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Manual Técnico 72

Governador do Estado
Alberto Goldman

Secretário de Agricultura e Abastecimento


João Sampaio

Secretário-Adjunto
Antônio Junqueira

Chefe de Gabinete
Antônio Vagner Pereira

Coordenador/Assistência Técnica Integral


José Luiz Fontes

Diretor/Departamento de Comunicação e Treinamento


Ypujucan Caramuru Pinto

Diretor/Departamento de Sementes, Mudas e Matrizes


Armando Azevedo Portas

Diretor/Divisão de Extensão Rural


João Brunelli Júnior

Coordenador/Defesa Agropecuária
Cláudio Alvarenga de Melo

Coordenador/Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios


Orlando Melo de Castro

Diretor/Departamento de Descentralização e Desenvolvimento


Alceu de Arruda Veiga Filho
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
SECRETARIA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO
COORDENADORIA DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA INTEGRAL - CATI

A CULTURA DA

SERINGUEIRA
PARA O ESTADO DE SÃO PAULO
Coordenadora: Elaine Cristine Piffer Gonçalves

AUTORES

COMISSÃO TÉCNICA DA SERINGUEIRA

Afonso Pedro Brioschi – CATI Regional Presidente Prudente


Altino Aldo Ortolani – IAC (Campinas)
Antonio de Noronha Bacchiega – CATI Regional São José do Rio Preto
Antonio Lúcio Mello Martins – APTA (Centro-Leste)
Carlos Alberto de Luca – CATI Regional Fernandópolis
Corali Maria do Amaral Pacheco Franchin – CDA (Marília)
Elaine Cristine Piffer Gonçalves – APTA (Alta Mogiana)
Harley Carlos de Araújo – Casa da Agricultura de Poloni
João Belato – Codeagro
José Fernando Canuto Benesi – APTA (Alta Mogiana)
Maria Argentina Nunes de Mattos – CDA (São José do Rio Preto)
Norberto L. Oliveira Filho – CATI Regional Marília
Paulo de Souza Gonçalves – IAC (Campinas)

Edson Luiz Furtado – Professor FCA/Unesp – Botucatu


Francisco José do Nascimento Kronka – Instituto Florestal/SMA
Marineide Rosa Vieira – Professora FEIS/Unesp – Ilha Solteira

Manual Técnico CATI Campinas (SP) n.o 72 setembro 2010


EDIÇÃO E PUBLICAÇÃO

Departamento de Comunicação e Treinamento - DCT


Diretor: Ypujucan Caramuru Pinto

Centro de Comunicação Rural - CECOR


Diretora: Maria Rita Pizol G. Godoy

Editora-chefe: Maria Rita Pizol G. Godoy


Editora Responsável: Graça D’ Auria
Revisora: Marlene M. Almeida Rabello
Revisão Bibliográfica: Nadir Umbelina da Silva

Designer gráfico: Paulo Santiago


Ilustração: Antônio José Ribeiro
Fotografias: Bancos de Imagens: APTA, CATI, CDA, IAC,
Instituto Florestal/SMA, Unesp e colaboradores

Distribuição: Carmen Ivani Garcez

Esta publicação é dirigida aos


técnicos da CATI, produtores e/ou interessados.

É permitida a reprodução parcial, desde que citada a fonte.


A reprodução total depende de autorização expressa da CATI

SAA. Comissão Técnica da Seringueira e outros.


A Cultura da Seringueira para o Estado de São Paulo. 2 ed. Coordenado por
Elaine Cristine Piffer Gonçalves. Campinas, CATI 2010.
163p. ilus. 28cm (Manual Técnico, 72)

CDD 634.9865
PREFÁCIO

Produzir borracha natural é acreditar no futuro. Com esta certeza é que estamos reeditando o Ma-
nual Técnico A Cultura da Seringueira para o Estado de São Paulo, apostando na qualificação do
produtor, no seu preparo e na instrução como forma de produzir e adaptar tecnologia à cadeia produtiva.

O potencial de crescimento do setor de borracha natural vislumbra um horizonte de rentabilidade


para o produtor, baseado num quadro atual de demanda maior que oferta além de uma tendência de
mercado para os produtos ambientalmente sustentáveis.

Para colaborar com os nossos produtores de borracha natural e, orgulhosamente, incluo-me como
um entusiasmado participante dessa atividade, este manual congrega pesquisa e assistência técnica,
que foram, no passado, responsáveis pelo desenvolvimento da heveicultura no Estado de São Paulo.
Hoje, correspondemos a mais de 60% da produção brasileira; a terra, a tecnologia e os produtores
paulistas devem garantir que continuemos produzindo e com qualidade.

No Estado de São Paulo, também reativamos a comissão de seringueira dentro da Secretaria de


Agricultura e Abastecimento. No âmbito dos institutos de pesquisa, tornamos prioritárias as ações de
pesquisa e desenvolvimento para novas variedades, que só foi possível graças à admissão de novos
pesquisadores dedicados à atividade. Isso reflete também no acesso dos produtores à tecnologia e
consequente aumento da área de plantio.

Além disso, a criação de uma linha de financiamento específica aos produtores paulistas pelo Banco
do Brasil, considerando todas as particularidades do cultivo da seringueira, também foi uma vitória do
setor. De olho no contexto econômico e ambiental da atividade, acreditamos que este manual venha
contribuir ainda mais para o desenvolvimento da heveicultura paulista.

João Sampaio
Produtor de borracha natural e
Secretário de Agricultura e Abastecimento

i
APRESENTAÇÃO

A seringueira [Hevea brasiliensis (Willd. ex Adr. de Juss.) Muell.-Arg.] foi introduzida em São Paulo
em 1917, com sementes fornecidas pelo Marechal Rondon ao Coronel Procópio Ferraz, proprietário da
Fazenda Santa Sofia, município de Boa Esperança do Sul, que obteve um primeiro lote de 30 plantas. Em
1941, o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) instalou as primeiras plantações nas antigas Estações
Experimentais de Campinas, Ribeirão Preto e Pindorama, constatando, por meio de balanços hídrico e
climático, a viabilidade da heveicultura no Estado de São Paulo. Tal comprovação permitiu ao Governo
do Estado, por meio da Secretaria da Agricultura e Abastecimento, traçar, em 1948, as diretrizes para
o desenvolvimento da cultura da seringueira em São Paulo.

Em 1990, a produção no Estado era de 5 mil toneladas. Ao longo de 20 anos (1990 a 2010) houve um
aumento significativo da produção, atingindo, em 2010, um total de aproximadamente 65 mil toneladas
de borracha natural produzidas no Estado de São Paulo, que representam mais de 50% da produção
nacional, seguida por Mato Grosso e Bahia com 25% e 14%, respectivamente.

Atualmente, o Estado de São Paulo conta com mais de 40 milhões de pés de seringueira em 85
mil hectares distribuídos por 4.500 produtores que empregam cerca de 15 mil trabalhadores. Destes
plantios, 60% estão em produção e, quando todas os seringais paulistas vierem a produzir plenamente,
isto é, atingirem a meta de 1.500kg de borracha seca por hectare, a safra estadual será de aproxima-
damente 125 mil toneladas. Entretanto, esse montante representa ainda muito pouco se levarmos em
consideração que em 2009 o Brasil importou mais de 200 mil toneladas do produto. Há, portanto, um
mercado pronto a absorver toda a produção e São Paulo tem se destacado nessa oferta.

Ainda em 2008, considerando que mudas de seringueira são de peculiar interesse para o Estado, a
Comissão Técnica da Seringueira começou a estudar a elaboração de uma legislação com a finalidade
de orientar e fiscalizar a produção de mudas. Na ocasião, as Casas da Agricultura da Coordenadoria
de Assistência Técnica Integral (CATI) fizeram um levantamento dos viveiros de mudas de seringueira
existentes em todo o Estado de São Paulo e o resultado mostrou a existência de, aproximadamente, 12
milhões de mudas em formação, que estão sendo produzidas sem nenhum controle dos órgãos oficiais.

Estabeleceram-se, então, as Normas de Produção de Mudas de Seringueira para, posteriormente,


serem oficializados o Programa de Cadastro de Plantas Matrizes e Jardim Clonal e o Cadastro de Vi-
veiros e Depósitos de Mudas de seringueira, que serão fiscalizados pelos técnicos da Coordenadoria
de Defesa Agropecuária (CDA/SAA).

No início de 2009, foi elaborada a Minuta da Resolução que estabelece as Normas e as Medidas de
Defesa Sanitária Vegetal e a Certificação de Conformidade Fitossanitária de Mudas de Seringueira no

iii
Estado de São Paulo. Após a emissão dessa Resolução pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento
do Estado de São Paulo, os viveiristas passarão a ser orientados e fiscalizados sobre as exigências
para a planta fornecedora de material de propagação assexuada e as exigências fitossanitárias para
a produção de mudas. Dessa forma, o heveicultor paulista poderá adquirir mudas fiscalizadas e com
Certificação de Conformidade Sanitária e estará garantido quanto à sanidade e à cultivar eleita, tanto
para porta-enxerto como para copa. A Resolução estabelece, também, as normas de comercialização
e trânsito das mudas de seringueira.

Concluindo, verifica-se que ao longo desses anos o Estado de São Paulo vem se aprimorando na
produção de pesquisas e informações que contribuíram significativamente para a expansão da cultura e
o aumento de produção do Estado. Esta publicação, elaborada pela Comissão Técnica da Seringueira
da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, com a colaboração de autores
convidados, retrata todos esses avanços e traz recomendações técnicas confiáveis e esclarecedoras
para que se possa realizar uma heveicultura de sucesso.

Comissão Técnica da Seringueira do Estado de São Paulo

iv
SUMÁRIO

PREFÁCIO ............................................................................................................................................ i
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. iii
A CULTURA DA SERINGUEIRA PARA O ESTADO DE SÃO PAULO ................................................ 1
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 1
2. CLIMA E ZONEAMENTO .................................................................................................................. 1
2.1. Zoneamento agroclimático ............................................................................................................. 1
2.2. Geadas e meios de prevenção e proteção do seringal .................................................................. 3
2.2.1. Localização geográfica ................................................................................................................ 3
2.2.2. Altitude......................................................................................................................................... 3
2.2.3. Relevo local ................................................................................................................................. 3
2.2.4. Topografia e planejamento na propriedade ................................................................................ 3
2.2.5. Efeitos de lagos e represas ......................................................................................................... 4
2.2.6. Aproveitamento do calor do solo ................................................................................................. 4
2.2.7. Proteção do caule........................................................................................................................ 5
2.2.8. Cobertura direta de plantas jovens.............................................................................................. 5
2.2.9. Outros métodos diretos de controle de geada ........................................................................... 5
3. PRODUÇÃO DE MUDAS .................................................................................................................. 5
3.1. Viveiro............................................................................................................................................. 5
3.2. Germinador ou sementeira ............................................................................................................. 6
3.3. Tipos de viveiros............................................................................................................................. 9
3.4. Preparo do solo ............................................................................................................................ 10
3.4.1. Viveiro no campo ....................................................................................................................... 10
3.4.2. Viveiro ensacolado .................................................................................................................... 10
3.5. Espaçamento ............................................................................................................................... 11
3.5.1 Viveiro no campo ........................................................................................................................ 11
3.5.2. Viveiro ensacolado .................................................................................................................... 11
3.6. Repicagem ................................................................................................................................... 12
3.7. Condução do viveiro ..................................................................................................................... 13
3.8. Tipos de mudas ............................................................................................................................ 14
3.8.1. Mudas de raiz-nua ..................................................................................................................... 14
3.8.2. Mudas em saco plástico ............................................................................................................ 15
3.8.3. Porta-enxertos formados em sacos plásticos ........................................................................... 17
3.9. Enxertia ........................................................................................................................................ 17
3.10. Jardim clonal .............................................................................................................................. 18
3.10.1. Diversificação do material ...................................................................................................... 20
3.10.2. Tratos culturais ........................................................................................................................ 20
3.10.3. Qualidade de borbulhas produzidas ........................................................................................ 21
3.10.4. Coleta de hastes...................................................................................................................... 21
3.10.5. Embalagens e transporte de hastes ........................................................................................ 23
3.10.6. Cuidados na escolha de mudas .............................................................................................. 24
4. CLONES RECOMENDADOS.......................................................................................................... 25
v
4.1. Identificação ................................................................................................................................. 25
4.2. Clones de importância comercial ................................................................................................. 26
4.3. Porta-enxertos .............................................................................................................................. 31
4.4.Recomendações para plantio ........................................................................................................ 33
4.5. Escala de recomendações ........................................................................................................... 37
5. IMPLANTAÇÃO ............................................................................................................................... 38
5.1. Escolha e localização da área ...................................................................................................... 38
5.2. Preparo da área............................................................................................................................ 38
5.3.Densidade e locação do seringal .................................................................................................. 38
5.4.Preparo da cova de plantio............................................................................................................ 39
5.5.Seleção e transporte de mudas..................................................................................................... 39
5.6. Plantio........................................................................................................................................... 40
5.7. Replantio ...................................................................................................................................... 42
5.8.Controle de plantas invasoras ....................................................................................................... 43
5.9.Desbrotas ...................................................................................................................................... 44
6. CONDUÇÃO DO SERINGAL .......................................................................................................... 44
6.1. Manejo químico e cultural de plantas invasoras........................................................................... 44
6.2. Desbrotas ..................................................................................................................................... 46
7. NUTRIÇÃO MINERAL E ADUBAÇÃO DA SERINGUEIRA ............................................................ 46
7.1. Nutrição mineral ........................................................................................................................... 46
7.1.1. Funções dos nutrientes ............................................................................................................. 47
7.1.2. Absorção e movimento de nutrientes na planta ........................................................................ 48
7.1.3. Exigências nutricionais ............................................................................................................. 49
7.1.4. Sintomas de deficiências de nutrientes ..................................................................................... 51
7.1.5. Estado nutricional ..................................................................................................................... 55
7.2. Adubação da seringueira.............................................................................................................. 57
7.2.1. Adubação para a formação de mudas ...................................................................................... 58
7.2.2. Adubação de plantio .................................................................................................................. 59
7.2.3. Adubação de pós-plantio (primeiro ano) ................................................................................... 59
7.2.4. Adubação de formação e produção .......................................................................................... 59
8. DOENÇAS ...................................................................................................................................... 60
8.1. Doenças – viveiros ....................................................................................................................... 60
8.1.1. Patógenos associados às sementes ......................................................................................... 60
8.1.2. Morte de plântulas ..................................................................................................................... 61
8.1.3. Doenças foliares ........................................................................................................................ 61
8.2. Doenças - formação das plantas até a sangria ............................................................................ 68
8.2.1. Mal-das-folhas da seringueira ................................................................................................... 68
8.2.2. Antracnose de folhas ................................................................................................................. 69
8.2.3. Oídio .......................................................................................................................................... 69
8.2.4. Doenças do tronco .................................................................................................................... 69
8.2.5. Nematoides associados à cultura da seringueira ...................................................................... 72
8.3. Doenças no seringal adulto (em sangria) ..................................................................................... 74
8.3.1. Oídio .......................................................................................................................................... 74
8.3.2. Mal-das-folhas ........................................................................................................................... 75
8.3.3. Doenças do painel de sangria ................................................................................................... 75
9. PRAGAS E SEU CONTROLE ......................................................................................................... 83
9.1.Ácaros ........................................................................................................................................... 83
9.1.1. Calacarus heveae – microácaro-da-face-superior-da-folha-de-seringueira .............................. 83
9.1.2. Tenuipalpus heveae – ácaro-plano-vermelho-da-seringueira ................................................... 86
9.1.3. Prejuízos dos ácaros C. heveae e T. heveae............................................................................ 88
9.2.Outras espécies de ácaros ............................................................................................................ 88
vi
9.2.1. Ácaros fitófagos ......................................................................................................................... 88
9.2.2. Ácaros predadores .................................................................................................................... 89
9.3. Manejo para controle de ácaros ................................................................................................... 90
9.3.1. Clones ....................................................................................................................................... 90
9.3.2. Controle químico ....................................................................................................................... 92
9.3.3. Controle biológico ...................................................................................................................... 95
9.3.4. Culturas consorciadas ............................................................................................................... 96
9.4. Leptopharsa heveae – percevejo-de-renda ................................................................................ 97
9.4.1. Manejo ....................................................................................................................................... 99
9.4.2. Controle químico ....................................................................................................................... 99
9.4.3. Controle biológico ...................................................................................................................... 100
9.5. Mandarová.................................................................................................................................... 101
9.6. Formigas....................................................................................................................................... 102
9.7. Cochonilhas .................................................................................................................................. 103
9.8. Moscas-brancas e tripes .............................................................................................................. 103
9.9. Coleópteros .................................................................................................................................. 103
9.10. Pragas sazonais ......................................................................................................................... 104
10. NOTAÇÃO DE SANGRIA.............................................................................................................. 105
10.1. Símbolo de corte ........................................................................................................................ 106
10.2. Comprimento do corte da sangria .............................................................................................. 106
10.3. Quantidade de cortes ................................................................................................................. 107
10.4. Direção da sangria ..................................................................................................................... 107
10.5. Frequência da sangria ................................................................................................................ 108
10.6. Periodicidade .............................................................................................................................. 109
10.7. Número de dias de sangria realizada ......................................................................................... 109
10.8. Mudança de sistema .................................................................................................................. 110
10.9. Sangria combinada..................................................................................................................... 111
10.10. Protetor contra chuva ............................................................................................................... 112
10.11. Notação sobre painel................................................................................................................ 112
10.12. Notações sobre estimulação .................................................................................................... 113
10.12.1. Estimulante ............................................................................................................................ 113
10.12.2. Aplicação ............................................................................................................................... 114
10.12.3. Periodicidade ......................................................................................................................... 115
10.12.4. Notações completas sobre estimulação ................................................................................ 115
10.12.5. Intensidade da sangria .......................................................................................................... 115
10.12.6. Exemplos de Notações completas ........................................................................................ 116
11.EXPLOTAÇÃO DO SERINGAL...................................................................................................... 117
11.1. Parâmetros técnicos e socioeconômicos para início da explotação .......................................... 117
11.2. Fatores relacionados ao clima.................................................................................................... 117
11.3. Preparo do seringal .................................................................................................................... 118
11.3.1. Operações para abertura do painel ........................................................................................ 119
11.3.2. Equipamentos necessários ..................................................................................................... 122
11.3.3. Equipagem das árvores para a sangria................................................................................... 122
11.4. Sangria ....................................................................................................................................... 123
11.4.1. Consumo de casca .................................................................................................................. 123
11.4.2. Estimulação ............................................................................................................................. 124
11.4.3. Balanceamento do painel ........................................................................................................ 125
11.5. Coleta e armazenamento do látex.............................................................................................. 125
11.6. Centro de coleta ......................................................................................................................... 126

vii
12. DETERMINAÇÃO DO CONTEÚDO DE BORRACHA SECA NO LÁTEX (DRC) E DA
QUANTIDADE DE BORRACHA SECA EM COÁGULOS DE BORRACHA NATURAL ...................... 127
13. RECOMPOSIÇÃO DA RESERVA LEGAL COM USO DO SISTEMA AGROFLORESTAL (SAF)
COM SERINGUEIRA .......................................................................................................................... 128
13.1. Exemplos de arranjos de SAF com seringueira ......................................................................... 129
14. USO POTENCIAL DA MADEIRA DA SERINGUEIRA ................................................................. 130
14.1. A demanda por produtos da madeira no Brasil: a situação peculiar da seringueira .................. 130
14.2. O segmento moveleiro ............................................................................................................... 132
14.3. Perspectivas de utilização da madeira da seringueira: o caso específico do Estado de
São Paulo. ........................................................................................................................................... 133
14.4. Consumo de madeira tropical na região dos polos moveleiros .................................................. 134
14.5. Principais características da madeira da seringueira ................................................................. 135
14.6. Aproveitamento dos plantios para uso múltiplo .......................................................................... 135
14.7. Rendimentos na conversão da tora para madeira serrada ........................................................ 137
14.8. Tratamento preservativo e secagem da madeira da seringueira ............................................... 138
14.9 Indicações iniciais para usos da madeira da seringueira ............................................................ 138
14.10. Utilização da madeira da seringueira para laminação na produção de compensados ............ 139
14.11. Biomassa para energia (lenha, cavaco, pellet) ........................................................................ 140
15. PRODUTOS COMPLEMENTARES NA EXPLORAÇÃO DO SERINGAL..................................... 140
15.1. Produção de óleo das sementes ................................................................................................ 140
15.1.1. Uso do óleo ............................................................................................................................. 141
15.2. Produção de torta ....................................................................................................................... 141
15.3. Produção de mel ........................................................................................................................ 141
16. ESTUDO ECONÔMICO DA CULTURA DA SERINGUEIRA ........................................................ 141
16.1. Operação “preparo do solo” ....................................................................................................... 142

ANEXO – Cálculos para levantamento de custos de implantação de seringal .................................. 144


1. OPERAÇÕES HM/ha (Horas-máquina/hectare) e HH/ha (Horas-homens/hectare) ....................... 144
2. MATERIAL CONSUMIDO ............................................................................................................... 148
3. OUTRAS DESPESAS (modelo) ...................................................................................................... 149
4. ENCARGOS FINANCEIROS (Juros sobre capital utilizado)........................................................... 149
5. DEPRECIAÇÃO DE MÁQUINAS E IMPLEMENTOS...................................................................... 150
6. DEPRECIAÇÃO DE BENFEITORIAS EM INSTALAÇÕES ............................................................ 151
7. ADMINISTRAÇÃO E DESPESAS GERAIS .................................................................................... 151
8. CÁLCULO DO CUSTO DE HORA/MÁQUINA ................................................................................ 152
9. CÁLCULO DO CUSTO DA MÃO-DE-OBRA ................................................................................... 152
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................... 153

viii
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Carta da aptidão climática da heveicultura no Estado de São Paulo. ................................. 2


Figura 2 – Representação esquemática dos efeitos micro e topoclimático sobre a temperatura do
ar em noite de geada............................................................................................................................. 4
Figura 3 – Germinador .......................................................................................................................... 6
Figura 4 – Germinador com umidade ideal. .......................................................................................... 6
Figura 5 – Estádios de germinação da semente, da esquerda para a direita: semente,
‘ponto branco’, ‘pata-de-aranha’ e ‘palito’.............................................................................................. 7
Figura 6 – Estádio de ‘palito’ – Ideal para repicagem. .......................................................................... 7
Figura 7– Acondicionamento de plântulas para repicagem .................................................................. 8
Figura 8 – Endosperma ruim (à esquerda) e endosperma bom (semente túrgida). ............................. 9
Figura 9 – Viveiro no campo após repicagem ....................................................................................... 10
Figura 10 – Viveiro no campo (antes da enxertia)................................................................................. 10
Figura 11 – Viveiro ensacolado. ............................................................................................................ 11
Figura 12 – Repicagem em viveiro no campo. ...................................................................................... 12
Figura 13 – Etapas da repicagem em viveiros ensacolados. ................................................................ 13
Figura 14 - Muda de raiz-nua. ............................................................................................................... 14
Figura 15 - Muda de raiz-nua – efeito do hormônio alfanaftaleno acetato de sódio (enraizamento). ... 14
Figura 16 – Mudas ensacoladas. .......................................................................................................... 16
Figura 17 – Toco parafinado em saco plástico...................................................................................... 17
Figura 18 – Etapas da enxertia (retirada da borbulha, abertura da janela, colocação da borbulha e
amarrio) ................................................................................................................................................. 18
Figura 19 – Jardim clonal – hastes maduras......................................................................................... 19
Figura 20 – Jardim clonal – hastes verdes. ........................................................................................... 19
Figura 21 – Etapas da retirada de hastes (corte da haste, toalete e aplicação de fungicida). .............. 22
Figura 22 – Etapas para embalagem e transporte das hastes. ............................................................ 23
Figura 23 – Gema de catáfilo. .............................................................................................................. 24
Figura 24 – Muda com folhas encarquilhadas pela deriva de herbicida. .............................................. 24
Figura 25 – Manchas características sobre a casca externa (testa) da semente que poderão
contribuir para a identificação do clone. ................................................................................................ 26
Figura 26 – Visão geral do clone IAC 35, com três anos de idade, na região noroeste do Estado de
São Paulo. Observa-se nas entrelinhas a Pueraria phaseoloides. ....................................................... 29
Figura 27 – Desempenho do vigor de seis clones de seringueira nos períodos: pré (vermelho) e
pós-sangria (azul) de seis diferentes porta-enxertos em 18 anos de avaliação. ................................. 31
Figura 28 – Desempenho produtivo de seis clones de seringueira em função de seis diferentes
porta-enxertos, em nove anos de avaliação.......................................................................................... 32
Figura 29 – Abertura de cova mecanicamente...................................................................................... 39
Figura 30 – Coveta com lama ............................................................................................................... 40
Figura 31 – Introdução da muda na coveta ........................................................................................... 40
Figura 32 – Muda em desenvolvimento: “esporinha”, lançamento novo e lançamento maduro,
repectivamente ...................................................................................................................................... 41
Figura 33 – Plantio ................................................................................................................................ 41
ix
Figura 34 – Plantio de muda ensacolada .............................................................................................. 42
Figura 35 – Replantio de mudas ........................................................................................................... 42
Figura 36 – Linha de plantio isenta de plantas invasoras por método químico. ................................... 43
Figura 37 – Faixa de plantio mantida livre de plantas daninhas (seringal com 3 meses
após o plantio). ...................................................................................................................................... 43
Figura 38 – Aumento da faixa livre de plantas daninhas (seringal irrigado: 1 ano). ............................. 45
Figura 39 – Seringal livre de plantas daninhas (com 2 anos e meio). .................................................. 45
Figura 40 – Acúmulo dos macronutrientes (A) e dos micronutrientes (B) da seringueira em função
da idade. ............................................................................................................................................... 50
Figura 41 – Sintomas de deficiência de N ............................................................................................. 52
Figura 42 – Sintomas de deficiência de P ............................................................................................. 52
Figura 43 – Sintomas de deficiência de K. ............................................................................................ 53
Figura 44 – Sintomas de deficiência de Mg .......................................................................................... 53
Figura 45 – Sintomas de deficiência de Ca ........................................................................................... 53
Figura 46 – Sintomas de deficiência de S. ............................................................................................ 53
Figura 47 – Sintomas de deficiência de B. ............................................................................................ 53
Figura 48 – Sintomas de deficiência de Cu. .......................................................................................... 54
Figura 49 – Sintomas de deficiência de Fe. .......................................................................................... 54
Figura 50 – Sintomas de deficiência de Mn. ......................................................................................... 54
Figura 51 – Folíolos com lesões do mal-das-folhas nas fases conidial (A) e ascógena (B). ................ 61
Figura 52 – Lesões de antracnose em: hastes (A); desfolha de ponteiros em árvores adultas (B);
frutos colonizados por antracnose (C)................................................................................................... 63
Figura 53 – Sintomas de antracnose..................................................................................................... 64
Figura 54 – Sintomas de antracnose causados pelo Colletotrichum gloeosporioides em placa de
enxerto................................................................................................................................................... 64
Figura 55 – Sintomas do ataque do oídio: desfolhas causadas por oídio (A); clone resistente e
suscetível a oídio nas folhas maduras (B)............................................................................................. 65
Figura 56 – Sintomas de mancha-concêntrica em folíolos de seringueira. ........................................... 66
Figura 57 – Folíolos com lesões (A) e plantas com desfolha de ponteiros (B). .................................... 67
Figura 58 – Folíolos com lesões de Cercospora sp .............................................................................. 67
Figura 59 – Lesão em “V” invertido, causada por Lasiodiplodia theobromae ...................................... 69
Figura 60 – Podridão na base da planta ............................................................................................... 70
Figura 61 – Aspecto da parte aérea das árvores lesionadas ................................................................ 70
Figura 62 – Tratamento com pasta fungicida ........................................................................................ 70
Figura 63 – Aspecto das plantas após tratamento ............................................................................... 70
Figura 64 – Sintomas de rubelose: planta jovem (A), galhos (B), tronco (C) ........................................ 71
Figura 65 – Raízes de seringueira com galhas provocadas por Meloidogyne exigua. ......................... 72
Figura 66 – Raízes de seringueira sem sintoma (à esquerda) e com sintoma de ataque de
Meloidogyne incognita (à direita); reparar na deformação das radicelas e presença de massas
de ovos. ................................................................................................................................................. 72
Figura 67 – Plantas adultas de seringueira com desgalhamento provocado pela alta infestação de
M. exigua. .............................................................................................................................................. 74
Figura 68 – Sintomas do mal-das-folhas. .............................................................................................. 75
Figura 69 – Sintomas de antracnose em painéis de sangria: fase inicial (A); estrias longitudinais no
lenho (B/C); estádio avançado da doença (D). ..................................................................................... 76
Figura 70 – Sintomas de mofo-cinzento (A/B); nodulosidades provocadas pelo patógeno (C). ........... 77
Figura 71 - Cancro-estriado do painel sem exsudação (A); com exsudação do látex (B) .................... 78
Figura 72 – Painel de sangria com sintomas de seca-do-painel. .......................................................... 81
Figura 73 – Seca de causa fisiológica ................................................................................................... 83

x
Figura 74 – Seca de causa patológica .................................................................................................. 83
Figura 75 – Ovos, ácaros e exúvias de Calacarus heveae ................................................................... 85
Figura 76 – Sintoma típico de Calacarus heveae em folha de seringueira. .......................................... 85
Figura 77 – Sintoma do ataque de Calacarus heveae em folhas de seringueira. ................................. 85
Figura 78 – Escurecimento do limbo foliar provocado pelo ataque de Calacarus heveae ................... 85
Figura 79 – Desfolhamento observado em seringueiras devido ao ataque de ácaros (A); área
testemunha sem pulverização (B). ........................................................................................................ 85
Figura 80 – Padrão sazonal da produção da seringueira no Estado de São Paulo, 1991-1995
(adaptado de Cortez e Martin, 1996) e curva de desenvolvimento populacional de C. heveae e
T. heveae em Reginópolis, SP, 2002/2003. .......................................................................................... 86
Figura 81 - Adultos de T. heveae .......................................................................................................... 87
Figura 82 – Sintomas iniciais do ataque de T.heveae. ........................................................................ 87
Figura 83 – Sintomas avançados do ataque de T. heveae. .................................................................. 87
Figura 84 – Deposição de exúvias de T. heveae ao longo das nervuras ............................................. 87
Figura 85 – Adulto do ácaro E. banksi. ................................................................................................. 89
Figura 86 – Ovos, ácaros e exúvias de L. formosa. .............................................................................. 89
Figura 87 – Adulto do ácaro L. formosa. ............................................................................................... 89
Figura 88 – Adulto de Euseius citrifolius predando T. heveae. Observar a coloração avermelhada
do predador devido à ingestão do conteúdo interno do ácaro-vermelho. Ácaro fitófago. ..................... 89
Figura 89 – Efeito da aplicação do fungicida fenarimol em diferentes épocas, sobre a flutuação
populacional de Calacarus heveae. CPA = controle padrão de ácaros com acaricidas.
Reginópolis (SP), 1999/2000................................................................................................................. 94
Figura 90 – Calacarus heveae contaminado com o fungo Hirsutella thompsonii. O fungo sai do
ácaro pelas regiões anterior e posterior e se espalha pela folha constituindo fonte de inóculo para
outros ácaros ......................................................................................................................................... 95
Figura 91 – Tenuipalpus heveae contaminado com Beauveria bassiana. ............................................ 95
Figura 92 – Porcentagens de mortalidade de Calacarus heveae mediante o tratamento com
diferentes isolados de fungos entomopatogênicos. .............................................................................. 96
Figura 93 – Porcentagens de mortalidade de Tenuipalpus heveae mediante o tratamento com
diferentes isolados de fungos entomopatogênicos. .............................................................................. 96
Figura 94 – Ninfas de Leptopharsa heveae. ......................................................................................... 97
Figura 95 – Adulto de Leptopharsa heveae .......................................................................................... 97
Figura 96 – Sintoma de Leptopharsa heveae em folíolo de seringueira. .............................................. 98
Figura 97 – Excrementos de Leptopharsa heveae em folíolo de seringueira. ...................................... 98
Figura 98 – Flutuação populacional de ninfas e adultos de L. heveae em seringueira. Pindorama
(SP) – 1998/1999 (Cividanes et al., 2004a). ......................................................................................... 98
Figura 99 – Mandarová – variação da cor em função da densidade populacional. ........................... 102
Figura 100 – Ataque em seringal adulto............................................................................................. 102
Figura 101 – Ataque em muda nova no campo ................................................................................. 102
Figura 102 – Árvore derrubada por formigueiro ................................................................................. 102
Figura 103 – Ataque de besouro ........................................................................................................ 104
Figura 104 – T. felisbertoi ................................................................................................................... 104
Figura 105 – Ataque de T. felisbertoi ................................................................................................. 104
Figura 106 – Lagarta-dos-capinzais ................................................................................................... 104
Figura 107 – Danos causados por antas............................................................................................ 105
Figura 108 – Ataque de roedores: rato (A); capivara (B). .................................................................. 105
Figura 109 – Medição do perímetro para início de sangria. ............................................................... 119
Figura 110 – Demarcação das linhas geratrizes ................................................................................ 119
Figura 111 – Demarcação do ângulo de corte usando bandeira (37o) ............................................... 120
Figura 112 – Ângulo de corte marcado .............................................................................................. 120
xi
Figura 113 – Notação internacional de “sistema de sangria”: A) Tipos de cortes; B) Comprimento
de corte; C) Número de cortes; D) Direção do corte. . ....................................................................... 121
Figura 114 – Painel aberto ................................................................................................................ 122
Figura 115 – Equipagem das árvores: distância para colocação da bica (A); árvore equipada (B);
painel aberto e árvore pronta para sangria (C). ................................................................................. 122
Figura 116 - Sangria ........................................................................................................................... 123
Figura 117 – Balanceamento de painel .............................................................................................. 125
Figura 118 – Centro de coleta ............................................................................................................ 126
Figura 119 - Consumo de madeira amazônica, 1997. ....................................................................... 131
Figura 120 – Receitas geradas pelas exportações brasileiras de móveis (US$ milhões). ................ 132
Figura 121 – Distribuição anual dos plantios de seringueira no Estado de São Paulo. ..................... 133
Figura 122 – Localização dos plantios de seringueira no chamado Polo da Borracha e dos
principais Polos Moveleiros no Estado de São Paulo. ....................................................................... 134
Figura 123 – Projeção da produção de madeira de seringueira considerando-se as atuais áreas
e perspectivas futuras de plantios. ..................................................................................................... 134
Figura 124 – Aspecto de seringal com aproximadamente 40 anos, com desenvolvimento
desuniforme e má formação silvicultural: bifurcações, galhos grossos e ausência de um
fuste definido (Município de Bálsamo, SP)......................................................................................... 136
Figura 125 – Espaçamentos adotados na implantação de antigos seringais (8m x 2,5m).
Observar inclinação das árvores motivada pela competição das copas pela luz. ............................. 136
Figura 126 – Aspecto de um seringal com aproximadamente 15 anos. Observar ramos laterais
grossos e excessivos provocados pela não-execução de desrama. ................................................. 136
Figura 127 – Secagem de madeira em barracão coberto. ................................................................ 138
Figura 128 – Diferentes peças de móveis. ......................................................................................... 139
Figura 129 – Processo para confecção de laminados. ...................................................................... 139

xii
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Produção média anual de borracha de 37 clones de seringueiras obtida dos


seringais paulistas recomendados para plantio em grande e pequena escalas para a região
Sudeste do Brasil. ............................................................................................................................... 34
Tabela 2 – Clones recomendados para a região Sudeste do Brasil e o Planalto do
Estado de São Paulo. .......................................................................................................................... 37
Tabela 3 – Herbicidas registrados para a cultura da seringueira – SAA/CDA/Centro de
Fiscalização de Insumos e Conservação de Solo e Agrofit (2010). .................................................... 46
Tabela 4 – Principais funções dos macronutrientes. ........................................................................... 47
Tabela 5 – Principais funções dos micronutrientes. ............................................................................ 48
Tabela 6 – Formas de nutrientes absorvidas pelas plantas. ............................................................... 48
Tabela 7 – Participação relativa da interceptação radicular, do fluxo de massa e da difusão no
contato nutriente-raiz. .......................................................................................................................... 49
Tabela 8 – Mobilidade comparada dos nutrientes aplicados nas folhas – em cada grupo, os
elementos aparecem em ordem decrescente. .................................................................................... 49
Tabela 9 – Conteúdo de alguns macronutrientes nos produtos colhidos de seringueira com
produção média de 1-1,5 t ha-1. ........................................................................................................... 51
Tabela 10 - Sequência de eventos biológicos que conduzem aos sintomas visíveis de deficiência
de zinco e toxidez de alumínio. ........................................................................................................... 51
Tabela 11 – Princípios gerais para a diagnose visual de desordens nutricionais. .............................. 52
Tabela 12 – Faixa de teores adequados de macronutrientes e de micronutrientes em seringueira
em produção........................................................................................................................................ 57
Tabela 13 – Adubação de cobertura em mudas de seringueira. ........................................................ 59
Tabela 14 – Recomendação da adubação de produção em função da análise química do solo,
das folhas e de produtividade.............................................................................................................. 59
Tabela 15 – Relação entre fungos presentes nas sementes e doenças causadas nas mudas de
seringueira. .......................................................................................................................................... 60
Tabela 16 – Controle químico dos principais patógenos em viveiros e jardim clonal. ........................ 66
Tabela 17 – Ocorrência de patógenos foliares de seringueira, observados nas principais regiões
de cultivo do Estado de São Paulo...................................................................................................... 68
Tabela 18 – Reação de alguns porta-enxertos a Meloidogyne spp. ................................................... 73
Tabela 19 – Fungicidas eficientes no controle das doenças do painel da seringueira. ...................... 80
Tabela 20 – Parâmetros biológicos de Calacarus heveae e Tenuipalpus heveae em folhas de
seringueira, com fotoperíodo de 12 horas, à temperatura de 28°C na fotofase e 25°C na
escotofase. .......................................................................................................................................... 84
Tabela 21 – Comparação de clones de seringueira quanto ao desenvolvimento populacional de
Calacarus heveae e Tenuipalpus heveae. .......................................................................................... 91
Tabela 22 – Ingredientes ativos testados para controle de C. heveae e T. heveae em seringueira. . 93
Tabela 23 – Número de ovos de Leptopharsa heveae, número de ovos parasitados por
E. tingitiphagus e porcentagem de parasitismo em clones de seringueira. Itiquira (MT), agosto
de 2005 a fevereiro de 2006............................................................................................................... 101
Tabela 24 – Localização dos polos moveleiros, empresas, empregados e principais mercados. ..... 132

xiii
Tabela 25 – Consumo da madeira amazônica nas regiões de Votuporanga, Mirassol, Itatiba e
São Bernardo (Ano 2001)................................................................................................................... 135
Tabela 26 – Cubagem das toras: cálculo do volume verde e cálculo do volume das peças
desdobradas. ...................................................................................................................................... 137
Tabela 27 – Orçamento de formação de seringal. ............................................................................. 143
Tabela 28 – Orçamento de formação de seringal ano a ano (em R$) ............................................... 143

ANEXO – Cálculos para levantamento de custos de implantação de seringal .................................. 144


1. OPERAÇÕES HM/ha (Horas-máquina/hectare) e HH/ha (Horas-Homens/hectare) ..................... 144
2. MATERIAL CONSUMIDO .............................................................................................................. 148
3. OUTRAS DESPESAS .................................................................................................................... 149
4. ENCARGOS FINANCEIROS (Juros sobre capital utilizado).......................................................... 149
5. DEPRECIAÇÃO DE MÁQUINAS E IMPLEMENTOS..................................................................... 150
6. DEPRECIAÇÃO DE BENFEITORIAS E INSTALAÇÕES .............................................................. 151
7. ADMINISTRAÇÃO E DESPESAS GERAIS ................................................................................... 151
8. CÁLCULO DO CUSTO DE HORA/MÁQUINA ............................................................................... 152
9. CÁLCULO DO CUSTO DA MÃO-DE-OBRA .................................................................................. 152

xiv
A CULTURA DA SERINGUEIRA
PARA O ESTADO DE SÃO PAULO

1. INTRODUÇÃO

Desde 1916, com a introdução das primeiras sementes de seringueira no Estado de São Paulo e
o plantio comercial da cultura a partir de 1950 até os dias atuais, a heveicultura vem solidificando suas
bases no território paulista.

Nas avaliações de 1978 a1980 já existiam áreas implantadas superiores a 2 mil hectares de serin-
gais, e as estatísticas divulgadas pela antiga Superintendência do Desenvolvimento da Heveicultura
(Sudhevea) mencionavam as produções paulistas. Aos poucos, os agricultores e o poder público foram
verificando que a heveicultura, além de rentável, apresentava-se como uma das importantes opções
de cultivo permanente para a sustentação do desenvolvimento de várias regiões do Estado. Entre as
vantagens, constitui uma forma de reflorestamento, com benefícios ao meio ambiente; seu produto final,
o látex, substitui a matéria-prima importada e, no campo social, desenvolve mão-de-obra especializada
no meio rural e propicia investimentos industriais, envolvendo pequenos, médios e grandes produtores.

Com a intensificação do plantio, que na última década atingiu uma área de 77.400ha, distribuídos
entre mais de 4.400 produtores (Lupa 2009), o Estado de São Paulo responde por mais de 60% da pro-
dução brasileira. Com esse crescimento, apesar dos esforços institucionais e dos próprios heveicultores,
tem sido difícil manter um equilíbrio entre a disponibilidade de conhecimentos e recursos técnicos e a
expansão da demanda de informações para soluções de problemas técnicos e operacionais.

2. CLIMA E ZONEAMENTO

Os fatores relacionados ao clima são determinantes em heveicultura. Temperatura, radiação solar,


precipitação pluvial, umidade do ar e vento são decisivos em todas as etapas do cultivo da seringueira e
na qualidade e produtividade do seringal e abrangem a seleção das áreas para a implantação de viveiro,
o jardim clonal, o plantio definitivo, o tipo de muda, a taxa de crescimento e o período de imaturidade,
o florescimento e a viabilidade da semente, o controle de doenças e pragas, e os sistemas de sangria.

2.1. Zoneamento agroclimático

Para estudo dos agroclimas da heveicultura no Brasil, foram consideradas variáveis climáticas e
índices resultantes de balanço hídrico, com armazenamento de 300mm de água no solo para árvores
adultas, com os seguintes limites:

1
• evapotranspiração real (ER) de 900mm;
• deficiência hídrica anual (Da) de 0 a 300mm;
• isoterma anual (Ta) de 18°C;
• isoterma do mês mais frio (Ef) de 20°C;
• frequência de geadas;
• média da umidade relativa do ar do mês mais seco (URs);
• excedente hídrico anual (Exca) e índice hídrico (Im), utilizados como auxiliares no estudo.

Embora existam testemunhas de seringueiras em várias regiões do Estado de São Paulo, os maio-
res polos de desenvolvimento da cultura concentram-se em climas tropicais ao norte, como São José
do Rio Preto e Barretos. As características gerais do meio físico correspondem a altitudes entre 350 e
500 metros, chuvas anuais entre 1.200 e 1.300mm, com duas estações bem diferenciadas (úmida de
outubro a março e subúmida ou seca de abril a setembro). Nessas regiões, são registrados os maiores
índices de temperatura do ar e de radiação solar, os menores valores de velocidade média do vento,
menor probabilidade de geadas e excedentes hídricos mais reduzidos em relação às regiões centro,
sul e sudoeste do Estado.

No zoneamento climático da heveicultura para o Estado de São Paulo (Figura 1) são apresentadas
faixas de aptidão climática, semelhantes às relatadas no trabalho de Camargo e Camargo (2008).

Figura 1 – Carta da aptidão climática da heveicultura no Estado de São Paulo.


(Fonte: ilustração adaptada da Embrapa)

2
2.2. Geadas e meios de prevenção e proteção do seringal

As geadas ocorridas em 1975, 1979, 1981 e 1994 evidenciaram que o sucesso dos empreendi-
mentos depende de uma série de fatores que podem reduzir os efeitos de temperaturas baixas, entre
eles a localização geográfica, o relevo da região, a topografia da propriedade, a proximidade de lagos
e represas, os clones, os sistemas de plantio, os tratos culturais, o estado nutricional, a idade e a altura
da planta. No Estado de São Paulo, a frequência de geadas é evidenciada por esses fatores.

2.2.1. Localização geográfica

As regiões continentais estão mais sujeitas a geadas que as áreas de influência oceânica (litoral e
Vale do Ribeira). Maiores frequências são observadas no sul e no sudoeste e em regiões de elevada
altitude, limítrofes com Minas Gerais.

Como medida de prevenção devem-se evitar regiões com alta incidência de geadas, a exemplo
do sul e sudoeste do Estado, ou aquelas de altitude acima de 1.000 metros, onde prevalece maior
resfriamento noturno. Os agricultores precisam basear-se em trabalhos de zoneamento agroclimático,
elaborado pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC).

2.2.2. Altitude

De modo geral, a atmosfera é mais fria em regiões de altitudes elevadas. Dessa forma, não consi-
derando outros fatores, a geada é mais frequente nas regiões mais altas. Por exemplo, em Campos do
Jordão, a 1.600m de altitude, a frequência de geada é maior que em Atibaia, a 900m. Nesta, por sua
vez, é maior que em São José do Rio Preto, a 500 metros.

2.2.3. Relevo local

A geada de irradiação ocorre quando a superfície do solo atinge 0°C ou menos, devido ao calor irra-
diado ao espaço durante a noite (normalmente com ausência de vento e nuvens). O ar frio, sendo mais
pesado que o quente, tende sempre a se acamar ou fluir lentamente pelas encostas, acumulando-se
ante os obstáculos e, principalmente, nas baixadas (Figura 2). Nota-se que em baixadas e em terrenos
planos as geadas são mais severas e sua incidência em espigões e encostas é reduzida e de fraca
intensidade.

Mesmo os agricultores conhecendo bem a sua propriedade e os espigões ou relevos onde, nor-
malmente, a geada não se manifesta, recomenda-se que se baseiem em trabalhos de zoneamento
agroclimáticos, como o elaborado pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC).

2.2.4. Topografia e planejamento na propriedade

A Figura 2 (página 4) ilustra como deve ser feito o planejamento de instalação do seringal de acordo
com a topografia. Qualquer barreira, como um renque de árvores, pode reter o fluxo de ar frio para a
baixada. A Figura 2, linha B, ilustra uma encosta com duas barreiras de renques retendo o fluxo de ar
frio. A montante de cada renque, acumula-se massa, “lago”, de ar frio. A Figura 2, linha C, mostra uma
configuração correta, com cultura de seringueira no espigão e na meia-encosta. Abaixo da plantação
não existe nenhum obstáculo, apenas vegetação de porte baixo.

Renques compactos, acima da cultura a proteger, são úteis, pois funcionam como quebra-ventos e
dificultam a descida do ar frio na cultura (Figura 2, linha D).

3
Figura 2 – Representação esquemática dos efeitos micro e topoclimático sobre a temperatura do ar em noite de geada.

2.2.5. Efeitos de lagos e represas

Em noite de geada, quando a superfície do solo e a vegetação rasteira estão a 0°C, a temperatura
da água de um lago existente nas proximidades estará entre 5 e 10°C. A propriedade da água em ar-
mazenar calor altera o microclima das áreas próximas, estabelecendo pequena circulação entre o ar frio
e o mais aquecido. Culturas de seringueira e mesmo viveiros instalados próximo a grandes superfícies
livres de água podem ser protegidos por esse efeito microclimático.

2.2.6. Aproveitamento do calor do solo

Durante a geada, a superfície do solo tem intenso resfriamento, mas na profundidade de 30 a 60cm o
solo permanece mais aquecido. Esse calor armazenado pode ser conduzido à superfície para promover
aquecimento do ar e das plantas.

Para facilitar esse aproveitamento de calor, o solo deve-se apresentar:


• compacto;
• úmido, se possível;
• limpo, sem vegetação rasteira;
• sem cobertura morta.

Não é aconselhável nenhum tipo de prática que aumente a aeração do solo. A gradagem, ou aração,
reduz o armazenamento de calor durante o dia e impede o aproveitamento dessa energia à noite.

A cobertura morta (palha de arroz, capim seco etc.) é totalmente contraindicada, pois impede o
aquecimento do solo e agrava os efeitos da geada.
4
A alta umidade é favorável, pois propicia o armazenamento de calor durante o dia e facilita a con-
dução para a superfície, à noite.

