pouco sobre a cultura do
permitirá um avanço de produção de
algodão. As oportunidades de compar-
mudas de 1.400.000 para 2.700.000,
tilhar conhecimentos com pesquisa-
em 2015. Nesse contexto, a tecnologia
dores e técnicos de empresas na par-
MPB contribui para os indicadores do
ticipação em dias de campo, palestras
grupo Abengoa.
e simpósios tornaram-me mais roceiro
que engenheiro.
Em busca da produtividade Nesse caminho, com o intuito de
de três dígitos abreviar o tempo de aprendizado na
B
Kenjiro Mine é produtor agrícola na cultura da cana, montei, numa área de
região de Ituverava - SP 4.000 m², um campo experimental à
Imigrante que sou, comecei ainda moda caipira, sem qualquer pretensão
menino, “apanhando algodão”, mas de pesquisa científica, com seis varie-
com o tempo, o algodão perdeu espa- dades de cana indicadas por usinas da
ço em SP e mudou de mão e de lugar região de Ribeirão Preto.
(pequenos produtores do PR e SP de- Fizeram parte dos tratamentos mu-
ram lugar a grandes fazendas tomando das de MPB (IAC) e meristema. Os le-
o cerrado do Centro-Oeste). vantamentos iniciais de perfilhamento
Mesmo não seguindo a vocação estão indicados na figura 6.
agrícola da família, aprendi que o suces- Após 90 dias de implantação do can-
so de uma lavoura começa com o plan- teiro há oportunidade de colecionar e
tio. Um plantio bem feito, já era mais agregar, “ao vivo e a cores”, muitas ob-
da metade do sucesso da lavoura, que servações com relação às variedades e,
começava pela escolha de uma semen- principalmente, na questão das mudas.
te de qualidade e de origem conhecida, Acredito que essa tecnologia possa
procedimentos que qualquer produtor se constituir numa importante ferra-
Figura 5. Individualização das gemas (a) e de grãos sempre fez e continua fazendo. menta para se buscar A PRODUTIVIDA-
MPB de cana pronta (b). Apesar de ser calouro no assunto DE DE TRÊS DÍGITOS.
cana, percebo que não é (ou não foi) Numa conta simples e rápida de
esse cuidado que a grande maioria fez “padaria”, a tecnologia de MPB, propor-
no seu canavial. Creio que até pouco ciona (desconsiderando-se as perdas)
tempo, a muda boa era aquela cana nova uma taxa de multiplicação de 1: 6.400
que estava perto da área de implantação em dois ciclos, conforme a tabela 2.
ou reforma.
A
batata é o terceiro alimento
composição do custo de produção, a
humano mais consumido do
batata-semente é considerada o item
mundo, sendo superada ape-
mais oneroso, variando de 20 a 40%
nas pelo arroz e pelo trigo. Embora
do custo total, dependendo da região
o milho seja considerado por muitos
e ano de cultivo. Não obstante, a pro-
autores o terceiro alimento em impor-
tância, deve-se destacar que grande dução constitui-se como uma das
parte de sua produção é utilizada na etapas mais importantes da cadeia
alimentação animal e na produção de produtiva, principalmente por estar
óleo e etanol. diretamente relacionada ao processo
O valor nutricional e o alto poten- de degeneração da cultura e, conse-
cial produtivo por unidade de área le- quentemente, ser limitante na expres-
varam a Organização das Nações Uni- são do potencial produtivo e na quali-
das para Agricultura e Alimentação dade dos tubérculos.
(FAO) a incentivar o plantio de batata
e conscientizar a população mundial Sistemas hidropônicos para pro-
de sua relevância como forma auxi- dução de minitubérculos
Alex Humberto Calori1, liar de combate à fome e miséria no de batata
Thiago Leandro Factor2,
José Carlos Feltran3,
mundo, especialmente em países em
Luis Felipe Villani Purquerio4 desenvolvimento. A utilização de sistemas hidropôni-
Muito embora tenha ocorrido sig- cos tem se destacado no mundo como
nificativo aumento na produção de ba- uma das principais estratégias para a
tata nos países em desenvolvimento, redução do custo de produção e au-
seu consumo ainda está longe de atin- mento na taxa de multiplicação e pro-
gir a média dos países desenvolvidos. dução de batata-semente de qualida-
Na África, a média anual de consumo de em ambiente protegido. No Brasil,
1 Doutorando, Pós Graduação em Agricultura por pessoa é de 14,2 kg. Na América entretanto, a quase totalidade da pro-
Tropical e Subtropical, Instituto Agronômico,
ahcalori@gmail.com. Latina, é de 23,6 kg, enquanto que, dução de minitubérculos de batata-se-
2 Polo Nordeste Paulista – DDD/APTA, na América do Norte, atinge 57,9 kg e mente é oriunda de plantio em vasos
factor@apta.sp.gpv.br.
chega a 96,1 kg na Europa. No Brasil, e substrato agrícola, com rendimento
3 Instituto Agronômico, Centro de Horticultura,
feltran@iac.sp.gov.br. em 2006, o consumo foi de 14,2 kg, baixo, com valores entre 3 e 11 tubér-
4 Instituto Agronômico, Centro de Horticultura, segundo a Associação Brasileira de culos por planta, segundo a literatura.
felipe@iac.sp.gov.br.
Horticultura. No cultivo em hidroponia do tipo
Uma das razões para o baixo con- NFT (Nutrient Film Technique), pesqui-
sumo de batata no Brasil ainda é o sas evidenciam que a produção de tu-
42
preço elevado pago pelo consumi- bérculos de batata-semente por planta
dor, decorrente do elevado custo de e por área, pode ser cinco vezes maior
O Agronômico | v. 64-66 | 2014
INFORMAÇÕES TÉCNICAS
que a produtividade obtida no sistema Tabela 1. Produtividade de minitubérculos de batata-semente produzidos em diferen-
com o uso de vaso e substrato. tes sistemas hidropônicos.
Na técnica de hidroponia NFT, há,
ainda, a possibilidade de se trabalhar Produtividade
com diferentes estruturas de cultivo,
construídas com diversos tipos de Sistema hidropônico
material. Calha articulada de policlo- Tubérculos/planta Tubérculos/m2
reto de vinila (PVC) e telha de fibro-
cimento (Figura 1) são alternativas de Aeropônico1 50 874
matéria-prima para a construção do
NFT (calha articulada)2 39 458
sistema. Esses sistemas podem diferir
no custo de investimento e, principal- NFT (telha de fibrocimento)2 11 513
mente, na produtividade (Tabela 1).
DFT3 42 246
Vaso4 3 - 11 -
1 Factor et al. (2007); 2 Medeiros et al. (2002); 3 Factor & Araújo (2005); 4 Favoretto (2005); Daniels et al. (2010); Lima
Júnior et al. (2010).
A B C
Figura 1. Detalhe de sistema hidropônico do tipo NFT utilizado para a produção de minitubérculos de batata, com calhas arti-
culadas (A); vista superior da bancada com as plantas de batata (B) e vista interior do sistema e dos minitubérculos (C). Fonte:
Medeiros et al. (2002).
A B C
Figura 2. Protótipo de sistema do tipo aeropônico para a produção de minitubérculos de batata, com caixas de cultivo: nebulização
em funcionamento (A); vista lateral do sistema com as plantas de batata (B); e vista do interior da câmara de cultivo e dos minitu-
bérculos (C). Fonte: Factor (2007); Factor et al. (2012).
(B)
(A)
A B
Figura 3. Sistema aeropônico para produção de batata-semente: detalhe das câmaras ou bancadas (A); e plantas em pleno desen-
volvimento (B). Fonte: Calori AH, Factor TL.
A
C D
Figura 4. Estrutura de alvenaria para sistema aeropônico composta por: reservatório de contenção da
solução nutritiva (a); impermeabilização do reservatório com geomembrana (b); estrutura metálica de
aço galvanizado para suporte das plantas e do revestimento lateral (c); e revestimento lateral de PVC
46 com janelas que deslizam para a realização da colheita (d). Fonte: Calori, A.H.
O Agronômico | v. 64-66 | 2014
INFORMAÇÕES TÉCNICAS
47
tegida (Figura 6).
O Agronômico | v. 64-66 | 2014
INFORMAÇÕES TÉCNICAS
(A)
A (B)
B
Figura 6. Estrutura de aclimatização do tipo floating para plântulas de batata: vista externa (a); e vista interna, com a
linha de nebulização e as plântulas (b). Fonte: Calori, A.H.