2.2.7. Proteção do caule

Mudas de seringueira têm sido muito afetadas próximo ao ponto de enxertia. Nessa altura, as tem-
peraturas são muito baixas e, normalmente, o enxerto (tecido mais novo) sofre danos totais. Eventuais
brotações serão observadas no cavalo, abaixo do enxerto, quase ao nível do solo. Dependendo da
disponibilidade de material e da extensão do seringal, duas práticas podem ser recomendadas:

• cobertura parcial com terra, removendo-a passado o perigo das geadas; o “chegamento” de terra pode
ser feito até uma altura que proteja o ponto de enxertia e se aplica, principalmente, para plantas jovens;
• proteção do caule com materiais isolantes, ou seja, jornal, sacaria, palha de milho ou folhas de coqueiro.

Em regiões superúmidas, no caso de cobertura do caule por períodos longos, é recomendável tra-
tamento com fungicidas cúpricos.

2.2.8. Cobertura direta de plantas jovens

É um processo caro e viável apenas em pequenas extensões. Em viveiro é eficiente a cobertura


com sombrite, ripados, folhas de palmeiras ou material semelhante. No campo, em plantios recentes,
as gemas e brotações novas podem ser cobertas, porém sem contato, com jornal, papelão e outros
materiais isolantes. A maioria dos plásticos usados em casas de vegetação não impede o resfriamento
noturno, sendo, contudo, eficaz para proteção contra ventos frios.

2.2.9. Outros métodos diretos de controle de geada

Os métodos mais eficientes de controle de geada são caros e de difícil execução, normalmente
viáveis para culturas intensivas, de alto valor econômico. Sua viabilidade depende de outros fatores,
principalmente da frequência de geadas e do número de anos de utilização dos equipamentos e mate-
riais. Incluem processos de irrigação, ventilação, aquecimento e combinações desses processos.

Para culturas extensivas, como café, tem sido recomendada, no Brasil, a nebulização atmosférica.
Embora aparentemente simples, é um método complexo e de reduzida ou nula capacidade de proteção.

3. PRODUÇÃO DE MUDAS

No estabelecimento de um seringal, a muda deve ser considerada como insumo básico, do qual
dependerá o sucesso do empreendimento.

Dada a alta variabilidade genética da espécie quando propagada por via sexual, a muda deve ser
produzida por via assexuada, utilizando, nesse caso, a enxertia por borbulhia. Os principais passos para
a produção de mudas de boa qualidade estão descritos a seguir.

3.1. Viveiro

É o local físico destinado à produção de mudas. Suas características dependem fundamentalmente


do tipo de muda a ser produzido e compreende uma área própria à germinação de sementes (germinador
ou sementeira) e outra destinada ao desenvolvimento dos porta-enxertos.

5
• Localização

O viveiro deve estar localizado em área privilegiada, de fácil acesso, topografia regular, levemente
inclinada, livre de ocorrências de geadas ou ventos frios e de ervas daninhas de difícil controle, e estar
próximo à tomada de água, de modo a facilitar as irrigações necessárias, o pegamento e o desenvol-
vimento dos porta-enxertos. O solo deve ser rico, bem drenado, profundo e sem impedimentos, como
cascalhos e pedras. Para a seringueira, solos leves propiciam condições ideais para a obtenção de
melhores porta-enxertos.

3.2. Germinador ou sementeira

Deve ser instalado no viveiro em local de fácil acesso, em solo bem drenado e próximo à tomada
de água. Os canteiros não devem ter largura superior a 1,30m, para favorecer os trabalhos em seu
interior e o comprimento dependerá da quantidade de sementes a ser utilizada. Como base de cálculo,
são utilizados 6kg de sementes por metro quadrado de canteiro.

Os canteiros com carreadores de 0,6 metro devem ser separados para facilitar o trânsito de pessoas
que neles irão trabalhar.

A terra do germinador precisa ser bem afofada, utilizando, para isso, máquinas ou enxadas. Depois
de nivelados os canteiros, coloca-se substrato de germinação no seu leito, que pode ser areia grossa
ou serragem curtida, em camadas de 20cm. No caso de utilizar areia grossa, haverá necessidade de
maior número de regas. Pode-se, ainda, empregar areia grossa como base do canteiro e serragem
curtida como cobertura das sementes.

A semeadura pode ser feita sem necessidade de arrumação criteriosa, desde que a micrópila fique
enterrada e as sementes ligeiramente cobertas.

Após a semeadura, fazer a cobertura dos canteiros (girau) a uma altura conveniente, mantendo o
germinador à meia-sombra. As regas devem ser suficientes para conservar o substrato úmido, sem,
contudo, encharcá-lo. Se necessário, fazer até duas regas por dia, sempre nas primeiras horas da manhã
e no final da tarde.

Figura 3 – Germinador. Figura 4 – Germinador com umidade ideal.

6
Em condições normais, as sementes iniciam o processo de germinação ao redor do décimo dia da
semeadura. Baixas temperaturas ocasionam atraso na germinação. As sementes que germinarem após
a terceira semana (21 dias) deverão ser descartadas, pois apresentam baixo vigor.

A repicagem (transplante) das plântulas da sementeira, tanto para o viveiro no campo como para
os sacos plásticos, pode ser feita nos estádios de ‘ponto branco’, ‘pata-de-aranha’ ou ‘palito’. O mais
utilizado é o ‘palito’. Nesse estádio, realiza-se o descarte de plantas albinas, com raízes tortas, e demais
anomalias, visando a uma pré-seleção no próprio germinador, para maior uniformização do viveiro.

Figura 5 – Estádios de germinação da semente, da esquerda para a direita: semente, ‘ponto branco’, ‘pata-de-aranha’ e ‘palito’.

No caso de utilização do ‘palito’, irrigar abundantemente o germinador antes do arranquio das plân-
tulas, evitando traumatismos no sistema radicular. Para essa operação, preferir os dias nublados ou as
horas mais frescas do dia.

Figura 6 – Estádio de ‘palito’ – Ideal para repicagem.

7
As plântulas devem ser arrancadas uma a uma, acondicionadas em feixes, recobertas com ser-
ragem curtida e, a seguir, bem umedecidas, ou acondicionadas em baldes plásticos com água para
uso imediato. Plântulas que apresentarem defeitos, como se destacar da semente, ter duas ou mais
raízes pivotantes ou raízes pivotantes malformadas, dois caules ou qualquer outro defeito, devem
ser descartadas.

Figura 7 – Acondicionamento de plântulas para repicagem.

As melhores sementes para obtenção de porta-enxertos são as obtidas de polinização cruzada,


enquanto que as originadas de blocos monoclonais revelam redução drástica de vigor, em virtude da
autopolinização (endogamia). Na prática, tem-se observado que sementes coletadas em blocos de
clone RRIM 600 possuem baixo vigor e altas taxas de albinismo, em função da endogamia, resultando
plântulas desuniformes e perdas exageradas no viveiro. Sugere-se que as sementes de blocos mono-
clonais sejam coletadas nas periferias dos blocos, onde a possibilidade de ocorrência de sementes de
polinização cruzada é maior. Porta-enxertos vigorosos podem ser obtidos de plantas adultas de blocos
policlonais ou de populações de pés-francos.

No Estado de São Paulo, os meses de maior produção de sementes são os de fevereiro e março,
com alternância de produção, variando a quantidade média de sementes de 1,5 a 2,0kg por árvore/ano.
Cada quilograma de semente possui, em média, 250 sementes e, considerando as perdas normais,
propicia a formação de 100 mudas aptas para o campo.

Brilho e peso são características de boa semente. A semente da seringueira, ao contrário de outras
espécies vegetais, necessita de alta umidade para a manutenção da viabilidade do embrião durante o
armazenamento. Na realidade, verifica-se que sementes coletadas adequadamente apresentam taxas
de germinação entre 60 e 80%, quando postas a germinar imediatamente após a queda. Quanto maior
o tempo decorrido entre a queda e a semeadura, menor será essa taxa.

Sementes colhidas e deixadas ao ar livre perdem 50% do poder germinativo depois de 30 dias.
Aos 50 dias, a germinação cai para 10%, chegando a ser nula em alguns casos. Um teste prático

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para verificação da sua viabilidade consiste em coletar 100 sementes ao acaso e analisar a coloração
do endosperma. Endosperma branco e leitoso significa sementes viáveis, e endosperma amarelado,
ressecado ou com outros danos representa sementes inviáveis (morte do embrião). Separando-se as
sementes viáveis, obtém-se a porcentagem aproximada de sementes que irão germinar.

Figura 8 – Endosperma ruim (à esquerda) e endosperma bom (semente túrgida).

A perda do poder germinativo restringe a época de início de formação do viveiro ao período de


queda de sementes. Visando contornar esse problema e permitir que o viveiro seja instalado na época
de temperaturas mais altas e início da estação chuvosa, efetuaram-se tentativas de conservação, che-
gando a uma técnica simples e de fácil execução que consiste em coletar as sementes recém-caídas e
colocá-las em sacos plásticos com capacidade para 8kg, enchendo-os até a metade. Veda-se a boca
dos sacos com selagem a quente, ou grampeia-se, fazendo-se quatro ou cinco dobras. Fazem-se de
oito a dez furos nos sacos com prego, agulha grossa ou outro objeto de ponta fina para conservar a
umidade elevada em seu interior, mantendo-se, assim, a respiração das sementes em nível reduzido.
O método possibilita a manutenção do poder germinativo até 40% após um ano. A principal vantagem
de conservar as sementes reside no fato de poder instalar o viveiro em qualquer época do ano.

De fato, os clones mais utilizados para formação de porta-enxertos são Tjir 1, Tjir 16, GT1, PB 235,
IAN 873, dos quais o GT1 e o IAN 873 produzem porta-enxertos mais vigorosos.

3.3. Tipos de viveiros

Em função do sistema de formação de mudas adotado, podem-se ter, basicamente, três tipos de
viveiros:
• viveiro no campo – as mudas se desenvolvem exclusivamente no campo;
• viveiro ensacolado – as mudas se desenvolvem exclusivamente em sacos plásticos;
• viveiro misto – onde as mudas permanecem no campo até serem enxertadas e posteriormente trans-
plantadas para sacos plásticos.

9
3.4. Preparo do solo

De acordo com o tipo de viveiro, duas situações podem ser adotadas.

3.4.1. Viveiro no campo

O preparo do solo para a instalação do viveiro no campo é fundamental. Primeiramente, devem-se


fazer as correções de fertilidade necessárias mediante a análise de solo. O solo deve ser arado o mais
profundamente possível e gradeado para ficar bem destorroado, de modo a facilitar um vigoroso desen-
volvimento do sistema radicular. A seguir, passa-se uma grade niveladora e procede-se à demarcação
do terreno, obedecendo ao espaçamento previamente estabelecido.

Figura 9 – Viveiro no campo após repicagem.

Figura 10 – Viveiro no campo


(antes da enxertia).

3.4.2. Viveiro ensacolado

Para o enchimento dos sacos plásticos, deve-se dar preferência à terra de barranco, pois, normal-
mente, não contém plantas invasoras, restos de culturas e raízes, que poderiam garantir a sobrevivência
de patógenos.

Quanto à fertilidade do solo, é recomendável que seja feita uma análise química e, a seguir as corre-
ções necessárias. Solos excessivamente arenosos não servem para o enchimento dos sacos plásticos,
pois, quando levados ao campo para plantio, haverá maior possibilidade de quebra do torrão e conse-
quente perda da muda. Se por qualquer motivo não for possível fazer a análise, usar a seguinte adubação:
1,4kg de superfosfato triplo ou 2,5kg de superfosfato simples ou 3,1kg de termofosfato magnesiano; 0,5kg
de cloreto de potássio e 300 litros de esterco de curral bem-curtido, para cada metro cúbico de terra.

10
3.5. Espaçamento

O espaçamento dependerá do tipo de viveiro adotado e das práticas culturais a serem realizadas.

3.5.1. Viveiro no campo

O espaçamento mais utilizado é de 0,80m entre os sulcos e 0,20m entre as plantas na linha, propi-
ciando 62.500 plantas por hectare, aproximadamente.

Outros espaçamentos utilizados com quantidades aproximadas de plantas:


• 1,0m x 0,5m x 0,5m (linhas duplas) – 26 mil plantas/hectare;
• 1,0m x 0,5m x 0,3m (linhas duplas) – 44 mil plantas/hectare;
• 1,5m x 0,5m x 0,3m (linhas duplas) – 33 mil plantas/hectare;
• 0,5m x 0,5m x 0,3m (linhas duplas) – 66 mil plantas/hectare.

Geralmente, espaçamentos maiores possibilitam melhores taxas de aproveitamento. Nos menores,


há menor incidência de plantas daninhas em razão do fechamento precoce, porém a enxertia é dificul-
tada por não haver espaço suficiente para o enxertador trabalhar e, como o sombreamento é maior, o
pegamento poderá ser menor.

3.5.2. Viveiro ensacolado

O espaçamento pode ser de 0,80 a 1,5m entre as fileiras, sendo cada fileira composta por duas
linhas de sacos plásticos. Fileiras com mais de duas linhas comprometem o pegamento da enxertia.
Atualmente, têm-se usado os seguintes espaçamentos com quantidades aproximadas de plantas:
• 1,30m x 0,2m x 0,20m (linhas duplas) – 66 mil plantas/hectare;
• 1,00m x 0,2m x 0,20m (linhas duplas) – 83 mil plantas/hectare.

Utilizando-se espaçamentos maiores entrelinhas, apesar de haver um menor número de plantas


por área, o pegamento da enxertia é maior, além de reduzir o sombreamento.

Os sacos plásticos devem ser de material virgem, com 35 a 40cm de altura, 20 a 25cm de largura e
0,2mm de espessura. Após o enchimento, são encanteirados enterrando-se até quase a borda, evitando-
-se com isso:
• o ressecamento do plástico, garantindo sua integridade quando do arranquio;
• a quebra de radículas por movimentos dos sacos plásticos.

Figura 11 – Viveiro ensacolado.

11
As mudas ensacoladas, por explorarem menor quantidade de terra, não se desenvolvem tão bem
quanto as produzidas em viveiro no campo, porém, quando prontas, oferecem vantagens, pois apre-
sentam o sistema radicular já desenvolvido, garantindo maior pegamento, melhor desenvolvimento
inicial e uniformidade do plantio.

3.6. Repicagem

A repicagem no viveiro envolve cinco operações básicas:


• arranquio e seleção – o germinador deve ser irrigado em abundância, para facilitar o arranquio,
fazendo-se, em seguida, rigorosa seleção, descartando-se as plântulas defeituosas;
• abertura das covetas – uma vez preparado o terreno do viveiro, se for o caso, ou os sacos plásticos,
procede-se à abertura das covetas até a profundidade de 15cm com auxílio de um chuço. No caso
de viveiro no campo, pode-se utilizar um furador duplo de três hastes cada, demarcando e perfurando
numa única operação;
• distribuição das mudas no campo – consiste em colocar as plântulas dentro das covetas;
• plantio (repicagem) – essa operação consiste em ajeitar a planta dentro da coveta, atentando-se à
profundidade do colo, ao posicionamento da raiz e, finalmente, comprimir a terra ao redor da raiz,
tendo-se o cuidado de não deixar bolsões de ar, que comprometem o pegamento e provocam a morte
das plântulas;
• irrigação pós-plantio – essa operação é vital, pois, além do suprimento de água oferecido, ajuda na
sedimentação da terra e na expulsão de bolsas de ar.

Figura 12 – Repicagem em viveiro no campo.

12
Figura 13 – Etapas da repicagem em viveiros ensacolados.

3.7. Condução do viveiro

• Capinas

O viveiro deve ser mantido livre de ervas daninhas. No início, a erradicação das ervas mais próximas
das plântulas deve ser feita com as mãos (mondas), para não ferir a região do coleto. Com o sombrea-
mento do viveiro pelo crescimento das plantas, as capinas serão em menor número e realizadas com
auxílio de enxadas ou herbicidas específicos. No caso de viveiros ensacolados, recomenda-se que a
retirada de ervas daninhas seja feita manualmente, pois o uso de enxadas pode ocasionar danos nas
sacolas plásticas e o uso de herbicidas pode prejudicar a enxertia.

• Seleções (desbaste)

Devem ser feitas duas seleções: a primeira quando a muda apresentar dois lançamentos maduros
e a outra pouco antes da enxertia. Eliminar as plantas raquíticas e aquelas com defeitos na parte aérea.

• Adubação e calagem

A calagem deve ser feita a partir dos resultados da análise do solo, sempre que se constatar índice
de saturação por bases inferior a 50%. No cálculo da dosagem de calcário, procurar elevar o índice para
50% a 55%, respeitando-se o limite de 2 toneladas/ha/ano.

Na adubação, incorporar ao solo 40 toneladas/ha de esterco de curral bem-curtido, ou 10 toneladas


de esterco de galinha, ou 5 toneladas de torta de mamona, acrescidas de 250kg da fórmula 10-20-20.
Suplementar com duas aplicações de 200kg/ha da fórmula 20-10-10 em cobertura.

• Irrigação

Após a repicagem, os porta-enxertos necessitam de grande quantidade de água. Quando bem


“pegos” e com lançamento maduro, a irrigação não é tão necessária, embora respondam bem a ela,

13
antecipando a enxertia. Em viveiros ensacolados, em virtude da pequena porção de terra explorada
pelas raízes, a irrigação é essencial e garantirá a homogeneidade e a precocidade das mudas.

3.8. Tipos de mudas

3.8.1. Mudas de raiz-nua

É toda muda de seringueira enxertada, originária de porta-enxerto conduzido em viveiro no campo,


na forma de toco e com a gema dormente ou intumescida.

• Toco parafinado

É uma muda obtida do porta-enxerto desenvolvido em viveiro no campo sobre o qual é feita a en-
xertia marrom ou verde.

Constatado o pegamento do enxerto e havendo condições de plantio, o porta-enxerto é decepado a


60cm de altura e arrancado do solo com o auxílio de uma ferramenta apropriada, o “quiau”. Em seguida,
é realizada a toalete no sistema radicular, cortando-se a raiz pivotante com 60cm e as raízes laterais
com 1cm e, depois, aparar com uma serra a parte superior do toco em bisel, logo acima do enxerto. A
muda, assim preparada, é submetida a uma parafinagem da parte superior, até 2cm abaixo da placa do
enxerto. Para essa operação, a parafina é derretida e mantida em banho-maria a uma temperatura de
80°C, fazendo-se uma imersão ultrarrápida da muda.

Após a parafinagem, efetua-se a indução de enraizamento, pelo hormônio alfanaftaleno acetato de


sódio a 100g do produto comercial por 10 litros de água, adicionando-se talco inerte ou caulim, até a
formação de uma calda densa, para maior aderência do produto. Após pequeno período de secagem à
sombra, a muda encontra-se em condições de plantio.

Figura 15 – Muda de raíz-nua – efeito do hormônio alfanaftaleno


Figura 14 – Muda de raiz-nua. acetato de sódio (enraizamento).

14
Recomenda-se arrancar apenas as mudas que serão plantadas no dia, pois elas não podem ficar
muito tempo armazenadas ou estocadas após os tratamentos mencionados. Em caso de necessidade
de manter as mudas por mais tempo, armazená-las em serragem úmida.

• Minitoco ou minimuda

É formada de uma muda de viveiro no campo. Decepado o cavalo a 10cm acima do enxerto, aguarda-
-se o crescimento até apresentar tecido maduro, a uma altura de 0,70 a 1,0 metro, onde a haste será
decepada, quando houver condições de plantio, esperando-se o intumescimento das gemas. Após es-
sas operações, é feito o arranquio manual e o plantio; essa muda é considerada avançada, ou material
avançado de plantio.

A indução de enraizamento é idêntica à descrita para toco parafinado (página 14).

• Toco alto

A condução do viveiro para obtenção desse tipo de muda segue os mesmos passos da minimuda,
diferindo apenas no espaçamento, que será de 1 x 1 metro. Conduz-se a haste do enxerto até a altura
de 2,50m, livre de brotações laterais, sendo a época de arranquio determinada pela apresentação de
tecido maduro à altura de 2,50 metros. Satisfeita essa condição, a raiz pivotante deve ser cortada com
o auxílio de uma “vanga”, a uma profundidade de, no mínimo, 60cm, por meio de uma valeta lateral que,
posteriormente, deve ser tampada com terra.

Trinta dias após o corte da raiz pivotante, deve-se pincelar o tronco com uma tinta branca para evitar
escaldadura e, depois, realizar o corte da copa a 2,50m. Dez dias após, quando as gemas abaixo do
corte iniciarem o processo de intumescimento ou, mesmo, com a brotação inicial, a planta é arrancada,
fazendo-se a toalete das raízes laterais a 1cm e levadas para o plantio. Tanto as mudas de minitoco como
as de toco alto são consideradas mudas avançadas ou material avançado de plantio e recomendadas
para o replantio e/ou adensamento de seringais de idade compatível com a idade delas.

O tratamento do sistema radicular para indução do enraizamento deve ser feito como para a pro-
dução de tocos parafinados.

3.8.2. Mudas em saco plástico

São aquelas formadas no próprio saco plástico ou por meio de toco parafinado transplantado para
o saco plástico.

• Mudas ensacoladas

Podem ser obtidas pela semeadura direta no recipiente, ou repicagem de “plântulas” provenientes
de germinadores, recebendo enxertia verde ou marrom.

Recomenda-se o uso de embalagens com as seguintes dimensões: 35 a 40cm de comprimento, 20


a 25cm de largura e 0,2mm de espessura. O recipiente precisa ter orifícios laterais para drenagem do
excesso de água e orifício no fundo para saída da raiz pivotante.

Para o enchimento dos sacos plásticos, utilizar solo com boas características físicas, as quais
propiciem a formação de torrão. Ainda, devem ser adicionados os substratos químicos e orgânicos,
quando necessários e/ou disponíveis (previamente curtidos), nas dosagens convencionais, seguindo-se
as recomendações do item 3.7. Condução do viveiro – Adubação e calagem (página 13).
15
Os sacos plásticos devem ser encanteirados em linhas duplas, de acordo com o que foi descrito no
item 3.5. Espaçamento (página 11) e enterrados, deixando-se apenas o terço superior para fora. Não
há necessidade de cobertura sobre os sacos.

As regas devem ser periódicas evitando-se, entretanto, o encharcamento do terreno. O local deve
ser mantido isento de ervas daninhas.

Depois do pegamento do enxerto, a muda deverá ser decepada e, após o intumescimento da gema, re-
movida e reencanteirada, aguardando-se o primeiro lançamento maduro, quando estará apta para o plantio.

Figura 16 – Mudas ensacoladas.

Caso haja condições favoráveis ao plantio, em vez do reencanteiramento pode-se levar a muda
diretamente para o campo, desde que o broto tenha, no máximo, 2cm de comprimento (este estádio é
denominado “esporinha”).

• Toco parafinado transplantado para o saco plástico

É um sistema misto, uma vez que, após sua produção, o toco parafinado, devidamente enxertado,
é transplantado para um saco plástico, previamente irrigado e encanteirado sob ripado ou tela. Nesse
caso, ao fazer a toalete das raízes do toco parafinado, observar o comprimento destas, de modo a ficar
compatível com as dimensões da embalagem utilizada.

Para ser plantada, essa muda necessita apresentar o primeiro lançamento maduro, observando-se,
ainda, a formação do sistema radicular.

As mudas formadas em saco plástico apresentam vantagens em relação aos outros tipos, especial-
mente em relação às de raiz-nua, como:
• maior flexibilidade de tempo para o plantio no campo e minimização de riscos de investimentos por
condições climáticas adversas;

16
• sobrevivência de alto percentual de mudas após o plantio no campo, evitando gastos com o replantio;
• maior uniformidade do estante inicial do seringal.

Figura 17 – Toco parafinado em saco plástico.

3.8.3. Porta-enxertos formados em sacos plásticos

Esse sistema se destina à formação de porta-enxertos para o plantio no campo e posterior enxertia.
Consiste em plantar direto no saco plástico sementes ou “plântulas” provenientes de germinadores.
Os sacos plásticos, com as dimensões de 35cm a 40cm de altura, 20cm a 25cm de largura e 0,20mm
de espessura de parede, devem ser preenchidos com o substrato já descrito. O encanteiramento, o
controle de ervas daninhas e os tratamentos fitossanitários são os mesmos recomendados para os
demais tipos de mudas.

3.9. Enxertia

A enxertia é realizada abrindo-se uma janela na parte inferior do caule do porta-enxerto (o mais
próximo possível do solo), de dimensões que podem variar de 5cm de comprimento por 1,5cm de lar-
gura até 10cm de comprimento por 4cm de largura, dependendo da grossura do caule e da espessura
da casca do porta-enxerto. Quanto mais grosso o caule e mais espessa sua casca, maior é o tamanho
da janela. Uma vez riscada a janela, é necessário esperar a drenagem do látex. Para não perder tem-
po, o sangrador risca janelas em uma série de plantas, umas 20 ou 30, e plantas onde as janelas já
estavam riscadas, e assim sucessivamente. Após a colocação da placa, previamente retirada de uma
haste oriunda do jardim clonal e contendo uma gema, é feita a amarração do enxerto com fita plástica
apropriada (fitilho), no sentindo ascendente.

A época ideal para a operação de enxertia é o período chuvoso, ou no seu final, quando tanto o
porta-enxerto quanto a haste de borbulha estão em pleno desenvolvimento vegetativo, e soltando casca.
Isso pode ser observado pelo aspecto geral da planta (vigor, sanidade, nutrição etc.), pela facilidade
com que se consegue destacar a casca e, ainda, pela coloração esbranquiçada do câmbio no local de
sua retirada. Borbulhas de galhos de árvores em formação ou adultas não devem ser utilizadas.
17
Figura 18 – Etapas da enxertia (retirada da borbulha, abertura da janela, colocação da borbulha e amarrio).

As plantas do jardim clonal, que fornecerão as hastes de onde serão retiradas as borbulhas, deverão
apresentar as mesmas condições do porta-enxerto. O jardim clonal que fornecerá as borbulhas deverá
ter origem genética comprovada, ser certificado e registrado. Dependendo do estado fenológico da haste
clonal e do porta-enxerto, duas são as alternativas para realização da enxertia:
• Enxertia verde – consiste na enxertia em porta-enxertos com 1cm de diâmetro, a 5cm do solo, e na
utilização de borbulhas verdes (tenras) originárias de brotações laterais com 6 a 8 semanas de idade,
sendo, para isso, necessário um manejo adequado do jardim clonal para fornecimento de hastes com
as características desejadas;
• Enxertia marrom ou convencional – consiste na retirada de gema dormente (madura) de hastes de
plantas originadas do jardim clonal, transferidas para janelas abertas a 5cm do solo em porta-enxerto
com 2cm a 2,5cm de diâmetro. A placa de enxertia é fixada ao porta-enxerto por fitilho plástico apro-
priado, cuja amarração deve ser feita de baixo para cima, vedando totalmente a abertura da janela.
Após três semanas, retira-se o fitilho, permanecendo por um período de 7 a 10 dias para aclimatação
do enxerto, quando é feita a verificação do pegamento. Constatada a morte do enxerto numa planta,
efetuar nova enxertia do lado oposto, utilizando a mesma técnica. Evitar o corte do fitilho na parte
oposta ao enxerto para não injuriar o local da reenxertia.

3.10. Jardim clonal

Denomina-se jardim clonal a área destinada à multiplicação de matrizes de plantas geneticamente


superiores, visando à produção para o fornecimento de hastes com borbulhas para enxertia dos porta-

18
-enxertos. A instalação do jardim clonal deve estar associada ao período que antecede o plantio do
viveiro, de maneira que a disponibilidade de borbulhas coincida com o período da enxertia. Após o seu
estabelecimento obtém-se, anualmente, a produção de hastes clonais até o oitavo ano no máximo.
Esse tempo deve ser respeitado, em vista de poder ocorrer problemas de variação somática. Essas
hastes, quando bem-conduzidas, podem atingir 1,50m aos 8-10 meses, em adequadas condições para
a enxertia. Em média, existem 12 borbulhas por metro de haste, quantidade essa variável em função
do clone utilizado.

Existem dois tipos de jardim clonal:


• Jardim clonal para produção de hastes maduras – nesse tipo de jardim, as plantas devem apre-
sentar somente uma haste no primeiro ano de vida. No segundo ano, após a primeira coleta, devem
desenvolver duas hastes por planta e, a partir do terceiro ano, cada planta pode produzir até quatro
hastes. Para tanto, o espaçamento deve ser de 1,50m x 0,50m, se o controle das invasoras for feito
na enxada; se feito com tratores e implementos, respeitar as dimensões dos mesmos.

Figura 19 – Jardim clonal – hastes maduras.

• Jardim clonal para produzir hastes verdes – é estabelecido no espaçamento de 1m x 1m entre


plantas, a fim de que, ao ser feita a primeira decapitação e coleta, com idade de 10 a 12 meses,
desenvolvam de quatro a cinco brotações laterais a uma altura de 50cm a 60cm, entre a terceira e
a quarta roseta de lançamento (tufo foliar), que serão usadas a intervalos regulares de 10 semanas.
A haste verde acima da primeira decapitação é utilizada imediatamente para enxertia, enquanto as
brotações desenvolvidas abaixo da decepagem são utilizadas a cada 10 semanas para enxertia verde.

Figura 20 – Jardim clonal – hastes verdes.

19
• Localização

Na instalação do jardim clonal, deve-se escolher uma área próxima ao viveiro, com boa topografia,
ligeiramente inclinada, com solo de textura média, profundo e permeável.

• Alinhamento e Piqueteamento

Recomenda-se realizar balizamentos por etapas, seguidos de aberturas de covas. Entre outros es-
paçamentos utilizados, pode-se citar o de 1,5m x 1m para jardim clonal destinado a fornecer borbulhas
marrons. Em alguns casos, pode-se aproveitar um viveiro convenientemente explorado para a formação
de um jardim clonal, desde que o espaçamento entre as plantas se aproxime do recomendado.

• Coveamento

Abrir covas nas dimensões de 0,4m x 0,5m, com cavadeira comum ou broca mecânica acoplada
ao trator e proceder à adubação conforme recomendação.

3.10.1. Diversificação do material

A diversificação do material botânico no plantio é um princípio que deve ser perseguido em todas as
áreas da exploração agrícola, especialmente envolvendo cultivos perenes, como o da seringueira, em
que as chances de incidência de doenças, como a antracnose, são elevadas. Nos plantios policlonais,
os riscos de insucesso do projeto, no seu todo, são reduzidos.

Para o estabelecimento do jardim clonal, deve-se obter material de procedência idônea e de origem
genética conhecida, o que pode ser feito adquirindo-se borbulhas de locais certificados.

A descrição e recomendação de clones de seringueira para o Estado de São Paulo encontram-se


no capítulo 4. CLONES RECOMENDADOS (página 25).

3.10.2. Tratos culturais

• Controle de plantas invasoras

Realizar o controle de plantas invasoras por meio de capinas ou herbicidas específicos recomendados
para a cultura, que sejam cadastrados e registrados no Ministério da Agricultura, Pesca e Abastecimento
(MAPA).

• Adubação e calagem

A calagem deve ser feita a partir dos resultados da análise do solo, sempre que se constatar índice
de saturação por bases inferior a 50%. No cálculo da dosagem de calcário, procurar elevar o índice para
50% a 55%, respeitando-se o limite de 2 toneladas/ha, por ano.

No caso da adubação, incorporar ao solo 40 toneladas/ha de esterco de curral bem-curtido, ou 10


toneladas de esterco de galinha ou 5 toneladas de torta de mamona acrescidas de 250kg da fórmula 10-
20-20. Suplementar com duas aplicações de 200kg/ha da fórmula 20-10-10 em cobertura. Com relação
às adubações foliares (micronutrientes), estas devem ser feitas sempre que constatadas deficiências.
A constatação pode ser visual ou por intermédio de análises foliares.

20
• Desbrotas

Desbrotar, frequentemente, de maneira a eliminar os brotos ladrões do porta-enxerto e os brotos


laterais que atrasam o desenvolvimento do enxerto.

3.10.3. Qualidade de borbulhas produzidas

Dependendo do manejo, um ano após o plantio, o jardim clonal proporcionará a primeira produção
de borbulhas (hastes com 1,5m a 2m de comprimento, contendo em média 12 borbulhas por metro).
Podada a haste que fornece borbulhas, o toco permanece no viveiro e, em cada haste podada, são
conduzidas duas outras para aproveitamento.

É necessário podar todos os brotos laterais para que toda a energia produzida se direcione para
o crescimento de uma única haste ou, no máximo, duas, fazendo as desbrotas necessárias no ano
seguinte.

Um jardim clonal pode fornecer material de enxertia anualmente, mas deve ser renovado a
cada oito anos.

A haste em condições de fornecer borbulhas tem a casca de cor castanha ou verde bem escura;
as gemas estão localizadas na axila de cada folha; é fácil observar a cicatrização em forma de co-
ração, acima da qual se localiza a gema em dormência.

3.10.4. Coleta de hastes

• Hastes marrons (maduras)

Para a enxertia marrom, utilizar hastes com casca parda ou verde-escura. Proceder à poda em
forma de bisel a 15cm da base da haste, deixando três ou quatro gemas para posterior rebrota, e aplicar
tinta a óleo no local do corte ou tinta látex com cobre ou fungicida. Hastes não utilizadas de imediato
devem ser parafinadas nas extremidades.

Plantas clonais com sintomas de doenças não devem fornecer hastes, em face do baixo pega-
mento na enxertia.

• Hastes verdes (tenras)

Para a primeira coleta de hastes, basta decepar aquelas com idade entre 10 e 12 meses, a uma
altura de 50cm a 60cm. A partir dessa poda, quatro ou cinco novas brotações são conduzidas por
seis a oito semanas, para coleta posterior. Após essa coleta, poda-se a haste principal abaixo do
ponto da poda anterior, e assim sucessivamente, o que permite a obtenção de duas ou três safras
de hastes anualmente. Colher somente as brotações que apresentarem o último lançamento com
as folhas completamente maduras. Brotações com apenas um lançamento possuem de três a cinco
gemas aproveitáveis, enquanto aquelas com dois, normalmente, apresentam de seis a dez gemas.

21
Figura 21 – Etapas da retirada de hastes (corte da haste, toalete e aplicação de fungicida).

22
3.10.5. Embalagens e transporte de hastes

As hastes que fornecerão as placas ou escudos, contendo gemas ou borbulhas, devem ser obtidas
em jardim clonal previamente estabelecido para esse fim. A seleção de hastes deve ser feita em fun-
ção do clone selecionado e do tipo de enxertia a ser utilizado. O preparo das hastes é feito pela poda
do pecíolo das folhas com um canivete (ou uma tesoura de poda pequena) afiado, cortando-se bem
rente à haste. Essa operação tem a finalidade de eliminar a base do pecíolo da folha em cujas axilas
encontram-se as gemas vegetativas.

No caso de haver necessidade de transportar as hastes a longas distâncias, tomar alguns cuidados
com a finalidade de preservar a integridade das gemas. Isso pode ocorrer quando o viveirista não dis-
põe de jardim clonal e adquire as hastes de outro viveirista. Assim, esses cuidados deverão ser tanto
maiores quanto maiores forem as distâncias entre os dois locais.

As hastes devem ser coletadas em quantidade suficiente para o trabalho de até quatro dias de en-
xertia, tempo máximo de seu armazenamento. Tão logo sejam coletadas, acondicioná-las em caixas,
ou outro recipiente, em camadas intercaladas com serragem umedecida para evitar danos físicos, como
pancadas e fricção entre elas, que poderão danificar os vasos laticíferos presentes na casca, o que pro-
vocaria exsudação de látex e consequente morte de tecidos, incluindo as gemas vegetativas. Sugere-se
parafinagem de suas extremidades e pulverização com fungicida, para evitar entrada de fungos.

As hastes verdes devem ser coletadas e, de preferência, usadas imediatamente para enxertia.
Para transporte a pequenas distâncias, embalá-las em caixas de isopor, tendo a extremidade inferior
impermeabilizada com parafina derretida.

Figura 22 – Etapas para embalagem e transporte das hastes.

23
3.10.6. Cuidados na escolha de mudas

Algumas mudas em viveiros apresentam certas anomalias difíceis de serem detectadas. Cuidados
devem ser tomados na escolha das mudas para formação do seringal. Gemas de catáfilo e deriva de
herbicida são alguns exemplos.

Figura 23 – Gema de catáfilo.

Figura 24 – Muda com folhas encarquilhadas pela deriva de herbicida.

24
4. CLONES RECOMENDADOS

A necessidade de novas variedades clonais de seringueira, adaptáveis a variadas regiões ecológicas,


constitui um ponto muito importante para o sucesso da heveicultura. Cultivares consideradas produti-
vas em algumas regiões do Brasil podem se comportar de forma diversa em outras áreas da mesma
região, principalmente aquelas sujeitas a diferentes características edafoclimáticas. Vários elementos
agroclimáticos, tais como déficits hídricos, temperatura e pluviosidade que afetam vários componentes
de crescimento e produção, contribuem com uma grande soma de variabilidade no comportamento das
variedades clonais.

Por muito tempo, as recomendações de clones para plantio em várias regiões do Brasil foram ba-
seadas no potencial de desempenho de produção dos clones e no grau de confiança demonstrado em
plantios comerciais. Atualmente, caracteres secundários, como suscetibilidade à quebra pelo vento e
pelas doenças, são parâmetros utilizados para restringir a escolha de clones, uma vez que, em condições
climáticas que lhe favoreçam a expressão, esses caracteres se comportam de maneira diferenciada,
em função dos defeitos clonais próprios.

Os clones, como material para a implantação de um seringal, apresentam várias vantagens, sendo
a mais importante a uniformidade exibida pelos seus indivíduos. Todas as árvores de um mesmo clone,
sob as mesmas condições ambientais, apresentam baixa variabilidade com relação a diferentes carac-
teres, como vigor, espessura de casca, produção, propriedades do látex, senescência anual das folhas,
nutrição e tolerância às doenças. De certa forma, isso possibilita ao heveicultor adotar um manejo fácil
e econômico. Com crescimento uniforme, o número de árvores de um seringal que necessita ser des-
cartado é sempre menor em relação aos seringais de pés-francos. Assim, o estande inicial de árvores
de um clone é menor do que o necessário para um estande de árvores constituído de pés-francos, cujo
custo de plantio e manutenção por hectare é maior.

Outro ponto importante a considerar no clone é a uniformidade das propriedades do látex. Para
propósitos industriais específicos, ele é melhor apreciado, considerando essa uniformidade essencial.
Por meio de clones possuidores de caracteres específicos diferenciados, é possível a seleção de material
para as mais diversas situações exigidas.

4.1. Identificação

Os clones diferem entre si por caracteres de importância econômica, como nível de produção, vi-
gor antes e durante a sangria, espessura de casca, cor do látex, conteúdo de borracha seca do látex,
resistência ao vento e às doenças foliares e de painel. Entretanto, esses caracteres são de pouco valor
para propósitos de identificação de clones. Cada clone tem um fenótipo, apresentando manchas ca-
racterísticas sobre a casca externa (testa) da semente, que poderão contribuir para sua identificação.
Entretanto, a melhor identificação consiste na comparação de suas sementes com aquelas de uma
coleção de referência.

A semente de seringueira possui uma testa dura e brilhante, marrom, com numerosos matizes escuros
na parte dorsal e com pouco, ou quase nenhum, na parte ventral. Além do clone, é possível identificar
o parental feminino de uma semente por meio de seus matizes (manchas escuras) e da sua forma. A
testa da semente é constituída de tecido maternal e tem forma determinada pela pressão exercida pela
cápsula do fruto durante seu desenvolvimento. Caracteres como este proporcionam os meios reais de
identificação de clones e do parental feminino em sementes clonais de polinização aberta. Sementes de
clones RRIM 600 e GT 1 são pequenas quando comparadas as do RRIM 605 e RRIM 623. Obviamente,
isso só é possível se a semente do clone em questão estiver incluída em um estande de coleção e se
as árvores forem suficientemente idosas para produzir frutos.

25
A identificação de plantas jovens enxertadas baseia-se em caracteres botânicos, podendo ser reali-
zada por técnicos especializados, com experiência em reconhecer diferenças nos detalhes entre clones
de seringueira. Em árvores adultas, a forma do caule na maior parte dos clones é cilíndrica, porém
existem caules tortuosos, como no PB 6/9, e inclinados, como no Tjir 16.

A textura da superfície da casca é outra característica. A forma de esgalhamento, o modelo de


crescimento e o ângulo de união entre o caule e o galho também variam em diferentes clones. A forma
de copa é outra característica de identificação. A copa do clone GT 1 é globular ou levemente cônica
enquanto a do RRIM 600 tem forma de vassoura.

Figura 25 – Manchas características sobre a casca externa (testa)


da semente que poderão contribuir para a identificação do clone.

4.2. Clones de importância comercial

• RRIM 600

Clone secundário desenvolvido pelo Rubber Research Institute of Malaysia, cujos parentais são
os clones primários Tjir 1 e PB 86. Suas árvores são altas, com caule vertical e de rápido crescimento
quando jovem. Os ramos aparecem tardiamente e formam grossas bifurcações que acarretam grande
peso para a base das plantas e, em caso de problemas ocasionados pelo vento, provocam a quebra
e, consequentemente, o aparecimento de clareiras no seringal. Na China, esse clone é considerado
suscetível ao vento.

A copa é estreita e a folhagem, esparsa, apresentando folhas pequenas de coloração verde-clara.


O vigor, se comparado antes e após a entrada em sangria, é considerado médio. A casca, por ser fina,
torna esse clone um pouco delicado à prática da sangria; em compensação, a renovação é boa.

A alta produção é seu ponto de destaque. Em plantios comerciais da Malásia, sua média de produ-
ção nos primeiros cinco anos de sangria foi de 1.540kg ha-1 ano-1 no sistema 1/2S d/2 e, na Costa do
Marfim, de 1.732kg ha-1 ano-1 no sistema 1/2S d/3 6d/7 com quatro estimulações/ano à base de ethefon,
enquanto, na Índia, a produção foi de 1.815kg ha-1 ano-1, também no sistema 1/2S d/2.

O clone exibe uma tendência de produção crescente. Em geral, a produção inicial é média, mas as
subsequentes são muito altas. A produção durante o verão (período de senescência ) também é alta.
Foi conduzida a análise econômica dos diferentes sistemas de sangria com base na medida de cinco
anos de produção e observado que o sistema 1/2S d/3. ET 2,5% 8y foi superior em 47% em relação ao
sistema 1/2S d/2.

26
O látex é branco e impróprio para concentração, em virtude da baixa estabilidade mecânica. Esse
clone demonstra tolerância à seca do painel, salvo quando é submetido à sangria intensiva. É altamente
suscetível à Phytophthora spp. na Costa do Marfim e considerado pouco tolerante ao frio na China.

• GT 1

Clone primário desenvolvido no seringal Gondang Tapen, na Indonésia. A árvore, de caule bem ver-
tical, pode apresentar irregularidades, como estrias ou torções na região do enxerto, isto é, incompatibi-
lidade. A abertura da copa é bastante tardia e de hábito variável, pois algumas árvores não apresentam
galhos líderes, enquanto outras possuem vários. As árvores jovens são altas e tendem a entortar quando
a formação dos galhos é tardia. As folhas, durante o período de imaturidade, são grandes, verde-escuras
e brilhantes, e menores quando a árvore atinge a fase adulta. A casca virgem é média, bastante tenra e
se renova imediatamente, não apresentando problemas à sangria. O vigor, expresso pelo crescimento
do perímetro do caule até a abertura do painel de sangria, na Costa do Marfim, é razoável, tornando-se
lento após a sangria normal, mas, em compensação, é um clone muito homogêneo. No município de
Guararapes, São Paulo, foi o clone com maior perímetro na abertura do painel de sangria, seguido do
RRIM 600 e PR 255.

É considerado de excelente produção, tanto que na Malásia sua média de produção, nos primeiros
oito anos, no sistema 1/2S d/2, foi de 1.635kg ha-1 ano-1 e, na Costa do Marfim, de 1.895kg ha-1 ano-1 no
sistema 1/2S d/3 6d/7 com quatro estimulações/ano. Observou-se que a maior rentabilidade do clone
GT 1 foi alcançada no sistema 1/2S d/7. ET 2,5% 8y em que se observou superioridade de 61% em
relação ao sistema 1/2S d/2 (testemunha). A produção tem um pequeno declínio durante a senescência.

Apresenta caracteres secundários desejáveis, pois a resistência à quebra pelo vento é de média para
boa e a ocorrência de seca do painel, pouco notada, assim como a incidência da Phytophthora spp.

Esses clones demonstram uma tendência de aumentar a produção de látex com o passar do tempo.
O látex é branco e adequado para todos os processos de produtos manufaturados. Na China, revelou-
-se tolerante às geadas de radiação e de vento. O DRC (Dry Rubber Content) é abaixo da média na
Costa do Marfim. Pela precocidade, rusticidade e pelas qualidades agronômicas, é recomendado para
pequenos heveicultores do Planalto Paulista.

• PB 235

Híbrido resultante do cruzamento dos clones primários PB 5/51 x PBS/72 de Prang Besar, Malásia.
A árvore possui caule muito reto, regular, e boa compatibilidade em relação ao enxerto e porta-enxerto.
Quando jovem possui, na base, muitos galhos pequenos, dispostos horizontalmente; as árvores adultas
revelam uma formação de galhos bastante homogênea, mas entre os seis e os dez anos ocorre um desbaste
natural, proporcionando o aparecimento de novos ramos mestres situados muito altos e com ângulo bem
definido. As folhas são de coloração verde bem acentuada. Na Costa do Marfim, apresenta senescência
parcial, pois não ocorre praticamente o desfolhamento total e a queda das folhas é muito lenta dentro
da própria estação. A casca virgem é lisa, muito profunda, tenra, sem problemas nas sangrias, pois sua
regeneração é boa.

Na região do Planalto Paulista, esse clone é considerado vigoroso (precoce), pois, em condições
experimentais no município de Tabapuã, a sangria teve início aos cinco anos e meio de idade e, comer-
cialmente, aos seis anos. Em Marília, também no Planalto Paulista, tem demonstrado copa tolerante ao
vento. O PB 235 caracteriza-se, principalmente, por entrar em produção muito precocemente, favorecida
por sua grande homogeneidade. Observou-se que o clone não responde à estimulação e que o sistema

27
1/2S d/2 mostrou superioridade em relação à média de produtividade. Esse resultado corrobora com outras
pesquisas, que explicam a fraca resposta desse clone aos sistemas de explotação com estimulação. Por
não responder à estimulação, não é indicado para regiões onde a mão-de-obra é fator limitante.

Os caracteres secundários, de modo geral, são bons excetuando-se a seca do painel, problema que
se tornou de grande importância na Costa do Marfim. Em algumas regiões do Estado de São Paulo, o
clone apresenta alta suscetibilidade ao oídio e, também, a ácaros e ao percevejo-de-renda.

• PR 255

Clone de alta produção e possuidor de bons caracteres secundários. Os parentais são o Tjir 1 x PR
107. O vigor no período de imaturidade e o incremento médio do caule na fase adulta são bons. Nesse
contexto, observou-se que ao final de cinco anos de sangria o clone PR 255 foi aquele que apresentou
o maior incremento do perímetro do caule, característica importante porque as árvores continuaram a
crescer após a sangria, o que diminuiu a probabilidade de quebra por ventos.

Possui caule alto e reto e a copa é densa e balanceada. A produção obtida de ensaios experimentais
na Malásia, por 15 anos de sangria, foi em torno de 2.020kg ha-1 ano-1. No Estado de São Paulo, a mé-
dia de produção em cinco anos de sangria foi 1.806kg ha-1 ano-1. Na análise econômica, recentemente
conduzida, dos diferentes sistemas de sangria com base na média de produção de borracha nos cinco
anos, observou-se que o sistema 1/2S d/3. ET 2,5% 8y foi superior em 43% em relação à testemunha
1/2S d/2.

A incidência de queda de folhas causada por antracnose, bem como a ocorrência de seca do painel,
são moderadas.

• PR 261

Os parentais do clone PR 261 são Tjir 1 e PR 107. Possui vigor e espessura de casca, médios e
copa balanceada, com densa folhagem. A produção média dos experimentos na Malásia por 15 anos foi
2.100kg ha-1 ano-1. No Estado de São Paulo, a média de produção de cinco anos de sangria foi 46,87g/
árvores/sangria. O clone mostra boa resposta à estimulação. A quebra pelo vento é baixa, assim como
a ocorrência de seca do painel.

• IAN 873

Desenvolvido pelo antigo Instituto Agronômico do Norte (IAN), é um clone secundário, cujos pa-
rentais são os clones primários PB 86 e FB 1717. Suas árvores são altas e moderadamente vigorosas,
com caule vertical e de rápido crescimento quando jovens. A casca é de espessura regular e com boa
regeneração.