50
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O
Brasil é um grande impor-
tador de azeitonas e azeite, tra em regiões semi-áridas do mediter-
sendo totalmente dependente râneo, com elevadas temperaturas e
de importação de países como Espa- baixo índice pluviométrico (250 a 550
nha, Portugal, Itália, Chile e Argentina. mm anuais) nos meses de verão. No
Em 2009, foram importados, por volta clima mediterrâneo, durante o inverno,
de 44 mil toneladas de azeite e 70 mil ocorre acumulação de frio, conside-
toneladas de azeitona em conservas, o rado indispensável para que a oliveira
que movimentou mais de um bilhão de saia da dormência e floresça. Como já
reais no mercado nacional. mencionado suportam temperaturas
Existem cultivos estabelecidos nos próximas a 40°C sem ocorrer queima-
Estados de Minas Gerais e Rio Grande duras, mas a atividade fotossintética
do Sul e também alguns produzindo no começa a ser inibida com temperatu-
estado de São Paulo. No entanto, ainda ras acima de 35°C. A planta é sensí-
há falta de conhecimento das caracte- vel ao frio, mas ocorre um aumento
rísticas agroindustriais das cultivares gradual de tolerância provocada pelas
introduzidas e seu potencial econômi- baixas temperaturas do outono, o que
co de extração e comercialização do estimula a dormência. Podem ocorrer
azeite produzido. Entre essas caracte- pequenas lesões em brotos e ramos
rísticas, a composição dos frutos e pa- se a temperatura permanecer por um
râmetros químicos se destacam como período entre 0 e 5°C. Se ocorrer tem-
essenciais para a seleção e recomen- peraturas negativas até -10°C podem
dação de cultivares.
ocorrer danos definitivos nos brotos
A oliveira (Olea europaea) é uma
e ramos, podendo ser irreversíveis e
planta angiosperma dicotiledônea da
levar a planta à morte. O período de
Angelica Prela Pantano1 família oleaceae. É arbórea e cultivada
florescimento é altamente influenciado
Edna Ivani Beertoncini2 em diversas regiões como: sul da Eu-
Marcos Silveira Wrege3 pelas condições ambientais. Em condi-
ropa (Portugal, França, Itália, Grécia e
Espanha), no norte da África, Américas ções de inverno ameno, as cultivares
do Sul e do Norte e alguns países da oriundas de regiões de clima tempera-
Ásia. É uma planta de clima tempera- do, podem apresentar variabilidade na
do e devido a sua estrutura xerófita se floração em relação a outro ciclo, devi-
desenvolve bem em ambientes com do a instabilidade térmica no inverno,
1 Instituto Agronômico, Centro de Ecofisiologia e verões longos, quentes e secos e, com o que é comum em regiões subtropi-
Biofísica, angelica@iac.sp.gov.br baixos índices pluviométricos. Quanto cais, como o sul de Minas Gerais.
2 APTA, Polo Regional do Centro Sul/Piracicaba (SP),
à frutificação, a temperatura adequada No Estado de São Paulo, o cultivo
ebertoncini@apta.sp.gov.br
varia entre 25 e 35°C. Contudo, é capaz ainda é restrito, mas vem se expandin-
3 Embrapa Florestas, Colombo (PR)
de suportar temperaturas próximas a do rapidamente, o que leva ao aumen-
to da demanda para novas pesquisas,
52
40°C, sem ocorrer queimaduras às fo-
lhas e aos ramos. com objetivo de recomendação de
O Agronômico | v. 64-66 | 2014
INFORMAÇÕES TÉCNICAS
áreas aptas para o cultivo de acordo, Tabela 1. Relação dos principais municípios do Estado de São Paulo e respectiva
principalmente, com as características estimativa de disponibilidade de frio, com temperaturas abaixo de 13°C.
climáticas desejáveis para o desenvol-
Nº de Horas
vimento satisfatório da planta. Portan- de Frio
Locais
to, o objetivo desse estudo é identificar Caconde, Gália, Taquarituba, Silveiras, Valinhos, Araçoiaba, Boituva, Itaí, Iti-
regiões no estado onde ocorram acú- rapina, Jundiaí, Sarapuí, Coronel Macedo, Diadema, Riversul, Santa Isabel,
mulo de 500 horas de frio com tem- Águas da Prata, Bernardino de Campos, Burí, Cássia dos Coqueiros, Socorro,
500 - 600
peraturas abaixo de 13°C, condições Franca, Mandurí, São Carlos, Tatuí, Torrinha, Vinhedo, Cristais Paulista, Gua-
essas consideradas ideais ao cultivo reí, Ibaté, Pedregulho, São Carlos, Timburí, Angatuba, Cerqueira César, Itaberá,
Várzea Paulista
de oliveiras.
Capela do Alto, Monte Alegre do Sul, Itatiba, Natividade da Serra, Santa Bran-
Os dados utilizados para a estimati-
ca, Itupeva, Avaré, Botucatu, Franco da Rocha, Itapetininga, Itapeva, Monteiro
va de Números de Horas de Frio (NHF), 600 - 700
Lobato, São Miguel Arcanjo, Tejupa, Caieiras, Itatinga, Guarulhos, Morungaba,
no Estado de São Paulo, foram obtidos São Bernado do Campo, Sarutaria, Louveira, Osasco, Rio Grande da Serra
junto ao banco de dados do Ciiagro - Mairiporã, Mogi das Cruzes, São Luis do Paraintinga, Susano, Arujá, Bom Jesus
Instituto Agronômico. Nesse estudo, dos Perdões, Bragança Paulista, Cabreúva, Itapevi, Itaquaquecetuba, Jambeiro,
adotou-se a metodologia de Pedro Ju- Poá, Santo Antônio do Jardim, Atibaia, Capão Bonito, Itatinga, Santo Antônio do
nior et al. (1991) e Bardin et al. (2010), 700 - 800 Pinhal, São Caetano do Sul, São Paulo, Vargem, Campo Limpo, Ferraz de Vas-
concelos, Jarinú, Bom Jesus de Pirapora, Santana do Parnaíba, Santo André, La-
os quais estimam a temperatura média
goinha, Redenção da Serra, Carapicuíba, Ribeirao Pires, São Sebastião da Grama,
a partir do método de coordenadas ge- Mauá, Cajamar
ográficas, com os coeficientes deter- Juquitiba, São Bento do Sapucaí, Biritiba-Mirim, Embú, Embú-Guaçu, Piedade,
minados exclusivamente para o Estado 800 - 900 Pilar do Sul, Piracaia, Serra Negra, Nazaré Paulista, Pinhalzinho, São Roque,
de São Paulo. Guapiara, Jandira, Ibiúna
O método estima o número de ho- 900 - 1000 Salesópolis, Mairinque, Cotia, Joanópolis, Taboão da Serra
ras de frio, com base na temperatura
Apiaí, Francisco Morato, Pedra Bela, Ribeirão Branco, Tapiraí, Cunha, Divi-
média do mês mais frio (Tjulho) do Acima
nolândia, Santo Antônio do Pinhal, Barra do Turvo, Itapecerica da Serra, Itararé,
local, sendo esse o fator a apresentar de 1000
Campos do Jordão
maior correlação em relação às de-
mais variáveis independentes testadas
(latitude, longitude e altitude). Para Foram adotadas escalas de 100 NHF
estimativa de NHF acima de 13°C, utili- para separar as classes e assim agrupar
zou-se a seguinte equação: as localidades com acúmulo semelhan-
tes em NHF (Tabela 1 e Figura 1).
NHF >13 = 4482,88 – 231,21 (Tjulho)
Grande parte dos locais com NHF
Tomou-se como base apenas os estimados acima de 500 se encontra
fatores altitude e acúmulo de horas de em regiões de altitude acima de 700
frio, uma vez que esses são os fato- m, embora não se pode aplicar esse
res determinantes para a adaptação da parâmetro para identificação de áre-
cultura em uma determinada região e
53
as aptas, pois muitas áreas no esta-
estão correlacionados. do possuem tal altitude, porém não O Agronômico | v. 64-66 | 2014
INFORMAÇÕES TÉCNICAS
Figura 1. Regiões do Estado de São Paulo identificadas de acordo com acumulo de horas de frio, com temperaturas
54
abaixo de 13°C.
O Agronômico | v. 64-66 | 2014
INFORMAÇÕES TÉCNICAS
turas do mês mais quente superior a COUTINHO, E.F. A cultura da oliveira. Pelotas:
22°C”. O clima Cwb, indica “tropical de Embrapa Clima Temperado, 2007. 143p.
altitude, com temperatura do mês mais OLIVEIRA, M.C.; RAMOS, J.D.; PIO, R.; CAR-
quente inferior a 22°C”, o que ocorre DOSO, M.G. Características fenológicas e físi-
em Campos do Jordão e Santo Antônio cas e perfil de ácidos graxos em oliveiras no
do Pinhal. No entanto, apenas a classi- sul de Minas Gerais. Pesquisa Agropecuária
ficação climática do local, não pode ser Brasileira, v.47, p.30-35, 2012.
considerada isoladamente na escolha
de um determinado local para cultivo. PEDRO JÚNIOR, M.J.; ORTOLANI, A.A.; RIGI-
Para a escolha de um local para cul- TANO, O.; ALFONSI, R.R.; PINTO, H.S.; BRU-
tivo, devem ser observadas diversas NINI, O. Estimativa de horas de frio abaixo de
condições como, altitude, clima, adap- 7 e 13°C para regionalização da fruticultura de
tabilidade da cultivar na região. Para clima temperado no Estado de São Paulo. Bra-
isso se faz necessário o acompanha- gantia, Campinas, v.38, n.1, p.123-130, 1979.