A produção é satisfatória nos primeiros dois anos de sangria e, a partir do terceiro ano, exibe ten-
dência de produção crescente, sendo a alta produção seu ponto de destaque. Em plantios comerciais
da Malásia, a produção nos primeiros cinco anos de sangria foi de 1.505kg ha-1 ano-1 de borracha seca
e, no Brasil, de 1.441kg ha-1 ano-1, ambos no sistema 1/2S d/2.

A casca é de espessura regular e boa regeneração. Apresenta baixo índice de seca do painel e alta
incidência à quebra pelo vento. Em regiões com déficit hídrico, demonstrou considerável sensibilidade,
com queda de produção de 20 a 30% num veranico de 40 dias.

Observação: Nas áreas tradicionais de cultivo da Bahia, esse clone é altamente suscetível ao M. ulei,
portanto já não faz mais parte das listas de recomendações.

28
• Fx 3864

Clone secundário desenvolvido pela Companhia Ford Industrial do Brasil, resultante do cruzamen-
to dos clones primários PB 86 x FB 38. A árvore, de caule reto, mostrou-se moderadamente vigorosa
antes e depois do início da exploração no sul da Bahia. A espessura da casca virgem é moderada, com
regeneração acima da média. A produção nos primeiros dois anos é moderada, tornando-se elevada ao
final de nove anos de avaliação, embora com mediana redução na senescência. Seus principais carac-
teres secundários são o baixo índice de quebra pelo vento e a seca do painel, além de boa tolerância
ao mal-das-folhas, nas áreas de expansão da heveicultura na região do extremo sul da Bahia.

• IAC 35

Clone terciário desenvolvido pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC), é resultante do cruza-
mento entre os clones secundários Fx 25 x RRIM 600 (Figura 26). Apresenta caule reto vigoroso, casca
espessa e tenra, sem problemas de sangria, sendo o inconveniente a abertura de copa tardia, havendo
necessidade de indução da copa. As ramificações secundárias apresentam ângulo fechado com formato
de copa tipo vassoura, favorecendo maior número de árvores por hectare e resistência ao vento.

Figura 26 – Visão geral do clone IAC 35, com três anos de idade, na região noroeste do
Estado de São Paulo. Observa-se nas entrelinhas a Pueraria phaseoloides.

Em experimentos de Avaliação em Grande Escala, a produção nos primeiros anos foi excelente.
A média de produção dos quatro primeiros anos, em Jaú, foi de 1.415kg ha-1 ano-1 e, em Ubatuba, de
1.948kg ha-1 ano-1, ambos no Estado de São Paulo e no sistema 1/2S d/3 6d/7 ET 2,5%.

Apresenta tolerância ao mal-das-folhas, tanto no litoral como no Vale do Ribeira, bem como resis-
tência à quebra pelo vento. No Planalto, apresenta suscetibilidade aos fungos causadores de oídio e
antracnose.

29
• IAC 40

Clone de alta produção, desenvolvido pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC); é resultante do
cruzamento entre o RRIM 608 com o AVROS 1279 e apresenta excelente vigor no período de imaturi-
dade. O clone possui caule reto, regular e boa compatibilidade com relação ao enxerto x porta-enxerto.
A copa é ampla e a folhagem esparsa, apresentando folhas de tamanhos médios e de coloração verde-
-escura. A casca é lisa, espessa e tenra, sem problemas na sangria. A média de produção do clone, nos
seis primeiros anos de avaliação, foi de 2.316kg ha-1 ano-1 de borracha seca, 55% a mais em relação ao
clone RRIM 600. Apresenta taxa de crescimento do tronco acima da média em 13 anos de avaliação,
com um incremento médio anual de 6,90cm. Esse clone ainda mostra alta resistência à antracnose do
painel.

• IAC 300

Clone desenvolvido pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC); é resultante do cruzamento en-
tre os clones orientais RRIM 605 x AVROS 363. O clone possui caule muito reto e regular, os ramos
aparecem tardiamente e formam grossas bifurcações que acarretam grande peso na base das plantas.
A copa é estreita e a folhagem esparsa, apresentando folhas pequenas e de coloração verde-clara.
A casca virgem é lisa, espessa e tenra, sem causar problemas na sangria.

Apresenta certa tolerância ao Microcyclus ulei e possui fenologia regular no Vale do Ribeira. Tem
baixa tolerância à antracnose foliar causada por Coletotrichum gloeosporioides.

A produção média de borracha seca, em Votuporanga, no Planalto, foi superior em 27% (1.945 kg ha-1
ano-1) quando comparada ao RRIM 600 que, no mesmo período, produziu 1.539kg ha-1 ano-1. Já no Vale
do Ribeira, em Pariquera-Açu, a produção foi de 1.068kg ha-1 ano-1, 15% a menos quando comparado
ao IAN 873, que produziu 1.252kg ha-1 ano-1 de borracha seca. Pela alta produção e pelas qualidades
agronômicas, como tolerância ao vento, o clone pode ser recomendado para plantio em pequena escala
nas regiões do Planalto e litoral do Estado de São Paulo.

• IAC 301

Clone desenvolvido pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC); é resultante do cruzamento entre
os clones RRIM 605 e AVROS 1518. A árvore possui caule muito reto, regular e boa compatibilidade em
relação ao enxerto x porta-enxerto. Os ramos aparecem tardiamente e formam grossas bifurcações que
acarretam grande peso nas bases das plantas. A copa é estreita e a folhagem esparsa, apresentando
folhas pequenas de coloração verde-escura. A produção média de borracha seca obtida em Votuporan-
ga, no planalto, foi superior a 27% (1.945 kg ha-1 ano-1.) quando comparada ao RRIM 600 que produziu
1.539kg ha-1 ano-1. Já, no Vale do Ribeira, em Pariquera-Açu, a produção foi de 1.068kg ha-1 ano-1, 15% a
menos quando comparada à testemunha IAN 873, que produziu 1.252kg ha-1 ano-1. Pela alta produção e
pelas qualidades agronômicas, como a tolerância ao vento, o clone pode ser recomendado para plantio
em pequena escala.

• IAC 302

Desenvolvido pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC), a árvore possui caule muito reto, regular
e boa compatibilidade em relação ao enxerto x porta-enxerto. Os ramos aparecem tardiamente e formam
grossas bifurcações que acarretam grande peso na base das plantas. A copa é estreita e a folhagem
esparsa, apresentando folhas pequenas de coloração verde-clara. A casca virgem é lisa, espessa e
tenra, sem problemas na sangria.

30
4.3. Porta-enxertos

A maioria dos viveiros instalados no Estado de São Paulo forma porta-enxertos a partir de sementes
coletadas em plantios comerciais (blocos policlonais). Esse fato é responsável pela grande variação
observada entre plantas em plantios monoclonais, levando à falta de uniformidade nos plantios. Para
reduzir os efeitos da incompatibilidade fisiológica nas combinações de enxertos x porta-enxertos, su-
gere-se como porta-enxertos a utilização de progênies geneticamente aparentadas ao clone que será
multiplicado. Para tal, a coleta dessas sementes deve ser feita nas bordaduras de um talhão contíguo
a outro, com clone conhecido. Desse modo, aumentam-se as chances de esse último clone ser a fonte
fornecedora de pólen para as plantas das bordaduras. Mas isso só é possível quando há sincronismo
no período de florescimento dos clones parentais (mãe e pai).

Os seringais, assim formados, desenvolvem-se mais rapidamente e entram mais precocemente em


sangria, por terem um maior número de plantas com dimensões mínimas de perímetro de tronco exigidas.
Os resultados experimentais do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) apontam para ganhos em vigor
quando o clone RRIM 600 foi enxertado sobre porta-enxertos resultantes de progênies de polinização
aberta dos clones IAN 873 e GT 1.

Porta-enxerto

Figura 27 – Desempenho do vigor de seis clones de seringueira nos períodos: pré (vermelho) e pós-sangria (azul) de
seis diferentes porta-enxertos em 18 anos de avaliação.

31
Porta-enxerto

Figura 28 – Desempenho produtivo de seis clones de seringueira em


função de seis diferentes porta-enxertos, em nove anos de avaliação.

Sementes ilegítimas provenientes de talhões monoclonais de GT 1 produzem porta-enxertos de alta


qualidade, por ser um clone macho-estéril. Esse fato é importante, pois, quando o clone GT 1 é plantado
ao lado de outro talhão de clone comercial, é possível a obtenção de sementes de pai conhecido. Assim,
uma maior quantidade de porta-enxertos pode ser obtida mais rapidamente.

Recentemente, o IAC estudou os efeitos de seis porta-enxertos (IAN 873, GT 1, PB 235, RRIM 600,
RRIM 701 e SNS) sobre vigor e produção de borracha seca em cinco clones (GT 1, PB 235, PR 107,
RRIM 600 e RRIM 701), em um período de 18 anos (vigor) e 9 anos (produção) de avaliação, respecti-
vamente. Observou-se que, em relação ao perímetro do caule (vigor), os porta-enxertos não diferiram
entre si, ou seja, mostraram que todos tiveram o mesmo desempenho no que se refere ao crescimento,
nos períodos de pré e pós-sangria. Por outro lado, o melhor desempenho produtivo foi alcançado pelo
uso do porta-enxerto PB 235, que produziu uma média de 1.764kg ha-1 ano-1, bem superior ao porta-
-enxerto obtido de sementes não selecionadas (SNS), que produziu uma média de 1.082kg ha-1 ano-1
nos seis clones enxertados. Os autores recomendam a utilização de sementes de GT 1 e IAN 873 para
formação de porta-enxertos em relação ao rendimento (maior número de porta-enxertos, aptos à en-
xertia) e porta-enxertos de PB 235 para aumento de produção do seringal na fase de pós-sangria para
a região Sudeste do Brasil.

32
4.4. Recomendações para plantio

A seleção de clones para plantio em pequenas propriedades apresenta problemas diferentes dos
enfrentados pelos grandes heveicultores. A escolha geralmente deve basear-se em clones disponíveis
e com maior produtividade, que apresentem rápido crescimento, resistência às principais doenças e
aos ventos fortes, casca com boa espessura e que permita uma adequada regeneração e câmbio não
facilmente afetado na sangria.

O período de descanso dado às árvores durante a troca de folhas deve estar relacionado com o
período em que o produtor esteja se dedicando a outras atividades na propriedade. Se esse determi-
nado clone possuir a maioria desses atributos, poderá ser recomendado ao pequeno heveicultor. Por
outro lado, dada a limitação de opções clonais para a formação de grandes áreas, sugere-se que sejam
também implantados pequenos blocos para testar experimentalmente outros clones promissores, como
uma forma acelerada de avaliação em larga escala, permitindo conhecer sua adaptabilidade e estabi-
lidade em um maior número de localidades, com economia de tempo, espaço e recursos financeiros.
Esse procedimento, que está sendo colocado em prática no IAC, tem como objetivos a exploração mais
adequada da resposta à interação genótipo x ambiente e a uma maior oferta de clones para futuros
plantios.

Nas áreas consideradas como de escape, especialmente no Sudeste do Brasil e Planalto do Estado
de São Paulo, há certa preferência pelo uso de clones orientais que, a despeito da alta suscetibilidade
ao mal-das-folhas, apresentam grande chance de exteriorizar todo seu potencial de produção. Isso
porque, nesses locais, as condições ambientais não são favoráveis ao desenvolvimento dessa doença,
principalmente durante o período de reenfolhamento das plantas.

Na Tabela 1 estão relacionados os clones potencialmente produtivos para as regiões Sudeste do


Brasil e Planalto do Estado de São Paulo. Ênfase deve ser dada ao ano 2000, quando foi introduzida
uma nova coleção de cerca de 40 clones constituída dos melhores clones malaios e africanos, de ter-
ceira geração. Esses clones estão sendo avaliados em experimentos em grande escala, em Estrutura
Analítica de Projetos (EAPs) nos diferentes estados da região Sudeste do Brasil. É interessante observar
que, em função da carência de informações no Brasil, foram estimadas as produções de borracha seca
de boa parte desses clones, mostrando grande potencial para serem recomendados em níveis experi-
mentais em diferentes regiões do País. Com base em dados de produção em gramas de borracha seca
por sangria obtida nos ensaios da Malásia e Costa do Marfim, foram estimadas as produções para a
realidade brasileira. Para os cálculos da produção anual do primeiro ano de avaliação, foi utilizado um
estande de 240 árvores (60%) aptas para sangria; no segundo ano, 340 árvores (85%); no terceiro ano,
380 árvores (95%) e, a partir do quarto, 400 árvores (100%), considerando 100 sangrias, no sistema
1/2S d/3 6d/7, com estimulação a 2,5%.

33
Tabela 1 – Produção média anual de borracha de 37 clones de seringueiras obtida dos seringais paulistas recomendados para plantio em

34
grande e pequena escalas para a região Sudeste do Brasil.

Produção anual em kg/ha/ano e grama/árvore/corte de borracha seca1 Média de produção


Clone
2 3 4 5 5 5 5 5 5 5
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
GT 1 770 1.544 1.573 1.544 1.545 2.144 2.084 2.416 2.456 - 1.899
(20,50) (23,99) (25,04) (28,54) (32,18) (53,60) (52,10) (60,40) (61,40) - (49,70)
IAC 300 794 1.970 2.036 2.543 1.926 2.055 - - - - 1.887
(23,62) (57,94) (74,43) (88,31) (66,87) (71,36) - - - - (63,76)
IAC 301 718 1.969 2.567 2.318 1.636 1.690 1.818 - - - 1.818
(21,27) (57,92) (93,42) (80,48) (56,82) (59,00) (61,57) - - - (61,57)
IAC 40 1.066 2.605 2.239 2.807 2.787 2.896 - - - - 2.400
(31,72) (76,62) (81,82) (94,47) (96,76) (100,57) - - - - (80,83)
IRCA 111 803 1.295 1.625 1.728 1.958 - - - - - 1.322
(46,48) (52,93) (57,88) (60,00) (68,00) - - - - - (57,00)
IRCA 18 854 1.755 2.055 2.160 - - - 1.706
(34,89) (50,61) (53,02) (52,94) - - - (47,86)
IRCA 22 1.128 1.893 2.295 2.460 - - - 1.944
(46,08) (54,58) (59,21) (60,29) - - - (55,04)
IRCA 27 624 1.074 1.694 1.816 - - - 1.302
(25,49) (30,97) (43,70) (44,51) - - (36,17)
IRCA 35 846 1.320 1.517 1.728 2.074 - - - - - 1.497
(49,00) (53,96) (55,48) (60,00) (72,00) - - - - - (58,00)
PB 217 778 1.229 1.547 1.728 2.016 2.160 - - - - 1.576
(45,00) (50,20) (55,10) (60,00) (70,00) (75,00) - - - - (59,22)
PB 235 890 1.723 2.346 2.492 2.167 2.234 3.500 2.744 2.772 2.744 2.361
(26,50) (36,20) (44,10) (44,50) (44,70) (39,9) (62,50) (49,00) (49,50) (49,00) (44,00)
PB 254 680 1.239 1.843 1.944 1.782 2.430 - - 1.653
(27,78 ) (35,73) (47,55) (47,65) (43,68) (59,56) - - (43,66)
PB 311 752 1.576 2.397 2.601 2.208 3.423 3.240 3.270 3.390 2.547 2.540
(30,72 ) (45,44) (61,84) (63,75) (54,12) (83,90) (79,41) (80,15) (83,09) (62,43) (64,48)
PB 312 634 1.512 1.895 2.817 2.124 1.599 1.872 2.088 2.331 2.301 1.917
(25,90 ) (43,60) (48,89) (69,04) (52,06) (39,19) (45,88) (51,18) (57,13) (56,40) (48,93)
PB 314 797 1.640 1.776 2.298 2.133 2.433 2.244 2.148 2.043 2.391 1.990
(32,56 ) (47,29) (45,82) (56,32) (52,28) (59,63) (55,00) (52,65) (50,07) (58,60) (51,02)

continua...
Clone Produção anual em kg/ha/ano e grama/árvore/corte de borracha seca1 Média de produção
2 3 4 5 5 5 5 5 5 5
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
PB 350 1.523 1.738 1.674 1.551 - - - - - - 1.622
(62,21 ) (50,12) (43,19) (38,01) - - - - - - (48,38)
PB 355 660 1.103 1.582 1.968 - - - - - - 1.328
(26,96 ) (31,81) (40,82) (48,24) - - - - - - (36,95)
PR 107 987 1.268 865 866 1.987 2.382 - - - - 1.670
(57,17) (51,83) (30,83) (30,83) (69,00) (81,00) - - - - (58,00)
PR 255 913 1.769 2.082 2.176 1.090 2.240 2.492 2.318 2.285 2.223 2.008
(36,57) (50,02) (52,69) (52,32) (50,25) (40,00) (44,50) (41,40) (40,80) (39,70) (37,40)
PR 261 558 1.190 1.660 1.994 1.982 2.425 2.559 2.621 2.447 2.296 1973
(16,60) (25,00) (31,20) (35,60) (35,40) (43,30) (45,70) (46,80) (43,70) (41,00) (36,40)
RRIC 100 931 1.333 1.231 1.524 - - - - - - 1.255
(38,03 ) (38,44) (31,76) (37,35) - - - - - - (36,40)
RRII 105 906 1.262 1.531 1.646 1.680 1.848 - - - - 1.479
(37,01 ) (36,39) (39,50) (40,34) (41,18) (45,29) - - - - (39,95)
RRIM 710 1.588 2.554 3.054 3.510 - - - - - - 2.677
(64,87) (73,64) (78,79) (86,03) - - - - - - (75,83)
RRIM 711 1.069 2.508 4.107 4.914 - - - - - - 3.150
(43,67 ) (72,32) (105,96) (120,44) - - - - - - (85,60)
RRIM 713 940 1.778 2.896 4.104 - - - - - - 2.430
(38,40) (51,27) (74,72) (100,59) - - - - - - (66,24)
RRIM 729 486 1.193 1.948 2.106 2.268 2.160 - - - - 1.694
(19,85) (34,40) (50,26) (51,62) (55,59) (52,94) - - - - (44,11)
RRIM 805 850 1.231 1.398 1.567 - - - - - - 1.262
(34,72) (35,50) (36,07) (38,41) - - - - - - (36,17)
RRIM 901 1.080 1.710 2.230 1.980 2.040 1.990 2.220 1.720 1.950 1.790 1.871
(44,12) (49,31) (57,53) (48,53) (50,00) (48,77) (54,41) (42,16) (47,79) (43,87) (48,65)
RRIM 908 787 1.187 1.476 1.796 1.832 1.740 - - - 1.470
(32,15) (34,23) (38,08) (44,02) (44,90) (42,65) - - - - (39,34)
RRIM 911 770 1.533 1.809 2.148 2.132 2.108 - - - - 1.750
(31,45) (44,20) (46,67) (52,65) (52,25) (51,67) - - - - (46,48)

continua...

35
Produção anual em kg/ha/ano e grama/árvore/corte de borracha seca1 Média de produção

36
Clone
2 3 4 5 5 5 5 5 5 5
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
RRIM 919 674 1.064 1.296 1.716 2.064 1.710 - - - - 1.421
(27,53) (30,68) (33,44) (42,06) (50,59) (41,91) - - - - (37,70)
RRIM 937 1.890 2.630 3.830 2.610 2.330 3.140 2.350 2.410 1.980 1.160 2.433
(77,21) (75,84) (98,81) (63,97) (57,11) (76,96) (57,60) (59,07) (48,53) (28,43) (64,35)
RRIM 938 1.350 2.220 3.310 2.310 1.910 3.460 1.920 1.930 2.360 2.150 2.292
(55,15) (64,01) (85,40) (56,62) (46,81) (84,80) (47,06) (47,30) (57,84) (52,70) (59,77)
RRIM 600 804 1.724 1.985 2.113 2.057 2.800 2.568 2.492 2.628 - 2.279
(22,53) (48,75) (32,23) (48,75) (50,22) (70,00) (64,20) (62,30) (65,70) - (59,90)

1
É apresentada em gramas de borracha seca por sangria por árvore (g/s/a) e em quilogramas de borracha seca por hectare por ano (kg ha-1 ano-1.). Para os cálculos em quilogramas,
utilizou-se o peso em gramas x n.º de árvores por hectare x n.º de sangrias/ano.
2
Sistema de sangria ½ S d/7. 11m/y. ET 2,5% La 1(1). 8/y em painel B 01. Considerou-se um estande de 240 árvores por hectare e 102 sangrias/ano com a aplicação de 2,5% de etefon.
3
Sistema de sangria ½ S d/7. 11m/y. ET 2,5% La 1(1). 8/y em painel B 01. Considerou-se um estande de 340 árvores por hectare e 102 sangrias/ano com aplicação de 2,5% de etefon.
4
Sistema de sangria ½ S d/7. 11m/y. ET 2,5% La 1(1). 8/y em painel B 01. Considerou-se um estande de 380 árvores por hectare e 102 sangrias/ano com a aplicação de 2,5% de etefon.
5
Sistema de sangria ½ S d/7. 11m/y. ET 2,5% La 1(1). 8/y em painel B 01. Considerou-se um estande de 400 árvores por hectare e 102 sangrias/ano com a aplicação de 2,5% de etefon.
Fonte: IAC/Apabor
4.5. Escala de recomendações

Com vista a compatibilizar as recomendações sobre o material a ser plantado em determinada região
ecológica, critérios básicos foram estabelecidos (Tabela 2) conforme seguem:
• Classe I – clone para plantio em grande e pequena escalas, ou seja, clone reconhecidamente de
bom desempenho em muitos locais. Sugere-se que não exceda 50% de área total para o pequeno ou
médio seringal a ser instalado. Nas condições da região do Planalto, somente os clones RRIM 600
e PR 255 estão incluídos na Classe I. Nessa classe, os clones PB 235 e GT 1 não foram incluídos
em virtude da suscetibilidade do PB 235 ao oídio em algumas dessas regiões e da baixa produção
inicial do GT 1 nos dois primeiros anos de sangria.
• Classe II – envolve clones que, por meio de avaliações do seu desempenho, têm provado seu mérito
ao longo do tempo. Nela estão incluídos clones, os quais em combinação com outros três ou mais
podem ser plantados acima de 50% da área total da pequena, média ou grande plantação.
• Classe III – os clones dessa classe são divididos em dois grupos (A) e (B). Na escolha de quaisquer
desses grupos, os clones são recomendados para plantio em até 15% da área total em blocos agre-
gados. Clones do grupo (A) são aqueles que demonstraram bom desempenho em experimentos de
avaliação em pequena escala e, em curto prazo, seu desempenho vem sendo confirmado em experi-
mentos de grande escala. Clones do grupo (B) são na sua maioria clones resultantes de introduções
antigas, às vezes com produções pouco inferiores aos clones modernos, mas que vêm apresentando
bom desempenho ao longo do tempo e que também são possuidores de outros atributos secundários
desejáveis, como resistência à antracnose das folhas, à seca do painel etc. Nesse caso, nenhuma
restrição ao plantio deve ser levada em consideração.

Tabela 2 – Clones recomendados para a região Sudeste do Brasil e o Planalto do Estado de São Paulo.

Classe I (Plantio em Classe II (Plantio em Classe IIIA (Plantio em Classe IIIB (Plantio em
grande escala) moderada escala) escala experimental) escala experimental)
RRIM 600 RRIM 937 RRIM 710 RRIM 714
PR 255 RRIM 938 RRIM 711 RRIM 805
PB 235 RRIM 713 RRIM 908
PB 217 RRIM 903 RRIM 919
PB 252 RRIM 911 PB 254
PR 261 RRIM 729 IRCA 22
Pequenas e
IAC 35 IAC 303 IRCA 18
grandes
propriedades IAC 40 PB 311 PB 355
IAC 41 PB 314 IRCA 27
IAC 56 PB 312 RRII105
IAC 300 PB 350 RRIC 100
AC 301
AC 302
IRCA 111
GT 1
Clone I – Clones aprovados para plantio em grande escala, o qual não deve exceder 50% da área total do plantio.
Clone II – Clones que por meio de avaliações têm aprovados seu mérito ao longo do tempo. Em combinações de três ou mais,
podem ser plantados acima de 50% da área total do plantio.
Clone III – Clones recomendados para plantio em até 15% da área total de plantio. A classe envolve dois grupos.
Observação: Os clones em vermelho são registrados no MAPA.

37
Para pequenos plantios, a escolha de clones deve ser mais rigorosa para minimizar os riscos de
perdas, considerando que, geralmente, o pequeno heveicultor não dispõe de muito conhecimento técnico
sobre a cultura. Em áreas com até cinco hectares, utilizar um único clone; em áreas maiores, utilizar, no
mínimo, dois clones.

5. IMPLANTAÇÃO

A fim de viabilizar economicamente a cultura da seringueira, alguns cuidados especiais devem ser
considerados, pois, como toda cultura perene, a seringueira tem um longo período de maturidade e vida
útil, gerando custos elevados de formação e manutenção.

5.1. Escolha e localização da área

O primeiro passo a ser considerado na implantação de um projeto heveícola é verificar se a região


está enquadrada em área favorável ao seu desenvolvimento, conforme Zoneamento Agroclimático
para a cultura. Além desse enquadramento, outros cuidados deverão ser tomados, observando-se as
características do local:
• Exposição a ventos frios ou predominantes – na medida do possível, evitar áreas expostas a tais
fatores. Caso contrário, cuidados especiais deverão ser tomados no sentido de amenizar os efeitos
maléficos, como quebra-ventos, que podem ser de culturas anuais de porte elevado ou, mesmo, le-
guminosas com porte que atendam a essas exigências.
• Profundidade do solo – para o perfeito desenvolvimento do sistema radicular da cultura da seringueira,
exige-se uma profundidade mínima de, aproximadamente, 4 metros, livre de qualquer impedimento,
ou de encharcamento.
• Acúmulo de ar frio – nos primeiros anos de formação, a seringueira é suscetível ao efeito de baixas
temperaturas, razão pela qual devem ser evitadas baixadas com acúmulo e má drenagem de ar frio.
• Isolamento da área – considerar os aspectos relacionados a riscos de incêndios, como áreas de
pastagens, canaviais, capoeiras etc., mantendo a área com aceiro.
• Topografia – evitar áreas muito íngremes, a fim de facilitar a mecanização, os tratos culturais e a
explotação.

5.2. Preparo da área

Independente do sistema de preparo a ser adotado, cuidados deverão ser tomados com relação
à conservação do solo, adotando-se práticas conservacionistas adequadas a cada situação. Também
devem-se eliminar tocos, cupins, bem como outros obstáculos que, porventura, venham a dificultar a
mecanização.
• Convencional – entende-se por esse método o preparo do solo por meio de aração e gradagem.
• Plantio direto – consiste na eliminação das plantas invasoras por dessecação química, seja em área
total ou em faixas nas linhas de plantio.

5.3. Densidade e locação do seringal

A densidade recomendada para a cultura da seringueira deve ser de 500 plantas por hectare. Atualmen-
te há uma tendência de adensamento que, entretanto, não deve ser superior a 550 plantas por hectare. O
espaçamento mais utilizado para alcançar essa densidade é de 8,0 metros entrelinhas e 2,5 metros entre as

38
plantas, ou 7,0 metros nas linhas e 2,85 metros entre as plantas. Para densidades maiores, o espaçamento
indicado é 7,5 metros entre as linhas e 2,4 metros entre as plantas na linha. Como recomendação geral, não
utilizar área menor que 18 a 20 m2 por planta, para seu bom desenvolvimento.

O arranjo na forma retangular deve-se à racionalização dos tratos culturais e da explotação. As


linhas de plantio devem ser demarcadas por sulcamento paralelo à linha nivelada básica, obedecendo
ao espaçamento. Como as niveladas básicas não são paralelas, ocorrerão ruas mortas no meio do se-
ringal, com significativa perda de terreno e consequente redução da densidade. Para obter a densidade
próxima do desejado, adota-se, nesse caso, a distância mínima de 5 metros no final de ruas mortas,
compensando com o aumento entre plantas da linha.

5.4. Preparo da cova de plantio

As covas com dimensões aproximadas de 40cm de diâmetro por 60cm de profundidade poderão
ser abertas manual ou mecanicamente com brocas acopladas ao trator, devendo, nesse caso, ser
adaptadas garras laterais à broca para promover a escarificação da parede lateral da cova, evitando-se
o espelhamento. A cova deve ser preenchida com mistura de solo de superfície, acrescido de 30g de
P2O5, 30 g de K2O, 20 litros de esterco de curral ou 2 litros de esterco de galinha (devidamente curtidos)
e, em solos deficientes em zinco, acrescentar 5 gramas de zinco. Essa operação deverá ser realizada,
no mínimo, com 60 dias de antecedência do plantio, para perfeita decomposição do material orgânico.
No caso de não utilização do esterco, não há necessidade de abertura da cova com antecedência.

Figura 29 – Abertura de cova mecanicamente.

5.5. Seleção e transporte de mudas

De acordo com o tipo de muda, devem-se estabelecer padrões de seleção, com objetivo de unifor-
mizar o desenvolvimento do seringal. Para isso, classificar as mudas de acordo com o porte e estádio
vegetativo, verificando-se, ainda, o bom desenvolvimento do sistema radicular e descartando as que
apresentarem baixo vigor.

O transporte das mudas deve ser feito de forma adequada, evitando danos ao enxerto e aos
torrões.
39
5.6. Plantio

• Mudas de raiz-nua

Para esse tipo de plantio, emprega-se a muda de toco parafinado, a qual deve apresentar compri-
mento da raiz principal em torno de 40cm. Nas covas previamente preparadas, abrem-se covetas com
a utilização de cavadeiras, adicionando-se água e terra para a formação de lama. A muda é introduzida
com ligeira pressão até que a placa de enxertia fique a 5cm do solo, voltada para o nascente. Realizar
movimentos circulares a fim de retirar ao máximo os bolsões de ar que poderão ocasionalmente ficar
próximos às radicelas.

A parte superior da muda deve ser protegida contra a incidência direta de raios solares, sendo uma
das opções a pintura com tinta látex branca, antes da parafinagem.

Figura 30 – Coveta com lama.

Figura 31 – Introdução da muda na coveta.

40
Figura 32 – Muda em desenvolvimento: “esporinha”, lançamento novo e lançamento maduro, respectivamente.

Figura 33 – Plantio.

• Mudas em saco plástico

Uma vez feita a seleção, segundo o desenvolvimento do enxerto, as mudas com brotos de até 2cm
(esporinha) ou com um ou dois lançamentos maduros devem ser plantadas em covetas abertas nas
covas previamente preparadas ou diretamente no sulco de plantio, direcionando a brotação no sentido
do nascente. A profundidade de plantio da muda deve ser tal que o enxerto fique ligeiramente acima
do nível do solo. O plantio das mudas deve ser precedido da retirada do saco plástico. O diâmetro das
covetas precisa ser superior ao diâmetro do torrão, permitindo uma ligeira compactação lateral, evitando-
-se, entretanto, danos ao torrão. No caso de utilização de mudas com um ou dois lançamentos maduros,
recomenda-se pintar a base da haste com tinta látex branca, para evitar escaldadura pelo sol.

41
Em seguida, fazer o coroamento das covas, para permitir a retenção da água das regas. A rega
de consolidação deve ser realizada logo após o plantio para evitar a formação de bolsas de ar, sendo
repetidas quantas vezes necessárias até o perfeito pegamento das mudas. Pode-se, ainda, lançar mão
de substâncias que retêm a umidade, permitindo reduzir a frequência de regas.

Figura 34 – Plantio de muda ensacolada.

5.7. Replantio

A formação do seringal deve ser cercada de cuidados especiais, no sentido de evitar a redução
do estande. Iniciar o replantio logo após constatadas as primeiras falhas, utilizando mudas com idade
compatível com as outras, corrigindo falhas oriundas de morte de plantas e substituindo plantas com
baixo vigor ainda no primeiro ano do plantio.

Replanta

Figura 35 – Replantio de mudas.

42
5.8. Controle de plantas invasoras

A seringueira é bastante sensível à competição pelo mato, principalmente nos primeiros anos de
desenvolvimento. Essa sensibilidade deve-se à concorrência por luz solar, à umidade, aos nutrientes ou,
mesmo, ao efeito alelopático. Por esse motivo, sua condução deve ser livre de qualquer competição.

Para o bom desenvolvimento das plantas, a linha de plantio deve ser mantida sempre isenta de
plantas invasoras em uma faixa inicialmente de um metro de cada lado da planta, no primeiro ano,
indo até 2 metros nos anos subsequentes. Para a manutenção dessa faixa, bem como das entrelinhas,
podem-se utilizar métodos manuais, mecânicos ou químicos, com ênfase no período seco, quando a
concorrência por água se acentua.

Figura 36 – Linha de plantio isenta de plantas invasoras por método químico.

Figura 37 – Faixa de plantio mantida livre de plantas daninhas (seringal com 3 meses após o plantio).

43
5.9. Desbrotas

As desbrotas consistem na eliminação da brotação indesejável, podendo ocorrer tanto no porta-


-enxerto como no enxerto em desenvolvimento. No primeiro caso, toda a brotação além do enxerto
deverá ser removida assim que for constatada, permitindo maior vigor ao broto do enxerto. Caso a bro-
tação ocorra na haste do enxerto, ela deverá ser eliminada manualmente, com auxílio de ferramentas
específicas (canivete ou tesoura de poda), o mais cedo possível, mantendo-se a haste única livre de
qualquer brotação até a altura de 2,5 metros.

A desbrota necessita ser executada por mão-de-obra previamente treinada que, em sistema de
rodízio, percorre todas as linhas de plantio pelo menos uma vez por semana. Na desbrota, é preciso
tomar cuidado para não vergar as hastes das plantas mais altas.

6. CONDUÇÃO DO SERINGAL

6.1. Manejo químico e cultural de plantas invasoras

A seringueira, assim como as demais plantas cultivadas, é bastante sensível à infestação e à con-
corrência de plantas invasoras.

As plantas invasoras, também denominadas plantas daninhas ou plantas infestantes, possuem


grande capacidade de competição por luz solar, oxigênio, umidade e nutrientes, recursos necessários
ao crescimento e desenvolvimento da planta. Por esse motivo, a seringueira deve ser sempre mantida
no limpo, especialmente na implantação e durante o primeiro ano. Nesses períodos, recomenda-se que
o solo e a parte aérea das seringueiras estejam livres de quaisquer plantas infestantes a pelo menos
um metro de cada lado da linha de plantio. Esse cuidado evitará a competição e permitirá satisfatório
crescimento e desenvolvimento do seringal.

Nos casos em que o produtor optar pelo consórcio da seringueira com culturas anuais ou perenes,
obedecer ao espaçamento mínimo para não haver competição entre as culturas. Quando do início do
estabelecimento da seringueira, a cultura consorciada deve ser plantada em ruas alternadas para não
atrapalhar as operações de replantio, irrigação, adubação e demais tratos culturais.

É comum o uso do preparo mínimo do solo na implantação da seringueira em áreas ocupadas com
pastagens. Normalmente é feita a dessecação de toda a área ou somente das linhas de plantio. Após
essa operação, o solo é preparado com grade ou outro implemento apenas nas linhas de plantio. Inde-
pendente do sistema de plantio adotado, recomenda-se que a seringueira não conviva com braquiária,
especialmente a Decumbens, por problemas de alelopatia, que aumentam muito a competição e impe-
dem o desenvolvimento da planta de seringueira.

A alelopatia é definida como o efeito inibitório ou benéfico, direto ou indireto, de uma planta sobre
outra, via produção de compostos químicos que são liberados no ambiente (Souza et al., 2006). Se por
qualquer motivo o produtor não eliminar a braquiária no momento da implantação, fazer a eliminação
gradual para retirar definitivamente essa planta do convívio com a seringueira.

Atualmente, segundo o Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários (Agrofit) do Ministério da Agricultura,


Pecuária e Abastecimento (MAPA) e da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São
Paulo, por meio da Coordenadoria de Defesa Agropecuária (SAA/CDA), Centro de Fiscalização de In-
sumos e Conservação de Solo, existem sete ingredientes ativos de herbicidas registrados para a cultura
da seringueira: atrazine, paraquat, diuron, glyphosate, imazapyr, simazine e trifluralina.

44
Em relação ao modo de ação, os herbicidas são classificados em pré-emergentes e pós-emergentes.

Os pré-emergentes, para terem eficiência, devem ser aplicados em solo recém-capinado e com
adequada umidade, para poderem atuar sobre a sementeira e impedir a germinação. Após a aplicação,
o solo não pode ser revolvido, para que o herbicida permaneça e atue durante o período residual. Em
solos mais argilosos, a dose recomendada é maior, pois há retenção do produto. Os pré-emergentes
recomendados para a seringueira são atrazine, diuron, imazapyr, simazine e trifluralina.

Os herbicidas pós-emergentes são aplicados nas plantas invasoras já crescidas, diretamente sobre
as folhas, respeitando-se o estádio de crescimento. Nesse grupo, é importante distinguir os que têm
efeito de contato (paraquat) daqueles com ação sistêmica (glyphosate). O paraquat age muito rápido
sobre gramíneas, controlando também folhas largas, desde que não haja impedimento para sua absor-
ção, como presença de camada de cera nas folhas.

Todos os herbicidas têm melhor eficácia quando observadas as exigências do fabricante e as condi-
ções de aplicação, como: pH da água, umidade relativa do ar, horário de aplicação, espécies daninhas
predominantes e respectivo estádio de desenvolvimento dessas plantas.

Algumas precauções devem ser tomadas na aplicação, como verificar a bula e utilizar conforme
recomendação do fabricante, além de respeitar o período de carência.

Figura 38 – Aumento da faixa livre de plantas daninhas (seringal irrigado: 1 ano).

Figura 39 – Seringal livre de plantas daninhas (com 2 anos e meio).

45
Tabela 3 – Herbicidas registrados para a cultura da seringueira – SAA/CDA/Centro de Fiscalização de
Insumos e Conservação de Solo e Agrofit (2010).

Herbicida Grupo químico Nome comercial


Pré-emergentes atrazine Atrazinax 500
diuron Diurion Nortox, Karmex 800, Direx 500 SC
imazapyr Contain, Arsenal 250
simazine Sipazina 800 PM
trifluralina Premerlin 600 EC
Pós-emergentes glyphosate Glifosato Nortox, Trop, Gliz 480 SL, Gliz Plus, Glyox,
Agrisato 480 CS, Glifosato Dow Agrociences, Glifosato
480 HELM
paraquat Gramoxone 200, Disseka 200, Paraquat Herbitécnica
Pré e pós-emergentes diuron + paraquat Gramocil
diuron + hexazinone Velpar K

Observação: Atualização da tabela de herbicidas: www.cda.sp.gov.br

6.2. Desbrotas

As desbrotas consistem na eliminação da brotação indesejável, podendo ocorrer tanto no porta-


-enxerto como no enxerto em desenvolvimento.

No primeiro caso, toda a brotação, além do enxerto, deverá ser removida assim que for constatada,
permitindo maior vigor ao broto do enxerto. Caso a brotação ocorra na haste do enxerto, ela deverá ser
eliminada manualmente com auxílio de ferramentas específicas (canivete ou tesoura de poda), o mais
cedo possível, mantendo-se a haste única livre de qualquer brotação até a altura de 2,5 metros.

A desbrota deve ser executada por mão-de-obra previamente treinada que, em sistema de rodízio,
percorrerá todas as linhas de plantio pelo menos uma vez por semana. Na desbrota, é preciso tomar
cuidado para não vergar as hastes das plantas mais altas.

7. NUTRIÇÃO MINERAL E ADUBAÇÃO DA SERINGUEIRA

O estudo de nutrição de plantas estabelece quais são os elementos essenciais para o ciclo de vida
da planta, como são absorvidos, translocados e acumulados, suas funções, exigências e os distúrbios
que causam quando em quantidades deficientes ou excessivas. E a adubação é considerada o mais
importante fator de produtividade agrícola do seringal.

7.1. Nutrição mineral

Em uma planta colhida fresca, dependendo da espécie, pode-se observar que a maior proporção
de sua massa, de 70 até 95%, é constituída por água (H2O). Após a secagem dessa planta em estufa
(circulação forçada de ar, a mais ou menos 70oC por 24-48 horas), evapora-se a água e obtém-se a

46
matéria seca ou massa seca; quando submetida à mineralização, seja em forno mufla (300oC) seja em
ácido forte, separam-se o componente orgânico e o mineral (nutrientes). Realizando-se análise desse
material vegetal seco, observa-se, de maneira geral, o predomínio de C, H e O, compondo 92% da
matéria seca das plantas.

Salienta-se que os resultados da análise química do material vegetal é expresso com base na matéria
seca, pois esta é mais estável que a fresca, a qual varia de acordo com o meio, ou seja, com a hora do
dia, com água disponível no solo, temperatura, entre outros.

Ressalta-se que o C provém do ar atmosférico na forma de gás carbônico, CO2; o H e O vêm da água,
H2O; enquanto os minerais (macro e micronutrientes) vêm do solo, direta ou indiretamente; portanto,
percebe-se que o nutriente das plantas provém de três sistemas: ar, água e solo. Assim, cerca de 92%
da matéria seca das plantas provém dos sistemas ar e água e apenas 8% provém do solo; entretanto,
embora este último seja menos importante quantitativamente em relação aos demais, é o mais discutido
nos estudos de nutrição de plantas e, também, o mais dispendioso aos sistemas de produção agrícola,
especialmente se considerarmos que o ar e a água da chuva têm “custo zero” (em sistema de produção
não irrigado).

7.1.1. Funções dos nutrientes

Cada nutriente desempenha funções definidas e específicas na planta; nenhum pode ser comple-
tamente substituído por outro e todos devem estar juntos para produzir melhores resultados. Deve ser
lembrado, entretanto, que o efeito de cada nutriente, em particular no crescimento da planta, depende
da disponibilidade dos outros elementos essenciais no solo (Lei do Mínimo). Um resumo das principais
funções dos nutrientes na planta pode ser conferido nas Tabelas 4 e 5.

Tabela 4 – Principais funções dos macronutrientes (Malavolta, 1980).

Nutriente Função Composto


Aminoácidos e proteínas, aminas, amidas,
Importante no metabolismo como composto
N aminoaçúcares, purinas e pirimidinas, alca-
orgânico; estrutural.
loides. Coenzimas, vitaminas, pigmentos.

Armazenamento e transferência de energia; Ésteres de carboidratos, nucleotídeos e


P
estrutural. ácidos nucléicos, coenzimas, fosfolipídios.

Abertura e fechamento de estômatos, sín-


Predomina em forma iônica, compostos
K tese e estabilidade de proteínas, relações
desconhecidos.
osmóticas, síntese de carboidratos.

Ativação enzimática, parede celular, per-


Ca Pectato de cálcio, fitato, carbonato. Oxalato.
meabilidade.

Ativação enzimática, estabilidade de ribos-


Mg Clorofila
somos, fotossíntese.

Cisteína, cistina, metionina e taurina, gluta-


S Grupo ativo de enzimas e coenzimas.
tione, glicosídios e sulfolipídios, coenzimas.

47
Tabela 5 – Principais funções dos micronutrientes (Malavolta, 1980).

Nutriente Função Composto


Transporte de carboidratos.
B Borato; compostos desconhecidos.
Coordenação com fenóis
Cl Fotossíntese Cloreto; compostos desconhecidos.
Co Fixação de N2 Vitamina B12 .
Enzima Polifenoloxidase; plastocianina. Azurina,
Cu
Fotossíntese estelacianina; umecianina
Citrocromos, ferredoxina, catalase, pero-
Grupo ativo em enzimas e em transportado-
Fe xidase, reductase de nitrato, nitrogenase;
res de elétrons
reductase de sulfito.
Fotossíntese,
Mn Manganina
metabolismo de ácidos orgânicos
Fixação do N2,
Mo Reductase de nitrato; nitrogenase.
redução do NO3-
Zn Enzimas Anidrase carbônica, aldolase

7.1.2. Absorção e movimento de nutrientes na planta

A absorção de um nutriente é a sua entrada, na forma iônica ou molecular, nos espaços intercelulares
ou em organelas vivas da planta. Dessa forma, podem-se considerar “absorvidos” tanto os nutrientes
advindos do processo radicular como do foliar.

Na Tabela 6, são apresentadas as principais formas em que os nutrientes são absorvidos e, na


Tabela 7, as formas de contato do nutriente com a raiz da planta no solo.

Tabela 6 – Formas de nutrientes absorvidas pelas plantas (Malavolta, 1980).

Nutriente Preferencial Eventual


-
Nitrogênio NO 3
NH4+
Fósforo H2PO4- HPO4- -
+
Potássio K
Cálcio Ca++
Magnésio Mg++
Enxofre SO4- -
Boro H3BO3 H2BO3-
Cloro Cl-
Cobre Cu++
Ferro Fe+++ Fe++
Manganês Mn++
Molibdênio MoO4- -
Zinco Zn++

Após a absorção, o nutriente é transportado pelo interior da planta, dando-se a esse processo o nome
de translocação. O transporte pode ser feito com o nutriente na mesma forma em que foi absorvido, ou em

48
outra forma, indo de um órgão (ou região) a outro da planta, em geral, da raiz para as folhas. Esse movi-
mento se dá a favor da corrente transpiratória, via xilema, e, portanto, todos os nutrientes são considerados
móveis quanto à translocação.

Tabela 7 – Participação relativa da interceptação radicular, do fluxo de massa e da difusão no contato


nutriente-raiz (Adaptado de Malavolta, 1980).

Forma de contato
Elemento
Interceptação Fluxo de massa Difusão
N Pequena Predominante Ausente
P Pequena Pequena Predominante
K Pequena Média Predominante
Ca Média Predominante Ausente
Mg Pequena Predominante Ausente
S Pequena Predominante Ausente
B Pequena Predominante Ausente
Cu Pequena Predominante Ausente
Fe Pequena Predominante Média
Mn Pequena Predominante Ausente
Mo Pequena Predominante Ausente
Zn Média Média Média

A redistribuição é a transferência de um elemento de um órgão (ou região) a outro da planta, em


forma igual ou não, a que foi absorvida, tendo, entretanto, sofrido metabolização. Ocorre por meio do
floema, levando o nutriente das áreas de síntese (folhas) para as áreas de armazenamento/crescimento
(frutos). É no movimento de redistribuição que ocorrem diferenças entre os nutrientes quanto à mobili-
dade, conforme mostra a Tabela 8.

Tabela 8 – Mobilidade comparada dos nutrientes aplicados nas folhas – em cada grupo, os elementos
aparecem em ordem decrescente (Malavolta, 1980).

Altamente móvel Móvel Parcialmente imóvel Imóvel


Nitrogênio Fósforo Zinco Boro
Potássio Cloro Cobre Cálcio
Sódio Enxofre Manganês
Magnésio Ferro
Molibdênio

O aspecto mobilidade é fundamental na nutrição das plantas, principalmente nas perenes, que re-
cebem adubação de forma localizada e exploram o mesmo volume de solo por vários anos.

7.1.3. Exigências nutricionais

A absorção de nutrientes minerais pela seringueira varia em função da idade e do estádio fisiológico
da planta. O conhecimento da dinâmica dos nutrientes nas diversas partes da planta, ao longo do cultivo,
é importante porque fornece subsídios para adequar os programas de adubação da cultura. Mesmo
com essa importância, poucos trabalhos foram realizados no Brasil para um melhor entendimento das
exigências nutricionais da seringueira.

49
(A) (B)

Figura 40 – Acúmulo dos macronutrientes (A) e dos micronutrientes (B) da seringueira em função da idade.

Viégas et al. (1992) estudaram o acúmulo de nutrientes em mudas de seringueira provenientes de


sementes clonais ilegítimas de seringueira (Hevea spp.), cultivadas em recipientes (4L). Notaram que
o acúmulo de N é alto desde os 60 dias do plantio, enquanto de K houve alta absorção a partir dos
120 dias, e os demais macronutrientes, a partir dos 180 dias do plantio da seringueira (Figura 40A). O
acúmulo dos micronutrientes na planta inteira aos 240 dias mostrou que o ferro foi o mais absorvido
com 5.727µg/planta, vindo em seguida o manganês com 3.555 µg/planta, o zinco com 814 µg/planta
e o menos absorvido, o boro, com 479µg/planta (Figura 40B). Concluíram que o maior incremento do
crescimento ocorreu a partir dos 180 dias; as maiores concentrações de nutrientes, exceto para o ferro,
ocorreram nas folhas; a extração de nutrientes por hectare, nos 240 dias foi: N = 60kg, P = 12kg, K =
27,74kg, Ca = 8,97kg, Mg = 5,32kg, S = 6,21kg, B = 45,52g, Fe = 544g, Mn = 337,74g e Zn = 77,30g.

A maioria dos estudos que avaliam a exigência nutricional da seringueira não considera os nutrientes
mobilizados pela parte vegetativa, e sim os nutrientes acumulados na borracha seca que são exportados
pela colheita.

No Brasil, há indicações de que em seringal a extração de nutrientes exportada pela borracha


pode variar em função do nutriente; o elemento mais exportado é o nitrogênio, seguido pelo potássio
(Tabela 9).

50
Tabela 9 – Conteúdo de alguns macronutrientes nos produtos colhidos de seringueira com produção
média de 1-1,5 t ha-1 (Raij e Cantarella, 1997).

Produto N P K S
_________________________________ -1 ______________________________________
kg t
Borracha seca 11,0 2,3 10,0 –

Salienta-se que o K foi o nutriente mais exportado pela seringueira via borracha seca, entretanto,
essa quantidade é maior que a reciclada ao solo pelas folhas da serapilheira (Murbach et al., 2003), daí
a necessidade de sempre complementar com a adubação.

Nota-se, pois, que a sequência de extração de nutrientes pela cultura da seringueira varia conforme
a região. Essa oscilação se deve a materiais genéticos distintos, cultivados em condições edafoclimáticas
específicas.

7.1.4. Sintomas de deficiências de nutrientes

Embora, em culturas anuais, a diagnose visual tenha pouca importância prática para culturas perenes,
como a seringueira, é uma ferramenta adicional para o manejo da adubação, pois reflete desequilíbrios
nutricionais que podem ser corrigidos no mesmo ano agrícola.

Segundo Malavolta et al. (1997), o sintoma visível é o fim de uma série de eventos, os quais estão
resumidos na Tabela 10, em que são dados dois exemplos: deficiência de zinco e toxidez de alumínio.
A primeira conduz ao denominador comum encontrado em qualquer cultura, que é o encurtamento dos
internódios. No caso da toxidez de alumínio, é típico o mau desenvolvimento das raízes, que ficam curtas
e grossas, semelhantes a uma formação de corais (coraloides).

Portanto, após a ocorrência dos eventos biológicos, a sintomatologia dependerá do elemento que
está provocando a desordem nutricional, estando ligado às suas características intrínsecas, como a
sua função e mobilidade na planta. Assim, Marschner (1986) elaborou uma chave geral de sintomas de
desordem nutricional (Tabela 11).

Tabela 10 – Sequência de eventos biológicos que conduzem aos sintomas visíveis de deficiência de
zinco e toxidez de alumínio. (Malavolta et al. 1997).

Falta ou excesso Deficiência de Zn Toxidez de Al


  
Alteração molecular < A.I.A. Pectatos “errados”
> Hidrólise de proteínas < fosforilação
< absorção iônica (P, K, Ca, Mg)
  
Modificação subcelular Paredes celulares mais rígidas Paredes celulares mal formadas
< proteínas Dificuldade na divisão celular
 
Alteração celular Células menores e em menor número Células menores
Com 2 núcleos
  
Modificação no tecido Internódios mais curtos Raízes curtas e grossas;
(= SINTOMA) Folhas deficientes em K, Ca, Mg, P

51
Tabela 11 – Princípios gerais para a diagnose visual de desordens nutricionais (Marschner, 1986).

Parte da planta Diagnose visual Desordem nutricional


Sintomas de deficiência nutricional
Uniforme  N (S)
Clorose  Internerval ou
Mg (Mn)
em manchas 
Folhas velhas e maduras
Secamento da ponta e
K
Necrose  margens 
Internerval  Mg(Mn)
Uniforme  Fe(S)
Clorose  Internerval ou
Zn(Mn)
em manchas 
Folhas novas, lâminas e ápices

Necrose (clorose)  Ca, B, Cu

Deformação  Mo (Zn, B)
Sintomas de toxidez nutricional
Manchas  Mn (B)
Necrose  Secamento da ponta e B, injúrias por sais/pulveri-
margens  zação
Folhas velhas e maduras
Clorose (necrose)  Toxidez não específica

7.1.4.1. Caracterização dos sintomas de deficiência de nutrientes para a seringueira (Reis, 2007).

• Nitrogênio (N): É o nutriente mais importante da planta e respon-


sável pelo crescimento e pela clorofila. A falta desse elemento
na seringueira apresenta primeiramente uma coloração verde-
-amarelo-pálida das folhas.

Figura 41 – Sintomas de deficiência de N

• Fósforo (P): É essencial para a divisão celular, fotossíntese e o


tecido meristemático da planta. A falta provoca um bronzeamento
na parte apical da folha e de forma não muito clara. Em geral,
começa do ápice, que depois se torna queimado e enrolado
para dentro.

Figura 42 – Sintomas de deficiência de P

52
• Potássio (K): Esse nutriente não participa de qualquer reação
específica, mas algumas enzimas precisam dele para sua ati-
vidade. A falta de potássio provoca uma clorose na borda e no
ápice da folha, seguida por uma necrose marginal.

Figura 43 – Sintomas de deficiência de K

• Magnésio (Mg): É constituinte da molécula da clorofila e desem-


penha papel importante na fotossíntese. Os primeiros sintomas
da falta de Mg são caracterizados por uma clorose internerval
nas folhas, que evolui depois para o interior delas, formando um
desenho parecido com uma espinha de peixe.

Figura 44 – Sintomas de deficiência de Mg

• Cálcio (Ca): É importante no desenvolvimento da raiz, da parede


celular e da mitose. O primeiro sintoma da falta de Ca é o de-
senvolvimento de um chamuscado apical e marginal, geralmente
de coloração branca ou castanho-clara. Os sintomas aparecem
nas folhas do lançamento superior e, em casos mais graves,
nos próprios brotos.

Figura 45 – Sintomas de deficiência de Ca

• Enxofre (S): A função mais evidente do enxofre é ser um dos


constituintes das proteínas e, também, ser componente de ami-
noácidos e de substâncias reguladoras do crescimento biotina e
tiamina. Ainda participa da formação da clorofila. A deficiência na
seringueira provoca o surgimento de um gradativo amarelamento
uniforme de toda a folha, que depois pode se transformar em um
chamuscamento da ponta que pode afetar toda a parte distal.

Figura 46 – Sintomas de deficiência de S

• Boro (B): O boro é um elemento ímpar entre os nutrientes, por


haver diferenças mínimas entre a concentração adequada e a
tóxica. Para a seringueira, a falta de boro resulta numa redução
e distorção das folhas, e as nervuras parecem mais largas. Não
existe perda de cor nesse caso.

Figura 47 – Sintomas de deficiência de B

53
• Cobre (Cu): Atua no processo de respiração e como catalisador
nos processos de oxidação nos vegetais. A falta desse elemen-
to na seringueira apresenta-se primeiramente nas folhas mais
novas, com murchamento da borda na ponta da folha com abau-
lamento para cima. Na murcha desenvolve-se um chamuscado
castanho que pode se espalhar para a lâmina debaixo e ocorrer
e desfoliação precoce.

Figura 48 – Sintomas de deficiência de Cu

• Ferro (Fe): É um dos elementos essenciais para a síntese da


clorofila e entra na composição de algumas proteínas envolvidas
nos processos de oxidação, e também é constituinte de algumas
enzimas ligadas à respiração. A seringueira com falta de Fe é
uma clorose foliar generalizada, semelhante à deficiência de Mg.
Com o tempo, a folha assume um colorido amarelo e branco,
com redução de tamanho.

Figura 49 – Sintomas de deficiência de Fe

• Manganês (Mn): Atua nos processos de respiração e do me-


tabolismo do N, além de desempenhar papel importante como
ativador de enzimas. O sintoma na seringueira apresenta-se
com uma “palidez” e um amarelecimento da folha com faixas
de tecidos verdes circundando a nervura mediana e as nervuras
principais. Esses sintomas aparecem primeiro nas folhas das
regiões médias e no interior das hastes e, quando severos,
podem se agravar para os lançamentos superiores.

Figura 50 – Sintomas de deficiência de Mn

• Molibdênio (Mo): É importante para o sistema de redutase do nitrato (conversão do nitrato absorvido
em nitrito), para a formação de aminoácidos e proteínas. Também é importante no processo de fixação
do N pela bactéria do solo. Na seringueira, a falta provoca um chamuscamento castanho ao redor da
folha, especialmente na região da ponta.

• Zinco (Zn): É um elemento essencial na formação do hormônio do crescimento vegetal e atua também
como ativador de várias enzimas. Sua falta na seringueira caracteriza-se pela redução da largura da
lâmina foliar, em relação ao seu comprimento. A lâmina também pode ficar retorcida e surgir uma
clorose generalizada na folha.

Moraes et al. (2002) avaliaram as alterações anatômicas no xilema de caules extremamente flexí-
veis de seringueira (Hevea spp.), que apresentavam sintomas de deficiência de boro. Realizou-se um
estudo anatômico comparativo entre plantas com e sem sintomas de deficiência, quanto à espessura
das paredes e ao grau de deposição de lignina e celulose, bem como quanto à concentração de grãos
de amido no parênquima do xilema. Não foi observada variação significativa entre a espessura e o grau
de deposição de lignina nas paredes dos elementos do xilema de plantas com e sem sintomas. No
entanto, plantas com sintomas apresentaram lamela média de espessura muito reduzida, com menor
intensidade de coloração, o que reflete a insuficiência de pectato de cálcio, composto responsável pela
adesão entre as células e cuja síntese é bloqueada pela carência de boro. A causa da flexibilidade dos
caules foi atribuída à menor coesão entre as células.

54
Na literatura, têm-se algumas indicações da resposta da seringueira à aplicação de nutrientes.
Murbach et al. (1999) estudaram a aplicação de NPK em um seringal com 3 anos e 6 meses de idade,
do clone PB 235, em um Latossolo Vermelho-Escuro A, moderado, textura arenosa. Concluíram que
a adubação potássica promoveu um efeito positivo na produção de borracha seca, onde na dose de
155kg ha-1 de K2O obteve-se a máxima produtividade. Não se observou efeito da adubação fosfatada e
nitrogenada na produtividade de borracha seca.

Bataglia et al. (1998) avaliaram respostas da seringueira à adubação NPK durante o período de
formação do seringal (clone RRIM 600, em um Argissolo Vermelho-Amarelo de textura arenosa (Avaí-
-SP). O melhor tratamento (N=120; P2O5=120; K2O=120 kg ha-1) abreviou o tempo de imaturidade do
seringal em cerca de 8 meses em relação àquele sem adubo e, em até 12 meses, quando se comparou
com formulações desequilibradas como no tratamento 0-80-120. (N=0; P2O5=80; K2O=120 kg ha-1)

Bataglia et al. (1999) avaliaram as respostas da seringueira à adubação NPK cultivada em um Ar-
gissolo Vermelho-Amarelo (Matão-SP), visando recomendá-la no período de formação dos seringais.
Concluíram que adubações desequilibradas podem retardar até em 15 meses o tempo de imaturidade,
comparando-se os melhores e os piores tratamentos. O período de imaturidade correlacionou-se ne-
gativamente com os teores de K e positivamente com os de Ca e Mg das folhas. Na ausência de adu-
bação potássica, verificou-se um efeito antagônico dos nutrientes N e P. Adubações potássicas foram
essenciais para garantir a antecipação do início da fase produtiva.

Por fim, com a crescente necessidade de redução do uso de defensivos no controle de doenças de
plantas, a tecnologia alternativa mais adequada para prevenir e aumentar a resistência das plantas às
doenças é por meio do uso racional dos fundamentos da nutrição de plantas, uma vez que os nutrientes
têm efeitos diversos nos vegetais, desde modificações anatômicas até bioquímicas que, certamente,
interferem na relação patógeno-hospedeiro.

Segundo Marschner (1986), a nutrição mineral é um fator ambiental que pode ser manipulado com
relativa facilidade, podendo ser utilizado como um complemento no controle de doenças. Entretanto, é
necessário um conhecimento profundo sobre como os nutrientes minerais aumentam ou diminuem a
resistência das plantas, por intermédio das características histológicas, citológicas e, consequentemente,
no processo da patogênese.

O uso e o manejo dos nutrientes, de forma equilibrada, têm demonstrado ser uma alternativa válida e
eficiente no controle de determinadas doenças de plantas. Há, contudo, a necessidade de se desenvolver
mais pesquisas nas condições brasileiras, procurando conhecer melhor as exigências nutricionais, bem
como o comportamento das doenças em diferentes níveis, fontes e combinação de nutrientes (Zambolim
e Ventura, 1996).

7.1.5. Estado nutricional

Um estudo sobre levantamento do estado nutricional de diversos seringais do Estado de São Paulo
mostrou que a produtividade elevada de alguns seringais foi associada a níveis mais elevados de nitro-
gênio e potássio foliar (Bataglia et al., 1988).

Assim, estudos de diagnose foliar para avaliação do estado nutricional da seringueira são impor-
tantes, devendo-se realizar alguns procedimentos, como amostragem de folhas, preparo do material,
análise química no laboratório e a obtenção dos resultados analíticos. Esses resultados poderão ser
utilizados pela pesquisa para a definição de níveis críticos e confecção das tabelas de teores adequados
(padrões) ou, caso já existam essas tabelas, fazer apenas as comparações e as devidas interpretações
que indicarão se os nutrientes estão em teores adequados, deficientes ou em excesso. Assim, tem-se o
55
diagnóstico do estado nutricional das culturas, que servirá para recomendação de adubação ou ajuste,
com reflexos diretos na expressão da produtividade e lucratividade da exploração agrícola.

É oportuno informar que somente será válido um resultado de análise foliar se houver um padrão
para que seja comparado. Existem variações entre espécies e intraespécies, dificultando, sobremanei-
ra, a generalização dos padrões. Assim, o controle rigoroso desses critérios é que garantirá a validade
do resultado da análise química foliar, sua interpretação e a correção das deficiências com as futuras
adubações. Soma-se a isso o fato de que é na etapa de amostragem que ocorre a maioria dos erros
que podem comprometer um programa de adubação. Assim, advém da amostragem malfeita e não de
problemas analíticos de laboratório ou, ainda, do uso de tabelas de recomendação inadequadas.

Para a amostragem correta da folha-diagnose, devem-se considerar alguns critérios que são espe-
cíficos a cada cultura, como tipo de folha, época de coleta, número de folhas por talhão.

Nesse caso, para amostragem foliar em seringueira, considerar os seguintes procedimentos: em


árvores de até 4 anos, retirar duas folhas mais desenvolvidas da base de um buquê terminal situado no
exterior da copa e em plena luz; em árvores de mais de 4 anos, colher duas folhas mais desenvolvidas
no último lançamento maduro em ramos baixos na copa em áreas sombreadas. Amostrar 25 plantas
no verão (Raij e Catantarella, 1997).

O procedimento que deve ser seguido no campo para coletar a amostra de folhas é semelhante
ao descrito no caso da amostragem de solo (Prado, 2008). Desse modo, a obtenção de amostras re-
presentativas depende de técnicas de amostragem capazes de contornar a heterogeneidade que pode
ocorrer na gleba. Assim, seguem algumas indicações gerais para a amostragem de folhas:
• caminhar em ziguezague;
• caminhar em nível;
• evitar plantas próximas de estradas ou carreadores.

Além disso, não se deve proceder à amostragem de folhas nas seguintes condições:
• em plantas com sinais de pragas e moléstias;
• em glebas que receberam adubação há menos de 30 dias ou defensivos;
• em variedades diferentes, pois o estado nutricional é influenciado pelo fator genético, fato amplamente
relatado na literatura, em diversas culturas, como em clones de seringueira;
• no caso de culturas perenes enxertadas, não misturar folhas de plantas que tenham copa ou porta-
-enxerto diferentes, pois influenciam no estado nutricional;
• em nenhum caso misturar folhas de idades diferentes;
• em se tratando de culturas perenes, não se podem colocar na mesma amostra folhas de ramos pro-
dutivos e folhas de ramos não produtivos;
• não coletar tecidos mortos ou com danos (mecânicos);
• evitar coletar folhas após a ocorrência de alta precipitação, pois pode haver perdas de alguns nutrien-
tes, a exemplo do N e K.

Após a amostragem das folhas no campo, alguns procedimentos imediatos devem ser tomados,
como:
• se a amostra puder chegar ao laboratório no máximo em dois dias depois da coleta, colocar em sacos
de papel e enviar;
• se a amostra chegar ao laboratório em mais de dois dias depois da coleta, lavar previamente; na
sequência, lavar com água corrente “limpa”; após, usar solução detergente (0,1%) e água; secar em
forno regulado para temperatura próxima de 70oC ou a pleno sol (para interromper a respiração das
folhas); colocar em saco de papel e enviar ao laboratório.

56
Entretanto, é possível a conservação do material vegetal por 2 ou 3 dias em refrigerador (ou isopor
com gelo), sem que haja deterioração, não necessitando de secagem no campo.

A Tabela 12 apresenta os teores foliares de macro e micronutrientes considerados adequados para


a seringueira.

Tabela 12 – Faixa de teores adequados de macronutrientes e de micronutrientes em seringueira em


produção (Raij e Cantarella, 1997).

Fase N P K Ca Mg S
____________________________________ -1 _______________________________________
g kg
Em produção 29-35 1,6-2,5 10-17 0,7-0,9 1,7-2,5 1,8-2,6

Fase B Cu Fe Mn Zn
________________________________ -1 ____________________________________
mg kg
Em produção 20-70 10-15 50-120 40-150 20-40

7.2. Adubação da seringueira

A adubação mineral é o mais importante fator de aumento da produtividade agrícola (Raij, 1992).
Essa afirmativa reflete o potencial tecnológico disponível para atingir os objetivos de uma agricultura
moderna e competitiva. Entretanto, a adubação não é uma prática que pode ser considerada isolada-
mente, devendo ser avaliada em conjunto com outras práticas que também afetam a produção e, por
conseguinte, conduzem a uma maior necessidade de nutrientes. São exemplos: a calagem, a irrigação,
os controles de pragas, doenças e plantas invasoras, o uso de variedades mais produtivas, o manejo
eficiente do solo etc. É necessário, também, conhecer as interações a fim de que toda a potencialidade
dos adubos possa ser traduzida em produção.

Vale destacar que a prática da calagem constitui o fator principal para garantir a maior eficiência
da adubação, a custo relativamente baixo, aumentando-se a disponibilidade dos nutrientes no solo e a
sua aquisição pela planta. Nesse sentido, Bataglia et al. (1988) notaram, em seringais paulistas, que as
glebas com baixa produtividade (<1,0 t ha-1) estavam associadas a solos com acidez mais elevada (V
= 27%). Apesar de os trabalhos sobre a reação da seringueira à calagem serem ainda insuficientes, a
calagem é recomendada para elevar V a 50% no Estado de São Paulo (Cardoso, 1992). Roque et al.
(2004) observaram, em seringal em produção, que a produtividade máxima esteve associada à saturação
por bases de 57% e teor foliar de Ca de 8g kg-1.

Por outro lado, é bastante frequente os agricultores não obterem os resultados esperados com
as aplicações de fertilizantes. É óbvio que causas e fatores variados podem influir nisso; alguns são
inerentes ao próprio adubo, enquanto outros são oriundos de agentes estranhos e, em certos casos,
incontroláveis. Não se pode, pois, em caso de baixa produção, lançar toda a culpa na adubação. A maior
parte dos malogros deve-se ao mau uso dos fertilizantes. Assim, podem ser citados, entre outros, os
seguintes aspectos:
• emprego de adubo incompatível com o solo ou a cultura;
• época incorreta de aplicação;
• localização inadequada do fertilizante;
• mistura mal preparada;
• quantidade inadequada;
57
• má qualidade do adubo;
• material orgânico não decomposto;
• solos com alto poder de fixação;
• chuvas intensas e prolongadas;
• preparo inadequado do solo;
• problemas com plantio ou tratos culturais;
• sementes ou mudas de má qualidade;
• pragas e moléstias;
• temperatura, chuva de granizo, veranico etc.

Como se pode constatar, a lista das causas da ineficiência dos fertilizantes é enorme, e poder-se-ia
estendê-la quase indefinidamente. Porém, partindo do princípio de que vários problemas relacionados
ao uso de fertilizantes estejam solucionados, ainda nos deparamos com a questão da eficiência agro-
nômica. De modo geral, os adubos nitrogenados têm sua eficiência estimada em 60%, e os potássicos
em 70%. Contudo, quando se analisa a eficiência dos fosfatados, 30% a 40% em geral, observa-se
que aí está um dos grandes problemas. Essas perdas, especialmente por lixiviação, no caso o N e o
K, podem diminuir ao longo do tempo para o seringal em razão do sistema radicular abrangente e pro-
fundo da cultura. A alta capacidade de fixação de fósforo dos solos tropicais é a responsável pelo baixo
aproveitamento do P dos fertilizantes pelas culturas. Aliado a isso, as diferentes metodologias usadas
nas análises de solo, para a extração de P, refletem as dúvidas sobre o assunto.

Normalmente, a adubação preconizada pelos órgãos estaduais de extensão e pesquisa é destinada


à fase de plantio até a produção, ao passo que a adubação para produção de mudas, em substratos
inertes, ainda não é levada em conta. Considera-se que grande parte do sucesso, na instalação do
seringal, é usar uma adubação equilibrada em duas fases: no substrato para obtenção de mudas e na
fase de plantio. Esse fato resulta em mudas com adequado estado nutricional e possibilita o máximo
crescimento inicial da planta, o que traz benefícios no pegamento e no desenvolvimento inicial do
seringal.

Por fim, é pertinente salientar que o produtor rural não tem utilizado satisfatoriamente a prática da
adubação na cultura da seringueira, entretanto, nos últimos anos, essa prática tem tido maior atenção,
especialmente para os produtores que objetivam alta produtividade com precocidade. Assim, a aduba-
ção da seringueira poderá garantir maior retorno econômico ao produtor. Supondo a aplicação de 1kg
de adubo por planta, o custo sairá em torno de R$ 1,50/planta, de modo que ela precisa produzir, pelo
menos, 1kg a mais de látex, por planta, para compensar essa adubação.

Uma boa seringueira, normalmente, produz 10kg de látex por ano. Se com a adubação o produtor
conseguir acrescentar um quilo a mais de látex, já terá pago o investimento em adubação. A seguir,
respeitando as fases de desenvolvimento das seringueiras, são apresentadas as adubações desde a
fase de mudas, plantio, pós-plantio até a fase de produção.

7.2.1. Adubação para a formação de mudas

Para a formação do porta-enxerto, a semeadura pode ser feita diretamente nos recipientes, ou em
sementeira, para posterior repicagem e plantio em recipientes, ou em viveiro de campo.

Para o preparo do substrato na produção das mudas, têm-se recomendações gerais, utilizando-se os
substratos constituídos de três partes de solo, uma parte de esterco curtido, 2,5kg a 3kg de superfosfato

58
simples e 0,5kg de cloreto de potássio por metro cúbico. Em sistemas de semeadura indireta, que utilizam
sementeiras, é recomendado aplicar (incorporado ao solo) de 5kg a10kg de esterco de curral curtido, 100g
de superfosfato simples e 50g de cloreto de potássio por metro quadrado de canteiro.

As recomendações gerais para a adubação de cobertura em mudas de seringueira indicam, nor-


malmente, aplicar NPK e, algumas vezes, micronutrientes, via foliar (Tabela 13).

Tabela 13 – Adubação de cobertura em mudas de seringueira.

Adubação no solo Adubação foliar


(grama por planta) (g.100 L-1)
4g da mistura (50g de ureia+25g 275g de sulfato de zinco
MAP + 35g cloreto de potássio) 140g de sulfato de manganês e 120g de cal hidratada

Aplicar adubação no solo aos 60, 120 e 180 dias após o transplantio e, nessa mesma época, aplicar
micronutrientes via adubação foliar.

7.2.2. Adubação de plantio

Na fase do plantio da seringueira, é indicado incorporar na cova 30g de P2O5, 30g de K2O e, em
solos deficientes de zinco (teor de Zn < 0,6 mg dm-3 em DTPA), 5g de Zn. Quando disponível, usar 20
litros de esterco de curral curtido (Bataglia e Gonçalves et al., 1997).

7.2.3. Adubação de pós-plantio (primeiro ano)

Além da fase de produção de mudas e de plantio, a fase de pós-plantio é importante para garantir
a precocidade de produção do seringal, no sentido de se obter produção comercial satisfatória, o mais
precoce possível.

Na fase de pós-plantio, aplicar nitrogênio em cobertura, em três parcelas de 30g por planta, durante
o primeiro ano (Bataglia e Gonçalves et al., 1997).

7.2.4. Adubação de formação e produção

As recomendações de adubação disponíveis no Brasil para a fase de formação e produção restringem-


-se a alguns estados produtores de seringueira. Cabe salientar, ainda, que existem variações nos critérios
de adubação, havendo estados que utilizam apenas análise química do solo e outros que consideram a
análise química de solo e a idade da cultura, a exemplo do Estado de São Paulo (Tabela 14).

Tabela 14 – Recomendação da adubação de produção em função da análise química do solo, das folhas
e da produtividade (Bataglia e Gonçalves et al., 1997).

Idade Nitrogênio P resina K+ trocável, mmolc dm-3


59
0-12 >12 0-1,5 >1,5
Anos N, kg ha-1 P2O5, kg ha-1 K2O, kg ha-1
2-3 40 40 20 40 20
8. DOENÇAS

A seringueira é uma planta que pode ser acometida por doenças tanto na fase de viveiro como na
implantação e fase adulta quando começam as sangrias.

8.1. Doenças – viveiros

Os viveiros de seringueira, se comparados com o de outras espécies como de citros e eucalipto,


pouco evoluíram e tecnificaram ao longo do tempo, pois continuam dependentes do solo, como subs-
trato, e de viveiros de chão, com sacos plásticos, como embalagem. Os processos de semeadura e
plantio ainda são muito rústicos, feitos diretamente em areia lavada ou em sacos plásticos com terra.
As sementes e futuras plântulas entram em contato com vários fungos de solo e com suas estruturas de
dormência, fatos que podem ocasionar lesões e levá-las à morte, que pode ocorrer após a germinação
das sementes na sementeira ou após o transplante para o viveiro ou para os sacos plásticos.

8.1.1. Patógenos associados às sementes

As sementes de seringueira são classificadas como recalcitrantes, ou seja, dotadas de um período


de viabilidade muito curto, sendo necessário, portanto, semear logo após a coleta. Além da temperatura,
umidade e velocidade de desidratação, os microrganismos também são apontados como responsáveis
pela perda do poder germinativo. Estes também podem se constituir em patógenos importantes, tanto na
fase inicial de crescimento das plantas como nas fases posteriores. As sementes contaminadas podem
ser consideradas como fontes de inóculo primário e carregar, de forma passiva, esses patógenos para
áreas ainda isentas.

Entre os fungos patogênicos à seringueira, foram encontrados em sementes oriundas do Pará, Bahia
e São Paulo: Lasiodiplodia (Botryodiplodia) theobromae, Phomopsis sp., Phyllosticta sp., Colletotrichum
gloeosporioides, Fusarium sp., Phytophthora spp. e Alternaria sp. (Tabela 15).

Atualmente, não se faz nenhum controle de qualidade sanitária das sementes de seringueira, nem é
efetuada a desinfestação prévia ou tratamento de sementes antes da semeadura, contribuindo, assim,
para a perda do seu poder germinativo. Porém, as sementes podem ser tratadas com fungicidas que
atuam bem nesse grupo de patógenos, como captan (5g/kg), tiabendazol (2g/kg de semente).

Tabela 15 – Relação entre fungos presentes nas sementes e doenças causadas nas mudas de
seringueira.

Fungo Doença causada


Lasiodiplodia theobromae (=Botryodiplodia - Cancro do enxerto
theobromae) com nematoide das galhas - Secamento de ramos, sinergismo
Phomopsis sp. - Secamento de ramos (morte descendente)
- Antracnose em folhas e ramos
Colletotrichum gloeosporioides
- Morte do enxerto
Alternaria sp. e Phyllosticta sp. - Manchas foliares
Phytophthora sp. - Secamento de raízes
Fusarium sp - Morte de raízes
Fonte: Modificado de Urben et al. (1982) e Boueri et al. (2000).

60
8.1.2. Morte de plântulas

As plântulas podem ser atacadas no sistema radicular ou na haste, à altura do colo, provocando seu
tombamento, murchamento ou seca. Entre os fungos que ocorrem em plântulas como agentes causais
de doenças, estão: Rhizoctonia solani, Pythium, Phytophthora, Fusarium e mesmo Lassiodiplodia theo-
bromae. Dentre esses, o Fusarium foi detectado, em 2008, causando podridão de raízes em plântulas
e a mortalidade de mais de 40% dos porta-enxertos, no norte do Mato Grosso.

8.1.3. Doenças foliares

8.1.3.1. Mal-das-folhas da seringueira

O mal-das-folhas ainda é considerado uma das principais causas de fracassos em empreendimentos


heveícolas no Brasil. No Estado de São Paulo, a doença foi detectada em viveiros no Litoral Sul, em
1960, e no Planalto Paulista, em 1970 e, atualmente, encontra-se amplamente disseminada nas regiões
de cultivo, cuja intensidade de ataque depende da região de plantio, dos clones utilizados e da época
do ano.

Ataques epidêmicos têm sido observados, principalmente, na região litorânea, onde predomina
período de molhamento prolongado na maior parte do ano, sendo esse o fator climático que mais
favorece o desenvolvimento da doença. Normalmente, os clones orientais (RRIM 600, PB 235 e GT1)
não resistem nessa região. No Planalto Paulista, a moléstia predomina em viveiros irrigados, atingindo
alta incidência em determinadas épocas do ano, como observado em 1991 em Votuporanga, Marília,
Buritama e Rio Claro e, em 2009, em Buritama e Goianésia (GO).

O mal-das-folhas, ou queima sulamericana das folhas, é causado pelo fungo Microcyclus ulei (P.
Henn) v. Arx, específico do gênero Hevea, que se encontra disseminado por toda a área de plantio do
continente americano, sendo encontrado em seis espécies de seringueiras.

(B)

(A)

Figura 51 – Folíolos com lesões do mal-das-folhas nas fases conidial (A) e ascógena (B).

61
O fungo apresenta, em seu ciclo de vida, dois tipos de esporos infectantes, conforme o tipo de re-
produção: conidiósporo (reprodução assexuada ou fase imperfeita) e ascósporo (reprodução sexuada ou
fase perfeita). Desses, os primeiros esporos clonais, por serem numerosos e de ciclo rápido (6 a 10 dias),
são os responsáveis pela disseminação do patógeno e pelas epidemias. Os ascósporos responsáveis
pelo inóculo primário são produzidos em pequena quantidade e permanecem no interior de estruturas
das folhas por vários meses. Mesmo em folíolos caídos, são descarregados progressivamente. Na fase
de viveiro e nos plantios novos (até 4 anos) contribuem para a epidemia, porém, na fase adulta, atuam
apenas como inóculo inicial, no período da renovação foliar.

Estudos efetuados em viveiros no Vale do Paraíba, na Bahia e na Amazônia, demonstraram que as


condições climáticas propícias ao desenvolvimento de epidemias são aquelas em que a umidade rela-
tiva do ar é superior a 95% por 10 horas consecutivas, durante 12 dias ao mês. A doença se manifesta,
principalmente, nos folíolos, podendo surgir nos pecíolos e ramos novos.

Os sintomas se apresentam na forma de pequenas manchas necróticas circulares, sob as quais


surge a esporulação conidial, de aspecto aveludado, de cor verde-escura a acinzentada na face inferior
da folha, para a maioria dos clones. Em condições de alta umidade, as lesões crescem, provocando o
desfolhamento das plantas.

Nos folíolos restantes, desenvolve-se a fase sexuada (espermagônio, ascas e ascósporos), cujos
ascósporos consistem em formações de vários milímetros de diâmetro, tornando-se maciços e ásperos
ao tato, como lixas (estromas). Tais sintomas prevalecem nos folíolos maduros até sua queda natural.
Para a cultura da seringueira, do grande número de clones selecionados pelos melhoristas, somente
alguns têm resistência ao M. ulei; entretanto, quando esses clones se encontram em condições ambien-
tais que favorecem o patógeno, não resistem à infecção por muitos anos.

No Estado de São Paulo, ocorrem duas regiões características onde se cultiva a seringueira: o
litoral (Vale do Ribeira, Caraguatatuba e Ubatuba) e o Planalto Paulista, principalmente nas regiões de
São José do Rio Preto, Marília, Ribeirão Preto, Araçatuba, Presidente Prudente e Bauru. Dessas, a do
litoral encontra-se influenciada por ventos marítimos saturados de umidade, com temperaturas altas
quase o ano todo, condições favoráveis ao desenvolvimento da doença. O plantio de cultivares orientais
(RRIM 600, PB 235, PB 86 e GT 1) deve ser evitado em virtude da suscetibilidade ao mal das folhas.
Cultivares nacionais, como Fx 25, Fx 985, Fx 3028, Fx 2261, Fx 3864, Fx 3844, Fx 4098 e IAN 873,
cuja resistência associada às características fenológicas (hábito caduco na fase adulta), garantem boa
produção, revelam intensidades baixas ou muito baixas da doença.

No Planalto Paulista predominam condições com risco mínimo de ocorrências epidêmicas ao


mal-das-folhas, por causa do reenfolhamento se dar no período de seca e baixo número de horas de
orvalho, possibilitando o cultivo de clones orientais de alta produção, apesar de suscetíveis à doença.
Apenas devem-se tomar alguns cuidados, em viveiros e em baixadas, quando se utiliza a irrigação por
aspersão, que pode propiciar um microclima favorável ao desenvolvimento da doença.

Existem vários estudos de eficiência de fungicidas na redução da quantidade de doença sobre o


ciclo do patógeno. Foi comprovada a eficácia de tiofanato metílico, triadimefon, triadimenol e várias
estrubirulinas sobre os estromas do fungo, deixando-os estéreis. Um trabalho com resultados semelhan-
tes para o tiofanato metílico relata que o clorotalonil possui grande poder residual e que o triadimefon
e triadimenol possuem efeito curativo para a doença. Foi constatado que mancozebe, em aplicações
semanais, e triadimefon, fembuconazole e miclobutanil, em aplicações quinzenais, foram eficientes no
controle da doença no Litoral Norte do Estado.

62
8.1.3.2. Antracnose

A antracnose nas folhas de seringueira tem sido citada com frequência por diversos autores na
região amazônica, onde normalmente ocorre associada ao mal-das-folhas (Figura 51). Causada por
Colletotrichum gloeosporioides, caracteriza-se por lesões e queda em folhas, morte da placa do enxerto,
cancros e seca de ponteiros.

(A)

(C) (B)

Figura 52 – Lesões de antracnose em: hastes (A); desfolha de ponteiros em árvores adultas (B);
frutos colonizados por antracnose (C).

Os sintomas da doença se manifestam em folíolos jovens, em plantas em viveiro e jardins clonais,


causando, de início, pequenas lesões marrom-avermelhadas que, em condições propícias, coalescem,
atingindo grandes porções desses folíolos, deformando-os (Figura 53). Nos pecíolos e ramos, provoca
lesões escurecidas e aspecto necrosado, com depressões. Em ataque severo, causa desfolhamento,
morte da gema apical e seca descendente do ramo. Em todos os órgãos afetados, há grande produção
de esporos, envoltos em massa de coloração rósea que, em condições úmidas, caracteriza bastante o
fungo.

Quanto aos danos observados, podem-se citar, no viveiro e jardim clonal, a morte das hastes des-
tinadas à produção de gemas para enxertia, o baixo descolamento de casca e reduzido pegamento
da enxertia, em vista de as placas do enxerto estarem infectadas (Figura 54). Enxertias com esse
material acabam lesionando também o porta-enxerto, como observado em viveiros de Minas Gerais
e de Matão (SP).

As condições ambientais que favorecem a doença são temperatura do ar ao redor de 21oC, umi-
dade relativa acima de 90% e períodos chuvosos, requerendo molhamento dos folíolos para que haja
infecção.

A disseminação do patógeno é efetuada, principalmente, por respingos de gotas de chuva, sendo


comum em diversos hospedeiros, o que favorece sua sobrevivência e dificulta seu controle efetivo.
63
Figura 53 – Sintomas de antracnose.

Figura 54 – Sintomas de antracnose causados pelo Colletotrichum gloeosporioides em placa de enxerto.

O controle deve ser efetuado, preventivamente, no viveiro e no jardim clonal, com fungicidas à
base de cobre, clorotalonil ou tiofanato metílico, nos períodos sujeitos à baixa temperatura e à umidade
relativa alta, os quais favorecem o patógeno. Em estudos realizados em São Paulo foi demonstrada a
suscetibilidade das cultivares PR 255, RRIM 701 e GT 1 e maior resistência de RRIM 600 e PB 235.

Recentemente, foi observada nos Estados de Minas Gerais, São Paulo e Paraná, alta suscetibilidade
do clone RRIM 701 à doença.

8.1.3.3. Oídio

A doença foliar conhecida por oídio é causada pelo fungo parasita obrigatório Oidium heveae Stenn.;
foi relatada no Estado de São Paulo no final da década de 1960 e, posteriormente, dada como erradi-

64
cada. Passados mais de 30 anos, voltou a ser observada no município de Tabapuã (SP) em plantas em
várias fases de desenvolvimento. Após levantamento realizado, pode-se verificar que a doença já estava
disseminada para diversas plantações em diferentes municípios do Estado de São Paulo. A doença vem
se adaptando em diferentes clones.

Seu sintoma principal é o crescimento do micélio branco superficial em ambas as faces dos folíolos.
Quando apenas presente na face inferior, apresenta uma mancha clorótica na face oposta. Em casos
severos, pode causar o desfolhamento das plantas (Figura 55). Nos países orientais, essa doença é bas-
tante comum e assume uma importância considerável durante a época de troca de folhas da seringueira.
As flores também são atacadas, com perdas na produção de sementes. Nesse novo surto observado,
não se verificaram sintomas muito severos, provavelmente pelo inóculo estar em baixa concentração;
porém, nos últimos anos, a doença tem se tornado importante devido aos danos ocasionados.

(B)

(A)

Figura 55 – Sintomas do ataque do oídio: desfolhas causadas por oídio (A);


clone resistente e suscetível a oídio nas folhas maduras (B).

O oídio é causado pelo fungo mitospórico Oidium heveae. Estudos de biologia molecular efetua-
dos demonstraram que a fase sexual corresponde a Erysiphe alphitoides, que ocorre em Quercus,
introduzida no Brasil com a finalidade de arborização urbana. Os clones com menor nível de oídio
são o RRIM 600 e RRIM 701 e os mais suscetíveis, PB 235, GT 1 e PR 255.

Para o controle de oídio, recomendam-se até cinco pulverizações sobre o PB 235 e de duas a três
nos demais clones, com produtos à base de enxofre a intervalos de sete dias, no período de renovação
foliar ou brotação. Atualmente existem fungicidas erradicantes ou oidicidas, com vários representantes
no grupo químico dos triazóis, e a mistura destes com as estrubirulinas.

65
Tabela 16 – Controle químico dos principais patógenos em viveiros e jardim clonal.

Dose do ingrediente ativo


Doença (Patógeno) Ingrediente ativo Modo de ação Observação
(g ou ml/L)
Mal-das-folhas Fembuconazole Sistêmico 0,3 Para viveiros e jardins
(Microcyclus ulei) clonais, aplicar semanal-
mente no período chuvo-
Triadimefon Sistêmico 0,3
so e quinzenalmente no
período seco.
Tiofanato metílico Sistêmico 2,0

Mancozebe Contato 4,0

Clorotalonil Contato 3,5


Antracnose Clorotalonil Contato 1,5 Logo após o aparecimento
(Colletotrichum dos primeiros sintomas,
gloeosporioides) Tiofanato metílico Sistêmico 2,0 aplicar semanalmente
até o desaparecimento da
Clorot.+Tiof.Met. Contato+Sist. 1,5 doença.
Oídio (Oidium heveae) Enxofre Contato 1,5 Idem.

Fenarimol Sistêmico 0,6

Triadimenol Sistêmico 1,0 Curativo.

8.1.3.4. Mancha-concêntrica

A mancha-concêntrica é causada pelo fungo Periconia manihoticola; ocorre em vários países do


continente americano que cultivam a seringueira e ataca, também, outras plantas, como a mandioca.

Apesar de seu caráter secundário, em períodos favoráveis pode causar lesões sérias e desfolha-
mento em plantas de viveiros no campo e em ripados, como já verificado no Vale do Ribeira, município
de Miracatu, nos clones BD 5 e Fx 3864.

Os sintomas são observados nos folíolos em qualquer idade. No início, como manchas escurecidas,
aquosas; à medida que a doença evolui, passam à cor palha, irregulares, tendendo a circulares, for-
mando vários anéis concêntricos escurecidos em seu interior. Até o momento, não tem exigido especial
controle apesar de o patógeno ter-se mostrado sensível aos fungicidas à base de cobre, mancozebe e
clorotalonil.

Figura 56 – Sintomas de mancha-concêntrica em folíolos de seringueira.

66
8.1.3.5. Mancha-de-alternária

Trata-se de uma doença causada por Alternaria sp., cuja ocorrência foi registrada, a princípio, no
México no clone AVROS 1279. Em São Paulo, foi observada em porta-enxertos, em viveiros na região
de São José do Rio Preto e, posteriormente, em jardim clonal, em Piracicaba, atacando intensamente o
clone C 297. Os sintomas caracterizam-se por manchas foliares mais ou menos circulares, pequenas,
com centro de coloração palha e halo verde-amarelado. As lesões podem coalescer e ocupar grandes
porções dos folíolos e provocar desfolhamento das plantas em material suscetível (Figura 57).

(A) (B)

Figura 57 – Folíolos com lesões (A) e plantas com desfolha de ponteiros (B).

8.1.3.6. Outras doenças foliares

Outros fungos causadores de manchas foliares têm sido relatados em seringueira no Estado de São
Paulo, como Ascochyta sp., Paracercospora sp. e Phyllosticta sp. Desses, Paracercospora sp. (Figura
58) tem tido maior importância, devido à suspeita de que provoque a queda prematura de folíolos ma-
duros em seringais do Planalto Paulista.

Figura 58 – Folíolos com lesões de Cercospora sp.

Em levantamentos anuais (Tabela 17), pode-se constatar que Microcyclus ulei e Colletotrichum
gloeosporioides são os fungos de maior incidência em viveiros e jardins clonais, provocando, conforme
a época do ano, desfolhamento intenso, o que exige medidas de controle. No ano de 1990, verificou-se

67
a ocorrência de doença provocada por vírus (carlavírus) em clone Fx 4512, no município de Registro.
Na região do Vale do Ribeira, também foi observado o fungo Corynespora sp., o qual é tido como po-
tencialmente importante, pois ocorre associado a mamoeiros plantados na região, cuja patogenicidade
foi comprovada em seringueira (cultivar IAN 873).

Tabela 17 – Ocorrência de patógenos foliares de seringueira, observados nas principais regiões de


cultivo do Estado de São Paulo.

Regiões(1)
Patógenos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Colletotrichum
++ ++ +++ + ++ +++ ++ ++ ++ +++
gloeosporioides
Microcyclus ulei + + + +++ +++ + + + + +
Oidium heveae ++ ++ + - - ++ + + ++ ++
Alternaria sp. + + ++ - + + + + + +
Periconia manihoticola - + - ++ ++ - - - + -
Paracercospora sp. - + - - - - - + + -
Helminthosporium sp. - - - - - - - - + -
Pestalotia sp. - - - + + - - - - -
Phyllosticta sp. - - - + + - - - - -
Corynespora sp. - - - - + - - - - -
Ascochyta sp. - - - - + - - - - -
- ausência; + incidência baixa; ++ incidência alta; +++ incidência muito alta.
(1)
1 = Araçatuba; 2 = Bauru; 3 = Campinas; 4 = Litoral Norte; 5 = Litoral Sul; 6 = Marília; 7 = Presidente Prudente;
8 = Ribeirão Preto; 9 = São José do Rio Preto e 10 = Barretos.

8.2. Doenças – formação das plantas até a sangria

O período de formação do seringal é uma fase de grande importância para o futuro do empreendi-
mento. A uniformidade do plantio deve ser a regra, devendo-se levar para campo apenas as melhores
mudas, se possível com dois lançamentos maduros. Nessa fase, as doenças também devem ser evita-
das e controladas para não comprometer o estande, o crescimento das plantas, a formação da copa e
o número de plantas que devem entrar em sangria no futuro. As doenças foliares são praticamente as
mesmas que ocorrem na fase de jardim clonal, porém a intensidade de ataque depende da região de
plantio, dos clones utilizados e da época do ano.

8.2.1. Mal-das-folhas da seringueira

Como já descrito, o mal-das-folhas constitui um problema apenas para a região litorânea, na fase
de formação das plantas, quando os plantios são realizados com clones suscetíveis à doença (princi-
palmente os clones orientais) e alguns clones nacionais. Deve-se lembrar que, na fase de formação,
as plantas possuem folhas permanentes até os 4 anos de idade e não desfolham. Apesar de os clones
serem considerados caducos, a troca de folhas só passa a ocorrer nas plantas adultas dos clones
oriundos da espécie Hevea brasiliensis. Os clones oriundos de Hevea benthamiana e híbridos com H.
brasiliensis (IAN 717, Fx 567, Fx 3899, Fx 3810, Fx 3925, IAN 710 e IAN 3087) devem ser evitados, por
não trocarem suas folhas uniformemente, nem quando adultos.

68
O principal período de ocorrência da doença é de fevereiro a abril. Porém, nos materiais mais sus-
cetíveis, deve-se avaliar a necessidade de se fazer intervenção com produtos químicos desde janeiro,
para evitar epidemias. Os fungicidas são os mesmos da Tabela 19 (página 80) e os produtos de contato
devem ser pulverizados a cada 15 dias e os sistêmicos, a cada 30 dias.

8.2.2. Antracnose de folhas

A antracnose de folhas, em anos mais frios e úmidos, como ocorreu em 1989 e 2008, pode constituir
um problema para as plantações de seringueira, tanto no litoral como no planalto. Diferente do mal-das-
-folhas, o problema se dá nos meses de maio, junho, julho e agosto, em inverno chuvoso, no planalto,
após o enfolhamento das plantas adultas. No litoral, em clones suscetíveis à doença, sempre ocorre em
baixa intensidade. Porém, até o momento, não houve relatos da necessidade de intervenções químicas
para essa doença, nem no planalto nem no Vale do Ribeira.

8.2.3. Oídio

O oídio é uma doença que vem ganhando importância, porém não tem ocorrido de forma severa na
fase de formação do seringal.

8.2.4. Doenças do tronco

As doenças do tronco têm sido frequentes, mas em ataques esporádicos. Em alguns anos mostraram-se
epidêmicas. Entre elas, destacam-se o cancro-do-enxerto-e-da-casca, a rubelose e a seca-de-ponteiros.

8.2.4.1. Cancro-do-enxerto-e-da-casca

Causado pelo fungo Lasiodiplodia theobromae (Botryodiplodia theobromae), parasita fraco e opor-
tunista, tem-se verificado alta incidência do cancro na Região Amazônica. No Estado de São Paulo, foi
observado no final da década de 1950, em virtude de plantios malconduzidos. Não possui capacidade
de penetração ativa, por isso aproveita ferimentos, como cortes na casca para a enxertia ou provocados
pelas capinas, para penetrar no tronco. A alta umidade, propiciada pelas plantas daninhas ou pastagens
muito próximas ao tronco, favorece o desenvolvimento da doença, como o ocorrido em Registro no ano
de 1985, no clone IAN 873 e, em Brasilândia, no ano de 2008, no clone RRIM 600. Mesmo a incidência
do sol do início da tarde sobre o tronco pode causar a escaldadura e, posteriormente, a ocorrência da
doença.

Figura 59 – Lesão em “V” invertido, causada por Lasiodiplodia theobromae.

69
Figura 60 – Podridão na base da planta. Figura 61 – Aspecto da parte aérea das árvores
(Foto: José Fernando Canuto Benesi) lesionadas. (Foto: José Fernando Canuto Benesi)

Os sintomas aparecem lentamente, próximo ao ferimento, na região do colo, de início com o escu-
recimento da casca, que vai morrendo lentamente, secando e destacando-se com facilidade. Podem
atingir grandes porções do tronco, causar o anelamento da planta e ocasionar a morte. Em plantas
sadias, quando inoculadas, verifica-se que o patógeno progride internamente por tecido cambial, sendo
encontradas estrias enegrecidas de até 25cm de comprimento, a partir do ponto de inoculação.

Figura 62 – Tratamento com pasta fungicida. (Foto: José Fernando Canuto Benesi)

Figura 63 – Aspecto das plantas após tratamento. (Foto: José Fernando Canuto Benesi)

70
O controle deve-se iniciar com os cuidados de manutenção das plantas, evitando ferimentos. No
local onde ocorrem cortes e machucaduras, proceder ao pincelamento da região atingida com cobre
oleoso ou pasta fungicida.