mento de desenvolvimento de diver- PEDRO JÚNIOR, M.J.; MELLO, M.H.A.; ORTO-
sas cultivares disponíveis no mercado LANI, A.A.; ALFONSI, R.R.; SENTELAS, P.C.
para averiguação da adaptabilidade em Estimativa das temperaturas médias mensais
cada região, pois existe variabilidade das máximas e das mínimas no Estado de São
genética entre as cultivares e com isso Paulo. Campinas: Instituto Agronômico, 1991.
um melhor ou pior desenvolvimento 11p. (Boletim técnico, 142).
dessa frutífera em regiões distintas do
Estado de São Paulo. PRELA-PANTANO, A.; BERTONCINI, E.I.; BAR-
DIN-CAMPAROTTO, L. Levantamento e Ca-
REFERÊNCIAS racterização Climática das Localidades com
Cultivo de Oliveiras no Estado de São Paulo. III
BARBOSA, W.; POMMER, C.V.; RIBEIRO, M.D.; Encontro da Cadeia Produtiva de Olivicultura e
VEIGA, R.F.A.; COSTA, A.A. Distribuição ge- 6ª Expoazeite, Campinas, 2012. CD-ROM. (Do-
ográfica e diversidade varietal de frutíferas e cumentos IAC, 108).
nozes de clima temperado no Estado de São
Paulo. Revista Brasileira de Fruticultura. Jaboti-
cabal, v.25, n.2, p. 341-344, 2003.
Programa de transferência
de tecnologias do
maracujá-amarelo do IAC
57
dústria passou a valorizar uma fruta recer a possibilidade de quadruplicar
O Agronômico | v. 64 -66 | 2014
INFORMAÇÕES TÉCNICAS
Quadro 1. Principais características comerciais das cultivares IAC de maracujazeiro registradas no Ministério da Agricultura.
Instituto Agronômico, Campinas, SP.
Maracujá-amarelo Maracujá-roxo
Características/Cultivares
IAC 275 IAC 273 IAC 277 IAC Paulista
Porte da planta Crescimento vigoroso Crescimento vigoroso Crescimento vigoroso Médio crescimento
Muito precoce Tardia Média
Média
Precocidade Produz entre Produz em até Produz em até
Produz em até 7-8 meses
6-7 meses 8-9 meses 7-8 meses
Florescimento intenso abundante abundante mediano
Polinização manual sim sim sim sim
Casca fina Casca média Casca média Casca fina
* 55% de polpa ± 46% de polpa ± 48% de polpa ± 50% de polpa
rendimento
Mercado Frutas frescas Mercado Frutas frescas Mercado Frutas frescas
industrial
13°-17°Brix 13°-14°Brix 13°-15°Brix 13°-18°Brix
Frutos Polpa Polpa amarelo-
Polpa amarela
Alaranjada-intensa alaranjada Polpa alaranjada
Peso médio Peso médio Peso médio
Peso médio 170g
180 a 200g 220 a 250g 200 a 240g
Tamanho médio Tamanho grande Tamanho grande Tamanho médio
Casca amarela Casca amarela Casca amarela Casca roxa
Produtividade 40-50 t/ha 40-45 t/ha 40-50 t/ha 25 t/ha
3. Programa de
Transferência de
Tecnologias do
maracujá-amarelo
O Programa de Transferência de
Tecnologias (PTT) do maracujá-ama-
relo foi concebido a partir do ano de
2000, com base no entendimento de
que progresso técnico na agricultura
não é guiado por uma lógica em que o
produtor rural é um receptor passivo de
tecnologias. Mas sim, a partir da consi-
deração de que o processo de inovação
IAC Rosa - Maça é permeado por aprendizado, que por
sua vez tem um caráter participativo.
Os bons resultados alcançados por
este programa estão relacionados ao
fato de que os experimentos que deram
origem às cultivares foram conduzidos
em sua totalidade no esquema de pes-
quisa participativa. A aproximação dos
diferentes elos da cadeia produtiva já
no desenvolvimento do produto tor-
na-o prontamente aplicável ao final do
processo e amplia consideravelmente
sua taxa de adoção.
Por este processo, uma determinada
inovação é conhecida de antemão pelos
produtores, geralmente desenvolvida vi-
sando a superação de alguma dificulda-
de real do setor produtivo. Passa a ser,
então, solução inovadora, mais que um
produto passível de adoção.