8.2.4.2. Rubelose

Essa doença é muito comum na maioria dos países onde a seringueira é cultivada. No Pará, em
1982, foi observada incidência elevada em plantas com copa de H. pauciflora. Em São Paulo, foi cons-
tatada, inicialmente, em seringal abandonado do Vale do Ribeira e, em maio de 1994, foi observada
alta incidência em plantas de RRIM 600 em seringais dos municípios de Garça e Barretos, provocando
o desgalhamento intenso e mesmo a morte de algumas plantas.

Causada pelo fungo Erytricium (Corticium) salmonicolor Berk e Br, afeta, além da seringueira, outras
plantas. Os esporos são disseminados pelo vento e pela chuva. Em geral, a infecção se inicia pelas
axilas dos ramos, sendo observado um revestimento rosado, na área lesionada, correspondendo às
estruturas do fungo. Ocorrido o anelamento da casca, dá-se a morte da haste ou dos ramos.

Trabalhos desenvolvidos indicam os fungicidas à base de cobre e clorotalonil como eficientes para
o controle.

(A) (B) (C)

Figura 64 – Sintomas de rubelose: planta jovem (A), galhos (B), tronco (C).

8.2.4.3. Seca-de-ponteiros de Phomopsis

A seca-de-ponteiros de Phomopsis sp. pode ocorrer em plantios novos, durante a formação da copa,
em clones muito suscetíveis, como o PB 260, que nas condições de São Paulo, na região de Matão, e
em Mato Grosso, sofrem bastante com os sintomas. A doença se inicia pela trinca da casca do ramo
ponteiro, que progride para um cancro e, posteriormente, para uma seca descendente. Os ramos laterais
são atingidos e secam, no entanto, a planta se recupera emitindo novos ramos e recompondo a copa.

A doença, quando descoberta no início, é possível de ser controlada, procedendo-se à poda dos
ramos ponteiros afetados e ao pincelamento com pasta fungicida.

71
8.2.5. Nematoides associados à cultura da seringueira

A ocorrência de nematoides na cultura da seringueira data de 1921, quando foi observada a pre-
sença de Meloidogyne sp. no Congo Belga. A partir dessa data, grande número de nematoides é citado
em regiões onde a seringueira é cultivada.

Entre os gêneros que ocorrem no Brasil, são considerados de maior importância o Meloidogyne e
o Pratylenchus, pela sua disseminação e pelos danos econômicos.

As plantas parasitadas por nematoides apresentam, de modo geral, redução no desenvolvimento e


na parte aérea, clorose generalizada e queda das folhas, podendo chegar ao desfolhamento total. No
caso de Pratylenchus sp., o caule se apresenta desidratado e as raízes com lesões marrom-escuras.
Pratylenchus sp. e P. brachyurus foram observados nos Estados da Bahia, São Paulo e Espírito Santo.
Neste último, também foi constatada a espécie P. zeae.

Os nematoides do gênero Meloidogyne podem causar a morte das plantas, ocasionando redução
no sistema radicular e presença de fendas alongadas e de galhas nas radicelas, com pontuações es-
curas que correspondem às ootecas ou massa de ovos. No Estado de Mato Grosso foram observados
Meloidogyne sp. e M. incognita nos clones RRIM 600, e M. exigua nos clones PB 235 e PB 217. Em
São Paulo, verificaram-se as presenças de M. incognita e M. javanica; no Pará, de M. javanica e M.
arenaria e no Paraná, M. incognita em híbridos Tjir 1 x Tjir 16.

Figura 66 – Raízes de seringueira sem sintoma (à esquerda)


e com sintoma de ataque de Meloidogyne incognita (à direita);
Figura 65 – Raízes de seringueira com galhas provocadas reparar na deformação das radicelas e presença de massas
por Meloidogyne exigua. de ovos.

O nematoide M. exigua vai minando a vida da planta, causando o desfolhamento e a seca de ra-
mos e atua como fator predisponente à ação dos fungos oportunistas que atacam a parte aérea das
plantas. Estes são facilmente disseminados pela movimentação do solo, via gradagem das entrelinhas
para limpeza de ramos caídos, trânsito de tratores para a coleta de látex e pulverização ou, mesmo,
na sola de calçados dos sangradores. As mudas podem ser infectadas, por serem produzidas em solo
contaminado. Todas as medidas possíveis para conter o avanço da doença devem ser utilizadas de
forma integrada, pois a continuidade, tanto das plantas doentes na área como da fonte de inóculo, pode
inviabilizar toda a plantação, além de constituir um risco para as plantações vizinhas.

A ocorrência de M. exigua nos plantios de seringueira em Rondonópolis era atribuída ao inóculo


vindo de plantios de café, porém estudos de inoculação cruzada revelaram que a população de serin-
gueira não infectou o café cv. Mundo Novo (altamente suscetível). Das três populações testadas do

72
cafeeiro, apenas uma, oriunda de Minas Gerais, infectou seringueira, o que demonstra a existência de
variabilidade genética intraespecífica entre populações e a existência de raças fisiológicas.

Estudos realizados em viveiros da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São


Paulo permitiram constatar a presença de Pratylenchus brachyurus, M. incognita; nematoides do gênero
Trichodorus são de menor disseminação e provocam a formação de raízes laterais com engrossamentos
terminais. As espécies identificadas foram T. christie (Paratrichodurus minor), já descritas no Paraná, T.
minor, e na Bahia, Trichodorus sp. e T. cf. monohystera.

Muitos outros gêneros importantes são citados em associação com a cultura da seringueira, porém
não há informações sobre seu parasitismo à cultura.

Em São Paulo, pesquisas desenvolvidas a fim de avaliar o parasitismo de nematoides, sobretudo


do gênero Meloidogyne, fazem lembrar que a implantação de seringais no Estado se deve, em muitos
casos, à necessidade de substituição de cafezais cuja recuperação se tornou impossível pela presença
de nematoides. Os principais sintomas apresentados foram:
• Meloidogyne exigua – O sistema apresenta galhas com aspecto necrosado e amarelado, tanto na raiz
principal como nas laterais, com diâmetro de 3mm a 6mm e poucas massas de ovos externas. Pobre
desenvolvimento radicular e segmentos necrosados são observados. Observa-se morte descendente
dos ramos da copa, descortiçamento e um ataque intenso do fungo Lasiodiplodia theobromae.
• M. incognita – As galhas são menores quando comparadas com M. exigua, com muitas massas de
ovos e apenas massas de ovos sem galhas em alguns pontos da raiz.
• M. javanica – A maioria dos clones avaliados foi resistente a essa espécie; quando formam galhas,
são apenas nas pontas das raízes e são menores que as das outras duas espécies.

Tabela 18 – Reação de alguns porta-enxertos a Meloidogyne spp.

Clone M.exigua M. javanica M. incognita raça 2 M. incognita raça 3


RRIM 600 S R MS S
RRIM 511 R S
RRIM 527 R
RRIM 701 R R S
IAN 873 S R MS S
IAN 3087 R
PB 217 R
PB 235 S R
PB 5/63 R R S
Fx 25 R
GT 1 R

S = Suscetível; R = Resistente; MS = Moderadamente suscetível.


Fonte: Lordello et al. (1994); Lordello et al. (1997); Fonseca et al. (1998); Fonseca e Jaehn (1998)

O controle de nematoides em seringueira e para a maioria das plantas perenes é preventivo,


recomendando-se a produção de mudas em solo tratado ou livre desse parasita. As plantas seriamente
infestadas deverão ser erradicadas, evitando-se a reposição de outras mudas. O plantio de culturas
antagônicas aos nematoides na área, como a mucuna-preta ou anã (Stizolobium spp.) e a Crotalaria
73
spectabilis ou C. juncea, contribui para a diminuição populacional dos nematoides do gênero Meloidogyne.
Essas plantas, além de serem más hospedeiras do nematoide, proporcionam melhores condições físicas
e químicas ao solo e podem favorecer o desenvolvimento de organismos antagônicos ao nematoide.

A análise nematológica das mudas a serem adquiridas e a utilização de porta-enxertos resistentes


são medidas adicionais importantes.

Figura 67 – Plantas adultas de seringueira com desgalhamento provocado pela alta infestação de M. exigua.

8.3. Doenças no seringal adulto (em sangria)

As principais doenças que ocorrem na fase de sangria podem acompanhar o seringal desde a fase
de implantação, conforme a região de plantio do clone utilizado e da época do ano.

8.3.1. Oídio

O oídio ocorre na região do Planalto, em seringais adultos, iniciando seu ataque nos clones mais
suscetíveis (PB 235, GT 1e PR 255), nas folhas mais novas: estádio B2 a C, podendo causar um des-
folhamento secundário ou, mesmo, a deformação dos folíolos e redução no tamanho destes. A doença
pode acompanhar as plantas até a próxima troca de folhas, passando a atacar as folhas mais velhas
também dos clones mais resistentes (RRIM 600 e RRIM 701), antecipando a queda dos folíolos e a
troca de folhas.

No caso de oídio em campo, os clones mais suscetíveis estão sendo evitados e cada vez menos
plantados, como o PB 235. No caso de tratamento químico, testes foram efetuados na região de Matão
(SP), com uso de enxofre, na base de 5kg/2.000 litros de água, sendo necessárias cinco pulverizações
sobre o clone PB 235 e apenas duas sobre o RRIM 600. Outro princípio ativo com eficiência foi o fena-
rimol na dose de 4 litros/2.000 litros. O triadimenol, na base de 1 litro/2.000 litros do produto comercial,
possui efeito curativo.

Deve-se ressaltar o efeito do oídio, conhecido como oídio tardio, no desfolhamento precoce das
plantas, acelerando a troca de folhas, pois seu ataque se dá nas folhas mais velhas nos clones mais
resistentes, como o RRIM 600 e RRIM 701.

74
8.3.2. Mal-das-folhas

O mal-das-folhas se destaca em importância na região litorânea, principalmente sobre os clones


orientais (RRIM 600, GT 1 e PB 235) e nos clones oriundos de H. benthamiana (IAN 717, Fx 567,
Fx 3899 entre outros), que não devem ser plantados. Deve ser dada preferência para plantio de
clones nacionais de H. brasiliensis, com troca precoce e uniforme das folhas (IAN 873, Fx 2261,
Fx 3864, Fx 985, Fx 3028, Fx 4098). No período mais seco e mais frio, a doença simplesmente
não ocorre ou, se ocorrer, será de forma mais branda, por fenômeno conhecido por evitação ou
evasão no tempo ou, mesmo, escape parcial.

Figura 68 – Sintomas do mal-das-folhas.

8.3.3. Doenças do painel de sangria

8.3.3.1. Antracnose do painel

A antracnose do painel de sangria da seringueira foi constatada pela primeira vez no Brasil e no
mundo, em 1988, no município de Tupã (SP). Seus sintomas se manifestam por lesões elípticas na
casca e exsudação de látex. Em levantamento efetuado na época, verificou-se que o patógeno estava
amplamente disseminado no Estado de São Paulo e que tinha uma importância muito grande para a
cultura, pelos danos causados. Em viagens realizadas a seringais nos Estados do Mato Grosso, Mato
Grosso do Sul, Paraná, Minas Gerais e Espírito Santo, verificou-se que a doença está sempre presente
nos painéis de sangria. Na parte aérea da planta (ramos e folhas) é relatada em, praticamente, todos
os países onde a seringueira é cultivada, causando lesões foliares, desfolhamento e morte de ramos,
porém o relato em painel foi efetuado somente no Brasil.

Os sintomas se iniciam por pequenas lesões elípticas formadas na casca remanescente do corte
de sangria, as quais aumentam de tamanho e ficam com o centro deprimido, resultando em pequenos
cancros. Sob condições favoráveis de temperatura e umidade, as lesões coalescem e atingem grandes
porções da casca. Em 1989, observou-se a perda de quase toda a área sangrada da casca, fenômeno
que ocorreu em todo o planalto do Estado de São Paulo. Normalmente, ocorre o apodrecimento da
casca, resultando na exposição do lenho das plantas e a predisposição para o ataque de coleobrocas

75
e fungos apodrecedores da madeira. Como sintomas internos, destaca-se a presença de estrias lon-
gitudinais escuras no lenho, com tecidos encharcados e negros na região cambial, à semelhança do
cancro estriado causado por Phytophthora spp.

(B)

(A)

(C)

(D)

Figura 69 – Sintomas de antracnose em painéis de sangria: fase inicial (A); estrias longitudinais
no lenho (B/C); estádio avançado da doença (D).

O agente causal da antracnose do painel pertence à espécie Colletotrichum gloeosporioides Penz.


Sua disseminação ocorre, principalmente, por respingos das gotas de chuva e pelo vento. Deve-se
ressaltar que o agente causal é comum em diversos hospedeiros, o que favorece sua sobrevivência e
dificulta seu controle efetivo.

Estudos de controle químico, realizados em diversos municípios paulistas, revelaram a eficiência


dos fungicidas à base de clorotalonil e clorotalonil + tiofanato metílico, na dose de 2,5g/litro do princípio

76
ativo, aplicado, semanalmente, em pulverização ou em pincelamento, em toda superfície do painel. Os
períodos críticos, quando a doença apresenta maior intensidade, corresponde ao início dos períodos
chuvosos e nos períodos de baixa da temperatura noturna (abril a julho).

Em painéis muito infectados, recomenda-se paralisar a atividade de extração de látex, proceder


à limpeza superficial da casca por meio da raspagem da lesão e fazer a proteção com os fungicidas
citados, veiculados em óleo vegetal ou, ainda, a utilização de pasta curativa à base de cerconil (20g),
óleo vegetal (20ml), cal (400g), agrimicina (20g) e água (600ml), a qual deverá permanecer aderente
ao painel por 30 dias, aproximadamente, sendo efetiva tanto para o controle da antracnose como para
a recuperação da casca. Ao reiniciar o processo de sangria, fazê-lo a uns 2cm abaixo da área lesiona-
da, continuando os tratamentos preventivos a cada 7 ou 15 dias, conforme as condições climáticas. É
importante lembrar que a faca de sangria é um instrumento de disseminação.

Em experimentos mais recentes, os fungicidas procloraz, propiconazole e tebuconazole inibiram


completamente o crescimento do fungo. Em ensaios de campo, o fungicida à base de tebuconazole,
aplicado quinzenalmente, apresentou melhor ação sobre a antracnose do painel.

O produtor deverá planejar a atividade extrativa para não iniciar a sangria nos meses de baixa tem-
peratura (abril-agosto), nem efetuá-la em plantios consorciados com cafezais, em virtude das condições
propícias para o desenvolvimento da doença. Após oito anos de sangria, a doença reduz bastante e o
painel passa a ser pouco afetado por esse patógeno.

8.3.3.2. Mofo-cinzento

Essa doença fúngica ocorre em todas as regiões heveícolas do mundo. No Brasil, além da serin-
gueira, afeta numerosos hospedeiros. No Estado de São Paulo, foi notada pela primeira vez em 1985,
no município de Ubatuba, no Litoral Norte.

Os primeiros sintomas observados no painel de sangria são pontuações marrom-claras, encharcadas,


recobertas por micélio branco, próximas à área de corte. Passados 3 a 4 dias, aparecem lesões grandes,
escuras, com presença de tecido apodrecido. Em condições de baixa temperatura e umidade elevada,
desenvolve-se sobre o tecido lesionado um mofo cinza-esbranquiçado característico, correspondente
às frutificações do patógeno e visíveis mesmo a certa distância das plantas.

(A)

(B) (C)

Figura 70 – Sintomas de mofo-cinzento (A/B); nodulosidades provocadas pelo patógeno (C).

77
Caso não seja tratada no início e juntamente com condições climáticas favoráveis, essa doença
poderá determinar o apodrecimento de grandes porções da casca e do lenho. Com a posterior reação
de cicatrização na área lesionada, o painel fica recoberto de calos cicatriciais que o deformam por com-
pleto e o inutilizam para exploração de látex.

O mofo-cinzento é causado pelo fungo Ceratocystis fimbriata Ellis Hasteld, e patogênico a várias
outras espécies vegetais, como cacaueiro, mangueira e crotalária. Os esporos do fungo podem ser
disseminados em grande quantidade por respingos de chuva, pelo vento e, principalmente, pela faca
de sangria.

O período de maior incidência do mofo-cinzento se situa entre abril e junho, para as condições
climáticas de Ubatuba (SP). Ocorre com maior severidade em plantios localizados no litoral do Estado,
em surtos observados em períodos com temperaturas mais baixas e alta umidade. Para essas regiões,
recomenda-se, como medida preventiva de controle, a desinfestação da faca de sangria em uma solu-
ção de hipoclorito de sódio ou amônia quaternária, após o corte de cada planta. Ainda como tratamento
preventivo, pincelar ou pulverizar o painel com produtos à base de benomil, carbendazim e tiabendazol.

Nas plantas com sintomas da doença, deve-se paralisar a sangria, proceder à limpeza dos tecidos
atingidos pelo patógeno e ao tratamento semanal com os fungicidas citados a 0,5% da concentração.
O reinício da sangria pode se dar quando as plantas não apresentarem mais sintomas da doença e as
condições climáticas não estiverem mais favoráveis ao desenvolvimento do patógeno.

A aplicação dos fungicidas numa faixa de 15cm acima e 5cm abaixo da linha de corte, ultrapassando
a extensão de 2,5cm, pincelando inclusive a canaleta de coleta de látex, aumenta-lhe a efetividade e
reduz a porcentagem de painéis infectados.

8.3.3.4. Cancro-estriado do painel

Esse cancro ocorre em várias regiões do globo onde se cultiva a seringueira. Toda a parte aérea da
planta pode sofrer o ataque do patógeno, dependendo das cultivares e das condições ambientais, pois
os agentes etiológicos do cancro-estriado, no Brasil, são os mesmos da requeima e da queda anormal
das folhas.

(A) (B)
Figura 71 – Cancro-estriado do painel sem exsudação (A); com exsudação do látex (B).

78
Essa doença ocorre nos painéis de sangria de plantas em exploração. Os primeiros sintomas se
caracterizam pelo surgimento de pequenas áreas necróticas, levemente descoloridas e deprimidas na
casca, que, gradativamente, vão-se associando, provocando a morte dos tecidos em regeneração. O
patógeno atinge também o lenho, causando estrias negras, transversais e longitudinais, visualizadas
após a retirada da casca na região atingida.

É causada por fungos do gênero Phytophthora com várias espécies descritas, como P. palmivora,
P. capsici, P. citrophthora. A principal espécie que ocorre em São Paulo é P. citrophthora, com baixa
intensidade no município de Tabapuã.

O fungo invade o painel pela superfície exposta no ato de sangria, principalmente em épocas chu-
vosas, causando morte dos tecidos do câmbio e prejudicando a renovação do painel. As condições de
alta umidade relativa, temperatura amena e chuvas durante vários dias consecutivos são as condições
propícias à ocorrência do cancro-estriado. Os seguintes aspectos devem ser considerados na predis-
posição das plantas:
• efeito da torsão pelo vento, que pode provocar trincas longitudinais e rachaduras que funcionam como
porta de entrada ao patógeno;
• o sulco de corte de sangria funciona como interceptor da água de chuva, carregadora do inóculo do
patógeno;
• fendilhamentos generalizados da casca, após a ocorrência de queda brusca de temperatura em alguns
clones; e
• suscetibilidade clonal.

Com o passar do tempo, as lesões causadas por Phytophthora são invadidas por patógenos, como
Botryodiplodia sp. e Colletotrichum sp., e por diversos saprófitas, incluindo bactérias.

Fungos do gênero Phytophthora podem sobreviver no solo às custas de estruturas vegetais e repro-
dutivas que possui, entre as quais incluem-se micélio, esporângios, zoósporos, cistos, clamidósporos e
oósporos. Destes, os zoósporos possuem um período de vida mais curto, por não apresentarem parede
celular.

Para a infecção, o fungo requer a presença de água livre, temperaturas amenas e baixa lumino-
sidade, comuns em períodos chuvosos. Sua penetração pode ser favorecida se a superfície de corte
estiver próxima ao solo.

Em regiões onde a ocorrência da doença é comum, deve-se proceder ao controle preventivo, por
meio de práticas culturais que visam evitar o estabelecimento do patógeno ou, mesmo, efetuar o pince-
lamento ou a pulverização do painel com fungicidas eficientes nos períodos favoráveis à disseminação
do patógeno e à infecção.

Quando a doença ocorre, recomenda-se interromper as sangrias durante o período chuvoso, prin-
cipalmente para os clones Fx 3844, Fx 3846, Fx 3864 e Fx 2809, em razão da alta suscetibilidade à
doença.

Ao observar plantas com sintomas graves, deve-se interromper a sangria delas e proceder ao tra-
tamento curativo das plantas, ou seja, fazer raspagem da casca afetada, ou cirurgia local, removendo
o tecido doente e procedendo ao pincelamento com fungicidas com efeito curativo.

79
Tabela 19 – Fungicidas eficientes no controle das doenças do painel da seringueira.

Dosagem
Doença Fungicida Modo de ação Modo de usar
(g/L)
Antracnose do painel Clorotalonil Contato 2,5 Pincelado ou pulverizado sobre o pai-
(Colletotrichum Tiofanato metílico Sistêmico 2,0 nel de sangria (casca cortada e em
gloeosporioides) regeneração). Adicionar óleo mineral
Contato+Sist. ou vegetal (10% v/v), semanal no
Clorot.+Tiof. Met. 2,5
início da sangria.
Cancro-estriado Captan Contato. 2,5 Pincelado ou pulverizado sobre o pai-
(Phytophthora spp.) Metalaxyl+mancozebe Sist. + contato 2,0 nel de sangria (casca cortada e em
regeneração). Adicionar óleo mineral
Sist. + contato ou vegetal (10% v/v), semanal no
Metalaxyl+clorotalonil 2,0
período chuvoso.
Mofo-cinzento Tiofanato metílico Sistêmico 2,0 Pincelado ou pulverizado sobre o pai-
Ceratocystis fimbriata nel de sangria (casca cortada e em
Carbendazim Sistêmico 2,0 regeneração). Adicionar óleo mineral
ou vegetal (10% v/v), semanal, de
Triadimefon Sistêmico 1,0 março a setembro.
Lesões e cirurgias no Pasta fungicida: Mistura de Pincelar em lesões ou fazer cirurgias
tronco Metalaxil + clorotalonil (40g), produtos no painel de sangria.
óleo vegetal (200ml), talco –
(400g), água (600ml) +
agrimicina (20g)
Desinfestação da Hipoclorito de sódio (1 litro) Mistura de Mergulhar a faca de sangria na solu-

faca de sangria + água (1 litro) produtos ção a cada árvore sangrada.
Observação: Fungicidas pesquisados com eficiência comprovada nos testes.

8.3.3.5. Seca-do-painel (brown bast)

Essa enfermidade fisiológica, também conhecida pelo nome de brown bast, tem aumentado de
importância no contexto da heveicultura, principalmente após a utilização intensiva de hormônios esti-
mulantes da produção.

A doença ocorre na fase de sangria, bloqueando o fluxo do látex contido no interior da casca. Algumas
árvores cessam a produção de látex em certas partes ou, mesmo, na totalidade da casca, tornando-as
secas. Esse esgotamento parcial é o primeiro efeito do brown bast.

A taxa de plantas afetadas varia com o método de explotação utilizado (a frequência de sangria,
o tamanho do corte e a concentração de estimulantes); atingidas 5% das plantas, é necessário uma
cuidadosa análise e revisão do método de exploração empregado, como tem acontecido com o PB 235,
com 15 anos ou mais de sangria, sob estimulação constante, com altos índices de secamento, na região
de Itiquira (MT), Herculândia e Avaí (SP).

O primeiro sintoma é a coloração anormal de uma pequena parte da casca, em seguida aparecerá
a seca da casca que se estenderá progressivamente, podendo ocupar metade do painel. Nesse estádio,
uma diminuição da intensidade de sangria pode-se traduzir num desaparecimento parcial ou total do
sintoma. Essa fase é conhecida como reversível.

A segunda fase se caracteriza pelo aumento simultâneo da extensão e da intensidade da doença. A


dispersão do secamento acompanha o sentido dos vasos laticíferos, resultando em um painel de sangria
seco, o que provoca a paralisação total da produção de látex.

Pode-se dizer que o brown bast é um distúrbio fisiológico das plantas, que as leva ao secamento do
painel de sangria, provocado por uma associação de fatores que ocorrem no interior do sistema laticífero.
80
Figura 72 – Painel de sangria com sintomas de seca-do-painel.

Seringais, onde o sistema de exploração utilizado inclui estimulantes, devem ter seus tratos culturais
rigorosamente conduzidos. Desfolhamentos intensos e frequentes, causados por doenças ou pragas,
adubação ausente ou insuficiente, podem levar rapidamente as plantas às condições necessárias para
a ocorrência da doença. Existem hipóteses que correlacionam o secamento do painel ao déficit hídrico
de áreas com estação seca prolongada.

A detecção na plantação é muito difícil antes do aparecimento dos primeiros sintomas de secamento
parcial ou total da superfície do corte. Ao aparecimento de plantas com sintomas de anomalia, deve-se
suspender sua sangria.

Convém ressaltar que o aparecimento de poucas plantas com sintomas reversíveis não deve levar à
mudança imediata da frequência; no entanto, o aumento do número de plantas doentes (>10%) requer
uma revisão no sistema de exploração empregado.

É sabido que a enfermidade progride rapidamente para todo o painel. Dessa maneira, torna-se ne-
cessário o isolamento da região enferma para que se possa exercer um efetivo controle da disseminação
e prosseguir a sangria, minimizando, com isso, prejuízos que uma paralisação total acarretaria. Assim, foi
desenvolvido um método de isolamento das partes enfermas, o qual permite conter a enfermidade em,
pelo menos, 85% das plantas tratadas. O método consiste no isolamento das partes atacadas, mediante
sulcos efetuados com o auxílio da faca de sangria, tornando a área enferma do painel identificada. Para
tal identificação, efetuam-se sulcos verticais de profundidade semelhante à do corte de sangria normal,
distanciados de 8 a 10cm uns dos outros, o que permitirá encontrar os limites de disseminação da enfer-
midade, passando, então, ao isolamento total da área enferma.

Após o isolamento, deve-se proceder à raspagem da casca até o mais próximo possível da região
cambial. Sempre que possível, continuar a sangria nas partes sadias do painel. A continuação da sangria
e a raspagem favorecerão a regeneração das partes afetadas.
81
A incidência de secamento de painel pode ser usualmente limitada a níveis aceitáveis em torno de
1% por baixas intensidades de sangria, tal com S/2 d/3 (67%). Em cultivares suscetíveis, a utilização de
estimulantes no sistema inicial de sangria pode ser combinada com intensidade de corte ainda menor. A
ocorrência de secamento parcial em grande número de árvores pode ser utilizada como indicador de se-
camento inicial. As árvores que desenvolvem secamento total devem ser colocadas em descanso por seis
meses, após os quais a sangria se restringirá ao tecido sadio, frequentemente sob comprimento reduzido
de corte. Entretanto, o fato de, na maioria das árvores, o secamento se expandir gradualmente, leva a dú-
vidas sobre o valor do efeito do descanso nas árvores afetadas, sendo que, usualmente, apenas pequena
porcentagem das árvores se recupera.

A observação de que o secamento de painel se inicia internamente e se espalha ao longo dos vasos
laticíferos tem levado ao reexame da recomendação de isolar as áreas afetadas pelo secamento das sa-
dias, por meio de um sistema de canaletas horizontais e verticais. Como medida preventiva, recomenda-
-se que, três meses antes do início da sangria, todas as árvores sejam providas de uma canaleta vertical
única de isolamento, na linha guia traseira do painel de sangria, do corte à base da árvore. Quando houver
secamento, essa canaleta pode assegurar que este não se espalhe para o segundo painel.

Em árvores que desenvolvem secamento parcial ou total, é proposto um sistema adicional de canale-
tas de isolamento. A sangria pode ser retomada sobre todo o corte, mas com descansos periódicos para
minimizar o secamento do painel.

A demarcação da área afetada (região seca da casca do painel) torna-se possível pelo fato de que o
distúrbio sempre vai além do corte de sangria, geralmente acompanhando a posição espiralada dos vasos
laticíferos da casca do caule ao longo do painel explorado. Dessa forma, para demarcar a região seca
afetada, devem ser feitos cortes horizontais e verticais, partindo do centro da região seca do corte em
direção às extremidades da área afetada. Esses cortes, geralmente profundos, são conduzidos de forma
a alcançar a casca não afetada pela seca-do-painel.

Recomenda-se que as medidas de isolamento sejam inicialmente adotadas, pelo menos, para árvores
que estão sendo sangradas em painel A, uma vez que as perdas econômicas são maiores quando a seca
do painel aí se desenvolve. Com experiência, o método pode ser gradualmente aplicado a outros painéis.
A seca, aparecendo no painel B ou em painéis de casca regenerada, é frequentemente limitada àqueles
painéis. Assim, quando a árvore é afetada por seca-do-painel, essa parte pode ser delimitada por cortes
verticais. A partir disso, a sangria pode ser praticada na casca sadia do mesmo painel. Em talhões onde
permanecem árvores em descanso temporário, por terem painel de sangria muito danificado pela seca,
recomenda-se praticar sangria ascendente e/ou em painel mais alto.

8.3.3.6. Novas enfermidades do painel de sangria

Nos últimos anos, a pesquisa tem mostrado associações de novos fungos ao painel de sangria, os
quais, até então, tinham passado despercebidos, entre eles o Fusarium solani e Fusarium moniliforme. O
primeiro associado à casca em regeneração, à semelhança do mofo-cinzento, ocasiona o secamento des-
sa parte da casca. O segundo é associado aos sintomas de secamento do painel, com trincas na casca.
Essas trincas podem vir desde a superfície do solo, acompanhando o sentido dos vasos laticíferos, sendo
muitas vezes confundidas com a seca fisiológica ou brown bast . Testes de patogenicidade efetuados com-
provaram que ambos os patógenos são importantes e devem ser observados e tratados pelos produtores.
Os fungicidas estão sendo testados para verificar as melhores recomendações.

82
Figura 73 – Seca de causa fisiológica. Figura 74 – Seca de causa patológica.

9. PRAGAS E SEU CONTROLE

O cultivo da seringueira [Hevea brasiliensis (Willd. ex. Adr. de Juss.) Müell. Arg.] em áreas de mono-
cultura tem favorecido o aparecimento e desenvolvimento de diversas pragas. No Brasil, muitas espécies
de insetos e ácaros são relatadas em associação com plantas de seringueira em várias regiões do País,
em áreas nativas, viveiros e áreas de monocultura (Hernandes; Feres, 2006b; Santos; Pereira, 2008).

Para o Estado de São Paulo, as espécies consideradas pragas de importância econômica são
ácaros, percevejo-de-renda, mandarová, formigas, cochonilhas, tripes e pragas do tronco.

9.1. Ácaros

9.1.1. Calacarus heveae – microácaro-da-face-superior-da-folha-de-seringueira

Calacarus heveae, espécie só encontrada em seringais brasileiros, foi descrita pela primeira vez em
1992, a partir de material coletado no município de José Bonifácio (SP) (Feres, 1992). É considerada
uma importante praga da cultura no Brasil (Hernandes; Feres, 2006b; Ferla; Moraes, 2002; Moraes;
Flechtmann, 2008), sendo registrada como o ácaro mais abundante nos seringais do Estado de São
Paulo (Bellini et al., 2005a; Hernandes; Feres, 2006a; Vis et al., 2006).

Embora os ácaros, de forma geral, tenham quatro pares de pernas, C. heveae, que pertence à fa-
mília Eriophyidae, é um pouco diferente, apresentando apenas dois pares de pernas. O ciclo biológico
compreende as fases de ovo, larva, ninfa e adultos, fêmea e macho (Figura 75).

83
Os ovos são arredondados e achatados, ficando aderidos ao substrato. Logo após a postura, são
esbranquiçados, passando a translúcidos posteriormente, semelhantes a uma gotinha de água. As lar-
vas, com comprimento de 0,09mm a 0,11mm, após algumas horas começam a formar um friso de cera
longitudinal na região dorsal. As ninfas medem de 0,14mm a 0,16mm de comprimento e apresentam
três frisos de cera ao longo do dorso. O adulto recém-emergido é cinza brilhante, passando a cinza
opaco com o tempo. Inicialmente, movimenta-se intensamente, mas, ao iniciar a alimentação, diminui o
deslocamento permanecendo por longo tempo numa determinada área. De tamanho bastante reduzido,
os adultos medem de 0,19mm a 0,23mm de comprimento. Apresentam, também, três linhas de cera na
região dorsal (Ferla; Moraes, 2003a). Entre as fases de larva e ninfa e desta para a fase adulta, ocorre
a troca do tegumento para que o ácaro possa aumentar de tamanho, processo chamado de ecdise. O
tegumento antigo, chamado de exúvia, é deixado sobre a superfície foliar e pode ser visto como peque-
nos filamentos brancos que recobrem a folha dando-lhe um aspecto de empoeirada (Feres, 1992). Os
adultos também podem apresentar uma coloração em tons de marrom.

Os dados relativos ao ciclo biológico de C. heveae são apresentados na Tabela 20.

Tabela 20 – Parâmetros biológicos de Calacarus heveae e Tenuipalpus heveae em folhas de seringueira,


com fotoperíodo de 12 horas, à temperatura de 28°C na fotofase e 25°C na escotofase. Adaptado de
Pontier et al. (2000); Ferla e Moraes (2003a).

Calacarus heveae Tenuipalpus heveae


Parâmetros biológicos Umidade relativa
90 % 70 %
Duração de ovo a adulto (dias) 9,3 30,3
Número de ovos por fêmea 16,2 34,0
Longevidade da fêmea adulta (dias) 8,4 28,5
Longevidade do macho adulto (dias) 4,0 –

Essa espécie ocorre em altas populações na face superior de folhas maduras e, como resultado
do seu ataque, as folhas perdem o brilho e apresentam um amarelecimento progressivo de sua super-
fície, intercalado com áreas verdes normais, lembrando o sintoma de mosaico provocado por vírus em
diferentes culturas (Vieira et al., 2000). Esse é o sintoma típico provocado por C. heveae (Figuras 76 e
77), entretanto, atualmente, tem sido observado um escurecimento generalizado do limbo foliar asso-
ciado à infestação desse ácaro (Figura 78). Além desses dois sintomas, é possível também ocorrer o
desenvolvimento de pontuações amareladas nas folhas em decorrência da presença da praga (Vieira
et al., 2000).

Entre o início da infestação e o surgimento dos primeiros sintomas, normalmente há um intervalo


de tempo que pode atingir 30 dias ou mais. As folhas atacadas acabam caindo, provocando diferentes
níveis de desfolhamento das plantas. Plantas infestadas podem perder acima de 75% das suas folhas
(Figura 79 A) um ou dois meses antes do período de queda natural (Vieira; Gomes, 1999).

A época de ocorrência dessa espécie no seringal pode variar um pouco de ano para ano, mas está
compreendida entre os meses de dezembro a junho (Figura 80). Entre os fatores que devem influenciar
o início da infestação e o seu desenvolvimento estão a ocorrência de chuvas e o nível de umidade do ar.
Ferla e Moraes (2003) verificaram, em estudos de laboratório, a necessidade de umidade relativa do ar
de 90%, para que a colônia pudesse apresentar um desenvolvimento satisfatório. Em progênies de serin-
gueira cultivadas no município de Selvíria (MS) (Vieira et al., 2009), o aumento da precipitação de 904mm,
registrada nos meses de outubro a junho no período 2003/2004, para 1.207mm nos mesmos meses do pe-
ríodo 2004/2005, foi um dos fatores que propiciou o aumento da população de C. heveae. Fato semelhante

84
foi observado por Hernandes e Feres (2006a) que, em levantamentos realizados durante três anos no
município de Cedral (SP), registraram maiores populações desse ácaro no ano mais chuvoso. Entretanto,
chuvas intensas devem ser prejudiciais à espécie, uma vez que os ácaros colonizam a superfície superior
das folhas. Talvez, por isso, os maiores aumentos populacionais ocorram no final da estação chuvosa, mas
ainda com umidade relativa do ar acima de 60%.

Figura 75 – Ovos, ácaros e exúvias de Calacarus Figura 76 – Sintoma típico de Calacarus heveae
heveae. (Foto: Helder A.S. Silva) em folha de seringueira. (Foto: Marineide R. Vieira)

Figura 77 – Sintoma do ataque de Calacarus heveae Figura 78 – Escurecimento do limbo foliar


em folhas de seringueira. (Foto: Marineide R. Vieira) provocado pelo ataque de Calacarus heveae.
(Foto: Marineide R. Vieira)

(A) (B)

Figura 79 – Desfolhamento observado em seringueiras devido ao ataque de ácaros (A); área


testemunha sem pulverização (B). (Foto: Eduardo C. Gomes)

85
Figura 80 – Padrão sazonal da produção da seringueira no Estado de São Paulo, 1991-1995 (adaptado de Cortez e Martin,
1996) e curva de desenvolvimento populacional de C. heveae e T. heveae em Reginópolis, SP, 2002/2003.

9.1.2. Tenuipalpus heveae – ácaro-plano-vermelho-da-seringueira

Tenuipalpus heveae foi primeiramente descrito por Baker (1945) em seringais de Belterra, no Estado
do Pará. Posteriormente, Flechtmann e Arleu (1984) relataram a presença do ácaro no Estado do Ama-
zonas. Levantamentos populacionais realizados em São Paulo (Feres et al., 2002; Hernandes; Feres,
2006a; Bellini et al., 2008) e Mato Grosso (Ferla; Moraes, 2002; Daud; Feres, 2007; Demite; Feres, 2007;
Ferla; Moraes, 2008) têm demonstrado frequente e abundante ocorrência de T. heveae.

O seu ciclo biológico compreende as fases de ovo, larva, protoninfa, deutoninfa e adultos, fêmea e
macho. Os ovos são depositados isoladamente, porém, como mais de uma fêmea oviposita no mesmo
local, normalmente encontram-se agrupados. São colocados sobre as nervuras ou sobre locais abrigados
na página inferior das folhas e parecem estar fortemente aderidos à superfície. Apresentam coloração
vermelha viva logo depois de serem depositados, tornando-se alaranjados com o passar do tempo. A larva
tem três pares de pernas, é avermelhada logo após a eclosão, tornando-se alaranjada pouco antes da
passagem para a próxima fase, quando mede 0,19mm. A protoninfa já apresenta quatro pares de pernas
e pode atingir 0,20mm de comprimento. A deutoninfa é semelhante à protoninfa, podendo atingir 0,28mm
(Pontier; Flechtmann, 2000). As ninfas são alaranjadas com manchas escuras no dorso por causa do
acúmulo de alimento no aparelho digestivo. Larva, protoninfa e deutoninfa apresentam uma fase ativa,
na qual caminham e se alimentam, e uma quiescente durante a qual trocam de tegumento para permitir
o crescimento do corpo. Durante as fases quiescentes, os ácaros ficam imóveis, normalmente ao longo
das nervuras, e parecem estar presos à superfície foliar. No final da quiescência, o tegumento se rom-
pe transversalmente para o surgimento da fase seguinte. O tegumento antigo (exúvia) é abandonado
na folha acumulando-se ao longo das nervuras. Os adultos apresentam coloração vermelha intensa e
medem de 0,26mm a 0,30mm de comprimento (Figura 81).

Os dados do ciclo biológico de T. heveae são apresentados na Tabela 20 (página 84).

O ácaro-vermelho coloniza a face inferior de folíolos maduros, localizando-se ao longo das nervuras,
onde se observa grande quantidade de ácaros, ovos e exúvias, com um escurecimento do tecido vegetal
em correspondência aos locais de alimentação (Figuras 82, 83, 84). As folhas atacadas tornam-se ama-

86
reladas e, posteriormente, caem (Vieira; Gomes 2003). Seringais atacados podem apresentar intensa
desfolha precoce das plantas. Em Pontes e Lacerda (MT), Pontier et al. (2000) registraram grandes
infestações desse ácaro, causando considerável ferrugem nas folhas e desfolhamento das plantas.

Figura 81 - Adultos de T. heveae. (Foto: Marineide R. Vieira)

Figura 83 – Sintomas avançados Figura 84 – Deposição de


do ataque de T. heveae. exúvias de T. heveae ao longo
Figura 82 – Sintomas iniciais do ataque (Foto: Marineide R. Vieira). das nervuras.
de T.heveae. (Foto: Marineide R. Vieira) (Foto: Marineide R. Vieira)

O período de ocorrência é de dezembro a junho. No caso desse ácaro, o efeito das condições cli-
máticas ainda não está bem esclarecido. Pontier et al. (2000) observaram mortalidade de 67% na fase
de ovo a adulto para ácaros mantidos em umidade relativa do ar em torno de 70%, sugerindo ser a alta
umidade um fator prejudicial à espécie. Hernandes e Feres (2006a), em experimento realizado durante
três anos no município de Cedral (SP), observaram maior população de T. heveae no ano menos chuvoso.
Bellini et al. (2005a), Vis et al. (2006) e Silva (2007) observaram, no Estado de São Paulo, o aumento
na ocorrência de T. heveae no final da estação chuvosa. Por outro lado, Daud e Feres (2007) e Demite
e Feres, 2007, em Itiquira, Mato Grosso (MT), observaram pico populacional da espécie associado a
períodos chuvosos para a região. Nesse caso, deve-se considerar que as precipitações naquele local
foram menos intensas quando comparadas com as que ocorrem normalmente em época chuvosa no
estado paulista. Dessa forma, a influência da umidade no desenvolvimento dessa espécie ainda per-
manece como um ponto para pesquisas futuras.
87
9.1.3. Prejuízos dos ácaros C. heveae e T. heveae

A ocorrência de C. heveae e T. heveae coincide com o período de maior produção de látex pela
cultura da seringueira. A produção de borracha depende da capacidade fotossintética das plantas e,
portanto, da presença de folhas saudáveis que possam realizar a fotossíntese de forma eficiente. Esse
é um momento em que a planta necessita dispor do máximo de energia para a produção. O ataque dos
ácaros provoca, primeiro, o amarelecimento das folhas e, depois, a queda precoce, um ou dois meses
antes do período de senescência normal. Dessa forma, o desfolhamento produzido pela infestação deve
resultar em redução na quantidade de látex produzido. Alguns produtores relataram uma estimativa
de perda devido ao ataque de C. heveae de 30% (Feres et al., 2002). Em experimento realizado em
Reginópolis (SP), em área cultivada com o clone PB 235, na qual houve a ocorrência dos dois ácaros,
foram registradas perdas significativas na produção de látex nos meses de maio, junho, julho e agosto
de 2003. A produção média anual por planta foi de 3,05kg de coágulo, em comparação com a área
testemunha, na qual a produção média foi de 3,41kg (Vieira et al.).

9.2. Outras espécies de ácaros

Trabalhos de pesquisa realizados no Brasil (Hernandes; Feres, 2006b) e especialmente nos Es-
tados de Mato Grosso (Ferla; Moraes, 2002; Daud; Feres, 2007; Demite; Feres, 2007; Ferla; Moraes,
2008) e de São Paulo (Furquim, 1994; Zacarias; Moraes, 2001; Feres et al., 2002; Bellini et al., 2005a;
Hernandes; Feres, 2006; Vis et al., 2006; Bellini et al., 2008) têm revelado que a seringueira pode ser
colonizada por uma grande diversidade de espécies de ácaros fitófagos e predadores.

9.2.1. Ácaros fitófagos

Na família Eriophyidae, além do ácaro C. heveae, duas outras espécies fitófagas podem ser encontra-
das sobre seringueiras. A primeira delas, Phyllocoptruta seringueirae, descrita por Feres (1998), tem sido
registrada na página inferior dos folíolos, principalmente no Estado de Mato Grosso (Daud; Feres, 2007;
Demite; Feres, 2007; Ferla; Moraes, 2008). Os adultos dessa espécie medem de 0,14mm a 0,18mm de
comprimento (Feres, 1992) e apresentam coloração amarelo-alaranjada. O corpo é mais largo na parte
anterior afilando-se acentuadamente na região posterior. No Estado de São Paulo tem sido registrada
em baixas infestações, com exceção do relato de Bellini et al. (2005a), que observaram populações mais
elevadas desse eriofídeo em área de seringueira consorciada com gariroba. Contudo, em nenhum dos
casos, a presença desse ácaro foi associada a qualquer tipo de sintomas. Nos períodos de 1997/1998
e 1998/1999, em levantamentos populacionais realizados na fazenda São José do Seringal Paulista no
município de Buritama (SP), foram registrados, no clone RRIM 600, altos níveis populacionais, de 8,3
e 8,2 ácaros/cm2, respectivamente. Até o momento, não é considerado praga importante.

Outro eriofídeo encontrado nos seringais é Schevtchenkella petiolula, cujo nome é derivado do fato
de ser encontrado nos pecíolos dos folíolos (Feres, 1998). Os adultos medem de 0,15mm a 0,20mm de
comprimento e apresentam coloração alaranjada. Em área da fazenda São José do Seringal Paulista
no município de Buritama (SP), nos períodos de 1997/1998 e 1998/1999, essa espécie chegou a ser
registrada nos níveis de 16,2 e 12,9 ácaros/folha (clone IAN 873 – ácaros presentes nos pecíolos),
respectivamente. Vis et al. (2006), em seringal de Piracicaba (SP), registrou, de um total de 2.580 indi-
víduos coletados ao longo de 12 meses, 47,5% encontrados sobre a página inferior dos folíolos, 39%
nas extremidades de ramos, 11,3% na página inferior dos folíolos e apenas 1,7% sobre os pecíolos.
Maiores informações são necessárias para que se possa definir melhor a localização preferencial dessa
espécie. Normalmente tem sido registrado em baixas infestações, sem ocasionar danos.

88
Eutetranychus banksi, ácaro da família Tetranychidae, portanto com quatro pares de pernas, desen-
volve-se na página superior das folhas e pode ser facilmente identificado por apresentar pernas muito
longas. Tem sido registrado, principalmente, no Estado de São Paulo (Bellini et al., 2005; Hernandes;
Feres, 2006; Vis et al., 2006), mas até o momento sem registro de sintomas. É de ocorrência comum
em citros onde é conhecido pelo nome de ácaro-texano.

Também muito comum em folhas de seringueira, principalmente próximo ao pecíolo, é a presença


do ácaro Lorrya formosa da família Tydeidae. De coloração amarelada, os adultos medem, aproxima-
-damente, 0,30mm de comprimento. Embora seja uma espécie fitófaga, a sua alimentação em folhas
de seringueira não tem provocado nenhum tipo de dano. Dados de literatura sugerem que essa espécie
pode ser útil como presa alternativa para ácaros predadores, auxiliando na manutenção das populações
desses inimigos naturais.

Figura 87 – Adulto do ácaro L. formosa.


(Foto: Flávio Hernandes)
Figura 85 – Adulto do ácaro E. banksi.
(Foto: Marineide R. Vieira)
Figura 86 – Ovos, ácaros e exúvias de
L. formosa. (Foto: Marineide R. Vieira)

9.2.2. Ácaros predadores

Muitas espécies de ácaros predadores têm sido registradas em seringueira. Para o Estado de São
Paulo, Hernandes e Feres (2006a) observaram a ocorrência de 13 espécies de ácaros predadores, sendo
as mais abundantes Zetzellia quasagistemas e Zetzellia agistzellia da família Stigmaeidae e Euseius
citrifolius da família Phytoseiidae. Os autores observaram aumento populacional das duas primeiras
espécies nos momentos de maior população de C. heveae, T. heveae e L. formosa, sugerindo que esses
fitófagos foram predados por elas. Bellini et al. (2005a) observaram Z. quasagistemas alimentando-se
do ácaro-vermelho.

Figura 88 – Adulto de Euseius citrifolius predando T. heveae. Observar a coloração avermelhada do predador
devido à ingestão do conteúdo interno do ácaro-vermelho. Ácaro fitófago. (Foto: Maressa P. Casali)

89
E. citrifolius é um ácaro predador, comumente, encontrado em citros e seringueira. Sua ocor-
rência em níveis consideráveis também foi registrada em seringais de Olímpia (SP) (Bellini et al.,
2005a) e Piracicaba (SP) (Vis et al., 2006), sendo considerado o fitoseídeo mais frequente nessa
cultura no Estado de São Paulo (Hernandes; Feres, 2006a; Bellini et al., 2008). São ácaros grandes,
de coloração branco-amarelada, com pernas longas e movimentos rápidos. Embora sejam consi-
derados predadores generalistas, com preferência por pólen, na falta desse alimento devem predar
os ácaros fitófagos, como observado por Monteverde (2006), que estudou a sua predação sobre o
ácaro-vermelho T. heveae. Essa espécie preda também o ácaro-da-leprose de citros, Brevipalpus
phoenicis.