IAC Paulista
3.1 Princípios da pesquisa
Figura 2. Cultivares IAC maracujá, IAC Rosa–Maçã, IAC Paulista. participativa do Programa de
Transferência de Tecnologias
60 O Agronômico | v. 64-66 | 2014
do maracujá-amarelo
INFORMAÇÕES TÉCNICAS
Fertilizantes
Qualidade das análises de nutrientes
e contaminantes é fundamental
Laboratório do IAC é credenciado junto ao MAPA, para realizar análises fiscais
em fertilizantes minerais, e é acreditado pelo Inmetro na norma ISO 17025.
resíduos que podem ser usados como e as encaminham para seus labora-
fertilizantes. Este Laboratório é o úni- tórios internos ou para os externos
co público do Brasil credenciado pelo credenciados, como o do IAC. O envio
MAPA para analisar fertilizantes. Nas de amostras e retorno de respostas
figuras 3 e 4 temos o Laboratório de são feitos via Correios. Os resultados
Análise Química de Fertilizantes e Re- seguem no prazo máximo de 12 dias
síduos do IAC antes e após a reforma. úteis, dependendo da quantidade de
Nele são feitas análises de teores nutrientes amostrada.
totais de metais em solos, de garantias
e metais pesados em todos os tipos de
fertilizantes e a caracterização de resí-
duos, incluindo os compostos de lixo
e os lodos de esgoto para avaliação de
uso agrícola. A Unidade é coordenada
pela pesquisadora Aline R. Coscione.
Nos resíduos, esses diagnósticos
são realizados segundo a norma CO-
NAMA n.º 375, de 2006 (MMA, 2006).
O Laboratório de Fertilizantes e Resí-
duos do IAC também avalia vinhaça e
produtos intermediários da cadeia de
Figura 3. Laboratório da antiga Seção de Pedologia situado no edifício Con-
produção sucroalcooleira. Além de selheiro Antônio Prado (2008), o qual deu origem ao atual laboratório de
servir à pesquisa do Instituto Agronô- Fertilizantes e Resíduos do IAC.
mico, o Laboratório atende também à
iniciativa privada e outras instituições
de pesquisa e ensino.
O credenciamento junto ao MAPA,
obtido em 14 de dezembro de 2011,
autoriza o IAC a realizar análises fis-
cais em fertilizantes minerais, como
laboratório integrante da Rede Nacio-
nal de Laboratórios Agropecuários
(LANAGRO), vinculada ao Ministério
da Agricultura. (BRASIL, 2011).
A atividade de fiscalização tem
início com os fiscais do Ministério da
Agricultura, que visitam as linhas de
produção de fertilizantes em todo o
69
Figura 4. Mesma sala da foto 3 após a reforma, com o laboratório em ati-
território nacional, coletam amostras vidade (2009).
O Agronômico | v. 64-66 | 2014
INFORMAÇÕES TÉCNICAS
41, MAPA, Brasília, DF, 31 de agosto de 2007, BRASIL, Instrução Normativa nº 57, 11 de
Seção 1. dezembro de 2013. Estabelece os critérios e
BRASIL, Instrução Normativa nº 5, de 23 de requisitos para o credenciamento e monitora-
fevereiro de 2007. Definições e normas sobre mento de laboratórios MAPA e que estes inte-
as especificações e garantias, tolerâncias, re- gram a Rede Nacional de Laboratórios Agro-
gistro, embalagem e rotulagem dos fertilizantes pecuários do Sistema Unificado de Atenção à
minerais destinados à agricultura. Diário Oficial Sanidade Agropecuária. Diário Oficial da União
da União nº 41, MAPA, Brasília, DF, 1º março de nº 41, MAPA, Brasília, DF, 12 de dezembro de
2007, Seção 1, p.1-43. 2013, Seção 1.
BRASIL, Instrução Normativa nº 53, de 23 de CARVALHO, F.J.P.C. Segregação de fertilizan-
outubro de 2013. Estabelece as definições, a tes ensacados em “Big Bag”. 2001. 110f. Tese
classificação, o registro e renovação de regis- (Doutorado em Engenharia Química) – Escola
tro de estabelecimento, o registro de produto, Politécnica, Universidade de São Paulo, São
a autorização de comercialização e uso de ma- Paulo, 2001.
teriais secundários, o cadastro e renovação de RODELLA, A.A.; ALCARDE, J.C. Variabilidade
cadastro de prestadores de serviços de arma- na composição de misturas de fertilizantes
zenamento, de acondicionamento, de análises decorrente de segregação e estimativa do efei-
laboratoriais, de empresas geradoras de mate- to sobre a produtividade da cana-de-açúcar.