9.3. Manejo para controle de ácaros

9.3.1. Clones

Nos últimos anos, alguns trabalhos têm avaliado a presença, em clones de seringueira, de
resistência aos ácaros fitófagos. A generalização dos resultados obtidos, entretanto, não é fácil e,
muitas vezes, nem é possível. A resistência de uma planta a uma praga pode não se manifestar em
todos os locais em que é cultivada, em virtude da influência de fatores ambientais, por exemplo, os
edafoclimáticos. Na Tabela 21, são apresentados dados obtidos por diferentes autores com relação
ao desenvolvimento populacional de C. heveae e T. heveae em diferentes clones.

Como o clone RRIM 600 é o mais plantado no Estado de São Paulo, a busca por materiais re-
sistentes deve ter por objetivo encontrar materiais semelhantes ou melhores do que ele. Nos vários
experimentos já desenvolvidos, o clone GT 1 tem se mostrado menos suscetível ao ataque dos ácaros
e, por consequência, apresentado poucos danos. RRIM 600 tem sido normalmente classificado como
intermediário com relação à infestação de C. heveae e T. heveae. PR 255 permite um bom desenvol-
vimento dos ácaros, mas apesar disso, no Estado de São Paulo (Furquim, 1994; Monteverde, 2006;
Silva, 2007), os resultados têm demonstrado que resiste ao desfolhamento.

Resultados conflitantes têm sido obtidos para o clone PB 235. No experimento de Furquim (1994),
esse material foi muito favorável a C. heveae, o que concorda com as observações práticas de muitos
produtores. Entretanto, Silva (2007) e Daud e Feres (2007) observaram baixas infestações nesse
clone em relação ao registrado em RRIM 600.

Para T. heveae, maiores populações foram registradas por Monteverde (2006) e em uma das
áreas avaliadas por Silva (2007). Daud e Feres (2007) e Silva (2007), na área 2, observaram nesse
clone infestações inferiores àquelas observadas em RRIM 600. Esses resultados indicam que mais
informações são necessárias.

Na avaliação de Monteverde (2006) com mudas em casa de vegetação, RRIM 937 foi muito
semelhante a RRIM 600 quanto ao desenvolvimento populacional de T. heveae, enquanto em
RRIM 938 e PB 350 as infestações foram muito maiores, semelhantes às registradas em PB 235.

Resultados promissores têm sido obtidos com alguns clones desenvolvidos pelo IAC, como o
IAC 15 e IAC 40.

90
Tabela 21 – Comparação de clones de seringueira quanto ao desenvolvimento populacional de
Calacarus heveae e Tenuipalpus heveae. Dados obtidos por vários autores.

Calacarus Tenuipalpus
Referência Local Clone
heveae heveae
RRIM 600 420
PR 255 701
Furquim (1994)1 PB 235 751
Jaboticabal (SP)
Ácaros/5 folhas GT1 412
RRIM 701 716
IAN 873 392
RRIM 600 418
PR 255 552
Monteverde (2006)1
casa de vegetação RRIM 937 414
Ilha Solteira (SP)
RRIM 938 814
Ácaros/folíolo
PB 235 811
PB 350 897
RRIM 600 7,65 0,46
GT1 2,02 0,29
Silva (2007) 1
Votuporanga (SP) IAN 873 6,60 0,98

Ácaros/cm2 Área 1 PR 255 6,06 1,25


PB 235 4,33 1,31
RRIM 701 8,31 2,04
RRIM 600 10,59 0,83
IAC 15 2,00 0,45
Silva (2007)1 Votuporanga (SP)
IAC 40 3,83 0,28
Ácaros/cm2 Área 2
IAN 3156 3,25 0,09
PB 235 2,83 0,23
RRIM 600 5.900 45.000
GT 1 1.900 31.000
Daud e Feres2 (2007) PB 260 7.300 8.000
Itiquira (MT)
Ácaros/2.500 folíolos PR 255 3.000 40.000
PB 235 800 38.000
PB 217 1.700 20.000
Ferla e Moraes (2008) 1
RRIM 600 45 5

Ácaros/folha Pontes e Fx 3864 4 5


Lacerda (MT) IAN 873 5 10
IAN 713 15 8

1
Pico populacional dos ácaros. 2 Número total de ácaros coletados em 12 meses.

91
9.3.2. Controle químico

• Amostragem

No controle dos ácaros da seringueira, é importante que sejam adotadas estratégias de manejo
integrado e a decisão de uso do controle químico realizada com base no monitoramento periódico da
população. Uma vez que não é possível avaliar todas as plantas presentes na área, o monitoramento
deve ser feito com a realização de amostragens em algumas plantas, examinando-se parte das folhas
à procura dos ácaros. Nesse processo, é necessário o uso de uma lupa que possibilite a observação
dos ácaros em tamanho maior.

Para que um plano de amostragem possa ter uma boa aplicação prática e ser efetivamente adotado
pelos produtores, é importante que o monitoramento seja feito com o uso de uma lupa de bolso, para
contagem dos ácaros diretamente no campo, de forma semelhante ao que é feito em outras culturas.
A definição de um plano de amostragens de ácaros em seringueira ainda está em fase de pesquisa.
Duas propostas iniciais já foram feitas, por Ferla et al. (2007) e por Martins (2008), entretanto, ainda é
necessária uma comprovação de eficiência em experimentos de campo.

No momento, a sugestão que pode ser feita é para uso de um estereoscópio (lupa) de laboratório,
o que implica em coleta das folhas para exame posterior. Nesse caso, a amostragem pode ser feita em
2% das plantas, com exame de duas folhas (seis folíolos) em cada uma delas. O microácaro, C. heveae,
deve ser contado em duas áreas de 1cm2, uma de cada lado da nervura principal da página superior
dos folíolos. Para o ácaro-vermelho T. heveae, contar o número de ácaros presentes em duas áreas de
1cm2, na página inferior dos folíolos, sendo uma sobre a nervura central e outra sobre a nervura lateral.
A frequência da amostragem deve ser semanal ou, pelo menos, quinzenal, no período de dezembro a
maio. O nível de controle a ser considerado é de 0,5 ácaro/cm2 para C. heveae e 1,0 ácaro/cm2 para T.
heveae.

Uma sugestão importante que pode ser feita é a manutenção de um registro por escrito de cada
talhão da propriedade, relacionando os sintomas observados, as datas em que começaram a aparecer,
a intensidade do desfolhamento provocado e a produção obtida. Essas informações poderão ser úteis
nos próximos ciclos. Talhões que foram muito atacados em um ano, deverão ser observados com maior
cuidado no próximo ciclo.

• Acaricidas

Alguns acaricidas têm sido testados em experimentos de campo (Vieira; Gomes, 1999; 2001; Vieira
et al., 2006a) e de laboratório (Ferla; Moraes, 2003b), com eficiência para C. heveae e/ou T. heveae
(Tabela 22).

Para garantir um controle eficiente dos ácaros é importante, sempre que possível, realizar a rotação
com produtos de grupos químicos diferentes para evitar o desenvolvimento de populações de ácaros
resistentes aos acaricidas aplicados. Entretanto, apesar do resultado positivo de alguns ingredientes
ativos, atualmente apenas o espirodiclofeno possui registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA) para uso em seringueiras.

Em razão da grande quantidade de ácaros predadores registrados sobre seringueira, a seletividade


dos acaricidas para esses inimigos naturais é uma característica importante para auxiliar no controle
das espécies fitófagas. Assim, Ferla e Moraes (2006) observaram que óxido de fembutatina foi seletivo
a Neoseiulus anonymus e Euseius concordis, enquanto o dicofol foi seletivo à primeira espécie mas
tóxico para a segunda. Metomil foi tóxico para os dois ácaros.

92
Tabela 22 – Ingredientes ativos testados para controle de C. heveae e T. heveae em seringueira. Adap-
tado dos trabalhos de Vieira e Gomes (1999; 2001); Ferla e Moraes (2003b); Vieira et al. (2006a).

Nome comum Dosagem i.a./2000L


Calacarus heveae Tenuipalpus heveae
Abamectina + óleo vegetal 10,8g + 4,6 L
Azociclotina 0,5kg 0,5kg
Cihexatina 0,5kg 0,5kg
Dicofol 0,72kg 0,72kg
Enxofre 4,8kg 4,8kg
Espirodiclofeno 0,12kg 0,12kg
Espiromesifeno 0,62kg
Fempiroximato 0,1kg
Lufenurom 0,1 kg
Metomil 0,18kg
Óxido de fembutatina 0,64kg
Propargito 1,44kg

• Ésteres de sacarose

Os ésteres de sacarose são substâncias derivadas do açúcar e utilizadas na indústria, por exemplo,
para produzir alimentos sem gordura (fat-free) e garantir maior viscosidade aos remédios. Embora a
ação dessas substâncias ainda não esteja bem estudada, sabe-se que, quando pulverizados sobre os
ácaros, um dos possíveis efeitos é a ação sobre o exoesqueleto semelhante à ação de detergentes,
promovendo a ruptura da integridade das membranas celulares, o que provocaria a perda de líquidos
intracelulares e, consequentemente, a desidratação, levando os indivíduos à morte.

Cardoso (2007) testou em laboratório o efeito de soluções de sucroésteres em água destilada com
concentrações de 1, 2, 5 e 10g/L, pulverizadas sobre C. heveae (ovos e ácaros) e sobre T. heveae
(ácaros). Houve um acentuado efeito ovicida para C. heveae, de 98% na concentração de 10g/L e de
82% na concentração de 1g/L. As poucas larvas que eclodiram morreram ao entrar em contato com os
resíduos dos sucroésteres presentes na superfície foliar. A pulverização dos ácaros das duas espécies
com a concentração de 5g/L resultou em mortalidade de 60% a 95%, enquanto o contato com os resíduos
após a pulverização da folha com essa concentração proporcionou mortalidade de 85% a 90%. Após a
pulverização direta com os sucroésteres, os ácaros apresentaram dessecação rápida, dificuldades de
locomoção sobre a superfície das folhas, inatividade, dificuldades de alimentação, alteração da aparên-
cia e textura do tegumento. Muitos deles ficaram fortemente aderidos à superfície e aos outros ácaros.
Nos testes de ação residual, observou-se paralisia das pernas, inabilidade locomotora, movimentos
desorientados e dessecação.

Testado sobre os ácaros predadores Euseius citrifolius, Euseius concordis e Iphiseiodes zuluagai,
inimigos naturais dos ácaros-praga de seringueira, houve baixo efeito ovicida nas concentrações de
1g/L e 2g/L. A 5g/L houve mortalidade de 80% dos ovos de E. concordis e E. citrifolius e de 40% de
I. zuluagai. Na concentração de 5g/L, a pulverização direta dos ácaros resultou em mortalidade de
12% a 50%, enquanto o efeito residual da mesma concentração proporcionou mortalidade de 10% a
22%. Portanto, apresentam uma seletividade maior do que muitos acaricidas existentes no mercado.

Por serem biodegradáveis e atóxicos ao homem e ao ambiente, podem, no futuro, representar uma
boa alternativa para uso no manejo dos ácaros.
93
• Pulverização

Para aplicações terrestres é utilizado um turbo pulverizador específico para seringueira, que apre-
senta os bicos de pulverização voltados para cima. Com um volume de calda de 1 a 2 litros por planta
e uso correto do equipamento, de acordo com as instruções do fabricante, é possível atingir uma boa
cobertura das plantas.

• Interferência do controle químico de doenças nas populações de ácaros fitófagos

Para o estabelecimento de um manejo fitossanitário racional, que permita o gerenciamento dos


vários problemas que afetam a seringueira, é necessária uma visão global da cultura. Além das pragas,
a cultura da seringueira no Estado de São Paulo é afetada pela ocorrência de oídio, doença causada
pelo fungo Oidium heveae, comumente relatado como capaz de afetar folhas jovens. Embora seja dada
grande importância à sua ocorrência em tecidos novos, os sintomas do ataque desse fungo podem ser
observados também em folhas maduras, levando a um desfolhamento em período posterior ao que
normalmente ocorre quando os sintomas se manifestam em folhas novas.

Vieira et al. (2006b) avaliaram o efeito de um fungicida sistêmico, o fenarimol, aplicado em diferentes
épocas, sobre o controle do oídio e a ocorrência de sintomas em folhas maduras. Além disso, avaliaram
a interferência dessas aplicações na população de C. heveae. A princípio, o fenarimol apresentou efeito
acaricida, com nível populacional do ácaro no tratamento só com o fungicida, semelhante ao tratamento
padrão com acaricidas. Entretanto, a partir do mês de maio, houve aumento da população, e em 16 de
junho, enquanto era registrada a queda populacional do eriofídeo na área não tratada, nas demais houve
um acréscimo de indivíduos, com maior intensidade no tratamento com quatro aplicações do fungicida
(Figura 89). É possível que o fungicida tenha afetado os fungos patogênicos a C. heveae, já relatados
nos trabalhos de Tanzini et al. (2000) e Geest et al. (2002).

Figura 89 – Efeito da aplicação do fungicida fenarimol em diferentes épocas, sobre a flutuação populacional de
Calacarus heveae. CPA = controle padrão de ácaros com acaricidas. Reginópolis (SP), 1999/2000.

94
9.3.3. Controle biológico

• Ácaros predadores

Maiores populações de ácaros predadores têm sido observadas em seringais próximos a áreas de
mata nativa. Assim, Demite e Feres (2005) observaram maior população de espécies predadoras e menor
de fitófagas em plantas próximas à borda do seringal, em contato com área de mata, em comparação
com o interior do talhão.

Por outro lado, ácaros predadores têm sido encontrados concomitantemente em seringueiras e
em espécies de plantas euforbiáceas nativas vegetando no meio do seringal (Feres; Nunes, 2001;
Zacarias; Moraes, 2001; Bellini et al., 2005b; Bellini et al., 2008). Plantas, como Ageratum conyzoides
(mentrasto), Piper aduncum, Guarea spp., Chamaesyce hirta (erva-de-santa-luzia), Euphorbia hete-
rophylla (leiteiro) e Cecropia sp. (embaúba), podem ser hospedeiras de ácaros predadores como E.
citrifolius e Pronematus sp.

Essas informações sugerem que a manutenção de áreas nativas próximas a seringais e o manejo
do mato na cultura podem representar importantes estratégias de controle e devem merecer maiores
estudos para determinar a sua viabilidade.

• Fungos patogênicos a ácaros

Em condições de campo tem sido comum a ocorrência do fungo Hirsutella thompsonii infectando
C. heveae (Figura 90). Esse patógeno tem sido relatado atacando várias espécies de ácaros em mui-
tas partes do mundo (Tanzini et al., 2000). C. heveae possui uma camada de cera na região dorsal do
corpo que pode impedir a aderência de patógenos, mas, apesar disso, H. thompsonii consegue infectar
os ácaros em condições naturais e a sua preservação deve ser um dos aspectos considerados em um
programa de manejo de pragas.

Em experimentos realizados com aplicação de acaricidas, abamectina, óxido de fembutatina e


fempiroximato, foram considerados compatíveis com H. thompsonii, enquanto o propargito foi tóxico ao
patógeno segundo relatos de Marcel Tanzini. Esses produtos compatíveis podem ser utilizados no início
das infestações até que o fungo possa atuar naturalmente, o que deve ocorrer nos meses de maior
incidência de umidade.

Outros fungos também têm sido testados para o controle de C. heveae e T. heveae. Alguns isolados
de Beauveria bassiana, Metarhyzium anisopliae e Verticillium lecanii podem propiciar acima de 90% de
mortalidade (Figuras 91, 92 e 93 – Marcel Tanzini, comunicação pessoal).

Figura 90 – Calacarus heveae contaminado com o fungo Figura 91 – Tenuipalpus heveae contaminado com
Hirsutella thompsonii. O fungo sai do ácaro pelas regiões Beauveria bassiana. (Foto: Marcel Tanzini)
anterior e posterior e se espalha pela folha constituindo fonte
de inóculo para outros ácaros. (Foto: Marcel Tanzini)

95
Mais estudos são necessários para que se possam estabelecer as possibilidades de uso de fungos
patogênicos a ácaros no manejo das espécies prejudiciais à seringueira.

Figura 92 – Porcentagens de mortalidade de Calacarus heveae mediante o tratamento com diferentes


isolados de fungos entomopatogênicos. (Tanzini, M.)

Figura 93 – Porcentagens de mortalidade de Tenuipalpus heveae mediante o


tratamento com diferentes isolados de fungos entomopatogênicos. (Tanzini, M.)

9.3.4. Culturas consorciadas

O interesse pelo consórcio de seringueiras com outras culturas leva à necessidade de estudos sobre
a ocorrência de pragas e doenças nessa nova condição. O cultivo consorciado com gariroba, realizado
no município de Olímpia (SP), revelou que a presença dessa espécie nas entrelinhas da seringueira
aumentou a umidade relativa do ar de 15 a 25% (Bellini et al., 2005a). Como consequência, houve maior
infestação de C. heveae. A maior umidade também propiciou a ocorrência do fungo patogênico Hirsutella
thompsonii atacando C. heveae, mas sem ação de controle, uma vez que esse ácaro atingiu elevados
níveis populacionais na área. A gariroba não foi hospedeira de C. heveae e T. heveae. Por outro lado,
nenhum dos predadores importantes como inimigos naturais dos ácaros que atacam a seringueira foi
abundante em gariroba. Os autores observaram que a condução da cultura intercalar, com a retirada
do palmito antes da fase reprodutiva da planta, impede que os ácaros predadores possam se alimentar
de pólen, o que poderia aumentar as suas populações.

96
9.4. Leptopharsa heveae – percevejo-de-renda

Leptopharsa heveae é um percevejo da família Tingidae, descrito em 1935, a partir de insetos


coletados em folhas de seringueira da região do rio Tapajós, no município de Boa Vista (RR) (Lara;
Tanzini, 1997). É o mais importante inseto-praga da cultura, ocorrendo em seringais nativos e de cultivo.
Da região amazônica, invadiu os seringais do Estado de Mato Grosso e, a partir de 1992, chegou aos
Estados de São Paulo e Goiás (Junqueira, 1999).

Em seu desenvolvimento, L. heveae passa por uma fase de ovo e cinco instares ninfais que podem
ser diferenciados do adulto pelo menor tamanho e pela ausência de asas. As ninfas apresentam colo-
ração amarelo-esverdeada (Figura 94) e os adultos, esbranquiçada; todas as fases apresentam vários
espinhos ao longo do corpo. O adulto dessa espécie é caracterizado pela presença de asas longas,
estendendo-se além do final do abdome e que apresentam um aspecto reticulado e alveolado carac-
terístico, o qual também pode ser observado no primeiro segmento do tórax (Figura 95). Os adultos
medem de 4,0mm a 4,2mm de comprimento e de 1,35mm a 1,50mm de largura.

Figura 94 – Ninfas de Leptopharsa heveae. Figura 95 – Adulto de Leptopharsa heveae.


(Foto: Marcel Tanzini) (Foto: Marcel Tanzini)

As fêmeas fazem postura endofítica, na página inferior das folhas, de preferência próximo às nervuras
primárias e secundárias (Tanzini; Lara, 1998). A duração do ciclo ovo a adulto é afetada pela tempera-
tura, sendo de 36 dias a 20°C e de 18 dias a 30°C. No clone RRIM 600, a uma temperatura de 25°C,
a fase de ovo dura aproximadamente 11 dias, o período ninfal, com cinco instares, 14 dias, totalizando
aproximadamente 25 dias. As fêmeas adultas ovipositam, em média, 102 ovos e vivem cerca de 40 dias
(Cividanes et al., 2004a).

Os percevejos localizam-se na página inferior dos folíolos onde sugam a seiva e destroem o parên-
quima foliar, prejudicando a fotossíntese. Folhas atacadas apresentam, na página superior, numerosas
pontuações amareladas (Figura 96), ficando completamente descoloridas. Na página inferior podem
ser observadas áreas descoloridas e pontuações escuras provenientes da produção de excrementos
(Figura 97).

Para o Estado de São Paulo, o percevejo-de-renda pode ocorrer o ano todo. Cividanes et al. (2004a),
para o clone PB 235 em Pindorama (SP), no período de outubro de 1998 a novembro de 1999, ob-
servaram que as ninfas de L. heveae foram abundantes de março a maio e de outubro a novembro, o
mesmo ocorrendo com os adultos, de março até início de julho e durante novembro (Figura 98). A menor
densidade populacional de ninfas e adultos foi constatada de julho a setembro, provavelmente devido
ao período de senescência da cultura e à diminuição da temperatura. Durante esse período, os adultos
podem encontrar refúgio migrando para folhas de seringueiras que apresentam um processo fenológico
mais tardio ou para erros clonais presentes na área (Fonseca, 2007). Batista Filho et al. (2003), em

97
levantamentos realizados no mesmo clone, no mesmo município, tinham registrado maior quantidade
de ninfas e adultos no período de dezembro a fevereiro com pico em janeiro, o que também foi relatado
por Junqueira et al. (1999) para o Estado do Amazonas. A diferença no período de ocorrência entre
esses trabalhos pode ser resultado das condições climáticas no período dos experimentos.

Figura 97 – Excrementos de Leptopharsa heveae em folíolo


Figura 96 – Sintoma de Leptopharsa heveae em folíolo de seringueira. (Foto: Marineide R. Vieira)
de seringueira. (Foto: Marineide R. Vieira)

Figura 98 – Flutuação populacional de ninfas e adultos de L. heveae em seringueira. Pindorama ( SP) –


1998/1999 (Cividanes et al., 2004a).

• Prejuízos

Altas infestações podem provocar intenso desfolhamento das plantas, as quais ficam muito debi-
litadas e têm sua produção reduzida. Podem atacar as folhas de seringueira em viveiros, em plantios
jovens e em plantios produtivos. Plantas jovens infestadas podem apresentar uma redução de 27,7%
no crescimento em altura e de 43,5% no diâmetro do colo das plantas (Moreira, 1985). A produção pode
ser reduzida em 30% (Tanzini, 1999).

As lesões provocadas pela sua alimentação predispõem a planta ao ataque de micro-organismos.


O desfolhamento precoce pode levar a um reenfolhamento em período mais úmido, favorecendo a
incidência do fungo Microcyclus ulei.

98
9.4.1. Manejo

• Clones

Com base em experimentos conduzidos no município de Itiquira (MT), com os clones AVROS 2037,
Fx 4037, GT 1, HARBEL, IAC 207, IAN 4493, IAN 717, IAN 873, RO 38 e RO 46, Lara e Tanzini (1997)
concluíram que os mais suscetíveis foram o GT 1 e o IAN 873, enquanto os clones Fx 4037, RO 38 e
RO 46 apresentaram resistência pela não preferência para a alimentação e o oviposição. No município
de Pindorama (SP), o maior nível populacional de L. heveae foi observado no clone GT 1, seguido pelos
clones PB 235, PR 107 e RRIM 600. Em experimentos de laboratório, no clone GT 1, as folhas novas
foram as preferidas para alimentação e oviposição do que as maduras (Lara; Tanzini, 1997). Observações
de campo têm demonstrado que o clone PB 235 é bastante suscetível ao ataque do percevejo-de-renda.

A arquitetura da planta talvez possa interferir com a população da praga. Assim, Junqueira et al.
(1999) sugeriram que o plantio de clones com copas mais densas pode propiciar condições de umidade
e luminosidade mais adequadas à sobrevivência e à disseminação de fungos patogênicos a L. heveae,
aumentando a eficiência do controle biológico.

9.4.2. Controle químico

• Amostragem

Cividanes et al. (2004b), em experimento realizado em Pindorama (SP), com o clone PB 235, com-
pararam a distribuição do percevejo-de-renda em folhas situadas nos lados norte e sul e na metade
interna e externa de ramos nos terços inferior, médio e superior das plantas. Os autores verificaram que
houve uma distribuição similar de ninfas e adultos de L. heveae nas folhas das diferentes partes das
seringueiras. Dessa forma, a amostragem pode ser feita em folhas da parte externa de ramos do terço
inferior, o que facilita a sua realização.

Em área de uma empresa no município de Itiquira (MT), foi realizada amostragem de 1% das plan-
tas, considerando-se três níveis de percevejo-de-renda: baixo, um ou dois insetos/folíolo; médio, três ou
quatro insetos; e alto, com cinco ou mais. A pulverização é indicada quando é registrado o nível médio
de percevejos (Fonseca, 2007).

• Produtos

Atualmente não existe nenhum produto registrado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abaste-
cimento para controle do percevejo-de-renda da seringueira. Alguns inseticidas têm sido testados por
pesquisadores e produtores, demonstrando eficiência para essa praga, como o metomil, tiametoxam,
metamidofós e parationa-metílica (Fonseca, 2007).

• Pulverização

Para aplicações terrestres é utilizado um turbo pulverizador específico para seringueira que apre-
senta os bicos de pulverização voltados para cima. Com um volume de calda de 1 a 2 litros por planta
e uso correto do equipamento, de acordo com as instruções do fabricante, é possível atingir uma boa
cobertura das plantas.

No período de senescência das plantas, os percevejos adultos procuram refúgio em folhas de


seringueiras que apresentam um processo fenológico mais tardio ou para erros clonais presentes na
área. Dessa forma, esse é um momento importante para a realização de uma pulverização localizada,
atingindo-se uma grande quantidade de percevejos em um pequeno espaço (Fonseca, 2007).

99
9.4.3. Controle biológico

O percevejo-de-renda pode ser combatido em condições naturais por predadores, parasitoides e


fungos patogênicos, organismos que podem auxiliar no seu controle e reduzir a necessidade de uso de
inseticidas.

• Fungos patogênicos

O primeiro registro de um fungo patogênico ao ácaro L. heveae foi feito por Celestino Filho e Ma-
galhães (1986), que observaram a ocorrência de Sporotrix insectorum infectando esse percevejo em
seringais cultivados no Estado do Amazonas. Atualmente, várias espécies de fungos têm sido testadas
para controle dessa praga.

As espécies mais utilizadas são S. insectorum e Paecilomyces fumosoroseus, que podem ser
cultivadas em laboratório e pulverizadas nas áreas de seringueira com o mesmo tipo de equipamento
utilizado no controle químico.

Experimentos mais recentes têm demonstrado a possibilidade de uso de Metarhizium anisopliae


e Beauveria bassiana (Fonseca, 2007), inclusive com a utilização de formulações comerciais desses
fungos (Tanzini, M. – comunicação pessoal).

Para todos eles, a precipitação e o nível de umidade relativa do ar são fatores importantes para o
bom desempenho. Em Itiquira (MT), com umidade relativa acima de 80%, M. anisopliae, cepa 1189,
pode atingir 83% de eficiência no controle do percevejo, mas só proporciona 44% de mortalidade com
umidade relativa abaixo de 80% (Fonseca, 2007). Naquele local, com umidade relativa abaixo de 80%,
B. bassiana, cepa PL 63, apresentou o melhor desempenho, com 72% de controle.

Para a boa eficiência do controle, também é necessário que a aplicação dos fungos seja feita no
início da infestação de L. heveae. Depois desse momento, provavelmente será necessário o uso do
controle químico e, nesse caso, os mais indicados são os inseticidas compatíveis com os fungos pato-
gênicos. Entretanto, poucas informações estão disponíveis na literatura sobre a compatibilidade entre
agrotóxicos e patógenos. Sobre esse assunto, Tanzini (2002), em experimentos de laboratório, observou
que o inseticida metamidofós foi compatível com aplicação dos fungos B. bassiana (cepa 1196), Vertici-
llium lecanii (cepa 972), P. fumosoroseus (cepa 1200) e S. insectorum (cepa 1229). Quanto ao fungo M.
anisopliae, esse inseticida foi tóxico para a cepa 1144 e compatível com a cepa 1189. O autor observou
também que os inseticidas metamidofós, metomil, imidacloprido e tiacloprido foram compatíveis com o
fungo Hirsutella thompsonii, importante inimigo natural do ácaro Calacarus heveae.

• Parasitoides

Os ovos de L. heveae podem ser parasitados pela vespinha Erythmelus tingitiphagus (Hymenopte-
ra: Mymaridae) que, neles, oviposita para que suas larvas se desenvolvam no seu interior. Em Itiquira
(MT), no período de agosto de 2005 a fevereiro de 2006, foi registrada uma média de 18,8% de ovos
parasitados por E. tingitiphagus (Tabela 23). Além disso, a porcentagem de parasitismo observada em
áreas pulverizadas com os inseticidas metamidofós e metomil foi semelhante à registrada em áreas sem
pulverização, evidenciando algum nível de resistência desse parasitoide (Santos, 2007). Dessa forma,
esse parasitoide é um promissor agente de controle biológico do percevejo-de-renda, necessitando de
maiores estudos sobre criação massal e liberação em campo (Santos; Freitas, 2008).

100
Tabela 23 – Número de ovos de Leptopharsa heveae, número de ovos parasitados por E. tingitiphagus
e porcentagem de parasitismo em clones de seringueira. Itiquira (MT), agosto de 2005 a fevereiro de
2006. Adaptado de Santos e Freitas (2008).

Número de ovos Número de ovos


Clone Parasitismo (%)
de L. heveae parasitados
PR 255 2.388 459 19,2
RRIM 600 2.344 483 20,6
GT1 2.333 391 16,8
PB 217 2.209 414 18,7
PB 235 1.284 239 18,6
Total 10.558 1.986 Média = 18,8

• Predadores

Larvas de crisopídeos (Neuroptera, Chrysopidae) são predadoras de várias pragas agrícolas. Em ex-
perimentos de laboratório foi registrada a voracidade desses insetos na predação de ninfas e adultos do
percevejo-de-renda. Uma larva da espécie Cereaochrysa cincta predou, em média, 124 adultos ou 2.812
ninfas da praga (Scomparin, 1997). Segundo Fonseca (2007), em testes de campo realizados em Itiquira
(MT), a liberação de crisopídeos no seringal diminuiu em 13% as necessidades de pulverizações químicas.

As aranhas também podem exercer algum nível de controle do percevejo-de-renda. Experimentos


de laboratório demonstraram que aranhas das famílias Theridiidae e Salticidae, comumente encontra-
das em seringais da região noroeste do Estado de São Paulo, podem predar indivíduos de L. heveae
ou imobilizá-los nos fios de teia produzidos (Ferrari Filho, 2006). Medidas que possam preservar as
populações de aranhas nos seringais podem ser mais um reforço no controle dessa praga.

9.5. Mandarová

Considerado uma praga importante para a seringueira, o mandarová (Erinnys ello), em virtude da
sua voracidade, pode consumir grande quantidade de folhas em poucos dias. Sua ocorrência é cíclica,
podendo ocasionar severas infestações.

Em 1983, foi observada severa ocorrência dessa praga em seringais do Vale do Ribeira, causando
desfolhamento de até 70% das plantas, reduzindo drasticamente a produtividade do seringal.

A curva de flutuação da praga apresenta um crescimento da população a partir de setembro, atin-


gindo um pico máximo em dezembro, com um segundo pico em fevereiro-março, acompanhando o
ciclo fenológico da cultura. Na Bahia, o pico populacional da praga em fase adulta se dá em novembro-
-dezembro, chegando-se a observar a coleta de 993 fêmeas numa só noite, por armadilha luminosa.

As fêmeas depositam os ovos na face superior do limbo foliar; são verdes e medem aproximada-
mente 1,5mm. Os ovos ficam amarelados quando próximo à eclosão (de 3 a 6 dias após a oviposição).
No início, as larvas são esverdeadas, com aproximadamente 5mm de comprimento; aos 15 dias de
vida, podem chegar a medir de 80mm a 100mm e sua coloração muda em função da densidade popu-
lacional, variando do verde, correspondente à baixa população, até o preto, com pontuações laterais e
vermelhas, que correspondem à alta população.

101
As lagartas, no início, devoram folhas e ramos novos. Nos grandes surtos, destroem folhas maduras
e ramos mais finos. O controle de mandarová pode ser feito de diversas formas, dependendo do esta-
do da cultura e do nível de infestação, devendo ser monitorado sempre, por amostragens no seringal,
verificando-se o número de adultos.

O controle pode ser efetuado manualmente, estourando os ovos, em jardins clonais e viveiros, ou
efetuando pulverizações com produtos biológicos ou químicos, em árvores adultas. Os produtos bio-
lógicos à base de Bacillus thuringiensis possuem a vantagem de ser seletivos aos insetos benéficos
que atuam no controle do mandorová. Dentre os inseticidas químicos destacam-se aqueles à base de
carbaril, triclorfon e deltametrina.

(A) (B) (C)


Figura 99 – Mandarová – variação da cor em função da densidade populacional.
(Fotos: Elaine P. Gonçalves (A/C) e Antonio Bacchiega)

9.6. Formigas

No Estado de São Paulo, entre as formigas-cortadeiras, predominam as quenquéns (Acromirmex


spp.) e as saúvas (Atta spp.). As primeiras estão presentes em toda a região de plantio do Estado de
São Paulo e as últimas predominam no Planalto Paulista, estando ausentes nos plantios do Vale do
Ribeira.

As saúvas são maiores e possuem o formigueiro bem mais desenvolvido, com várias “panelas”
distribuídas entre o seringal. As formigas quenquéns são menores e seu formigueiro é constituído de
uma só “panela”. Ambas as espécies atacam a seringueira nas fases de viveiro, jardim clonal e nos
primeiros anos do plantio definitivo. As folhas e hastes são cortadas e carregadas até o formigueiro. As
plantas podem morrer devido ao ataque ou perder a dominância apical no caso de plantios definitivos,
retardando o seu desenvolvimento.

Figura 100 – Ataque em seringal adulto. Figura 101 – Ataque em muda Figura 102 – Árvore derrubada por
(Foto: Antonio Bacchiega) nova no campo. formigueiro. (Foto: Antonio Bacchiega)
(Foto: José Fernando C. Benesi)

102
O combate dá-se naturalmente, pois as formigas-cortadeiras ficam presas ao látex nos ramos e
pecíolos. Em infestações altas, devem-se colocar iscas formicidas espalhadas no carreiro das formigas
ou dentro de frascos preparados para protegê-las da umidade e da chuva.

Outra forma é encontrar e destruir os formigueiros com a aplicação de iscas formicidas à base de sul-
floramida na dose de 8g/m² de terra solta da seringueira, distribuídas ao lado da trilha ativa ou “olheiros”.

9.7. Cochonilhas

São insetos que, esporadicamente, aparecem associados às plantas sem, no entanto, causar gran-
des danos à cultura e à produção.

Em março-abril de 1988, foi observada alta infestação da cochonilha-pardinha (Selenaespidus


articulatus), em seringal de seis anos de RRIM 600, no município de Olímpia e também em Colina
(SP), em 1989, chegando a recobrir completamente as folhas baixeiras da copa, onde predominam
condições de sombreamento e maior umidade.

Outras espécies de cochonilhas observadas associadas à seringueira são: Pinnaspis spp., ou


escama-farinha (Aspidiotus destructor), ou cochonilha-do-coqueiro ou cochonilha-transparente e
Saissetia spp., ou cochonilha-parda. Entretanto, até o momento, não exigem maiores cuidados quanto
ao combate, pois não chegam a causar danos severos ao seringal.

9.8. Moscas-brancas e tripes

As moscas-brancas são insetos pequenos, com 2mm a 3mm de comprimento e os tripes medem
de 0,5mm a 2mm. As moscas-brancas (Aleurodicus cocois, A. pulvinatus e Lecanoides giganteus) são
dotadas de um aparelho bucal picador-sugador e instalam-se, de preferência, na face inferior das folhas,
onde formam colônias e permanecem protegidas contra inimigos naturais. Já os insetos conhecidos
como tripes possuem aparelho bucal raspador-sugador e alimentam-se do conteúdo celular das plantas.
Apresentam dois pares de asas franjadas e são altamente sensíveis às variações de umidade do ar,
multiplicando-se intensamente durante o tempo seco. Sua população declina rapidamente na estação
chuvosa.

Em seringais de cultivo, raramente são efetuadas medidas que visem ao controle dessas pragas.

9.9. Coleópteros

Existem algumas espécies de coleópteros (besouros) que atacam a seringueira. Apesar de não
constituírem um grupo muito importante, atacam troncos, pecíolos e ramos e, em plantas jovens, podem
causar a morte descendente.

Há registros de que plantas com ramos muito atacados por Platypus sp. morreram em três meses,
devido ao ataque em número elevado de larvas perfuradoras que foram encontradas em atividade no
interior do tronco. Recomenda-se retirar plantas e ramos mortos do interior do seringal e queimá-los,
para que não sirvam como fonte de pragas às plantas sadias.

Um novo coleóptero (Tapuruia felisbertoi Lane) foi identificado em outubro de 2004, nos municípios de
Goianésia e Piracanjuba (GO) e Nova Xavantina (MT), causando danos à cultura da seringueira, sendo
esta a única espécie assinalada como planta hospedeira. Inseto nativo do Brasil, apresenta distribuição
geográfica relacionada à Floresta Amazônica e à região central do Brasil, nas florestas de galeria.
103
T. felisbertoi apresenta coloração preta com a metade apical dos élitros avermelhada e uma mancha
esbranquiçada no meio da metade anterior e possui de 10,5mm a 18mm de comprimento. As larvas
penetram na casca e, abaixo desta, escavam uma área com formato de disco; externamente, nota-se
o afundamento da casca. Na base dessa área, formam uma câmara pupal, semelhante a um casulo.
Nesse local, o inseto empupa protegido por um envoltório de látex. Os adultos emergem no início do
período chuvoso. A maior infestação desse inseto está relacionada às árvores de bordadura, em áreas
próximas à cultura da cana-de-açúcar. Ao penetrarem na casca as larvas atingem os vasos laticíferos,
provocando perda de látex e destruição da casca. Cerca de 5% das árvores em uma propriedade do
município de Goianésia (GO) já apresentam danos provocados por T. felisbertoi.

Figura 103 – Ataque de besouro. Figura 104 – T. felisbertoi. Figura 105 – Ataque de
(Foto: Elaine P. Gonçalves) (Foto: Elaine P. Gonçalves) T. felisbertoi.
Foto: Elaine P. Gonçalves)

9.10. Pragas sazonais

A lagarta-dos-capinzais pode ser considerada praga. Isso ocorre quando há um desequilíbrio eco-
lógico com aumento da população. Esse fato só acontece quando o seringal é implantado sobre antiga
área de pastagens.

Figura 106 – Lagarta-dos-capinzais.


(Foto: Antonio Bacchiega)

104
Plantios novos em diferentes regiões do Estado de São Paulo têm sido atacados por animais, como
lebrão, rato, capivara, anta e veado. Não controlados, são considerados pragas e, apesar de os danos
não serem de grande monta, podem causar lesões no tronco e ocasionar a morte de plantas jovens.

Figura 107 – Danos causados por antas. (Foto: Elaine P. Gonçalves)

(A) (B)

Figura 108 – Ataque de roedores: rato (A); capivara (B). (Fotos: José Fernando C. Benesi)

10. NOTAÇÃO DE SANGRIA

Sangria é o ato de abrir os vasos de látex na casca de uma seringueira e as Notações de sangria
são uma série de letras, números, símbolos e pontuações que descrevem o comprimento, o tipo e a
direção de corte e a sequência e a frequência da sangria em um determinado período de tempo. As
Notações de sangria incluem, também, dados para estimulação, tais como: tipo, concentração e volume
do estimulante usado; método, frequência e número de aplicações em um ano etc. Além desses itens,
a estimulação gasosa e o protetor contra chuva são mostrados pelas novas Notações.

105
As Notações para os sistemas de sangria para a produção de látex foram revisadas há mais de 25
anos (Lukman, 1983) e grandes mudanças foram efetuadas naquela época. Contudo, ainda há alguma
relutância entre muitos cientistas e gestores de propriedades em aceitar as alterações propostas e
continuam a usar as antigas. Porém, o tempo provou que algumas mudanças realizadas nas Notações
para os sistemas de sangria eram necessárias. Por exemplo, o advento da tecnologia da estimulação
gasosa aumentou a popularidade do protetor contra chuva, tornando necessário ter abreviações para
isso (Vijayakumar, 2007) e alguns dos sistemas, como sangria de punção, não estão mais em uso e,
portanto, puderam ser mantidos sem revisão. Outras Notações precisavam apenas de algumas modifi-
cações e foram revisadas.

A Notação sobre sangria revisada por Lukman (1983) incorporou aos novos itens o protetor contra
chuva e a estimulação gasosa. Para o período de sangria de menos de um ano, a Notação mostra, com
exatidão, desde o mês de início até o mês do término da sangria. A quantidade de sangrias realizadas
versus a maior quantidade possível de dias de sangria é mostrada em uma fração. Da mesma forma, a
quantidade atual de estimulações dadas versus a quantidade programada também é mostrada em uma
fração. Foram efetuadas mudanças nas expressões de comprimento de corte e frequência de sangria.
Setas foram usadas para expressar as direções dos cortes para a sangria e a mudança de sangria. A
terminologia “tecnologia de exploração” foi mudada para “tecnologia de colheita de látex”. Vijayakumar
(2007) sugeriu o termo “tecnologia de produção de látex” no lugar de “tecnologia de exploração”. E,
ainda, há muitas críticas sobre o uso contínuo das terminologias de exploração e sangrador (Workshop
da IRRDB sobre Tecnologia de Exploração, 2003); contudo, a terminologia apropriada para substituir o
termo sangrador ainda é elusiva (Vijayakumar, 2007).

As Notações, incluindo as que não foram mudadas, e as Notações revisadas para os sistemas de
sangria são apresentadas neste Manual, uma vez que este é um material de referência e, sempre que
necessário, explicações sobre as mudanças feitas serão dadas entre parênteses.

10.1. Símbolo de corte

O corte da sangria é a operação na qual uma fina raspagem da casca é feita para a extração do látex.
O símbolo para o corte é representado por uma letra maiúscula ou por uma letra maiúscula seguida de
uma minúscula.

Exemplos:
S = corte em espiral
C = circunferência (não especificada) do corte
Sc = corte pequeno (corte <S/4 e >5cm)
Mc = minicorte (comprimento de corte de 5cm ou menos)

Observação: Terminologias de corte V (V) e em espiral reduzida (S/R) foram excluídas.

10.2. Comprimento do corte da sangria

O comprimento do corte da sangria, exceto para o corte pequeno ou o minicorte, denota a proporção
relativa à circunferência do tronco que é envolvida pelo corte de sangria e não se refere ao comprimento
real. Porém, no caso do corte pequeno e do minicorte, o comprimento não é expresso relativamente,
mas diretamente em centímetros. (A terminologia para os cortes pequenos de sangria pode continuar
sendo usada para cortes de sangria menores que meia espiral até um quarto de espiral).

106
Exemplos:
Antiga Nova
S = um corte em espiral completa = S/1
1/2S = um corte em meia espiral = S/2
1/4S = um corte em um quarto de espiral = S/4
1/3S = um corte em um terço de espiral = S/3
3/4S = um corte em três quartos de espiral = 3S/4
S/R8 = corte pequeno de 8cm = Sc8
Mc2 = minicorte, comprimento do corte de 2cm = Mc2

Observação: As frações foram retiradas para tornar as Notações mais simples para o usuário.

10.3. Quantidade de cortes

Um sistema de sangria com mais de um corte do mesmo tipo pode ser aplicado na seringueira,
mesmo quando sangrado no mesmo dia, ou em dias alternados, ou em estações alternadas.

A quantidade de cortes é representada por um número antes da anotação do comprimento do corte


e um sinal de multiplicação inserido no meio.

Exemplos:
2 x S/2 = dois cortes em meia espiral
4 x Mc2 = quatro minicortes de 2cm de comprimento

Observação: Quando os cortes da sangria forem de tipos diferentes, eles serão indicados por um sinal de “+” ou por pontua-
ções, tais como: “;” ou “,” dependendo da sequência da sangria.

10.4. Direção da sangria

A direção da sangria é, normalmente, descendente, mas, desde a última revisão, a sangria ascen-
dente de cortes curtos se tornou mais popular. Quando a sangria for apenas descendente, nenhum
símbolo de direção será usado. Para a sangria ascendente, o símbolo é o U (letra maiúscula) do alfabeto
inglês, usado imediatamente após a anotação do corte (sem espaço). Quando duas direções de san-
gria estiverem sendo aplicadas na mesma árvore em ambas as direções (ascendente e descendente),
os símbolos D e U aparecem juntos (DU), após a referida anotação do corte. Na sangria combinada,
a direção descendente não precisa ser indicada. Foram encontradas algumas dificuldades no uso de
setas como símbolos.

Exemplos:
S/2 = corte em meia espiral sangrado descendentemente
S/4U = corte em um quarto de espiral sangrado ascendentemente
= corte em espiral de dois quartos, um quarto sangrado descendentemente e outro
2 x S/4DU
quarto sangrado ascendentemente
= corte em meia espiral sangrado descendentemente e corte em um quarto de espiral
S/2 + S/4U
sangrado ascendentemente

107
10.5. Frequência da sangria

As Notações para a frequência da sangria descrevem o intervalo entre as sangrias expresso em


números de dias. Outras Notações de frequência de sangria, que possivelmente possam seguir estas,
são a frequência prática, a periodicidade e a mudança. Foi deixado um espaço de uma letra entre as
anotações para a frequência da sangria.

• Frequência real – A anotação para a frequência real é denotada como o intervalo entre as sangrias
em dias expressos pela letra d seguida de um numeral arábico.

Antiga Nova
d/1 = sangria diária = d1
d/2 = sangria diária alternada (uma vez a cada dois dias) = d2
d/3 = sangria de terceiro dia (uma vez a cada três dias) = d3
d/4 = sangria de quarto dia (uma vez a cada quatro dias) = d4
d/5 = sangria de quinto dia (uma vez a cada cinco dias) = d5
d/6 = sangria de sexto dia (uma vez a cada seis dias) = d6
d / 0.5 = sangria duas vezes por dia = d0.5

Observação: O símbolo “barra” foi omitido, pois ele também pode expressar fração.

• Frequência prática – Quando a sangria contínua é quebrada por um dia ou dias de descanso, uma
fração, composta por um numerador (número de dias de sangria em um período) e um denominador
período), é escrita após a frequência real.

Exemplos:
d1 2d/3 = sangria diária, dois dias de sangria seguidos por um dia de descanso em três dias
sangria diária alternada, seis dias de sangria seguidos por um dia de descanso em
d2 6d/7 =
uma semana
d6 6d/7 = sangria uma vez a cada seis dias com um dia de descanso em uma semana
d9 6d/7 = sangria uma vez a cada nove dias com um dia de descanso em uma semana

Se não houver sangria em uma semana, a frequência prática será 7d/7 para todos os casos de
frequência real.

Exemplo:
d3 7d/7 = sangria de terceiro dia sem nenhum dia de descanso em uma semana

Se a frequência prática não estiver escrita após a frequência real, será entendido que não há dia
de descanso.

Exemplo:
d3 = sangria de terceiro dia sem nenhum dia de descanso

Em grandes propriedades, geralmente é dado um intervalo semanal. Nesses casos, 6d/7 indicaria
que não houve sangria em toda a propriedade em um dia na semana. Em casos de sangria de alta
frequência, como sangria diária, por razões biológicas um dia de descanso é dado após a sangria por
dois dias consecutivos.

108
10.6. Periodicidade

A Notação para periodicidade pode consistir e uma ou mais frações expressas na unidade de tempo
semanas (w), meses (m) e anos (y). O numerador de cada fração denota o período da sangria, enquanto
o denominador expressa o comprimento do ciclo (período de sangria + descanso). Cada fração que se
sucede na anotação da periodicidade modifica o período de operação da fração anterior.

Exemplos:
duas semanas em quatro (duas semanas de sangria seguidas por duas semanas de
2w/4 =
descanso)
3m/4 = três meses em quatro (três meses de sangria seguidos por um mês de descanso)

Quando o período de sangria for menor que 12 meses, o ciclo completo de sangria pode ser mostrado
entre parênteses depois do número de meses escrevendo-se os meses de início e término separados
por um hífen. Essa anotação indicará o período real de sangria e os períodos de descanso em um ano.
Assim como na anotação antiga, se escrevemos 9m/12, não ficará claro se o descanso é no inverno, no
verão ou na estação chuvosa. Os meses devem ser escritos com três letras maiúsculas.

Antiga Nova
9m (JUN-FEV)/12 de junho a fevereiro com três
9m/12 = sangria anual de nove meses =
meses de descanso, de março a maio.
9m (MAR-NOV)/12 de março a novembro com
9m/12 = sangria anual de nove meses =
três meses de descanso, de dezembro a fevereiro.