riais secundários e de fornecedores de miné- STAB: Açúcar, Álcool e Subprodutos, Piracica-
rios, a embalagem, rotulagem e propaganda de ba, v.13, p.14-19, 1994.
produtos, as alterações ou os cancelamentos SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE DO ESTADO
de registro de estabelecimento, produto e ca- DE SÃO PAULO (SMA), Resolução SMA nº 90,
dastro e os procedimentos a serem adotados de 13 de novembro de 2012, publicada no Di-
na inspeção e fiscalização da produção, im- ário Oficial do Estado de São Paulo em 14-11-
portação, exportação e comércio de fertilizan- 2012, seção I, p.66-67. Acesso em: 8/9/2014,
tes, corretivos, inoculantes, biofertilizantes e em: http://www.ambiente.sp.gov.br/legislacao/
materiais secundários; o credenciamento de resolucoes-sma/resolucao-sma-9-2012/
instituições privadas de pesquisa; e requi-
SILVA, G.A. Estudo da segregação em ferti-
sitos mínimos para avaliação da viabilidade e
lizantes. 1995. 169f. Tese (Livre-Docência) –
eficiência agronômica e elaboração do relatório
Escola Politécnica, Universidade de São Paulo,
técnico-científico para fins de registro de fer-
São Paulo, 1995.
tilizante, corretivo e biofertilizante na condição
de produto novo. Diário Oficial da União, MAPA, TRANI, P.E.; TRANI, A.L. Fertilizantes: Cálculo
Brasília, DF, 24 de outubro de 2013, Seção 1. de fórmulas comerciais. Campinas: Instituto
Agronômico, 2011. 29p.(Boletim Técnico IAC,
BRASIL, Portaria SDA Nº 219, 13 de dezembro
208).
de 2011. Credenciamento do laboratório do
IAC. Diário Oficial da União nº 239, MAPA, Bra- MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE (MMA); CO-
sília, DF, 14 de dezembro de 2011, Seção 1, p.11. NAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente.
Resolução 375. Critérios e procedimentos para
BRASIL, Limites para contaminantes, 5 de
o uso agrícola de lodos de esgoto gerados em
junho de 2006. Diário Oficial da União nº 110,
estações de tratamento de esgoto sanitário e
MAPA, Brasília, DF, 9 de junho de 2006, Seção
seus produtos derivados. Brasília, 2006. 32p.
1, p.15.
Macaúba
Promessa brasileira de planta oleaginosa para
produção de energia renovável sustentável
D
entre os principais desafios o biodiesel emite 57% menos gases
mundiais, a população, que poluentes que o diesel mineral. Com
passará dos atuais 7 bilhões isso, são evitadas 12.945 internações
para aproximadamente 9 bilhões de ha- por ano resultantes de doenças respi-
bitantes em 2050, é dos mais preocu- ratórias e que sejam poupadas 1.838
pantes e com forte impacto no aumento vidas pela mesma razão (FGV, 2012).
do consumo de energia e alimentos. No Brasil, a principal matéria-prima
Atualmente, derivados de petróleo, car- para produção de biodiesel provém da
vão e gás natural representam as princi- soja, com participação de 75% da de-
pais fontes energéticas e são a causa de manda atual. Estima-se que a área plan-
sérios desafios ambientais que o mun- tada adicional necessária para atender
do contemporâneo tem que equacionar. ao percentual atual de mistura de bio-
Em 2013, o consumo de diesel no país diesel ao diesel de petróleo seria da
foi da ordem de 18,8%, contra 9,4% da ordem de 6 milhões de hectares, pois
gasolina e 4,8% do etanol (BEN, 2014). de acordo com estimativas oficiais,
Assim, visando estimular o aumento da serão necessários 4,3 bilhões de litros Carlos A. Colombo1
biomassa energética e gerar renda aos de biodiesel em 2015. Portanto, existe Joaquim A. de Azevedo Filho2
produtores, o governo brasileiro regu- enorme descompasso entre a oferta e Luiz H. Chorfi Berton3
Cássia R. Limonta Carvalho4
lamentou em 2005 o Programa de Pro- a necessidade de biodiesel e o grande Walter J. Siqueira5
dução e Utilização do Biodiesel (PNPB), desafio é conciliar a expansão de áreas
que estabelece o uso de misturas cres- agricultáveis com ocupação ordenada
centes de biodiesel ao diesel de petróleo e sustentável do espaço agrícola, com
em todo o território nacional. vistas a atender a demanda energética
A partir de novembro de 2014 a adi- e de alimentos, simultaneamente.
ção de biodiesel passou a ser de 7%, Dentre as espécies florestais des-
e deve chegar a 10% em 2020, o que tinadas a produzir biodiesel, as pal-
sinaliza concretamente o desejo do meiras, nativas e exóticas, têm amplo
1 Instituto Agronômico, Centro de Recursos
governo federal de incrementar a pro- potencial de utilização, com especial Genéticos Vegetais, ccolombo@iac.sp.gov.br
dução do combustível verde sustentá- destaque para Acrocomia aculeata 2 APTA, Polo Regional do Leste Paulista, Monte
vel. Esta produção agregou, de 2008 a (Jacq) Lodd. ex. Mart. (Arecaceae), Alegre do Sul (SP), joaquimadelino@apta.sp.gov.br.
2012, mais de R$ 12 bilhões ao Produ- popularmente mais conhecida como 3 Aluno de doutorado do Instituto Agronômico
4 Instituto Agronômico, Centro de Recursos Genéticos
to Interno Bruto (PIB) do país e gerou macaúba ou bocaiuva (Figura 1). A Vegetais, climonta@iac.sp.gov.br.
86.112 empregos, incluindo a agricul- espécie apresenta ampla distribuição 5 Instituto Agronômico, Centro de Recursos
tura familiar. Segundo levantamento geográfica, ocorrendo na América Genéticos Vegetais, walterjs@iac.sp.gov.br
76
oleaginosas destinadas a produção de biocombustíveis.
O Agronômico | v. 64-66 | 2014
INFORMAÇÕES TÉCNICAS
77
margens de estradas, áreas de relevo apenas para o Estado de São Paulo.
O Agronômico | v. 64-66 | 2014
INFORMAÇÕES
BALANÇO HÍDRICO
TÉCNICAS
79
BH 179,2 -12,8 -37,8 -12,9 0,0 46,9 -7,8 -44,8 -87,5 -114,5 -13,2 0,0
Balanço hídrico
Esta resenha apresenta os da- caso de Adamantina, Assis, Campinas,
dos mensais de temperatura média Limeira, Mococa, Monte Alegre do Sul,
(Tmed), total de precipitação (Prec) Pindorama, Piracicaba, Ribeirão Preto
e resultados do Balanço Hídrico (BH) e Votuporanga.
para localidades do Estado de São No mês de outubro, foram registra-
Paulo, no ano de 2013. dos volumes de precipitação menores,
Embora seja comum a ocorrência o que resultou em deficiência hídrica
de chuvas abundante no mês de ja- em Adamantina, Assis, Campinas, Ca-
neiro, nesse ano em algumas localida- pão Bonito, Mococa, Pariquera Açu,
des as chuvas foram abaixo da média Pindorama, Pindamonhangaba, Ri-
histórica e esperada. As chuvas em beirão Preto e Votuporanga. Situação
menor volume aliadas a altas tempe- essa de deficiência hídrica no solo, que
raturas típicas da época, ocasionaram se estendeu até o inverno.
deficiência hídrica em Assis, Jundiaí, e Esses veranicos influenciam dire-
Votuporanga. Em fevereiro foi obser- tamente no florescimento de culturas
vado deficiência hídrica em Adaman- perenes, não irrigadas, como café,
tina, Pariquera Açu e Piracicaba. Em citrus e cana de açúcar. Afetou dire-
geral, nesses meses de verão foram tamente na produtividade e qualidade
observadas temperaturas médias ele- dos grãos de milho safrinha em re-
vadas em todo o estado, porém dentro giões como Vale do Paranapanema,
da normalidade. Em alguns locais os Mococa, Pindorama e Votuporanga.
valores registrados foram mais eleva- No caso de culturas perenes, além de
dos quando comparados com valores prejudicar a safra atual, provoca da-
registrados no ano anterior, como o nos na planta que afetam a produção
da safra seguinte.
Embora, os meses de outubro-no-
vembro-dezembro sejam caracteriza-
dos como sendo meses com aumento
significativo do volume de precipitação,
esse ano, diversas regiões do estado
tiveram registrados volumes abaixo do
esperado para a época ( Adamantina,
Assis, Campinas, Monte Alegre do Sul,
Piracicaba e Votuporanga). Com volu-
me de precipitação abaixo do normal
e esperado para a época e ocorrência
de altas temperaturas, normais para a
época, foi observada deficiência hídri-
80 O Agronômico | v. 64-66 | 2014
ca em diversas regiões do Estado.
RESENHA
BALANÇO
CLIMATOLÓGICA
HÍDRICO
82
getativo afetou diretamente o tamanho capital paulista e região metropolitana.
O Agronômico | v. 64-66 | 2014
BALANÇO HÍDRICO