10.7. Número de dias de sangria realizada

Por várias razões é muito comum que a sangria não aconteça como programada. As intensidades de
sangria relativa e real, descritas anteriormente, dão uma ideia mais correta da intensidade programada
e da intensidade realizada. A experiência tem comprovado que esses valores são raramente usados
e, mesmo quando expressos, há dificuldade em compreender a quantidade real de dias de sangria
realizada. Portanto, depois de expressar a periodicidade, sugere-se que se mostre a quantidade real
de dias de sangria realizada em uma árvore, em uma fração, com o número total de dias de sangria
como se fossem os programados. Isso será feito quando os resultados forem apresentados.

Exemplos:
95/104 = 95 dias de sangria realizada contra 104 dias de sangria programada.
sangria de terceiro dia, seis dias de sangria seguidos por um dia de descanso,
d3 6d/7 95/104 =
95 dias de sangria realizada de 104 dias de sangria programada em um ano.
d2 6d/7 3w/4 9m = sangria diária alternada por seis dias seguidos por um dia de descanso para
(MAR-NOV)/12 cada três semanas, seguidas de uma semana de descanso durante nove meses,
70/80 de março a novembro, seguidos de três meses de descanso, de dezembro a
fevereiro. Setenta dias de sangria realizada contra um máximo possível de 80
dias de sangria.

109
Nas Notações citadas, o período do ciclo completo do sistema é de 12 meses e d2 é chamado
de frequência real e 6d/7 de frequência prática, 3w/4 9m(MAR-NOV)/12 é expresso como perio-
dicidade enquanto 70 é o número de dias de sangria realizada contra o máximo possível de 80 dias
de sangria.

10.8. Mudança de sistema

A sangria de uma árvore pode ser feita, continuamente, em um painel ou em um grupo de painéis
sangrados no mesmo dia. Por outro lado, ela também pode ser feita em muitos painéis ou em muitos
grupos de painéis, cada painel sangrado em dias alternados de sangria ou em períodos de sangria
alternados. O segundo método chamado mudança de sistema é expresso pelo ciclo de mudanças de
cada painel de sangria expresso entre parênteses.

O primeiro número (entre parênteses) indica o ciclo de mudança do primeiro painel e o segundo
número indica o ciclo de mudança do segundo painel. Uma vírgula é inserida entre os ciclos de mu-
danças dos painéis. O ciclo de mudanças de sangria é expresso por t (sangria), w (semana), m (mês)
e y (ano).

Exemplos:
(t,t) = dois cortes, cada um sangrado alternadamente em toda sangria.
dois cortes, o primeiro corte sangrado por uma semana seguida por um segundo corte
(w,2w) =
sangrado pelas próximas duas semanas.
(6m/6m) = dois cortes, cada um sangrado alternadamente a cada seis meses.
dois cortes, o primeiro sangrado em dez sangrias seguidas por um segundo corte
(10t,m) =
sangrado em um mês.
(y,y) = dois cortes, cada corte sangrado alternadamente todo ano.

Todos esses são chamados símbolos de mudança que são expressos imediatamente após a
frequência real.

Exemplos:
sangria diária alternada, dois cortes em meia espiral, cada um sangrado
S/2 d2 (t,t) =
alternadamente a cada dia de sangria.
sangria duas vezes por dia, dois cortes em meia espiral sangrados
S/2 d0.5 (t,t) =
alternadamente.
S/2 d2 (t,t) 9m = sangria diária alternada, dois cortes, cada um sangrado alternadamente
(MAR-NOV)/12 em todo dia de sangria por nove meses, de março a novembro, seguidos
de três meses de descanso.
sangria de terceiro dia de dois cortes em meia espiral, cada um sangrado
S/2 d3 (m,m) 6d/7 =
em meses alternados.
sangria de terceiro dia de dois cortes em meia espiral, cada um sangrado
S/2 d3 (6m,6m) 6d/7 =
alternadamente por um período de seis meses cada.
sangria de terceiro dia de dois cortes em meia espiral, cada corte sangrado
S/2 d3 (y,y) 6d/7 =
alternadamente por um ano.

110
Nesses casos, os sistemas de sangria são similares no que diz respeito à direção e ao comprimento
do corte, à frequência de sangria, à frequência prática, à estimulação, à proteção contra chuva etc.

Quando os sistemas de sangria para os dois cortes ou dois grupos de cortes diferem com relação a
comprimento do corte, frequência de sangria, estimulação, período de descanso, proteção contra chuva
etc., conjuntos separados de Notações têm de ser feitos para cada grupo de cortes.

Quando o corte da sangria é mudado em cada sangria alternada, as Notações para os dois cortes
são agrupadas pela vírgula (,) com espaço nos dois lados.

Exemplo:
S/2 d2 6d/7, = dois cortes, um em meia espiral e outro em um quarto de espiral, cada corte
S/4 d2 6d/7 sangrado alternadamente em cada dia de sangria. A frequência da sangria tem de
ser a mesma para ambos os cortes.

Quando a mudança é após mais de uma sangria, as Notações para os dois sistemas de sangria
devem ser separadas por ponto e vírgula (;) com espaço em ambos os lados e os símbolos para a re-
petição da mudança devem aparecer no final da anotação do segundo corte.

Exemplos:
S/2 d2 6d/7; = dois cortes, um em meia espiral sangrado em uma frequência diária por uma
S/4U d1 6d/7 (w,w) semana, mudado para um corte em um quarto de espiral sangrado ascenden-
temente durante uma semana. O ciclo da mudança é repetido toda semana.
S/2 d2 6d/7; = a mudança entre os dois cortes é feita uma vez por mês. Da mesma forma,
S/4U d1 6d/7 (m,m) quando a mudança é repetida uma vez a cada seis meses, duas estações de
frequência prática em um ano ou uma vez por ano, ela pode ser expressa por
(6m,6m), (9m,3m) ou (y,y) no final das Notações do segundo corte.

Exemplo:
S/2 d3 6d/7 9m(FEV-OUT) ; S/4U d3 6d/7 3m(NOV-JAN) (9m,3m)

Quando não há mudança no ciclo, as Notações para os dois sistemas de sangria podem aparecer
conectadas pelo símbolo da mudança (,) sem a anotação para a repetição de mudança como (m,m),
(6m,6m) etc.

Exemplo:
S/2 d3 6d/7 6m = corte em meia espiral sangrado descendentemente uma vez a cada três dias
(JUN-NOV)/12; durante seis meses, de junho a novembro, é mudado para sangria ascendente
S/4U d3 6d/7 6m de corte em um quarto de espiral uma vez a cada três dias pelos próximos
(DEZ-MAIO)/12 seis meses, de dezembro até maio.

10.9. Sangria combinada

A sangria combinada descreve a sangria de mais de um corte em uma árvore no mesmo dia. As
Notações para os sistemas são unidas pelo sinal de soma (+). Quando os sistemas de sangria são
similares, as Notações são multiplicadas pelo número de sistemas de sangria.

111
Exemplos:
S/2 + S/4U = corte em meia espiral sangrado descendentemente e um corte em um quarto de
espiral sangrado ascendentemente no mesmo dia.
S/2 + S/4 = ambos os cortes sangrados descendentemente no mesmo dia.
S/2 + S/2 = 2xS/2 = ambos cortes em meia espiral sangrados descendentemente no mesmo dia.

Quando se fizer a sangria de um único corte em meia espiral no painel base, combinado com um
corte em um quarto de espiral sangrado ascendentemente por uma parte do ano, ambos os cortes de-
vem ser sangrados em uma frequência a cada três dias e podem ser expressos como:

S/2 d3 6d/7 + S/4U d3 6d/7 6m(DEZ-MAIO)/12

10.10. Protetor contra chuva

Depois da última revisão das Notações para sangria, o protetor contra chuva se tornou muito mais
popular, sendo essencial para o sucesso da sangria de baixa frequência (Vijayakumar et al., 2003). Con-
tundo, os relatos sobre exploração não revelam se a sangria foi feita com protetor ou não. A falta dessa
informação frequentemente leva à confusão. Vijayakumar (2007) propôs que o protetor contra chuva
fosse incluído na anotação com “RG” como sua representação. “RG” pode ser escrito entre parênteses
depois da anotação do corte sem qualquer espaço entre as anotações.

Exemplos:
S/2(RG) d3 = corte em meia espiral com protetor contra chuva sangrado com frequência a
cada três dias.
2 x S/2(RG) d3 = dois cortes em meia espiral, ambos com protetor contra chuva, ambos sangrados
no mesmo dia com frequência a cada três dias.
S/2(RG) d2 (t,t) = dois cortes com protetor contra chuva em meia espiral, cada corte sangrado
alternadamente com uma frequência diária alternada.
S/2(RG), S/2 d2 = dois cortes em meia espiral, um com protetor contra chuva e outro sem protetor,
sangrados com frequência diária alternada.
S/2(RG), S/4U d2 = um corte com protetor contra chuva em meia espiral sangrado ascendentemen-
te e outro corte em um quarto de espiral sem protetor contra chuva sangrado
ascendentemente alternadamente com frequência diária alternada.
S/2(RG) d3 6m = um corte com protetor contra chuva em meia espiral sangrado descendentemen-
(JUN-NOV)/12; te com uma frequência a cada três dias por seis meses, de junho a novembro,
S/4U d3 6m mudando para um corte em um quarto de espiral sem protetor contra chuva
(DEZ-MAIO)/12 sangrado ascendentemente com frequência a cada três dias pelos seis meses
restantes, de dezembro a maio.

10.11. Notação sobre painel

Nenhuma grande alteração foi feita a respeito da Notação sobre os painéis. A única mudança é a
eliminação da palavra corte para painel, o restante continua o mesmo conforme Lukman (1983). Painel
é a área da casca da seringueira na qual se faz o corte da sangria.

A Notação sobre o painel é o símbolo ou séries de símbolos que descrevem a localização do painel
e a sucessão da renova do painel de sangria. Não está incluída na anotação de sangria, mas deveria
ser indicada nas descrições da sangria em materiais e métodos.

112
Com a introdução dos cortes pequenos, as Notações sobre os painéis A e B que descreviam a casca
original e C e D, que expressavam a primeira renova da casca, foram mudadas. O painel base de casca
virgem, a primeira e segunda renovação da casca são designados como painéis base e representados
pelos símbolos BO, BI e BII, respectivamente, e as sequências de painéis são indicadas por um número.
Para o painel alto, a letra “H” é usada. A sequência de painéis é descrita por um numeral arábico e a
localização dos painéis pode ser agrupada em sucessão circular ou sucessão vertical.

• Sucessão vertical – Os painéis localizados acima da altura da primeira abertura para um corte de
sangria dos clones são chamados de “painéis altos” e são descritos pela letra “H” (high/alto). Os pai-
néis formados abaixo desta abertura são considerados painéis base e para eles usa-se a letra “B”.

Exemplos:
BO-1 = painel base 1
BO-2 = painel base 2
HO-1 = painel alto 1
HO-2 = painel alto 2

• Sucessão de renova do painel – A sucessão de renova do painel com relação ao progresso da san-
gria é considerada para “casca virgem” e “casca renovada”. A casca virgem é a casca que ainda não
foi sangrada enquanto a casca renovada é a casca já cicatrizada após a sangria. A casca virgem é
descrita pela letra “O”, a primeira casca renovada pelo numeral romano I e a segunda casca renovada
pelo numeral II.

Exemplos:
BO-1 = primeiro painel em casca virgem de um painel de base
BO-3 = terceiro painel em casca renovada pela primeira vez do painel de base
BII-2 = segundo painel em casca renovada pela segunda vez do painel de base
HO-4 = quarto painel em casca virgem dos painéis altos.

O método padrão para mostrar a localização dos painéis em uma visão seccional frontal do tronco
da árvore é mostrado a seguir:

Altura da HO-2 HO-1 HO-1 HO-2 HO-1 HO-2 HO-3 HO-4


abertura BO-2 BO-1 BI -3 BI-2 BI-1 BI-2 BI-1

10.12. Notações sobre estimulação

As Notações sobre estimulação não estão separadas das Notações de sangria. As duas deveriam
ser apresentadas juntas como uma anotação completa com um ponto final inserido entre elas. As Nota-
ções sobre estimulação são agrupadas em três unidades em ordem de estimulante, aplicação e perio-
dicidade. Em vez dos pontos finais, um espaço deve ser dado entre essas unidades para diferenciá-las
claramente.

10.12.1. Estimulante

• Princípio ativo – O princípio ativo do estimulante deve ser expresso na anotação com um código espe-
cifico, contudo, para alguns estimulantes, as Notações deveriam ser as mesmas dos nomes químicos.

113
O código consiste em duas ou três letras maiúsculas que são tiradas do nome técnico do estimulante.
O gás etileno representado pelo código ETG foi recentemente incluído. Os estimulantes, tais como Ethad,
2,4-D e 2,4,5-T, que não estão mais em uso, foram excluídos.

Exemplos:
ET = Etefon
ETG = Gás etileno
CaC2 = Carbeto de cálcio
ST = Estimulante não especificado

As demais descrições serão, em sua maior parte, restritas à estimulação com etefon e gás etileno.
As Notações para estimulação com etefon são quase as mesmas propostas anteriormente (Lukman,
1983). As Notações para a estimulação usando gás etileno são novas.

• Concentração – A concentração do princípio ativo do estimulante na fórmula usada deve ser descrita
imediatamente após o código do estimulante. A anotação do princípio ativo e a concentração do esti-
mulante são apresentadas consecutivamente.

Exemplos:
ET10% = Estimulado com 10% de etefon
ETG99% = Estimulado com 99% de gás etileno

10.12.2. Aplicação

• Método de aplicação – O método de uso do estimulante é indicado por um símbolo que descreve o
lugar da sua aplicação na árvore. O símbolo consiste em duas letras, uma maiúscula seguida de uma
minúscula.

Exemplos:
Pa = aplicação no painel (na casca renovada perto do corte da sangria)
Ba = aplicação na casca (na casca riscada que vai ser sangrada)
La = aplicação no cordão (no corte da sangria acima do cordão de cernambi da árvore)
Ga = aplicação no sulco (no corte da sangria após a remoção do cordão de cernambi da árvore)
Ta = aplicação de fita ou faixa (na casca riscada em sangria de punção e sangria ascendente)
Sa = aplicação no solo

Existem diferentes métodos de aplicação do gás etileno, como Rrimflow, Reactorrim, G-Flex etc.
Esses não foram incluídos nas Notações. O método de aplicação do gás etileno pode ser descrito no
texto do relatório. O método de aplicação, a quantidade de fórmula e a largura da faixa formam a unidade
de aplicação.

• Quantidade de fórmula – A quantidade de fórmula aplicada de uma vez é expressa por seu peso em
gramas (g) ou por seu volume em mililitros (ml) escrita nas Notações sem “g” ou “ml”.

• Largura da faixa – A largura da faixa sobre a qual o estimulante é aplicado é medida em centímetros
(cm) e escrita sem “cm”. Nas aplicações de sulco e de cordão um traço (-) é colocado na anotação.

114
10.12.3. Periodicidade

• Frequência de aplicação – A frequência da aplicação do estimulante é descrita em dias (d), semanas


(w) ou meses (m). Quando a frequência de aplicação for irregular, ela pode ser indicada pelo símbolo
“*” escrito acima do período (y).

• Número de aplicações por período – O total de aplicações de estimulante por período é descrito por
um número. O período é geralmente expresso em ano (y). O número real de aplicações feitas por pe-
ríodo versus o número programado pode ser mostrado em uma fração após a frequência programada
de aplicações, sendo o número programado de aplicações o denominador.

Exemplos:
8/y = oito aplicações por ano
3/y = três aplicações por ano
8/y(m) 6/8 = oito estimulações em um ano com intervalo mensal, seis estimulações feitas contra
as oito programadas.

O número de aplicações e a frequência de aplicação formam a “unidade de periodicidade”. A unidade


de estimulante, a unidade de aplicação e a unidade de periodicidade são apresentadas consecutivamente
com “separação por espaço”.

No caso de estimulação gasosa, o espaço para o método de aplicação pode ser preenchido com um
traço (-). Os detalhes do método de aplicação podem ser dados como nota de rodapé. A frequência e o
número de aplicações podem ser expressos da mesma maneira que a usada para o etefon (Vijayakumar,
2007). A largura da aplicação não é adequada e, portanto, pode ser apresentada por um traço (-).

10.12.4. Notações completas sobre estimulação

Exemplos:
ET5.0% Pa2(2) = estimulado com 5% de etefon, aplicação de painel, 2g de estimulante por apli-
8/y(m) cação em uma faixa de 2cm, oito aplicações por ano em intervalos mensais.

ET5.0% Pa2(1) = estimulado com 5% de etefon, aplicação de painel, 2g de estimulante por


16/y(2w)12/16 aplicação em um cm de faixa, 16 aplicações por ano em um intervalo de 15
dias, 12 estimulações feitas contra as 16 programadas.

ET5.0% Pa2(2) = estimulado com 5% de etefon, aplicação de painel, 2g de estimulante por apli-
3/y* cação em uma faixa de 2cm, três aplicações por ano em intervalos irregulares.

ETG100% -30- 24/y = estimulado com 100% de gás etileno, 30mg por aplicação, 24 aplicações por
(2w) ano em intervalos de 15 dias.

10.12.5. Intensidade da sangria

A intensidade da sangria pode ser calculada a partir de vários componentes da anotação de


sangria para dar um parâmetro para comparação e avaliação. Antes, o parâmetro da “intensidade
relativa” era muito popular para fazer a comparação dos sistemas de sangria, contudo, ele tem pouca
aplicação agora.
115
Considerando-se a sangria de baixa frequência dos cortes em meia espiral, com estimulação em um
intervalo de sangria de uma semana, e a estimulação gasosa do corte pequeno para conseguir uma alta
produção é, de fato, a intensidade da colheita de látex e não a intensidade da sangria que é relevante.
Portanto, não há maneira de calcular ou quantificar a intensidade da colheita. A anotação completa
para o sistema de sangria com estimulação nos dá uma estimativa mais realista. As intensidades reais
da sangria e da estimulação podem ser mostradas como frações das intensidades programadas como
descritas anteriormente. Contudo, as equações para as intensidades das sangrias relativa e real estão
descritas a seguir.

• Intensidade relativa – A intensidade relativa é expressa na porcentagem dos sistemas-padrão.

S/2 d2 ou S/4 d1 = 100%

Para calcular a intensidade relativa multiplica-se quatro vezes a proporção do comprimento do corte
da sangria (expresso em uma fração) e o intervalo da sangria por 100.

Exemplos:
1/2S d2 = 1/2 x 1/2 x 400 = 100% (antiga)
S/2 d2 = 4 x 1/2 x 1/2 x 100 = 100% (nova)
1/2S d3 = 1/2 x 1/3 x 400 = 66,6% (antiga)
S/2 d3 = 4 x 1/2 x 1/3 x 100 = 66,6% (nova)

• Intensidade real – A intensidade real é a quantidade de sangrias realizadas realmente e é expressa


em porcentagem. Para calcular a intensidade real multiplica-se quatro vezes o comprimento do corte
de sangria na fórmula pela quantidade média de sangrias (sangria em dias por ano) e divide-se o
número total de dias em dado período (ano).

Exemplos:
S/2 d2 = 4 x 1/2 x 167/365 x 100 = 92%
S/2 d6 = 4 x 1/2 x 50 /365 x 100 = 27%

10.12.6. Exemplos de Notações completas

• S/2 d3 6d/7. ET2,5% Pa2(2) 8/y(m) = corte em meia espiral sem protetor contra chuva, sangrado des-
-cendentemente, com frequência a cada três dias, seis dias de sangria seguidos por um dia de descanso,
estimulado com etefon de 2,5% de princípio ativo com 2g de estimulante aplicado em uma faixa de 2cm
de painel, oito aplicações por ano com um intervalo mensal (sistema de sangria planejada com estimu-
lação com etefon programada).

• S/2(RG) d3 6d/7 95/104. ET2,5% Pa2(2) 8/y(m)6/8 = corte com proteção contra chuva em meia espiral,
sangrado descendentemente com uma frequência a cada três dias, seis dias de sangria seguidos por um
dia de descanso, com 95 dias de sangrias feitas contra 104 dias programados por ano. Estimulado com
2,5% de etefon com 2g de estimulante aplicado em 2cm de faixa de painel, oito aplicações programadas
por ano em intervalos mensais. Seis estimulações feitas contra as oito programadas por ano.

• S/2(RG) d3 6d/7 6m(JUN-NOV)/12. ET2,5% Pa2(2) 4/6m(6w) ; S/4U d3 6d/76m(DEZ-MAIO)/12. ET5,0%


La1(-) 9/6m(3w) (6m,6m) = corte com proteção contra chuva em meia espiral, sangrado descenden-
temente com frequência a cada três dias, seis dias de sangria seguidos de um dia de descanso, seis
meses de sangria, de junho a novembro, estimulação com 2,5% de etefon com 2g de princípio ativo
116
aplicado em faixa de 2cm no painel, quatro aplicações em seis meses com intervalos de seis semanas
entre as aplicações, mudado para um corte em um quarto de espiral sangrado ascendentemente pelos
próximos seis meses, de dezembro a maio, estimulação com 5% de etefon com 1g de estimulante
aplicado no cordão de cernambi, nove aplicações em seis meses com intervalo de três semanas entre
as aplicações. O ciclo é repetido.

• S/4 d4 6d/7 9m(MAR-NOV)/12. ET2,5% Pa1(2) 18/9m(2w) + S/4U d4 6d/7 9m(MAR-NOV)/12. ET5%
La1(-) 18/9m(2w) = dois cortes em um quarto de espiral, um sangrado descendentemente e outro
sangrado ascendentemente, uma vez a cada quatro dias no mesmo dia, seis dias de sangria seguidos
por um dia de descanso, nove meses de sangria, de março a novembro, seguidos por três meses
de descanso, ambos cortes estimulados, o corte mais baixo com 2,5% de etefon, 1g de estimulante
aplicado em 2cm de faixa no painel, 18 aplicações em nove meses em intervalos de quinze dias, en-
quanto o corte sangrado ascendentemente é estimulado com 5% de etefon, 1g de estimulante aplicado
no cordão de cernambi, 18 aplicações em nove meses em intervalos de 15 dias.

A quantidade de dados das sangrias realizadas pode ser mostrada como uma fração do número
máximo de dias possíveis de sangria.

11. EXPLOTAÇÃO DO SERINGAL

A explotação do seringal consiste em uma série de operações que têm como finalidade a extração
do látex, sua retirada do seringal e sua conservação, de forma a colocá-lo em condições de ser bene-
ficiado.

11.1. Parâmetros técnicos e socioeconômicos para início da explotação

• Parâmetros técnicos

Um dos fatores de maior importância que afeta a decisão de colocar um seringal em sangria é a
sua produtividade. O primeiro ponto a ser analisado é o número de árvores aptas para sangria por
hectare. Do ponto de vista fisiológico, entende-se por árvore apta aquela cujo perímetro de tronco a
1,20m do solo seja igual ou superior a 45cm e que possua espessura de casca igual ou superior a
6mm. Assim, um levantamento criterioso deve ser feito para estimar esses parâmetros e identificar
as árvores que satisfazem essa condição.

• Parâmetros socioeconômicos

Satisfeita a condição técnica, devem ser analisados fatores de ordem socioeconômica, como pre-
ço do produto, número de árvores aptas/ha, custo da mão-de-obra e retorno econômico da operação.
Analisando-os, toma-se a decisão de colocar ou não um seringal em sangria. Nas condições atuais, o
índice aceitável para início de explotação é de 40% de árvores aptas para sangria.

11.2. Fatores relacionados ao clima

Altas taxas de evapotranspiração, causadas pela radiação solar, por altas temperaturas e por baixos
teores de umidade do ar, reduzem a pressão de turgescência da planta e, consequentemente, o fluxo
de látex. Essa situação agrava-se em períodos com ausência de chuva e elevados déficits hídricos no

117
solo. Por outro lado, regiões com elevada frequência de chuva reduzem o número de dias favoráveis
para sangria.

• Regime anual de chuvas

A intensidade e a frequência das chuvas interferem no processo de sangria e na qualidade do látex.


Chuvas anteriores à sangria molham as árvores, provocando o gotejamento e escorrimento pelo tronco.
Chuvas durante a sangria diluem o látex e causam o transbordamento da mistura. Chuvas intensas e
contínuas impedem as sangrias, que devem ser repostas nos dias seguintes.

• Horário da chuva

Cálculos feitos para Campinas (SP) mostram que as menores probabilidades de chuvas ao longo
do ano coincidem com o horário matinal de sangria. As maiores frequências e totais de chuva são re-
gistrados no intervalo das 16 às 22 horas, com pico máximo às 18 horas. Essa condição é mais típica
dos meses de verão, entre novembro e março. No outono e inverno não existe uma tendência desse
tipo, observando-se frequências e totais baixos e semelhantes ao longo do dia e da noite. Nesses
meses, com altos níveis de produção, podem-se programar sangrias tanto no período matinal como
ao longo do dia.

• Equilíbrio hídrico e sangria

No Planalto Paulista, especialmente de setembro a fevereiro, ocorrem altas taxas de evapotranspi-


ração (temperaturas altas e elevados déficits de saturação de umidade) das 11 às 16 horas, coincidindo
com redução da pressão de turgescência da planta e do fluxo de látex. Observações evidenciaram con-
dições térmicas mais favoráveis à sangria no intervalo das 17 às 10 horas da manhã. Essas condições
podem variar conforme as estações do ano e a disponibilidade hídrica do solo.

• Horários recomendados

Com base nas condições predominantes do clima do Estado de São Paulo e nas experiências de
campo, podem-se sugerir:
• priorizar o início da sangria ao nascer do sol, período coincidente com temperaturas baixas e alta
umidade do ar;
• nos meses de alta produção (abril a junho), programar a sangria pela manhã e, dependendo da dis-
ponibilidade hídrica, sangrias ao longo do dia;
• após chuva matinal, com céu nublado, realizar sangria no período da tarde.

11.3. Preparo do seringal

Quando o seringal estiver prestes a entrar em produção, o que, nas condições paulistas, ocorre
ao redor de seis anos após o plantio das mudas no campo, algumas providências deverão ser tomadas
no sentido de racionalizar as operações de explotação.

• Levantamento

Como já foi citado, deve-se proceder ao levantamento das plantas aptas para sangria. Isso é feito
com o auxílio de uma fita métrica, determinando-se quantas e quais plantas apresentam condições de
entrada em regime de explotação.

118
• Limpeza

Visando facilitar os trabalhos no interior do seringal, recomenda-se uma roçada nas entrelinhas e
uma capina nas linhas.

• Identificação e dimensionamento das tarefas

Partindo-se do princípio que cada sangrador deve trabalhar 40 horas semanais, sempre nas
mesmas tarefas, torna-se necessária a demarcação destas. Devem-se dimensioná-las de acordo com
a capacidade de sangria diária. As tarefas devem ser identificadas com o número do talhão, da tarefa,
de árvores, nome do sangrador e o sentido de caminhamento.

• Localização dos pontos de coleta

Consiste em uma benfeitoria coberta, localizada em ponto estratégico, para onde convergirá o produto
colhido, visando ao menor deslocamento possível. Também, deve ser de fácil acesso aos veículos de
transporte e contar com um compartimento fechado onde serão guardadas as ferramentas, os insumos,
os utensílios, os equipamentos individuais etc., e um compartimento aberto, destinado à recepção do
produto, contendo plataforma para facilitar o carregamento.

11.3.1. Operações para abertura do painel

São operações importantes e têm o objetivo de preparar a árvore para a sangria propriamente
dita. Essas operações estão descritas a seguir.

• Demarcação das linhas geratrizes

As geratrizes são duas linhas verticais que delimitam o comprimento do corte. O corte em meia es-
piral requer linhas geratrizes que se posicionam opostamente no tronco da árvore, dividindo o perímetro
em duas partes iguais. Na sua demarcação, utilizam-se uma régua e um riscador de casca. A posição
dessas duas linhas deve coincidir com o sentido da linha de plantio.

Figura 109 – Medição do perímetro Figura 110 – Demarcação das linhas geratrizes.
para início de sangria. (Fotos: José Fernando C. Benesi)

119
• Marcação do ângulo de corte

– sangria descendente – o látex flui pela canaleta aberta pelo corte em virtude do seccionamento de
vasos laticíferos ali presentes. Para facilitar o escorrimento do látex pela canaleta até a caneca e
seccionar o maior número de vasos, o corte deve ter uma inclinação de 33o a 37° em relação à hori-
zontal, descendente da esquerda para a direita. Para demarcação da linha de corte, usa-se, acoplado
à régua empregada na demarcação de linhas geratrizes, um gabarito, ou bandeira de folha zincada,
ou lona grossa, à maneira de um esquadro, com a declividade mencionada, que é encostada à
árvore a partir da linha geratriz. Com o riscador de casca, faz-se a demarcação do ângulo de corte
a uma altura de 1,30m do solo.

– sangria ascendente em meia espiral – é utilizada em casos especiais, sendo uma das situações a
existência de árvores com o painel danificado por qualquer razão. Para não perder a árvore, executa-
-se a sangria num painel alto, sendo os cortes ascendentes. Outro caso é quando a árvore atinge o
final de sua vida útil – sangra-se, concomitantemente, um painel descendente e outro ascendente.

O procedimento inicial é idêntico para ambas as sangrias, diferindo apenas a inclinação do corte,
uma vez que, na sangria ascendente, o látex flui pela canaleta retido pela tensão superficial. Nesse
caso, o ângulo nas situações de corte deve ser de 45°.

– sangria ascendente e descendente em um quarto de espiral – sistema de sangria que vem sendo
utilizado, porém, no Brasil, até o momento, não existem dados de pesquisa oficiais que permitam sua
recomendação.

Figura 111 – Demarcação do ângulo de Figura 112 – Ângulo de corte marcado.


corte usando bandeira (37o). (Fotos: José Fernando C. Benesi)

120
Figura 113 – Notação internacional de “sistema de sangria”: A) Tipos de cortes;
B) Comprimento de corte; C) Número de cortes; D) Direção do corte.

121
• Abertura do painel

Após a marcação das geratrizes e do ângulo de corte, faz-se um desbaste na casca acima da linha
de corte, com a faca de sangria, em todo o seu comprimento, aprofundando-se os cortes de forma a
se aproximar do câmbio. Na parte inferior da faixa aberta, forma-se uma canaleta, indispensável para
o perfeito escorrimento do látex.

Figura 114 – Painel aberto. (Foto: José Fernando C. Benesi)

11.3.2. Equipamentos necessários

Para os trabalhos de preparo do seringal, são utilizados diversos equipamentos, cada um com uma
finalidade específica:
• fita métrica – usada no levantamento do seringal para identificar as árvores aptas à sangria; e um
pedaço de barbante para dividir a circunferência da árvore à metade;
• bandeira – cuja haste serve como régua para traçar as linhas geratrizes, e riscador de casca, que
demarca as linhas geratrizes e o ângulo de corte;
• faca – destina-se à abertura do painel e à sangria;
• medidor de profundidade (paquímetro) – para dar uma ideia aproximada da espessura da casca,
e marcador de consumo de casca, para controlá-la, uma vez que o consumo excessivo diminui a
vida útil da planta.

11.3.3. Equipagem das árvores para a sangria

(A) (B) (C)


Figura 115 – Equipagem das árvores: distância para colocação da bica (A); árvore equipada (B);
painel aberto e árvore pronta para sangria (C). (Fotos: José Fernando C. Benesi)

122
Preparado o seringal e abertos os painéis, deve-se proceder à equipagem das árvores com a fina-
lidade de coletar o látex. Essa operação consiste na colocação das bicas ou pingadeiras, de 15cm a
20cm abaixo do final do corte sobre a linha geratriz. Em seguida, prendem-se as canecas por meio de
suportes de arame ou cinta plástica.

11.4. Sangria

Consiste na retirada de uma porção de casca ao longo do corte (com espessura de 1,2mm a 1,5mm),
promovendo o seccionamento de vasos laticíferos, mediante uma faca própria, denominada jebong. O
corte possui características próprias, em que se busca maior produtividade e menor consumo de casca,
sem, entretanto, provocar ferimentos na região cambial, situada numa camada imediatamente abaixo da
casca e responsável pela sua regeneração. Os cortes devem ser feitos em sequência, após um intervalo
predeterminado, uma vez que ocorre a obstrução dos vasos após algum tempo de fluxo de látex.

Figura 116 – Sangria. (Fotos: José Fernando C. Benesi)

11.4.1. Consumo de casca

O consumo de casca é determinante para a vida útil da planta; assim, quanto maior o consumo,
menor será a vida útil. Dessa forma, a economia de casca é fator de grande importância na sangria,
considerando o alto investimento e o tempo gasto na formação de um seringal.

Esse consumo está ligado a, pelo menos, três fatores relacionados com a sangria: a espessura da
casca removida por sangria; a frequência entre as sangrias; e, finalmente, o comprimento de corte, mas
pode ser facilmente controlável, utilizando o marcador de consumo de casca. Pessoal bem treinado,
inspeções diárias e rigorosas e o controle da qualidade de remoção da casca são condições essenciais
para um consumo adequado e consequente prolongamento da vida produtiva da seringueira.

Atualmente, as frequências de sangria mais utilizadas são a cada quatro dias (d/4), a cada cinco dias
(d/5) e, até mesmo, a cada sete dias (d/7). A fatia da casca retirada a cada sangria não deve exceder
1,5mm. Em frequências acima de d/4, tolera-se um pequeno aumento, uma vez que a casca se torna
ressecada.
123
Assim, um seringal sangrando em d/4 teria um consumo de casca de acordo com os cálculos:
• sete sangrias por mês;
• 1,5mm por sangria consome 10,5mm por mês.

Dessa forma, faz-se a demarcação da quantidade de casca a ser consumida no mês, utilizando o
marcador de consumo, tanto para orientação do sangrador como para avaliação do seu trabalho.

11.4.2. Estimulação

Boa disponibilidade hídrica, altas taxas fotossintéticas e sangria constante, por liberar etileno,
contribuem para o aumento da produção. Em sangrias de baixa frequência, porém, esse incremento está
condicionado à aplicação de agentes químicos que agem como estimulantes de produção, aumentando
o período de escoamento do látex. O estimulante mais utilizado é o etefon a 10%, na forma de pasta.
Para ser aplicado, deverá ser diluído em água até atingir a concentração recomendada, aplicando-se
1ml da solução por árvore. É preciso preparar uma quantidade suficiente para ser consumida no mesmo
dia, pois a solução não deve ser armazenada de um dia para o outro.

• Frequência de estimulação

Logo após a abertura do painel, ou logo após dois cortes consecutivos, fazer uma “estimulação de
chamada”, utilizada para diminuir o período de “amansamento” da árvore (tempo gasto para que se
estabilize a produção).

O intervalo de aplicação do estimulante varia de clone para clone e de acordo com a frequência de
sangria, respeitando o intervalo mínimo de 30 dias entre duas aplicações.

Não se recomenda a estimulação no período de reenfolhamento das plantas e quando o solo não
tiver condições satisfatórias de umidade.

• Modo de aplicação

O estimulante pode ser aplicado em diferentes locais e condições:


– sobre o painel;
– sobre a canaleta com cernambi;
– sobre a canaleta sem cernambi;
– sobre a casca raspada (abaixo do corte);
– em furos na madeira.

Cada método possui algumas desvantagens, que devem ser levadas em consideração na hora da
escolha:
– a aplicação sobre o cernambi diminui a eficiência, especialmente se for espesso;
– a retirada do cernambi, além de constituir trabalho adicional, é difícil se for muito fino e provoca es-
corrimento de látex;
– a aplicação sobre a casca raspada dá bons resultados, mas a raspagem representa um custo adicional;
– bons resultados têm sido obtidos com a aplicação sobre a casca raspada.

Observação: Ao usar estimulantes nos seringais, deve-se ficar atento para problemas relacionados
com a seca-do-painel. Quando verificar a ocorrência de mais de 5% de seca, suspender a sangria nas
árvores afetadas e reduzir a sua frequência.

124
11.4.3. Balanceamento do painel

Trata-se da abertura de mais de um painel na mesma árvore, trabalhados alternadamente a interva-


los regulares. Como vantagens, o balanceamento mantém o crescimento das árvores, pode favorecer
a produção e diminuir a ocorrência de secamento do painel, porém, se não for bem manejado, pode
prejudicar seriamente a árvore e até ocasionar anelamento.

Os principais cuidados que se devem tomar no balanceamento são:


• balancear em níveis e alturas diferentes para evitar o anelamento;
• voltar em casca regenerada após período mínimo de 8 anos; e
• observar uma diferença mínima de 20cm entre os cortes descendentes nos painéis A e B.

Figura 117 – Balanceamento de painel. (Foto: José Fernando C. Benesi)

11.5. Coleta e armazenamento do látex

Depois de sangrado o seringal, dois tipos de coleta e armazenamento podem ocorrer.

• Coleta do látex e armazenagem em tambores – nesse caso, o sangrador, antes do início da sangria,
recolhe o fundo de tigela (cernambi) e coloca algumas gotas de solução de amônia em água (12%),
para evitar a coagulação do látex. Após a sangria, o sangrador, com auxílio de um balde, passa re-
colhendo o látex, levando-o para o centro de coleta, onde é pesado, coado e colocado num tambor.

Esse tambor deverá conter 4% de hidróxido de amônio (24%), divididos em três parcelas. Com o
tambor vazio, coloca-se um terço e, finalmente, quando cheio, o terço final. É sempre importante lembrar
que a mistura fique bem homogênea, o que se consegue agitando-a cada vez que adicionar a amônia.

Os tambores devem ser armazenados em local coberto ou, pelo menos, em local sombreado para
não haver prejuízos à quantidade do látex por decomposição bacteriana. O látex, adequadamente ar-
mazenado, pode permanecer dentro dos tambores por até 30 dias.

• Coleta com recolhimento de coágulos e armazenagem em recipiente aberto – esse método


consiste em coletar o látex coagulado nas canecas. No caso de prenúncio de chuvas, logo após ou
mesmo durante a sangria, adicionar algumas gotas de ácido acético a 5%, para acelerar a coagulação
do látex, agitando o conteúdo da caneca.

125
Existem dois sistemas básicos de recolhimento: o sangrador sangra e recolhe os coágulos de suas
tarefas; o sangrador sangra sua tarefa e um recolhedor colhe a produção de todas as tarefas. Esse
último sistema permite que a tarefa de um sangrador possa atingir até 1.200 pés por dia e vem sendo
adotado com um ganho de 15% na mão-de-obra em relação ao outro. O método de coleta de coágulos
permite que se façam coletas a cada duas ou mais sangrias, quando a produção ainda não é muito
elevada, com economia de mão-de-obra.

Após a coleta, os coágulos são transportados a um Centro de Coleta, onde são pesados e coloca-
dos em recipientes abertos (caixas de laranja), em local fresco, à sombra, onde aguardam o embarque
para o beneficiamento. Os recipientes destinados a armazenar os coágulos devem ser de material não
corrosivo. Por desidratação, durante o tempo de armazenagem, os coágulos chegam a perder de 20 a
30% de seu peso inicial.

11.6. Centro de coleta

Centro de coleta é o nome dado ao local destinado à recepção do látex ou coágulos. Sua localiza-
ção deve ser estratégica, evitando que os trabalhadores percorram grandes distâncias no transporte.
Preferencialmente, deverá ser uma construção de baixo custo, contendo, se possível, água encanada
para lavagem do material utilizado, um centro de recepção elevado, com uma balança e os recipientes
para colocação do látex ou coágulos.

Deverá ter, também, um compartimento fechado para servir de depósito do material usado na san-
gria, como baldes, canecas, pincéis, peneiras e funil, entre outros utensílios.

Figura 118 – Centro de coleta. (Foto: Elaine P. Gonçalves)

126
12. DETERMINAÇÃO DO CONTEÚDO DE BORRACHA SECA NO LÁTEX (DRC) E DA QUANTIDADE
DE BORRACHA SECA EM COÁGULOS DE BORRACHA NATURAL

Para o produtor rural é fundamental ter em mente a necessidade de obter uma matéria-prima de boa
qualidade utilizando materiais de coleta do látex limpos e realizando boas práticas de armazenamento
deste e da borracha natural antes da comercialização. Como a indústria necessita, cada vez mais, de
uma borracha natural com boa qualidade e uniformidade, os heveicultores devem obedecer às espe-
cificações mínimas de qualidade, segundo a norma NBR 11597 da Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT, 1996).

No caso do látex, existem análises de controle de qualidade para as propriedades tecnológicas,


como a estabilidade mecânica do látex, o índice de KOH, a alcalinidade e o DRC (%) (Dry Rubber Con-
tent ou, em Português, Conteúdo de Borracha Seca no látex).

Uma metodologia adequada para determinação do DRC (%), a ser realizada em laboratório prevê a
coagulação de uma amostra de látex com solução de ácido acético a um pH em torno de 5, a lavagem
do coágulo formado, a laminação do coágulo e a sua secagem em estufa (Wisniewski, 1983).

• Material – um Becker de 100ml; estufa de secagem; uma balança analítica; e um bastão de vidro.

• Reagentes – solução de ácido acético a 10%.

• Procedimentos – Deve-se pesar o Becker de 100ml na balança analítica e zerá-la. Retirar o Becker
da balança e adicionar, aproximadamente, 50ml de látex do campo e pesar o conjunto Becker + látex
para a obtenção da massa do látex (massa 1). No Becker com o látex, adicionar lentamente a solu-
ção de ácido acético a 10%, sob agitação com bastão de vidro, até ocorrer a coagulação completa
do látex. Após a coagulação do látex, retirar o coágulo e todos os pedaços de coágulo que venham
a ficar grudados no Becker e no bastão de vidro para não haver perda de massa de coágulo, o que
influenciará no resultado final.O coágulo deve ser passado em uma calandra de cilindros lisos para
obtenção de uma manta de borracha fina (2mm a 3mm) para facilitar a secagem e colocados na estufa
a uma temperatura de 65oC, aproximadamente. A temperatura não deve ultrapassar os 75oC para
evitar a degradação da borracha natural. Após a secagem, pesar a manta de borracha seca (massa 2).
Dessa forma, o DRC (%) deverá ser calculado da seguinte forma: DRC (%) = massa 1/massa 2 x100.

Para o produtor controlar a quantidade de borracha seca (Rendimento) produzida dos coágulos de
uma sangria, ele poderá utilizar materiais simples e de fácil manuseio e acesso.

• Material – um prato simples; uma tesoura, faca ou estilete; uma balança; e uma estufa de secagem.

Deve-se selecionar um coágulo da sangria a ser avaliada, o qual deve ser picotado com uma
tesoura (faca ou estilete) em tiras finas (aproximadamente 3mm) para facilitar a secagem. Pesar,
aproximadamente, 50g de tiras finas do coágulo (massa 1) e colocá-las em um prato simples. Levar
esse prato com as tiras finas para uma estufa de secagem a uma temperatura de, aproximadamente,
65oC, e deixar secar por 24 horas. A temperatura não deve ultrapassar os 75oC para evitar a degradação
da borracha natural das tiras finas. Após esse tempo de secagem, conferir se as tiras finas do coágulo
estão totalmente sem manchas brancas que são resíduos de água. Caso não haja manchas brancas, as
tiras finas de borracha natural podem ser consideradas secas, as quais devem ser pesadas novamente
(massa 2). O Rendimento, ou seja, a quantidade de borracha seca no coágulo da sangria em questão
é calculado pela expressão: Rendimento = massa 2/massa 1 x 100.

127
13. RECOMPOSIÇÃO DA RESERVA LEGAL COM USO DO SISTEMA AGROFLORESTAL (SAF)
COM SERINGUEIRA

Os Sistemas Agroflorestais (SAFs) pressupõem o convívio, numa mesma área, de espécies de valor
econômico com espécies da flora nativa (com alta diversidade). As vantagens para a implantação desses
sistemas se resumem no fato de que a área com essa ocupação passa a ter um retorno econômico e
possibilita, também, a recuperação florestal de áreas destinadas principalmente à Reserva Legal (RL),
em todos os tipos de propriedades (pequenas, médias e grandes), bem como nas Áreas de Preservação
Permanente (APPs), das pequenas propriedades rurais (Agricultura Familiar). Além desses aspectos,
econômico e ambiental, os SAFs podem propiciar uma situação de equilíbrio e harmonia, minimizando
a possibilidade de instalação de pragas e doenças.

A Lei n.º 12.927, de 23 de abril de 2008, regulamentada pelo decreto n.º 53.939 de 6/1/2009, possi-
bilita a recomposição de reserva legal, no âmbito do Estado de São Paulo, com a utilização de espécies
arbóreas exóticas intercaladas com espécies arbóreas nativas de ocorrência regional ou pela implantação
de Sistemas Agroflorestais (SAFs). Os proprietários ou o titular responsável pela exploração do imóvel,
que optarem por aderir a esses sistemas, deverão implantá-los no prazo máximo de oito anos e terão
direito à sua exploração.

A Resolução da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, SMA 44, de 30 de junho de
2008, que permite a utilização de Sistemas Agroflorestais visando à recomposição das Reservas Legais,
atende aos princípios a seguir relacionados, exceto em pequena propriedade ou posse rural familiar.

I – Densidade de plantio de espécies arbóreas de, no mínimo, 600 (seiscentos) indivíduos por hectare.
II – Percentual máximo de 50% de espécies arbóreas exóticas.
III – Número máximo de 50% de indivíduos de espécies arbóreas exóticas ou, no máximo, 50% de
ocupação da área.
IV – Número mínimo de 30 espécies arbóreas nativas, sendo, no mínimo, 10 espécies zoocóricas, de-
vendo estas últimas representarem 50% dos indivíduos.
V – Recomposição total da Reserva Legal no prazo máximo de oito anos.
VI – Impedimento do replantio de espécies arbóreas exóticas na Reserva Legal, findo o ciclo de produ-
ção do plantio inicial.
VII – Averbação da Reserva Legal à margem da matrícula do imóvel, nos termos definidos nas legisla-
ções federal e estadual pertinentes.

A utilização de Sistemas Agroflorestais nas Reservas Legais em pequena propriedade ou posse


rural familiar deverá atender aos princípios a seguir.

I – Manutenção de densidade de plantio de espécies arbóreas de, no mínimo, 600 (seiscentos) indiví-
duos por hectare.
II – Percentual máximo de 50% de espécies arbóreas exóticas.
III – Número máximo de 50% de indivíduos de espécies arbóreas exóticas ou a ocupação de metade
da área.
IV – Número mínimo de 30 espécies arbóreas nativas de ocorrência regional, sendo pelo menos 10
(dez) zoocóricas, devendo estas últimas representarem 50% dos indivíduos.
V – Averbação da Reserva Legal à margem da matrícula do imóvel, nos termos definidos nas legislações
federal e estadual pertinentes.

A implantação e exploração de Sistemas Agroflorestais dependem de autorização da Secretaria do


Meio Ambiente do Estado de São Paulo (SMA).

128
13.1. Exemplos de arranjos de SAF com seringueira

• Linha Dupla Modelo A – esse tipo de arranjo possibilita a implantação de 500 plantas/ha de seringueira
e 625 plantas/ha de espécies nativas.

S — 2,5m — S — 2,5m — S — 2,5m — S — 2,5m — S — 2,5m — S — 2,5m — S


|
4 metros
|
S — 2,5m — S — 2,5m — S — 2,5m — S — 2,5m — S — 2,5m — S — 2,5m — S
|
4 metros
|
NP — 2m — ND — 2m — NP — 2m — ND — 2m — NP — 2m — ND
|
4 metros
|
NP — 2m — ND — 2m — NP — 2m — ND — 2m — NP — 2m — ND
|
4 metros
|
S — 2,5m — S — 2,5m — S — 2,5m — S — 2,5m — S — 2,5m — S — 2,5m — S
|
4 metros
|
S — 2,5m — S — 2,5m — S — 2,5m — S — 2,5m — S — 2,5m — S — 2,5m — S

Legenda: S = Seringueira; NP = Nativa de Preenchimento; ND = Nativa de Diversidade.

• Linha Dupla Modelo B – esse tipo de arranjo possibilita a implantação de 500 plantas/ha de seringueira
e 938 plantas/ha de espécies nativas.

S — 2,5m — S — 2,5m — S — 2,5m — S — 2,5m — S — 2,5m — S — 2,5m — S


|
4 metros
|
S — 2,5m — S — 2,5m — S — 2,5m — S — 2,5m — S — 2,5m — S — 2,5m — S
|
3 metros
|
NP — 2m — ND — 2m — NP — 2m — ND — 2m — NP — 2m — ND
|
3 metros
|
NP — 2m — ND — 2m — NP — 2m — ND — 2m — NP — 2m — ND
|
3 metros
|
NP — 2m — ND — 2m — NP — 2m — ND — 2m — NP — 2m — ND
|
3 metros
|
S — 2,5m — S — 2,5m — S — 2,5m — S — 2,5m — S — 2,5m — S — 2,5 m — S
|
4 metros
|
S — 2,5m — S — 2,5m — S — 2,5m — S — 2,5m — S — 2,5m — S — 2,5m — S

Legenda: S = Seringueira; NP = Nativa de Preenchimento; ND = Nativa de Diversidade.

129
Esses espaçamentos contemplam a necessidade de ter, no mínimo, 600 plantas/hectare e a neces-
sidade de ter, no máximo, a metade da área com espécies exóticas.

14. USO POTENCIAL DA MADEIRA DA SERINGUEIRA

A cultura da seringueira, enfrentando muitos desafios, está se estabelecendo como uma atividade
lucrativa e sustentável, com crescimento das áreas de plantio, principalmente no Estado de São Paulo.

Os seringais, inicialmente estabelecidos com o objetivo principal de produção do látex e clas-


sificados como um produto florestal não madeireiro, vêm apresentando boas perspectivas como
fornecedores de matéria-prima para o segmento de produtos de madeira sólida, após o declínio da
produção, em torno de 20 a 25 anos. São conhecidas as características que qualificam a madeira da
seringueira como excelente para diferentes finalidades, entre elas, madeira serrada, compensados,
produtos de maior valor agregado e painéis reconstituídos, destacando-se móveis residenciais, de
escritórios, escolares, médico-hospitalares, para restaurantes, hotéis e similares, além de forros e
escadas.

Vários aspectos devem ser analisados ao se ter como objetivo a utilização da seringueira para a in-
dústria moveleira ao final de sua rotação, por ocasião do declínio da produção do látex, destacando-se:
• os plantios de seringueira foram estabelecidos e conduzidos visando, prioritariamente, à produção do
látex;
• o rendimento no processamento mecânico (relação entre volume da tora e da madeira serrada);
• a disponibilidade da madeira da seringueira, a quantidade e a época;
• os aspectos referentes à secagem e ao tratamento preservativo, levando-se em consideração o alto
teor de carboidrato da madeira da seringueira;
• os aspectos da silvicultura da seringueira, considerando-se seu uso múltiplo (látex e madeira, princi-
palmente);
• a divulgação às indústrias consumidoras da disponibilidade desta matéria-prima;
• a tendência constatada de desrama alta (mais ou menos 3m) já com o objetivo de produção futura de
toras sem “nós”, de maior valor agregado.

14.1. A demanda por produtos da madeira no Brasil: a situação peculiar da seringueira

A participação das madeiras nativas na produção de madeira serrada vem decrescendo em de-
corrência dos seguintes fatores: pressões ambientalistas; contingenciamento de cotas; exigências de
planos de manejo; distância dos principais centros consumidores; boa aceitação dos produtos serrados
originais das florestas plantadas.

Embora a produção de madeira com espécies exóticas de rápido crescimento (Pinus e Eucalyptus)
seja bem inferior à produção de madeira tropical, suas exportações praticamente se equivalem, sendo
que o mercado doméstico consome quase toda a produção.

Os plantios estabelecidos com espécies exóticas se constituirão nas principais fontes na produção
de serrado. Não obstante, o crescimento da demanda por referidas matérias-primas tem ocasionado
“déficits” em condições de sustentabilidade, conforme apresentado a seguir.

130
• Oferta e demanda de toras de Pinus no Brasil
A situação nacional em números:
– Área de plantio – 1.900.000 hectares;
– Idade média – 13 anos;
– IMA (incremento médio anual) – 23m3/ha/ano;
– Produção sustentada – 43,7 milhões de m3/ano;
– Consumo atual – 50 milhões de m3.

Verifica-se que, em uma condição de sustentabilidade, com a exploração unicamente dos volumes
decorrentes do crescimento da área plantada (43,7 milhões de m3/ano), o consumo de 50 milhões de
m3/ano indica a existência de um déficit de 6 milhões de m3/ano.

• Oferta e demanda de toras de Eucalyptus no Brasil

A situação nacional em números:


– Área plantada – 3 milhões de hectares;
– Idade média – 4 a 5 anos;
– IMA (Incremento médio anual) – 30 m3/ha/ano;
– Produção sustentada – 90 milhões de m3/ano;
– Consumo anual – 97 milhões de m3/ano.

Verifica-se, assim, a existência de um déficit de 7 milhões de m3/ano.

• Oferta e demanda de madeira tropical

A produção de madeira em toras da Região Amazônica foi de, aproximadamente, 28 milhões de m3


e seu consumo no Brasil é indicado na Figura 119.

Figura 119 - Consumo de madeira amazônica, 1997 (Fonte: Imazon, 1999).

De acordo com Imazon (1997), o Brasil é o maior consumidor de madeira tropical do mundo, e o
Estado de São Paulo “importa” o equivalente a 6,1 milhões de metros cúbicos de toras da Amazônia,
sendo a maior parte consumida no próprio Estado.

131
14.2. O segmento moveleiro

As empresas da indústria brasileira de móveis localizam-se, em sua maioria, na região Centro-Sul


do País, constituindo, em alguns estados, Polos Moveleiros conforme demonstrados na Tabela 24.

Tabela 24 – Localização dos polos moveleiros, empresas, empregados e principais mercados.

Polo Moveleiro Estado N.o Empresas N.o Empregados Principais Mercados


Ubá MG 300 3.150 MG, SP, RJ, BA e exportação
Bom Despacho MG 117 2.000 MG
Linhares e Colatina ES 130 3.000 SP, ES, BA e exportação
Arapongas PR 145 5.500 Todos os estados e exportação
Votuporanga SP 85 5.000 Todos os estados
Mirassol SP 210 8.500 PR, SC, SP e exportação
Tupã SP 54 700 SP
São Bento do Sul SC 210 8.500 PR, SC, SP e exportação
Bento Gonçalves RS 370 10.500 Todos os estados e exportação
Lagoa Vermelha RS 60 1.800 RS, SP, PR, SC e exportação
Fonte: Abimovel, 2004.

As receitas geradas pela exportação de móveis, apresentadas na Figura 120, indicam crescimento
expressivo, principalmente nos últimos 5 a 6 anos. Do total produzido, 60% referem-se a móveis resi-
denciais, 25% a móveis de escritório e 15% a móveis institucionais (escolares, médico-hospitalares,
móveis para restaurantes, hotéis e similares).

As matérias-primas mais utilizadas pelas indústrias de móveis são os painéis de madeira processa-
da (aglomerados e MDF), madeira maciça e tábuas provenientes de plantios das espécies de Pinus e
Eucalyptus. Os painéis de madeira aglomerada e de MDF têm 90% de sua produção para a fabricação
de móveis, toda ela sustentada por florestas plantadas.

Figura 120 – Receitas geradas pelas exportações brasileiras de móveis (US$ milhões). (Fonte: Abimovel, 2008)

132
14.3. Perspectivas de utilização da madeira da seringueira: o caso específico do Estado de
São Paulo.

Para efeito de uma análise mais detalhada das perspectivas de utilização da madeira da seringueira,
principalmente no segmento moveleiro, foi exercitada uma projeção da produção levando-se em conta
os plantios existentes e a data de sua implantação e localização, considerando índices médios de in-
cremento volumétrico.

As áreas plantadas com seringueira em São Paulo totalizam, aproximadamente, 60 mil hectares
(Apabor, 2005), concentrando-se no chamado Polo da Borracha, cuja localização e evolução são indi-
cadas nas Figuras 121 e 122.

Observa-se na Figura que os Polos Moveleiros acham-se localizados na região onde se concentram
aproximadamente 90% dos seringais existentes.

A Figura 123 apresenta a estimativa da produção de madeira da seringueira na região dos Polos
Moveleiros do Estado de São Paulo, em decorrência das áreas de plantios já existentes e considerando-
-se as perspectivas futuras.

Para tal estimativa, os seringais tiveram seus cortes programados para 25 anos após seus plantios.
Os seringais já existentes tiveram suas áreas agrupadas em períodos de 4 anos. Assim, no período de
1973 a 1983, totalizaram 5.128,80ha. Sobre esse total foram projetados dois níveis de IMA (Incremento
Médio Anual). Para uma rotação de 25 anos e com corte previsto para o período 2004 a 2008, os volu-
mes previstos foram, respectivamente, 2.564 milhões de m3 e 3.846 milhões de m3.

(*) estimativas

Figura 121 – Distribuição anual dos plantios de seringueira no Estado de São Paulo. (Fonte: Apabor, 2005.)

133
Figura 122 – Localização dos plantios de seringueira no chamado Polo da Borracha e dos principais
Polos Moveleiros no Estado de São Paulo. (Fonte: Apabor/Instituto Florestal, 2006)

Figura 123 – Projeção da produção de madeira de seringueira considerando-se as atuais áreas e perspectivas futuras de plantios.

14.4. Consumo de madeira tropical na região dos polos moveleiros

Nas regiões dos Polos Moveleiros de Votuporanga e Mirassol predominam indústrias especializadas
na produção de móveis populares (camas, estofados, armários e mesas). Essas indústrias, no ano de

134
2001, consumiram 644 mil metros cúbicos de madeira: o aglomerado representou 34% do consumo, a
madeira oriunda do reflorestamento (Pinus e Eucalyptus) contribuiu com 17%, seguida pelo compensado
e chapa dura (7%) e MDF (6%). A madeira da Amazônia representou 36% do consumo dos referidos
polos, significando 232 mil m3 por ano.

As indústrias de móveis localizadas em Itatiba e São Bernardo do Campo consomem 177 mil metros
cúbicos, dos quais a madeira da Amazônia representou 64% ou 113 mil metros cúbicos.

Na Tabela 25 é apresentado o consumo de madeira tropical da Amazônia nas regiões citadas.

Tabela 25 – Consumo da madeira amazônica nas regiões de Votuporanga, Mirassol, Itatiba e São
Bernardo (Ano 2001).

Região No de indústrias Consumo de madeira (m3) Madeira da Amazônia


Votuporanga e Mirassol 240 644.000 (1) 232.000 (36%)
Itatiba e S.Bernardo 115 177.000 113.000 (64%)
Total 355 821.000 345.000

Legenda: (1) aglomerado (34%), reflorestamento (17%), chapa dura (7%), MDF (6%)
Fonte: Imazon, 2002.

Observados os índices de conversão das toras para madeira serrada e considerado o caráter pre-
liminar dos incrementos volumétricos adotados, os dados apresentados na Figura 123 (página 134),
indicam que, em médio prazo, a madeira proveniente de seringueira na região do polo da borracha poderá
suprir a demanda de madeira que, atualmente, provém da Amazônia no abastecimento das indústrias
setoriais dos polos moveleiros.

14.5. Principais características da madeira da seringueira

As características da madeira da seringueira refletem a condição dos plantios estabelecidos unica-


mente para a extração do látex. As árvores apresentam-se bastante desuniformes, ramificadas e com
altura útil limitada, definindo um sistema de exploração com toras curtas de comprimento em torno de
2,40m a 2,50m.

14.6. Aproveitamento dos plantios para uso múltiplo

Os plantios iniciais da seringueira foram efetuados com o objetivo de extração de látex, em espaça-
mentos de 7m x 3,8m, 8m x 2,5m, 8m x 3m e outros. As técnicas de plantios, o número de árvores por
hectare, as práticas agronômicas e os tratos culturais procuram incrementar ao máximo a produção de
látex. Não havendo tratamento silvicultural, objetivando a produção de madeira, as toras decorrentes
dos plantios iniciais são, frequentemente, provenientes de árvores tortas, com muitos galhos grossos
laterais e de plantios com árvores bastante heterogêneas (Figura 124).

Com o objetivo de formação de florestas de seringueira de uso múltiplo (látex e madeira) devem ser
considerados os seguintes aspectos:

135
• Espaçamento

Nos plantios iniciais, seu arranjo, assim definida a relação entre as distâncias entrelinhas e entre-
plantas, era caracterizado pela retangularidade. Tal condição em plantios de Eucalyptus tem reduzido
sua uniformidade por diminuir a interceptação da luz e acelerar a estratificação das árvores. Atualmente,
mantendo-se área aproximada de 20m2/planta, os espaçamentos mais utilizados são de 4m x 5m e 4,5m
x 5m, o que implica uma densidade aproximada de 500 plantas por hectare.

Figura 125 – Espaçamentos adotados na implantação de antigos


seringais (8m x 2,5m). Observar inclinação das árvores motivada
Figura 124 – Aspecto de seringal
pela competição das copas pela luz.
com aproximadamente 40 anos, com
desenvolvimento desuniforme e má
formação silvicultural: bifurcações, galhos
grossos e ausência de um fuste definido
(Município de Bálsamo, SP).

Figura 126 – Aspecto de um seringal com aproximadamente 15 anos. Observar


ramos laterais grossos e excessivos provocados pela não-execução de desrama.

136
• Desrama

É efetuada até a altura aproximada de 2,5m, considerada suficiente para a execução da sangria. É
a operação que, em curto prazo, poderá melhorar a qualidade da madeira produzida, livre de “nós”.

14.7. Rendimentos na conversão da tora para madeira serrada

Com o objetivo de serem obtidas informações iniciais sobre o rendimento da conversão da madeira
da seringueira em tora e em material processado, foram adotados os seguintes procedimentos:
1 – Determinação da altura comercial e diâmetro (DAP);
2 – Derrubada da árvore e seu seccionamento em toras com comprimento em torno de 2,20m;
3 – Avaliação do volume das toras verdes;
4 – Serragem das toras, sendo cada peça devidamente identificada com a respectiva tora;
5 – Imersão das peças em solução preservativa contendo inseticida e fungicida;
6 – Secagem ao ar livre;
7 – Cálculo do volume das diferentes peças obtidas.

O rendimento de serragem vai depender muito da espessura da tábua e da eliminação dos defeitos
da tora. A comparação entre o volume da árvore e as respectivas toras verdes com o das peças desdo-
bradas e secas mostrou os resultados constantes da Tabela 26.

Os rendimentos constatados com toras provenientes de plantios com idade de 45 a 50 anos


devem ser complementados com avaliações em árvores de plantios em diferentes condições de
idade, espaçamentos e clones. Os valores encontrados são compatíveis com aqueles obtidos tra-
dicionalmente na malásia e indonésia, principais produtoras de látex e grandes exportadoras de
madeira de seringueira. Deve-se destacar que, nos referidos países, as toras têm comprimento de
1,20m e diâmetro mínimo de 15cm.

Tabela 26 – Cubagem das toras: cálculo do volume verde e cálculo do volume das peças desdobradas.

Tora Volume verde (m3) Volume toras desdobradas (m3) Rendimento Médio (2¸1) (%)
Árvore A
A1 0,256004 0,1654509
A2 0,149777 0,0971549
A3 0,122871 0,0740742
A4 0,107797 0,0586910
61,2
A5 0,094682 0,0614881
A6 0,084249 0,0524104
A7 0,071004 0,0336105
Total 0,886384 (1) 0,5428800 (2)
Árvore B
Total 0,943566 (1) 0,5672029 (2) 60,1
Árvore C
Total 1,183978 (1) 0,7831570 (2) 66,1
Árvore D
Total 1,713774 (1) 0,8311562 (2) 48,5
Total Geral 4,727701 (1) 2,7243961 (2) 57,6
Fonte: Instituto Florestal/SMA

137
14.8. Tratamento preservativo e secagem da madeira da seringueira

Em virtude do seu alto teor de carboidratos, a madeira da seringueira deve ser tratada logo após o
processamento das toras, considerando ser altamente suscetível ao ataque de fungos.

Foram conseguidos bons resultados na medida em que as árvores abatidas tiveram suas toras
processadas o mais rapidamente possível. Os produtos utilizados para a proteção das toras foram as
soluções fungicidas e inseticidas.

Nesse tratamento por imersão, que dura de 3 a 4 minutos, a solução de preservativos (com inseticida
e fungicida) penetra de 3mm a 5mm na madeira, suficientes, nesta etapa, para sua imunização durante
a secagem. Após a secagem, não há mais problemas com fungos, porém, como as peças serão serra-
das novamente, são expostas partes que não sofreram tratamento e a madeira seca pode ser atacada
por pequenas brocas. O procedimento adotado e que tem apresentado resultado é um novo banho de
imersão em solução de inseticida diluído em solvente mineral quando as peças estiverem acabadas
(serradas, aplainadas e lixadas) e prontas para serem montadas. A secagem pode ser feita ao ar livre
ou em barracões cobertos e bem ventilados.

Figura 127 – Secagem de madeira em barracão coberto.

14.9. Indicações iniciais para usos da madeira da seringueira

Observadas as características da madeira da seringueira foram efetuados testes iniciais, em caráter


preliminar, para avaliação de seu uso. Na Estação Experimental de Manduri – Instituto Florestal, foram
desdobradas toras de seringueira para confecção de diferentes peças de móveis. As toras, imediatamen-
te após o abate das árvores, foram desdobradas, submetidas ao tratamento preservativo, foi avaliado
o índice de conversão tora/madeira serrada e submetidas à secagem natural. Com o material serrado
foram confeccionadas diferentes peças de móveis.

Antes da montagem de uma cadeira, por exemplo, após lixadas e acabadas, deve ser destacado que
as madeiras tiveram aplicação de inseticida dissolvido em solvente natural, para evitar ataques de brocas.
Mediante colaboração de uma fábrica de móveis, localizada no município de Mirassol (SP), também foram
testadas, com pleno sucesso, camas de madeira de seringueira, cujas especificações são:

138
• Travessa solteiro: 430mm x 45mm x 22mm;
• Travessa casal: 1,430mm x 45mm x 22mm;
• Ripa de cama: 1,850mm x 45mm x 10mm.

Figura 128 – Diferentes peças de móveis.

14.10. Utilização da madeira da seringueira para laminação na produção de compensados

Figura 129 – Processo para confecção de laminados.

Os testes conduzidos em uma fábrica de laminados para compensados, localizada no município de


São Manoel (SP), a partir de uma amostragem industrial de 500m3 de toras, obtidas de um seringal de
45 anos no município de Tabapuã (SP), deram as seguintes informações preliminares:

139
• algumas lâminas têm apresentado defeitos que têm origem na extração do látex, provavelmente em
razão do ferimento do câmbio por ocasião da execução das sangrias;
• o rendimento das toras em lâminas é de 4:1 (4 metros cúbicos de tora para 1 metro cúbico de lâmina),
inferior ao do Pinus, que é de 3:1.

14.11. Biomassa para energia (lenha, cavaco, pellet)

Considerando o fato de que foi dada prioridade à extração do látex, não tendo sido adotadas prá-
ticas silviculturais na condução das árvores de seringueira, as maiores partes, devido à sua forma,
poderão ser utilizadas como biomassa para a produção de energia, na forma de lenha, cavacos e
mesmo pellets, que é uma forma de condensação ou compactação dos resíduos com maior densidade
e poder calorífico.

15. PRODUTOS COMPLEMENTARES NA EXPLORAÇÃO DO SERINGAL

A seringueira foi originalmente introduzida no Estado de São Paulo visando à explotação do látex
natural como fonte principal de renda, mas a experiência de países, como a Ásia, tem mostrado que
é possível aliar outras atividades para elevar a renda do produtor, principalmente em pequenas pro-
priedades que buscam diversificar a produção e melhor equilibrar a renda. Em um seringal implantado,
é possível planejar algumas explorações alternativas que complementem a atividade principal, entre
elas a apicultura, a coleta de sementes para a extração do óleo do endosperma e, após essa extração,
pode-se, ainda, obter em torno de 66% do peso total em forma de torta.

15.1. Produção de óleo das sementes

A Índia foi o primeiro país a explorar comercialmente as sementes de seringueira visando à extração
de óleo e, posteriormente, a Nigéria e a Malásia, embora ainda em condições rudimentares.

Vários fatores influenciam diretamente na quantidade e na qualidade das sementes produzidas,


destacando-se:
• a expressão genética do clone;
• a luminosidade dentro da copa da planta;
• o número de frutos/inflorescência e a distância média entre frutos;
• a variação climática durante o desenvolvimento do fruto;
• as deficiências nutricionais durante o florescimento e no período de desenvolvimento dos frutos (prin-
cipalmente N e K);
• a pouca quantidade de grãos de pólen e a baixa porcentagem de polinização;
• o ataque de doenças em geral;
• a falta de sincronia na antese das flores masculinas e femininas e o reduzido número de flores femi-
ninas por inflorescência.

Além dos fatores citados, o armazenamento das sementes para a extração do óleo, se não for bem
executado, pode afetar a qualidade das sementes com mudanças na coloração, no odor e na concentra-
ção de peróxidos, a qual mede a deterioração do óleo e é maior quando as sementes são armazenadas
(5,10%) em relação às sementes frescas (0,40%). O óleo extraído de sementes frescas é mais brilhante
e a acidez é mais elevada.
140
15.1.1. Uso do óleo

Embora em pequena escala, alguns países asiáticos têm produzido óleo de sementes de seringuei-
ra, sendo utilizado como substituto ao óleo de linhaça na indústria de tintas e na produção de sabão
e resinas e tem tido sucesso como revestimento anticorrosivo e adesivo. O óleo oferece, ainda, uso
potencial como combustível substituto ao diesel, mas como sua viscosidade é mais elevada, necessita
de tratamento para reduzi-la.

15.2. Produção de torta

Na extração do óleo do endosperma da semente, como produto residual, obtém-se cerca de 66%
do seu peso na forma de torta, que pode ser utilizada na alimentação de bovinos misturada na propor-
ção de 30% no concentrado e 10% no arraçoamento de suínos e aves. Por ter elevado valor alimentar,
pode ser utilizada como substituta à torta de amendoim. Pode, também, complementar a fertilização
nitrogenada em culturas comerciais.

15.3. Produção de mel

Embora a produção de mel de seringueira seja uma alternativa para pequenas propriedades com
seringal implantado, nem todos os clones comerciais são produtores de néctar. Foi observado que os
clones RRIM 701, RRIM 600 e PR 255 são fontes potenciais de néctar para abelhas. Esse néctar se
encontra em glândulas extraflorais localizadas na junção dos três folíolos jovens. A máxima produção
de néctar ocorre na fase de reenfolhamento. Nas condições do Estado de São Paulo, o reenfolhamento
ocorre entre os meses de agosto e outubro, sendo que a atividade das glândulas se estende por um
período de quatro a seis meses após o final dessa fase.

16. ESTUDO ECONÔMICO DA CULTURA DA SERINGUEIRA

Sabe-se que todos os produtos agrícolas apresentam forte sazonalidade de preços ao longo dos
anos e que, nos períodos de bons preços, grande número de produtores migra para a atividade. Entre-
tanto, quando se trata de culturas permanentes, em especial a seringueira, em função do longo período
de imaturidade, ao entrar em produção, as condições de mercado quase sempre não serão as mesmas
do início do empreendimento.

Uma das maiores dificuldades para a expansão da seringueira é, sem dúvida, o longo período de
imaturidade do empreendimento que, na maioria dos casos, atinge cerca de 7 anos. Durante esse perío-
do, que pode ser considerado como o de formação do seringal, os gastos vão se acumulando e nenhuma
renda pode ser auferida, a não ser no caso de cultivo intercalar, onde muitas culturas podem ser utilizadas.
Mas, ainda assim, a cultura intercalar tem algumas inconveniências em comparação às culturas solteiras,
como, por exemplo, a redução da área, a maior possibilidade de ocorrência de erosão, a competição com
a seringueira etc., razão pela qual deixamos, neste estudo, de considerar essa hipótese.

O presente estudo econômico tem a finalidade precípua de fornecer ao produtor rural uma visão
dos custos envolvidos na instalação de um seringal no Estado de São Paulo, fornecendo uma impor-
tante ferramenta para a tomada de decisões. Dessa forma, pretende-se levantar o custo de formação
de um seringal, durante o período de imaturidade, considerando as operações necessárias a cada ano,

141
o custo direto de operações (máquinas e implementos, mão-de-obra de tratoristas e diaristas), o custo
dos insumos envolvidos na formação do seringal e os custos financeiros aplicados sobre o capital dispo-
nibilizado. Foram considerados, também, alguns custos indiretos, como a depreciação de benfeitorias,
máquinas e implementos e, por fim, os custos administrativos.

No Estado de São Paulo, a época de plantio é muito dilatada, pois pode ter início com as primeiras
chuvas, em setembro-outubro, e se prolongar até maio-junho do ano seguinte, próximo à entrada do
inverno com reduções da temperatura e da chuva. Para efeito de cálculo de custo, considerou-se o ano
agrícola, que tem início em agosto e termina em julho do ano seguinte, porém, este trabalho considera
os períodos começando em setembro e terminando em agosto. Além disso, é preciso levar em conta
as dimensões da área a ser plantada; áreas maiores levam mais tempo para serem plantadas; assim,
um seringal pode iniciar o plantio dentro de um ano agrícola e terminar em outro.

O custo total de formação do seringal encontra-se na Tabela 27, na qual é possível observar que o
item Material Consumido representa praticamente um terço dos custos envolvidos, uma vez que engloba
a aquisição de mudas.

A Tabela 28 apresenta os custos ano a ano. Como se pode observar, cerca de 40% dos recursos
necessários à instalação do seringal ocorrem no primeiro ano de plantio, fato perfeitamente explicável
em função do custo das mudas e das operações de preparo do solo.

O Anexo apresenta a discriminação das operações e dos materiais utilizados, ano a ano, bem como
os outros custos envolvidos e, ainda, os cálculos de custo do horário de máquinas e implementos,
incluindo a depreciação desses bens. A análise da sequência de operações mostra que o preparo do
solo foi feito no modo convencional, ou seja, com aração e gradagem do total da área a ser plantada.
Entretanto, pode-se utilizar o método de cultivo mínimo, ou seja, sem preparo do solo em área total,
mas apenas da linha de plantio, utilizando uma enxada rotativa ou o sulcador, quando for possível. Esse
método apresenta algumas vantagens, como a economia das operações mencionadas e a redução de
risco de erosão, sendo o mais recomendado.

O Anexo apresenta, ainda, os cálculos da depreciação de benfeitorias e instalações, sendo


considerado, nesse caso, um módulo de área equivalente a 50ha, área suficiente para comportar
tais benfeitorias.

As operações foram agrupadas, de acordo com a sequência em que acontecem na prática, for-
mando grandes grupos; assim, as operações de limpeza do solo, correção da acidez, aração e grada-
gem integram um grande grupo chamado “Preparo do Solo”. O nivelamento e sulcamento, o preparo
e a adubação de covas estão em um grupo considerado como “Preparo da Cova”, e o plantio com as
irrigações e os replantios foram colocados no grupo “Plantio”. As operações seguintes, como controle
do mato, adubações em cobertura, controle de formigas-cortadeiras, controle fitossanitário, formam o
grupo chamado “Condução”.

16.1. Operação “preparo do solo”

Essa operação compreende as seguintes fases:


• Limpeza do solo – refere-se à eliminação do mato existente na área. O tipo de vegetação, a quanti-
dade de mato, e o tamanho da área podem requerer operações mais complexas do que as que foram
consideradas neste trabalho, como, por exemplo, destocas e retirada de restos vegetais. Entretanto,
a operação mais comum é uma roçada do mato, utilizando um trator de 45 cv equipado com uma

142
roçadeira de 1,4m de largura de corte. Para executar essa operação, o trator que utiliza a segunda
marcha reduzida demora 1h30m para a aração de 1ha. Em seguida, é feita a aração com trator de 60
cv e arado reversível de três discos.
• Gradagem – seguida à limpeza, procede-se à gradagem para destorroamento e nivelamento do solo,
utilizando trator de 60 cv e grade niveladora de 28 discos.

Tabela 27 – Orçamento de formação de seringal.

I - Custos variáveis (despesas diretas com a atividade – recursos necessários) R$/ha US$ Dólar/ha* %
1. Operações 3.892,14 2.249,79 26,7
2. Material consumido 4.597,18 2.657,33 31,5
3. Outras despesas
4. Encargos financeiros 2.651,78 1.555,34 18,2
Total 11.141,10 6.439,54 76,4
II - Custos fixos (oneram o produtor independente da atividade)
5. Depreciação de máquinas e equipamentos 898,13 519,15 6,2
6. Depreciação de benfeitorias e instalações 574,00 331,79 3,9
7. Administração e despesas gerais 1.970,83 1.139,21 13,5

Tabela 28 – Orçamento de formação de seringal ano a ano (em R$)

I – Custos variáveis (despesas diretas com a atividade)


ANO 1 ANO 2 ANO 3 ANO 4 ANO 5 ANO 6 ANO 7 TOTAL
1 – Operações 1.985,31 440,90 387,13 332,81 279,51 233,24 233,24 3.892,14
2 – Material consumido 2.064,13 345,95 337,50 464,50 464,50 464,50 456,10 4.597,18
3 – Outras despesas
4 – Encargos financeiros 242,97 290,18 333,65 381,49 426,13 468,00 509,36 2.651,78
Total 4.292,41 1.077,03 1.058,28 1.078,80 1.170,14 1.165,74 1.198,70 11.141,10
II – Custos fixos em R$ (oneram o produtor independente da atividade)
5 – Depreciação de 420,93 112,60 93,80 81,80 71,00 59,00 59,00 898,13
máquinas e equipamentos
6 – Depreciação de 82,00 82,00 82,00 82,00 82,00 82,00 82,00 574,00
benfeitorias e instalaçãoes
7 – Administração e 281,55 281,55 281,55 281,55 281,55 281,55 281,55 1.970,85
despesas gerais
Total 784,48 476,15 457,43 445,35 434,55 422,55 422,55 3.442,96
III – Custo total por hectare em R$
5.076,88 1.553,17 1.515,63 1.624,15 1.604,19 1.588,29 1.621,25 14.584,06
Custo por planta: R$ 29,17

143
ANEXO – Cálculos para levantamento de custos de implantação de seringal

144
1. OPERAÇÕES HM/ha (Horas-máquina/hectare) e HH/ha (Horas-homens/hectare)

Primeiro ano
Frequência Trator Trator Terra- Roça- Adubação/ Tr a t o -
Arado Grade Tanque Sulcador Carreta Diarista
Operação 110 HP 60 HP -ceador deira Esp./Cal.* rista
Roçada do mato 1 — 2,0 — — — — 2,0 — — — 2,0 —
Locação de curva de nível 1 — — — — — — — — — — — 2,5
Terraceamento 1 2,0 — 2,0 — — — — — — — 2,0 —
Aplicação de calcário 1 — 1,2 — — — — — 1,2 — — 1,2 1,2
Aração 1 — 1,5 — 1,5 — — — — — — 1,5 —
Gradagem 2 — 2,0 — — 2,0 — — — — — 2,0 —
Sulcamento 1 — 1,0 — — — 1,0 — — — — 1,0 2,0
Locação de plantio 1 — — — — — — — — — — — 2,0
Distribuição de adubo 1 — — — — — — — — — — — 1,0
Mistura adubo/fechamento da cova 1 — — — — — — — — — — — 10,0
Distribuição de mudas 1 — — — — — — — — — — — 8,0
Abertura de cova/lama 1 — — — — — — — — — — — 10,0
Plantio 1 — — — — — — — — — — — 20,0
Coroamento 1 — — — — — — — — — — — 5,0
Irrigação (6X) 6 — 24,0 — — — — — — — 24,0 24,0 48,0
Capina química 1 — 2,0 — — — — — — — — 2,0 4,0
Roçada (entrelinha) 4 — 10,0 — — — — 10,0 — — — 10,0 —
Adubação de cobertura 2 — — — — — — — — — — — 4,0
Desbrota 8 — — — — — — — — — — — 8,0
Replantio 2 — — — — — — — — — — — 6,0
Controle de formigas 4 — — — — — — — — — — — 4,0
Transporte interno 4 — 6,0 — — — — — — 6,0 — 6,0 6,0
Somatório 2,00 49,70 2,00 1,50 2,00 1,00 12,00 1,20 6,00 24,00 51,70 141,70
Custo HM/HH 47,58 25,37 7,20 2,16 1,33 0,96 2,50 3,67 1,25 1,50 4,03 2,69
Subtotal 95,16 1.261,08 14,40 3,24 2,67 0,96 30,00 4,40 7,50 36,00 208,35 381,17
Total 1.º ano HM/ha R$: 1.455,40
Total 1.º ano HH/ha R$ 589,52
Total 1.º ano HM/ha + HH/ha R$: 2.044,93
* Esp./Cal. = Esparramação de Calcário
Segundo ano
Frequência Trator Aplicação Adubação/
Roçadeira Tanque Carreta Tratorista Diarista
Operação 60 Hp de herbicida Esp./Cal.*
Capina química 2 3,0 — 3,0 — 3,0 — 3,0 3,0
Capina mecânica 3 4,5 4,5 — — — — 4,5 —-
Adubação química 3 3,0 — — 3,0 — — 3,0 3,0
Replantio 1,0 — — — — 1,0 1,0 12,0
Transporte interno 1,0 — — — — 1,0 1,0 —-
Somatório 12,50 4,50 3,00 3,00 3,00 2,00 12,50 18,00
Custo HM/HH 24,32 2,50 3,00 3,67 1,50 1,25 4,03 2,69
Subtotal 303,94 11,25 9,00 11,00 4,50 2,50 50,36 48,35
Total 2.º ano HM/ha R$: 342,19
Total 2.º ano HH/ha R$: 98,71
Total 2.º ano HM + HH/ha R$: 440,90
* Esp./Cal. = Esparramação de Calcário

Terceiro ano
Frequência Trator Aplicação de Adubação/
Roçadeira Tanque Carreta Tratorista Diarista
Operação 60 Hp herbicida Esp./Cal.*
Capina química 2 3,0 — 3,0 — 3,0 — 3,0 3,0
Capina mecânica 3 4,5 4,5 — — — — 4,5 —
Adubação química 3 3,0 — — 3,0 — — 3,0 3,0
Replantio — — — — — — —- 3,0
Transporte interno 1,0 — — — — 1,0 1,0 —-
Somatório 11,50 4,50 3,00 3,00 3,00 1,00 11,50 9,00
Custo HM/HH 24,32 2,50 3,00 3,67 1,50 1,25 4,03 2,69
Subtotal 279,62 11,25 9,00 11,00 4,50 1,25 46,33 24,17
Total 3.º ano HM/ha R$: 316,62
Total 3.º ano HH/ha R$: 70,52
Total 3.º ano HM + HH/ha R$: 387,13
* Esp./Cal. = Esparramação de Calcário

145
Quarto ano

146
Frequência Trator Aplicação de Adubação/
Roçadeira Tanque Carreta Tratorista Diarista
Operação 60 Hp herbicida Esp./Cal.*
Capina química 2 3,0 —- 3,0 —- 3,0 —- 3,0 3,0
Capina mecânica 2 3,0 3,0 —- —- —- —- 3,0 —-
Adubação química 3 3,0 —- —- 3,0 —- —- 3,0 3,0
Transporte interno 1,0 —- —- —- —- 1,0 1,0 —-
Somatório 10,00 3,00 3,00 3,00 3,00 1,00 10,00 6,00
Custo HM/HH 24,32 2,50 3,00 3,67 1,50 1,25 4,03 2,69
Subtotal 243,15 7,50 9,00 11,00 4,50 1,25 40,29 16,12
Total 4.º ano HM/ha R$: 276,40
Total 4.º ano HH/ha R$: 56,41
Total 4.º ano HM + HH/ha R$: 332,81
* Esp./Cal. = Esparramação de Calcário

Quinto ano
Frequência Trator Aplicação de Adubação/
Roçadeira Tanque Carreta Tratorista Diarista
Operação 60 Hp herbicida Esp./Cal.*
Capina química 1 1,5 —- 1,5 —- 1,5 —- 1,5 1,5
Capina mecânica 2 3,0 3,0 —- —- —- —- 3,0 —-
Adubação química 3 3,0 —- —- 3,0 —- —- 3,0 3,0
Transporte interno 1,0 —- —- —- —- 1,0 1,0 —-
Somatório 8,50 3,00 1,50 3,00 1,50 1,00 8,50 4,50
Custo HM/HH 24,32 2,50 3,00 3,67 1,50 1,25 4,03 2,69
Subtotal 206,68 7,50 4,50 11,00 2,25 1,25 34,25 12,09
Total 5.º ano HM/ha R$: 233,18 233,18
Total 5.º ano HH/ha R$: 46,33 46,33
Total 5.º ano HM + HH/ha R$: 279,51
* Esp./Cal. = Esparramação de Calcário
Sexto ano
Frequência Trator Aplicação de Adubação/
Roçadeira Tanque Carreta Tratorista Diarista
Operação 60 Hp herbicida Esp./Cal.*
Capina química 1 1,50 —- 1,50 —- 1,50 —- 1,50 1,50
Capina mecânica 1 1,50 1,50 —- —- —- —- 1,50 —-
Adubação química (3x) 3 3,00 —- —- 3,00 —- —- 3,00 3,00
Replantio —- —- —- —- —- —- —- —-
Transporte interno 1,00 —- —- —- —- 1,00 1,00 —-
Somatório 7,00 1,50 1,50 3,00 1,50 1,00 7,00 4,50
Custo HM/HH 24,32 2,50 3,00 3,67 1,50 1,25 4,03 2,69
Subtotal 170,21 3,75 4,50 11,00 2,25 1,25 28,20 12,09
Total 6.º ano HM/ha R$: 192,96
Total 6.º ano HH/ha R$: 40,29
Total 6.º ano HM + HH/ha R$: 233,24
Total 6 anos R$: 3.892,14
* Esp./Cal. = Esparramação de Calcário

Sétimo ano
Frequência Trator Aplicação de Adubação/
Roçadeira Tanque Carreta Tratorista Diarista
Operação 60 Hp herbicida Esp./Cal.*
Capina química 1 1,50 —- 1,50 —- 1,50 —- 1,50 1,50
Capina mecânica 1 1,50 1,50 —- —- —- —- 1,50 —-
Adubação química (3x) 3 3,00 —- —- 3,00 —- —- 3,00 3,00
Replantio —- —- —- —- —- —- —- —-
Transporte interno 1,00 —- —- —- —- 1,00 1,00 —-
Somatório 7,00 1,50 1,50 3,00 1,50 1,00 7,00 4,50
Custo HM/HH 24,32 2,50 3,00 3,67 1,50 1,25 4,03 2,69
Subtotal 170,21 3,75 4,50 11,00 2,25 1,25 28,20 12,09
Total 7.º ano HM/ha R$: 192,96
Total 7.º ano HH/ha R$: 40,29
Total 7.º ano HM + HH/ha R$: 233,24

* Esp./Cal. = Esparramação de Calcário

147
2. MATERIAL CONSUMIDO

148
Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4
Especificação Unidade Preço/
unidade Quantidade/ Quantidade/ Quantidade/ Quantidade/
R$/ha R$/ha R$/ha R$/ha
ha ha ha ha
Calcário t 70,00 2,00 140,00 0,00 0,00 0,00
Superfosfato simples t 526,00 0,08 42,08 0,15 78,90 0,15 78,90 0,25 131,50
Cloreto de potássio t 1.860,00 0,03 46,50 0,07 130,20 0,07 130,20 0,08 148,80
Sulfato de amônio t 558,00 0,08 41,85 0,20 111,60 0,20 111,60 0,30 167,40
Herbicida litros 7,00 2,40 16,80 2,40 16,80 2,40 16,80 2,40 16,80
Formicida kg 8,45 2,00 16,90 1,00 8,45 0,00 0,00
Mudas
unidade 3,20 550,00 1.760,00 0,00 0,00 0,00
(plantio/replantio)
Subtotal/ano R$: 2.064,13 345,95 337,50 464,50

ANO 5 ANO 6 ANO 7


Preço/
Especificação Unidade Quantidade/ Quantidade/ Quantidade/
unidade R$/ha R$/ha R$/ha
ha ha ha
Calcário t 70,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Superfosfato simples t 526,00 0,25 131,50 0,25 131,50 0,25 131,50
Cloreto de potássio t 1.860,00 0,08 148,80 0,08 148,80 0,08 148,80
Sulfato de amônio t 558,00 0,30 167,40 0,30 167,40 0,30 167,40
Herbicida litros 7,00 2,40 16,80 2,40 16,80 1,20 8,40
Formicida kg 8,45 0,00 0,00 0,00
Mudas
unidade 3,20 0,00 0,00 0,00
(plantio/replantio)
Subtotal/ano R$: 464,50 464,50 456,10
Total 7 anos R$: 4.597,18
3. OUTRAS DESPESAS (modelo)

Especificação Unidade Quantidade/ha R$/ha Subtotal


Assistência técnica
Ano 1
Ano 2
Ano 3
Ano 4
Ano 5
Ano 6
Ano 7
Total 7 anos R$

4. ENCARGOS FINANCEIROS (Juros sobre capital utilizado)

Capital
Ano Taxa juro R$/ha
utilizado
Subtotal
Ano 1 6% 242,97 242,97
Ano 2 6% 47,21 242,97 290,18
Ano 3 6% 43,48 47,21 242,97 333,66
Ano 4 6% 47,84 43,48 47,21 242,97 381,50
Ano 5 6% 44,64 47,84 43,48 47,21 242,97 426,14
Ano 6 6% 41,86 44,64 47,84 43,48 47,21 242,97 468,00
Ano 7 6% 41,36 41,86 44,64 47,84 43,48 47,21 242,97 509,36

149
5. DEPRECIAÇÃO DE MÁQUINAS E IMPLEMENTOS

150
Máquina/ Trator Trator Adubação/ Aplicação de
Arado Grade Terraceador Roçadeira Sulcateador Tanque Carreta Subtotal
implemento 110 HP 60 HP Esp./Cal.* herbicida
Ano 1
Depr./hora 14,00 7,06 1,44 1,07 3,67 4,80 2,00 0,64 4,00 1,20 1,00
horas/ha 2,00 49,70 1,50 2,00 1,20 2,00 12,00 1,20 0,00 24,00 6,00
Depr./ha 28,00 350,82 2,16 2,13 4,40 9,60 24,00 0,77 0,00 28,80 6,00 456,68
Ano 2
Depr./hora 14,00 7,06 1,44 1,07 3,67 4,80 2,00 0,64 4,00 1,20 1,00
horas/ha 0,00 12,50 0 0 3,00 0 4,50 0 3,00 2,00 12,50
Depr./ha 0,00 88,24 0,00 0,00 11,00 0,00 9,00 0,00 12,00 2,40 12,50 135,14
Ano 3
Depr./hora 14,00 7,06 1,44 1,07 3,67 4,80 2,00 0,64 4,00 1,20 1,00
horas/ha 0,00 11,50 0 0 3,00 0 4,50 0 3,00 1,00 11,50
Depr./ha 0,00 81,18 0,00 0,00 11,00 0,00 9,00 0,00 12,00 1,20 11,50 125,88
Ano 4
Depr./hora 14,00 7,06 1,44 1,07 3,67 4,80 2,00 0,64 4,00 1,20 1,00
horas/ha 0,00 10,00 0 0 3,00 0,00 3,00 0,00 3,00 1,00 10,00
Depr./ha 0,00 70,59 0,00 0,00 11,00 0,00 6,00 0,00 12,00 1,20 10,00 110,79
Ano 5
Depr./hora 14,00 7,06 1,44 1,07 3,67 4,80 2,00 0,64 4,00 1,20 1,00
horas/ha 0,00 8,50 0 0 3,00 0,00 3,00 0,00 1,50 1,00 8,50
Depr./ha 0,00 60,00 0,00 0,00 11,00 0,00 6,00 0,00 6,00 1,20 8,50 92,70
Ano 6
Depr./hora 14,00 7,06 1,44 1,07 3,67 4,80 2,00 0,64 4,00 1,20 1,00
horas/ha 0,00 7,00 0 0 3,00 0,00 1,50 0,00 1,50 1,00 7,00
Depr./ha 0,00 49,41 0,00 0,00 11,00 0,00 3,00 0,00 6,00 1,20 7,00 77,61
Ano 7
Depr./hora 14,00 7,06 1,44 1,07 3,67 4,80 2,00 0,64 4,00 1,20 1,00
horas/ha 0,00 7,00 0 0 3,00 0,00 1,50 0,00 1,50 1,00 7,00
Depr./ha 0,00 49,41 0,00 0,00 11,00 0,00 3,00 0,00 6,00 1,20 7,00 77,61
Total depreciação/ha ( 7 anos ) R$ : 1.076,41

* Esp./Cal. = Esparramação de Calcário


6. DEPRECIAÇÃO DE BENFEITORIAS E INSTALAÇÕES

Duração Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4


Descrição Quantidade (anos) Valor Deprec. Valor Deprec. Valor Deprec. Valor Deprec.
2
Casa do administrador (60 m ) 1 30 25.000, 16,67 8.400 16,67 8.400 16,67 8.400 16,67
2
Casa do trabalhador (48 m ) 4 30 60.000, 40,00 19.200 40,00 19.200 40,00 19.200 40,00
Depósito (40 m2) 1 20 10.000, 10,00 3.200 10,00 3.200 10,00 3.200 10,00
2
Galpão de máquinas (40 m ) 1 20 8.000, 8,00 2.400 8,00 2.400 8,00 2.400 8,00
Instalação elétrica 1 25 5.000, 4,00 4.000 4,00 4.000 4,00 4.000 4,00
Instalação hidráulica 1 15 2.500, 3,33 1.000 3,33 1.000 3,33 1.000 3,33
Total Depreciação/ha (por ano) R$: 82,00 82,00 82,00 82,00

Duração Ano 5 Ano 6 Ano 7


Descrição Quantidade (anos) Valor Deprec. Valor Deprec. Valor Deprec.
2
Casa do administrador (60 m ) 1 30 25.000, 16,67 8.400 16,67 8.400 16,67
2
Casa do trabalhador (48 m ) 4 30 60.000, 40,00 19.200 40,00 19.200 40,00
Depósito (40 m2) 1 20 10.000, 10,00 3.200 10,00 3.200 10,00
Galpão de máquinas (40 m2) 1 20 8.000, 8,00 2.400 8,00 2.400 8,00
Instalação elétrica 1 25 5.000, 4,00 4.000 4,00 4.000 4,00
Instalação hidráulica 1 15 2.500, 3,33 1.000 3,33 1.000 3,33
Total Depreciação/ha (por ano) R$: 82,00 82,00 82,00
Total Depreciação/ha - 7 anos R$: 574,00

7. ADMINISTRAÇÃO E DESPESAS GERAIS

Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Ano 6 Ano 7


Discriminação R$/ha R$/ha R$/ha R$/ha R$/ha R$/ha R$/ha
Mão-de-obra fixa (administrador) 270,75 270,75 270,75 270,75 270,75 270,75 270,75
Impostos e taxas (ITR, Pref., etc.) 6,00 6,00 6,00 6,00 6,00 6,00 6,00
Energia elétrica 4,80 4,80 4,80 4,80 4,80 4,80 4,80
Total/ano R$: 281,55 281,55 281,55 281,55 281,55 281,55 281,55
Total 7 anos R$: 1.970,85

151
8. CÁLCULO DO CUSTO DE HORA/MÁQUINA

152
Data: Outubro/09
Diesel R$: 1,85 Dólar: R$ 1,73
Custo Custo
Valor atual Valor Vida útil
Reparo Combustível/ Operação/hora Deprec. total/hora
Descrição da
Manutenção Lubrificante U$ hora U$
R$ U$ Dolar sucata Horas Anos R$ R$
Dólar Dólar
Trator 110HP 105.000,00 60.693,60 21.000 6.000 8 14,00 33,58 47,58 27,50 14,00 61,58 35,59
Trator 60HP 60.000,00 34.682,10 12.000 6.800 8 7,06 18,32 25,37 14,67 7,06 32,43 18,75
Terraceador 15.000,00 8.670,52 3.000 2.500 12 7,20 0,00 7,20 4,16 4,80 12,00 6,94
Arado 4.500,00 2.601,16 900 2.500 12 2,16 0,00 2,16 1,25 1,44 3,60 2,08
Grade 4.000,00 2.312,14 800 3.000 10 1,33 0,00 1,33 0,77 1,07 2,40 1,39
Rotativa 12.000,00 6.936,42 2.400 1.600 10 7,50 0,00 7,50 4,34 6,00 13,50 7,80
Roçadeira 4.000,00 2.312,14 800 1.600 10 2,50 0,00 2,50 1,45 2,00 4,50 2,60

9. CÁLCULO DO CUSTO DA MÃO-DE-OBRA

Data: Outubro/2009 Salário mínimo R$ 465,00 (ano 2009)


Discriminação Salário/mês FGTS INSS Férias + 1/3 13.º Salário Custo/mês Custo/dia Custo/hora
Administrador 813,75 70,53 85,61 90,42 67,81 1.128,11 37,60 4,70
Tratorista 697,50 60,45 73,38 77,50 58,13 966,95 32,23 4,03
Mensalista 465,00 40,30 48,92 51,67 38,75 644,63 21,49 2,69
Diarista 465,00 40,30 48,92 51,67 38,75 644,63 21,49 2,69
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